Abuso na infância altera o comportamento e o DNA

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Há muito tempo psicólogos sabem que fatos ocorridos na infância podem determinar comportamentos e doenças psicológicas na vida adulta. Dentre os mais fortes determinantes está o abuso sexual, que parece correlacionar fortemente com maior taxa de suicídio, depressão, ansiedade, entre outros problemas.

Mas qual é a biologia do trauma? O que muda no cérebro que faz as pessoas mudarem de comportamento?


Mais uma dica aparece com um estudo feito com cérebros de suicidas. Sim, no Canadá existe um banco de cérebros de suicidas, com o objetivo de estudar os porquês das pessoas quererem tirar as próprias vidas. Parece coisa de maluco, mas veja como foi útil.

Com este banco de cérebros bem catalogados, com as informações médicas e entrevistas com parentes, os pesquisadores puderam achar 12 cérebros de pessoas que haviam sido abusadas na infância para comparar com outros 12 que não haviam sido molestados.

Os cérebros de molestados tinham menos receptores de cortisol. Estes receptores retiram o cortisol (substância que controla a resposta ao estresse) circulando no cérebro que é liberado depois de uma situação de estresse, e pode prejudicar o funcionamento cerebral se continua circulando por muito tempo.

Está também no DNA
Mas o principal do estudo é que ele foi mais fundo na parte molecular. Sabendo já o que procurar, baseados em estudos com animais, olharam o gene que controla a produção do receptor, e perceberam que ele estava 40% menos ativo nos molestados. Isso graças a mudanças epigenéticas.

Epigenética é o assunto quente da biologia molecular dos próximos anos, fique atento. São mudanças na leitura do DNA, mas não são mutações, porque não alteram a sequência dos ATCG, só interferem em como o gene vai ser lido pela célula.

Parece que de alguma forma o evento de abuso aumentou o silenciamento epigenético do gene do receptor de cortisol. Alterando daí em diante a resposta ao estresse do indivíduo.

É o ambiente alterando diretamente o DNA da pessoa!
E estudos em animais mostram que esta alteração (que não é mutação) pode ser transmitida para os filhotes. Semelhanças com Lamarck não são meras coincidências: características adquiridas sendo transmitidas.

Por isso, psicólogos e psiquiatras não podem mais relegar as neurociências moleculares, como é feito com a genômica hoje em dia. Esta é criticada por ser pouco informativa, quando se descobre, por exemplo, que pessoas que tem uma cópia X de um gene têm 10% a mais de chance de desenvolver alguma doença psiquiátrica. Não há muito o que fazer com esta informação.

Mas a epigenética tem promessas muito interessantes. Se um evento ambiental alterou tão profundamente a fisiologia, isto abre uma oportunidade de terapias para reverter doenças, ou mesmo gerar remédios que ajam diretamente nas alterações epigenéticas.

Links:
The epigenetics of child abuse: Nature Reviews Neuroscience

New York Times
Agência Estado

Cientistas querem legalizar drogas para o cérebro.


“Legalize já” é o que clama um grupo de cientistas em uma carta publicada na Nature.
Drogas para melhorar a performance de seu cérebro. Já escrevi sobre isto neste blog ( Doping Cerebral, se o tema lhe interessa, recomendo fortemente que leia também).
(Digo drogas aqui como sinônimo de medicamentos)
Por quê legalizar? Alguns argumentos:
Muita gente já usa.
Os principais são os estimulantes Ritalin (metifenidato) e Adderall (um mix de anfetaminas), e são prescritas para pessoas com hiperatividade e defcit de atenção.
Em pessoas saudáveis, elas aumentam a atenção, foco, e a capacidade de manipulação de informação pela memória. Como 4 a 7% dos alunos das faculdades têm déficit de atenção, essas são as mais presentes nas universidades americanas. E parece que não há efeito colateral importante.
Ajudar o cérebro é coisa que já fazemos
A escrita e a internet são exemplos de artifícios que criamos para compensar e melhorar nossa capacidade mental. Mesmo um professor, simplesmente ao ensinar uma nova maneira de enxergar um problema, está melhorando o desempenho cerebral de seus alunos. Assim, as drogas de desempenho seriam apenas mais um artifício dentre os existentes. Diferente, mas nada muito novo.
Mas não é trapaça?
Usar no vestibular pra melhorar minha nota, não é trapaça? Não porque nada impede nas regras. Isso porque este assunto nunca foi discutido neste tipo de competição, ao contrário do que acontece no esporte. É preciso ajeitar as regras para essas competições intelectuais.
É natural?
Mas afinal, o que na nossa vida cotidiana pode ser considerado “natural”? Casas, carros, celulares, os próprios tratamentos de doenças utilizando remédios não são “naturais”, no senso comum desta palavra. Utilizar lembretes em papel, no celular ou tomando um remédio para memória, todas são formas de ajuda não-natural. Porque então demarcar uma linha arbitrária entre elas?
Podem virar drogas de abuso
Risco de vício e abuso sempre existe. Mas as drogas são julgadas e regulamentadas por seus possíveis riscos para o indivíduo e para a sociedade. Assim, temos desde as mais perigosas, como a heroina, até as relativamente seguras, como cafeina. Os medicamentos para melhora de performance devem ser também regulamentadas segundo sua segurança.
Essas drogas são seguras?
As drogas que já estão no mercado foram testadas em animais e humanos, provando serem seguras para uso médico. Claro que um remédio que ajuda a controlar demência, mesmo que tenha efeitos colaterais, tem beneficios que pesam mais que os efeitos adversos. O que não justifica de imediato o uso por pessoas saudáveis, com o objetivo de melhorar performance.
O efeito no desenvolvimento quando usado por crianças também é uma área que não é abordada nos testes de segurança, mas deve ser considerado e estudado.

