Patentes Patéticas (nº. 57)

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Evitar acidentes de trânsito é importante. Usar fogos de artifício para tentar fazer isso é… patético. O californiano Harry Rudolph Rodrigues não deve ter percebido os riscos envolvidos nesse método ao inventar o Vehicular Impact Signaling Device [Dispositivo de Sinalização de Impacto Veicular]. O U.S. Patent Office também não, pois aprovou um pedido de patente para

Um aparato para a emissão de uma pluma visível para alertar outros motoristas que um veículo automotor próximo foi envolvido em uma colisão é descrito como tendo um tubo que é aberto em uma extremidade situada no topo e fechado na extremidade distal. A extremidade distal armazena um dispositivo de ativação que é usado para detonar uma carga explosiva em resposta à detecção de um sinal de resposta. O sinal de resposta é gerado por um sensor subsequentemente ao veículo automotor experimentar um impacto de magnitude suficiente. Tanto o sensor quanto o sinal são compatíveis com tecnologias atuais usadas para detectar impactos com resultados na liberação de airbags. Consequentemente, o dispositivo pode se basear nesses sistemas, que já podem estar instalados no veículo. A carga explosiva expele um meio de sinalização acima do veículo automotor em uma pluma acima do veículo automotor [sic] para alertar visualmente outros motoristas que uma colisão ocorreu. A pluma eleva-se a uma altura preferencial de aproximadamente 60 pés [18,28 metros], tornando-a prontamente visível para outros motoristas na área. O meio de sinalização inclui um dispositivo em pó, líquido ou pirotécnico. O dispositivo pirotécnico produz um clarão momentâneo altamente visível. Um sinal auditivo é gerado pela incorporação de um dispositivo pirotécnico explosivo, como um fogo de artifício no interior do meio de sinalização.

Como fica claro entre as justificativas da patente 5.979.328, emitida em 9 de novembro de 1999, o objetivo principal do invento é evitar engavetamentos — ou “colisões em cadeia”, como Mr. Rodrigues as chama. Ele explica que “condições ambientais como chuva ou neve podem contribuir, às vezes, junto com visibilidade pobre e superfícies escorregadias ou neblina, para aumentar grandemente a possibilidade bem como exacerbar a magnitude de tais ocorrências.” Até aí, ele tem razão.

Mas há uma série de problemas possíveis que não são esclarecidos por Mr. Rodrigues. Alarmes falsos, por exemplo, podem acabar causando acidentes. Um dos problemas é que o sistema está baseado em sensores do airbag. Se um airbag que dispara sem motivo algum, por falha eletrônica, já é um problema, imagine um rojão sinalizador lançado sem necessidade. Sem falar nos óbvios riscos de explosão caso o veículo esteja realmente acidentado – risco esse aumentado, caso seja seguido o conselho de usar mais de um sinalizador, para o caso de o primeiro ser destruído ou inutilizado durante a colisão.

Mesmo em boas condições de visibilidade e em um acidente de verdade, o lançamento do sinalizador pode acabar assustando (ou distraindo) os demais motoristas em vez de alertá-los. Acidentes comuns, sem sinalizadores, também costumam emitir naturalmente suas plumas de fumaça e/ou vapor, o que não evita necessariamente novas colisões — especialmente em más condições de visibilidade. Usar líquidos ou mesmo fumaça sob chuva ou neblina é um contrassenso: só vai piorar as condições locais, tornando o acidente menos visível.

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