Cafundó: língua e memória quilombolas

Foto do arquivo dos pesquisadores Carlos Vogt e Peter Fry.

 

 

Em setembro de 2016, o IEL promoveu o colóquio “Revisitando o Cafundó: Língua(s), História(s) e Cultura(s)”,  como parte das comemorações dos 50 anos da UNICAMP. O evento reuniu linguistas, historiadores e antropólogos para discutir os estudos desenvolvidos nos últimos 35 anos sobre a comunidade do Cafundó, que representam um marco nas investigações sobre afro-comunidades da América Latina.

Fotos do arquivo dos pesquisadores Carlos Vogt e Peter Fry.

Os trabalhos que se iniciaram ao final da década de 70 sobre a comunidade, hoje oficialmente reconhecida como remanescente quilombola, foram motivadas pela “descoberta”, na região de Sorocaba, de uma localidade onde uma suposta língua africana tinha sido preservada desde os tempos da escravidão. Uma equipe de pesquisadores da UNICAMP, que incluía os Profs. Carlos Vogt, Peter Fry, Maurício Gnerre e Robert Slenes, mostrou que se tratava da cupópia, uma “variedade linguística” que fazia uso de um considerável acervo vocabular de base africana, mas tinha o português como sua matriz gramatical. O material levantado à época pelos pesquisadores revelou não apenas descobertas linguísticas, mas também elementos históricos e culturais que, na memória dos moradores do Cafundó, remontam à origem e formação da comunidade no século XIX.

 

A vasta documentação levantada entre o final da década de 70 e início da de 80 é hoje parte do “Projeto Cafundó”, que compõe o acervo do CEDAE-IEL/UNICAMP (Centro de Documentação Alexandre Eulálio).  O material abarca arquivos em áudio com entrevistas realizadas junto aos moradores da comunidade, além de documentos impressos com informações sobre o Cafundó e sua “língua” particular.  Os arquivos em áudio foram inteiramente digitalizados em 2013, em parceria com a Universidade de Estocolmo, sob o financiamento da agência sueca STINT (The Swedish Foundation for International Cooperation in Research and Higher Education) dentro do projeto “Estudos Linguísticos Afro-Latinos” .  Por meio do SAE (Serviço de Apoio ao Estudante), a UNICAMP vem disponibilizando bolsas para alunos de graduação atuarem na transcrição e edição do material.

 

Recentemente, os Profs. Carlos Vogt e Peter Fry reeditaram o livro Cafundó – A África no Brasil  , originalmente publicado em 1996, que apresenta os resultados de estudos linguísticos, históricos e culturais sobre a comunidade.

Veja a entrevista realizada pelo Jornal da Unicamp com um dos autores.

Cafundó retrata contradições do Brasil contemporâneo

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