Liberdade para não usar
Na escola ou no trabalho, sempre nos é exigido o máximo. Caso o uso de drogas para o estímulo de nossas capacidades seja liberado, teremos a opção de não usá-las? Afinal, empregadores, pais e escolas poderiam exigir o uso das drogas para aumento de performance. No exército já é regulamentada essa exigência, mas fora dele a coisa deve ser muito discutida. Mesmo porque a maior parte da exigência de uso será velada, estimulada silenciosamente pela competição no emprego ou estudo.
É justo usar?
Competições são justas? Pessoas com melhor educação têm maiores vantagens em qualquer concurso. Desnutrição na infância tem um efeito ruim na cognição das pessoas, trazendo desigualdade na capacidade de competir. As drogas seriam apenas um fator a mais neste sistema complexo.
Mas drogas com preços muito altos aumentariam a vantagem, já grande, entre ricos e pobres. Por isso, a liberação teria que vir junto com a igualdade ao acesso destes medicamentos.
Qual seria a política de legalização?
São sugeridas quatro temas principais:
Primeiro estimular a pesquisa. Quanto faz bem; quanto faz mal; estudantes aprenderão mais ou não; etc.
Segundo é criar um mecanismo de participação de organições de profissionais relevantes nas áreas envolvidas, como médicos, psicólogos, biólogos, educadores, recursos humanos. Estas organizações devem ser muito informadas e ter uma linha direta de contato com quem tem interesse em usar qualquer tratramento.
O terceiro seria educar o público sobre o tema. E o quarto o aparato legal para amparar estas políticas.
Essa é a opinião do pesquisadores publicada na Nature.
Minha singela opinião, caso interesse, é que educar o público, organizar a sociedade civil e legislar sobre o assunto, são coisas ainda muito distantes. Assuntos menos complexos e que vêm sendo discutidos a mais tempo ainda não estão nem perto desta utopia. Eu não esperaria nada de concreto por um bom tempo.
Mas devo concordar com a conclusão dos pesquisadores:

“As drogas estimuladoras de performance cognitiva podem ser bem ou mal usadas. Devemos aceitar com prazer novos métodos que melhorem nossa função cerebral.
Em um mundo em que a vida produtiva humana vem aumentando, estes estimuladores vão ser cada vez mais importantes para melhorar a qualidade de vida e melhorar a produtividade, contribuindo também para amenizar o processo natural de declínio cognitivo do envelhecimento.
Claro que seria tolice ignorar os problemas que estas drogas poderiam causar. Mas assim como com outras tecnologias, temos que trabalhar para maximizar os benefícios e minimizar seus problemas.”

Bônus: Como seu cérebro reage a gasolina e fósforo

Ruas pichadas fazem as pessoas jogarem mais lixo no chão


Passar por um lugar pichado faz com que as pessoas joguem mais lixo na rua. É possível?! Sim, o ser humano está novamente de parabéns. Cabecinha influenciável essa nossa.
Num estudo publicado na Science, realizado por um grupo holandês, foram usados vários experimentos muito interessantes para descobrir a influência do ambiente nas nossas ações.

