As naus de Nemi

Image of Nemi Ships located in  | Recovered Nemi Ship.
Uma das naus de Nemi, logo após a drenagem.

Foi uma grande surpresa a descoberta de dois grandes barcos no pequeno Lago Nemi, nos arredores de Roma. Embora sua existência fosse conhecida há séculos, as naus construídas pelo imperador romano Calígula eram consideradas legendárias. Porque não eram simples barcos, eram verdadeiros palácios flutuantes.

Construídas com base nas barcaças sagradas do Egito Helênico, as embarcações encomendadas por Calígula eram tão grandes que quase cobriam o pequeno Nemi (ou Nemorensis Lacus, que na antiguidade era consagrado à deusa Diana). Ambas as naus tinham 250 pés [76 metros] de comprimento e 70 pés [21 metros] de largura, sendo que uma delas era um templo. Eram tão pesadas que não podiam se mover por meios próprios: tinham que ser rebocadas. As naus eram decoradas com mármore, marfim e esculturas de bronze. E eram tão sofisticadas que tinham até água corrente — distribuída por canos estampados com o nome de Calígula.

http://scienceblogs.com.br/hypercubic/files/2012/08/Nemi_gelo4.jpg

Ali em Nemi, em festivais chamados de Nemoralia, diz-se que Calígula se entregava aos seus prazeres favoritos: incesto, mutilações e assassinato dos seus inimigos. Um ambiente muito família, portanto.

O que não se sabe ao certo é como os grandes palácios flutuantes de Calígula foram parar no fundo do lago. Acredita-se que eles naufragaram durante uma tempestade ou um terremoto, mas há quem diga que o próprio imperador romano mandou afundá-los durante uma orgia.

Sabia-se que os barcos ainda estavam em Nemi desde o século XV, quando começaram as tentativas de resgate — houve outras em 1535, 1827 e 1895, com sucessos apenas parciais. Ironicamente, as naus de Nemi só seriam salvas pelos esfrorços de outro ditador italiano.

Benito Mussolini dirigiu pessoalmente os trabalhos de recuperação das embarcações. Em 1927, Mussolini ordenou que o lago inteiro fosse drenado e que os dois tesouros de Calígula fossem retirados do local. A drenagem levou anos e a primeira nau só pôde ser retirada em junho de 1931. Em novembro, os trabalhos foram suspensos por meses porque o lago começou a encher-se novamente, formando um lamaçal no qual era impossível trabalhar. Devido aos contratempos, a segunda nau só pode ser recuperada em outubro de 1932. Um museu, especialmente construído em volta das embarcações, só foi inaugurado em 1936.

Image of Nemi Ships located in  | Anchor for one of the Nemi Ships.
Uma das grandes âncoras — de madeira! — encontradas em Nemi.

Infelizmente, o trabalho levou tanto tempo que, logo após de serem resgatadas, as naus de Nemi foram destruídas. Foi durante um incêndio em meio à II Guerra Mundial. Na noite de 31 de maio de 1944, houve um tiroteio entre forças aliadas e do eixo nos arredores do museu — não se sabe ao certo quem causou o incêndio, mas há relatos de que as forças germânicas teriam se abrigado dentro do museu.

Atualmente, o Museo delle Navi Romane de Nemi guarda apenas os poucos artefatos sobreviventes e os documentos relacionados à história das naus.

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  • Mário Romero dos Santos

    Comentar o que, apenas diria que o ser humano é o animal mais ruim e destruidor que já habitou e pisou na terra. A destruição do Barco histórico, seja a que título foi, é deplorável. Também, não é para menos, o ser que destrói seu habitar e sua comida, para ficar com fome e ao relento, como o homem faz com o seu Planeta. É de se esperar tudo e mais alguma coisa no que se refere a maldade.

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