Mais segurança e infraestrutura para aumentar usuários de ciclovias

As ciclovias crescem no país como forma alternativa e saudável para a locomoção nas grandes cidades, cujo trânsito entope as principais vias de acesso deixando a vida mais estressante, poluída e demorada. De acordo com dados do Mobilize, portal da Orcip Associação Abaporu para questões de mobilidade, as dez cidades com mais ciclovias no Brasil somam mais de 2 mil quilômetros de extensão. Em Curitiba, reconhecida pelo investimento em sustentabilidade e mobilidade urbana, desde 2013 há 190 km de ciclovias para os cerca de 1,9 milhão de habitantes.

Na capital paranaense, as primeiras experiências de ciclovias se deram em 2014 com a Via Calma. Localizada na Avenida Sete de Setembro, uma das de maior fluxo na cidade, a Via recebe ciclistas de 54 bairros da cidade somando 1226, em 2016, de acordo com contagem do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc), o dobro do ano anterior.

Ciclofaixa utiliza um trecho de ruas e avenidas para ciclistas. Crédito Mobilize

Ingrid Steil Ferraz, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, e colegas publicaram artigo na última edição da urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (v.9, no.2, 2017) com o resultado de um questionário aplicado a usuários da Avenida Sete de Setembro. O recrutamento dos 90 respondentes ocorreu nas redes sociais para responder a 12 questões relativas ao seu perfil e à avaliação da ciclovia.

Usuários e futuros usuários de ciclovias

A maior parte dos respondentes tinha idades de 18 a 35 anos, renda familiar entre 4 e 20 salários mínimos e ensino superior incompleto ou completo. Ou seja, eram jovens de classes privilegiadas, talvez pelo fato de a pesquisa ter sido divulgada pelas redes sociais. A maioria dos participantes afirmou usar a avenida para chegar a locais de estudo (46%) ou trabalho (40%). Apenas 29% dos participantes já utilizavam bicicleta para se deslocar na via, mas outros 33 (37%) afirmaram que trocariam o modo atual de deslocamento (carro, a pé ou ônibus) pela bicicleta.

Dentre as questões que pesam negativamente contra o uso da Via Calma estão a segurança incluindo o risco de acidentes (76%), assalto ou roubo (48%), falta de infraestrutura adequada como paraciclos (estacionamentos de bikes) e áreas sombreadas e a falta de conscientização dos motoristas para respeitarem os ciclistas. No entanto, a maioria dos participantes da pesquisa disseram apoiar totalmente (46%) ou parcialmente (28%) a implantação da Via Calma, versos 16% que não apoiam a iniciativa.

“Dentre os assuntos levantados como positivos, estão a melhoria no trânsito, a qualidade de vida, o meio ambiente, o compartilhamento da via, a promoção do uso da bicicleta, a segurança, a conscientização, a mobilidade, a infraestrutura e a sustentabilidade”, resumiram os autores do artigo.

Apesar da pesquisa ter um número limitado de respondentes, ela contribui para a análise sobre as expectativas e dificuldades no uso de ciclovias. A partir do momento que a segurança do usuário puder ser garantida, há grandes chances de aumento na adesão às ciclovias.

Crédito: Ferraz et al (2017)

Leia o artigo completo em:

Ferraz IE; Gomes NS; Kobs FF; Silva MC; Casagrande Jr EF. Avaliação do uso da primeira Via Calma em Curitiba/PR para ciclomobilidade. urbe, Rev. Bras. Gesto. Urbana, vol.9, no.2. Mai/ago 2017.

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