Um deles foi realizado num beco limpo de pichações e sem lixeiras onde havia um estacionamento de bicicletas. Foi colocado um panfleto inútil em cada bicicleta estacionada, e os pesquisadores ficaram vigiando escondidos. De 77 ciclistas, um terço jogou o panfleto no chão.
No dia seguinte, o mesmo beco foi pichado e repetiram o experimento. E dessa vez dois terços dos ciclistas jogaram o papel no chão!
Mais experimentos legais

Outro experimento realizado foi deixar uma nota de 5 euros meio pra fora de uma caixa de correio. 13% de quem passou pela caixa embolsou a nota, mas com lixo por perto da caixa 23% fizeram isto.
Os resultados confirmam uma tese antiga conhecida como teoria da Janela Quebrada, que sugere que ambientes bagunçados e com pequenos delitos, geram mais desordem e comportamentos criminosos.
Limpar para manter limpo
A confirmação desta tese pode ser de grande ajuda para nosso maior entendimento do comportamento humano, principalmente aplicado a praticas públicas. Afinal, este estudo demonstra, de forma bem direta, que um ambiente desordenado tem um efeito sobre as ações das pessoas ali presentes, o que está de acordo com outro estudo feito por Havard, onde em bairros problemáticos na cidade de Lowel em Massachusetts, ações públicas de limpeza e policiamento, tiveram mais efeito em manter a ordem do que serviços sociais ou imposição da lei.
Resumindo: quando as pessoas observam outras transgredindo normas sociais ou regras, elas ficam mais propensas a violar outras normas e regras, permitindo que a desordem se espalhe.
Vi na Science

Testes provam: melhor o não do que o talvez.


Jean-Paul Sartre já dizia que toda angústia do homem reside na dúvida. E não tem nenhuma angústia que eu tenha sentido ou visto os outros sentir, que conforme vamos chegando mais fundo não nos deparamos com ela.
Mas agora o titio Sartre tem DADOS para provar essa idéia!
Um pessoal no Canadá publicou um trabalho com indivíduos neuróticos que era o seguinte:
Um jogo (sempre esses joguinhos de psicólogos), onde um computador mostra uma imagem e a apaga rapidamente, e a pessoa tem que estimar o tempo para apertar um botão depois do tempo de 1 (um) segundo exato.
Ao apertar, o computador mostrava se a pessoa acertou, se errou, ou uma resposta incerta com uma interrogação.
Claro que estas pessoas estavam sendo monitoradas por eletroencefalograma, para ver a atividade do córtex cingulado anterior, relacionado ao monitoramento de erros e ansiedade, e regulando assim nossa resposta a mudanças no ambiente.
E o resultado foi claro, a reação desta área foi muito mais forte quando aparecia a resposta incerta. Mesmo em comparação com a resposta de que se errou. A ansiedade é maior quando não sabemos se acertamos ou erramos.
Parece que é melhor mesmo saber que a coisa está ruim do que ficar na angustiante dúvida.
Ponto para Sartre.
– Vi no ScienceDaily

Como ficar bêbado sem beber


O post “Ressaca de abstinência” no Blog 42 me lembrou de um vídeo, trecho de um programa inglês de um cara chamado Derren Brown. O cara usa mágica (truques claro), distração, hipnose e leitura fria (cold reading). E vai aparecer algumas vezes mais aqui pelo RNAm.
link do vídeo: How to get drunk without drinking
O vídeo é em inglês, mas as imagens dizem tudo.
Seria mágica? Não, é só o poder da sugestão. Poderoso, hein?! Mas nada sobrenatural.

É dos nerds que elas gostam mais! São mais férteis e vivem mais.

“De acordo com a revista científica New Scientist, nerds possuem espermatozóides mais saudáveis que os de outros homens. Por isso, seriam mais férteis e gerariam descendência inteligente.
Para realizar o estudo, diversos homens tiveram de passar por uma bateria de testes que medem o nível de inteligência. Depois disso, foi atestado que aqueles que pontuaram mais no teste apresentaram espermatozóides mais saudáveis e em maior quantidade, enquanto que os menos espertos, que tiveram menor pontuação, produziram quantidade também menor de gametas, além de haver maior ocorrência de indivíduos doentes e fracos nesse último caso”.

