O Santo Padroeiro dos Cientistas

Figura: São Alberto Magno. Fonte: Wikimidia commons.

Por mais frio, racional e calculista que um ser humano possa pensar ser, na hora que a coisa fica preta, como quando a FAPESP rejeita a sua prestação de contas ou quando a revista rejeita seu artigo na reta final para a defesa do Doutorado, vale tudo! Até apelar para a ajuda dos santos católicos. Por isso não se desespere jovem cientista. Você tem sim a quem recorrer: São Alberto Magno, o padroeiro dos cientistas.

 

Quem foi Alberto Magno?

De acordo com a wikipedia, Alberto nasceu na Alemanha (Baviera), no ano de 1193. Estudou na Universidade de Pádua e na Universidade de Bolonha, ambas na Itália. Depois se estabeleceu como Professor na região de Colônia (Alemanha). Deu aulas para Tomás de Aquino. Faleceu em 15 de Novembro de 1280, aos 87 anos.

Como e porque ele foi canonizado?

Em 1931, foi canonizado e proclamado Doutor da Igreja pelo papa Pio XI. Dez anos depois foi proclamado santo padroeiro dos cientistas. Sua festa é celebrada em 15 de Novembro.

É possível conciliar Ciência e Religião? Um cientista pode ser religioso?

No dia 24 de Março de 2010, o então papa Bento XVI falou sobre São Alberto Magno para o público na Praça de São Pedro no Vaticano. Transcrevo alguns trechos do  discurso, que pode ser lido na íntegra, em português, no site do Vaticano:

 

Ele ainda tem muito para nos ensinar. Sobretudo, Santo Alberto demonstra que entre fé e ciência não existe oposição, não obstante alguns episódios de incompreensão que se verificaram na história. Um homem de fé e de oração, como foi Santo Alberto Magno, pode cultivar tranquilamente o estudo das ciências naturais e progredir no conhecimento do microcosmos e do macrocosmos, descobrindo as leis próprias da matéria, porque tudo isto concorre para alimentar a sede e o amor de Deus. A Bíblia fala-nos da criação como da primeira linguagem através da qual Deus – que é suma inteligência, que é Logos – nos revela algo de si mesmo. O livro da Sabedoria, por exemplo, afirma que os fenómenos da natureza, dotados de grandeza e beleza, são como as obras de um artista, através das quais, por analogia, nós podemos conhecer o Autor da criação (cf. Sb 13, 5). Com uma similitude clássica na Idade Média e no Renascimento pode-se comparar o mundo natural com um livro escrito por Deus, que nós lemos com base nas diferentes abordagens das ciências.

 

Com efeito, quantos cientistas, no sulco de Santo Alberto Magno, fizeram progredir as suas investigações inspirados pelo enlevo e pela gratidão diante do mundo que, aos seus olhos de estudiosos e de crentes, parecia e parece a obra boa de um Criador sábio e amoroso! O estudo científico transforma-se, então, num hino de louvor. Compreendeu-o bem um grande astrofísico dos nossos tempos, cuja causa de beatificação foi iniciada, Enrico Medi, que escreveu: “Oh, vós misteriosas galáxias… eu vejo-vos, calculo-vos, entendo-vos, estudo-vos e descubro-vos, penetro-vos e reúno-vos. De vós tomo a luz e dela faço ciência, tomo o movimento e faço dele sabedoria, tomo o brilho das cores e dele faço poesia; tomo-vos, a vós estrelas, nas minhas mãos e, tremendo na unidade do meu ser, elevo-vos acima de vós mesmas, e em oração apresento-vos ao Criador, que somente através de mim vós estrelas podeis adorar” (Le opere, Inno alla creazione).

 

Santo Alberto Magno recorda-nos que entre ciência e fé existe amizade, e que os homens de ciência podem percorrer, através da sua vocação para o estudo da natureza, um autêntico e fascinante percurso de santidade.

 

 

Alessandro Zorzi

Médico ortopedista e pesquisador na UNICAMP e no Hospital Albert Einstein, com mestrado e doutorado em ciências da cirurgia pela UNICAMP e especialização em pesquisa clínica pela Harvard Medical School.

3 thoughts on “O Santo Padroeiro dos Cientistas

  • 1 de maio de 2021 em 20:24
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    Gratidão pela matéria.
    Estava procurando os santos dos estudantes e cientista.
    Não conhecia São Alberto Magno.

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  • 3 de outubro de 2022 em 18:14
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    Estou muito feliz por saber que nós cientistas não necessariamente deveríamos ser céticos... Tenho fé e a ciência como aliados 🇧🇷🙏

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    • 13 de janeiro de 2023 em 19:11
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      Fantástico Maria, concordo com você. Pais da ciência como Francis Bacon e Isaac Newton não eram ateus.

      Resposta

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