A tese de doutorado “Vozes-mulheres negras ou feministas e antirracistas graças às Yabás” de Mariana Jafet Cestari, orientada pela professora Mónica Graciela Zoppi Fontana e defendida no Programa de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem – UNICAMP em 2015 é vencedora do Concurso de Tese da Associação Latino-americana de Estudos do Discurso (ALED). A tese concorreu com trabalhos produzidos na área de Análise do Discurso em programas de pós-graduação de diversos países da América Latina, defendidos no biênio 2015-2017.
O prêmio foi entregue durante o XII CONGRESSO INTERNACIONAL DA ALED, realizado na Facultad de Letras de la Pontificia Universidad Católica de Chile (UC), em Santiago, Chile, de 16 a 19 de outubro de 2017.
A tese ganhadora trata das lutas pela legitimação de lugares de fala de mulheres negras na conjuntura das lutas antirracistas e antissexistas no Brasil a partir de meados dos anos 70. A autora desenvolve uma reflexão teórica sobre a constituição de lugares de enunciação sobre e para as mulheres negras, além da legitimação de um lugar de fala próprio que permita a circulação pública e reconhecida de sua voz, sua arte, seus conhecimentos e seus saberes ancestrais. A tese mostra como esses lugares de enunciação são forjados em processos de subjetivação/identificação nos movimentos de inclusão/exclusão, diferenciação e ressignificação dos discursos feministas, dos movimentos negros, de construção da identidade nacional, da diáspora africana, entre outros.
As análises exploram os diversos modos de enunciação de si, relacionando-os com o funcionamento discursivo da produção de invisibilidade, dos estereótipos sobre mulheres negras e do silenciamento, em contraponto com as práticas de resistência dos movimentos de mulheres negras que reivindicam sua voz, sua história e lutam por afirmar sua identidade. A tese constrói um trajeto descritivo que interpreta a construção de sujeitos políticos a partir da enunciação de um nós político e de um eu político, que posicionam mulheres negras como sujeitas de um dizer próprio. A autora se debruça sobre diversos tipos de materiais discursivos, que incluem: produções teóricas, literárias e intervenções políticas de intelectuais/ativistas negras, e discute “os modos como as lutas pela interpretação de si constituem as sujeitas mulheres negras em encruzilhadas de memórias e discursos fundadores”.
Para ler o trabalho completo, basta acessar aqui: http://repositorio.unicamp.br/…/1/Cestari_MarianaJafet_D.pdf
A tese, que contou com financiamento da FAPESP, é fruto, também, da reflexão coletiva desenvolvida pelo grupo de pesquisa “MULHERES EM DISCURSO”– CNPq e seus resultados foram apresentados nas jornadas já organizadas , além de serem publicados parcialmente nos livros lançados pelo grupo.
Que este reconhecimento, a publicação dos resultados da pesquisa, a participação em eventos e tantas outras iniciativas somem-se para o eco de vozes historicamente silenciadas, mas que tanto resistiram em seus sussurros, brados, cantos, rezas.
Abaixo, o poema inspirador do título da tese, Vozes Mulheres, de Conceição Evaristo, declamado pela poeta.
https://www.youtube.com/watch?v=5QBXp-MqF18
“Vozes-mulheres negras ou feministas e antirracistas graças às Yabás”, Mari Cestari, sob orientação de Monica Graciela Zoppi Fontana. Parabéns, mulheres!
Faça um comentário