Notícia no Yahoo

Pena que há uma contrapartida. Outras pesquisas relatam que homens mais inteligentes sofrem mais de ejaculação precoce. E faz todo sentido. Afinal como que pode ter tanto nerd por aí se eles têm uma dificuldade intrínseca em se relacionar com o sexo oposto?
Duas explicações possíveis: primeiro que a pesquisa analisa inteligência e não nerdismo, que podem ser coisas diferentes; e segundo, já que são tão férteis, quando eles finalmente ficam com uma mulher, a combinação “maior fertilidade + ejaculação precoce” garante o sucesso reprodutivo do nerd. É o famoso tiro certeiro.
Mas que ligação é essa entre inteligência e espermatozóides saudáveis?
Já vemos que na verdade não há um índice de “nerdismo”. A pesquisa aplicou testes de QI, não de conhecimentos em Star Wars. Então parece que há uma relação entre Qi alto e maior fertilidade em homens.
Provavelmente a inteligência do homem trás vantagens para as mulheres. Afinal várias pesquisas mostram que mulheres preferem homens inteligentes tanto para casar quanto para uma noite e nada mais. Um marido inteligente para criar os filhos parece uma vantagem óbvia, mas pra que escolher homens inteligentes para relacionamentos de apenas uma noite?
Talvez pelo mesmo motivo que outras fêmeas escolhem machos com rabos maiores, maiores jubas ou melhores canções: estes podem ser indícios de melhores genes.
Inteligência, beleza, canções e bons genes

Dizer que homens e mulheres preferem pessoas bonitas não é dizer nenhuma novidade. A novidade é que beleza põe mesa sim. Homens mais simétricos, considerados mais bonitos, têm espermatozóides mais saudáveis. Assim, a beleza é um indicador das condições da saúde de um macho humano.
Quanto à inteligência, recentemente um comentário na Nature confirma que pessoas mais inteligentes (bem sucedidas nos testes de QI) vivem mais tempo. Aqui vão algumas hipóteses levantadas ao tentar responder por que QI alto leva a uma vida maior:
– maior inteligência ligada a melhor educação e melhores empregos, levando a pessoa a viver em ambientes mais saudáveis;
– pessoas mais inteligentes teriam comportamentos mais saudáveis, como alimentação e exercícios físicos;
– eventos prematuros na vida das pessoas, desde a vida intrauterina, podem ter relação com o desenvolvimento intelectual e também com a saúde futura;
– um QI alto pode ser um indicador de que o corpo como um todo está funcionando bem. Respostas ao ambiente podem depender de características como reflexos rápidos, exigindo tanto um processo mental como uma resposta física.
Claro que esta área de pesquisa chamada Epidemiologia Cognitiva ainda está se desenvolvendo e não tem dados suficientes ainda para dizer qual o peso de cada uma destas causas para ligar inteligência e vida longa. Mas parece ficar claro que inteligência é sim vantajosa. E do mesmo jeito que mulheres podem selecionar saúde e vantagens em seus pretendentes pela beleza, a inteligência parece um fator importante nessa seleção.
Portanto meninos estudem! E se não forem inteligentes, enganem bem bancando o gênio citando as infos que você lê aqui no RNAm. Porque malandragem também é uma estratégia nessa guerra da seleção sexual.
Link de interesse: Do intelligent men have better sperm?

Cai o último “bom-selvagem”

“a maioria de nossos males é obra nossa e (…) os teríamos evitado quase todos conservando a maneira de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza” (ROUSSEAU apud LEOPOLDI , 2002, p. 160 ).

Hum, então nossa natureza é boa, e ao complicar o “viver simples” nos corrompemos… Quer dizer que populações mais simples, ou naturais, teriam menos traços malignos. Pena que se sabe hoje em dia que isso não é verdade. Gente é gente em qualquer lugar do mundo. Os antropólogos que o digam.
Índios podem ser perversos sim. Compartilhamos características básicas em todos os lugares. Diferentes culturas, com diferentes abordagens sim, mas sempre a maldade, e também a benevolência, estão presentes.
E nos animais? Eles sim são bonzinhos, não são?
Sinto informar, mas não são não. Nossos primos chimpanzés são bem agressivos. Matam não só pra comer, mas também por status e poder dentro do grupo.
Mas ainda existia uma esperança: os bonobos.
Bobobos, os últimos “bons-selvagens”
Os macacos mais aparentados com os humanos. Diferente do chimpanzé, este animal parecia para nós o ideal da sociedade “natural”. Pacíficos entre si e com o ambiente, calmos, formando uma sociedade matriarcal sem grandes diferenças de poderes entre os indivíduos.
O ideal do paz-e-amor dos anos 70 (inclusive pelo comportamento sexual sem restrições dos bonobos).
Mas observações recentes revelaram que eles não são tão pacíficos assim. Também caçam em bandos. Machos e fêmeas atacam macacos de espécies menores e os comem.
A última chance da idéia de Rousseau prevalecer e nos mostrar que a natureza do homem é boa, e que é a sociedade que o torna mal, parece estar indo por água abaixo. Afinal a própria sociedade também não é mais uma característica da nossa natureza primata?
“Chimpanzé é o c#&@%,. Meu nome é Zé Bonobo, p@%$!” "Chimpanzé é o c#&@%,. Meu nome é Zé Bonobo, p@%$!"[/caption]

Cientistas podem dançar?

A pergunta não é se eles conseguem, mas sim se deveria ser permitido que o fizessem.
As festas de congressos científicos não me deixam mentir, na média os cientistas mandam muito mal no salão, desculpem falar. Mas já se foi o tempo dos estereótipos, hoje em dia é difícil classificar as pessoas tão facilmente. E talvez um cientista possa dar para um dançarino, ou reformulando esta frase de duplo sentido, possa dançar bem sim. E mais, montar uma dança sobre sua própria pesquisa!
Por isso prepare-se, aqui vai um resumo do que foi o primeiro concurso “Dance seu PhD”. As inscrições para o segundo se encerram hoje.
Vídeos e infos do concurso
Recomendo. O vencedor dançando uma caçada estilizada faz menção a sua pesquisa sobre como se trabalhava e distribuía a caça numa região do sul da África.
Um tango mostra a atração de uma galáxia mais pesada atraindo uma outra galáxia menor. Enfim, algumas coisas boas realmente.
Tirando coisas bizarras, como na categoria de Professores (haviam 3 categorias: graduandos, pós-graduandos e professores) em que um tiozão com a camisa do Tabajara Futebol Clube dança a música do pintinho amarelinho, representando sua pesquisa com galinhas. Só imagino como é ser orientado por um figura assim…
Leia mais também no Citrus: Dança dos cientistas: o Faustão compra a idéia?

A solidão é fria. MESMO!

Por que a solidão é fria? Pelo menos a maioria das pessoas a descreveriam assim, fria.

Mas de onde vem essa relação? Não se sabe ao certo, mas um grupo de pesquisadores fez dois experimentos que comprovam a frieza da relação.

Experimento 1 – Lembranças da aula de educação física

Dois grupos, 65 pessoas no total. A um deles se pede para lembrar-se de situações de isolamento e solidão, como quando se é o último a ser escolhido para o time. E ao outro se pede que se lembre de situações em que se sintam incluídos. Depois se pede que chutem qual a temperatura da sala em que estavam.

Experimento 2 – Jogo de exclusão

Dois grupos jogando um jogo eletrônico em que se deve passar a bola de um jogador a outro. Mas num grupo, o computador raramente passa a bola ao indivíduo a ser testado, ao contrario do outro grupo.

Ao final, lanches são oferecidos: café, sopa, salgadinhos ou soda.

Resultados

No primeiro experimento, quem era levado a ter as más recordações de isolamento chutava uma temperatura 4 graus mais baixa que o outro grupo, em média.

E no experimento 2, o grupo que era excluído no jogo preferencialmente escolhia o aconchego do café e da sopa, em comparação ao jogadores do outro grupo não-isolado no jogo.

Conclusões

“O frio da solidão” é mais que uma metáfora, é um fato. E mais, nossos pensamentos abstratos têm um forte embasamento físico, baseado em nossas experiências concretas.

Suposições

Quando somos crianças, uma fonte de calor é nossa própria mãe e pai. Assim, ficar perto de nossos pais é acalentador, e não estar acompanhados nos faz sentir frio.

Vi na Nature

Índios organizaram cidades, desmataram e também publicaram na Science!

Mas espere aí, índio que constrói cidade ainda é índio? Se formos considerar indígenas como etnia ou população a resposta é sim. Mas eu nem sei por que estou falando disso.
Bom, o fato relevante do post é este que segue (da Folha):

Um artigo publicado hoje no periódico “Science” sustenta que, entre os anos 1200 e 1600, a sociedade xinguana desenvolveu um tipo de urbanismo pré-histórico, comparável a algumas “pôleis” gregas.
“Falar em urbanismo tem um caráter provocador”, admite o antropólogo Carlos Fausto, do Museu Nacional. Ele é um dos líderes da pesquisa, ao lado da lingüista Bruna Franchetto, da mesma instituição, e do arqueólogo americano Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida. “Não era, claro, como a Mesopotâmia, mas existe uma sistemática, como se houvesse uma planificação”, continua. “Não são aldeias perdidas na floresta.

Fato curioso 1: neste trabalho da Science, o chefe Afukaká Kuikuro dos cuicuros, tribo que ajudou no trabalho de campo, entrou como autor do artigo. Seria o primeiro índio a publicar numa revista deste gabarito?
Fato curioso 2: a amazônia “intocada” de nossos ancestrais na verdade é mata secundária (que cresce depois de ser cortada) nessa região da cidade indígena. Afinal, aglomerados com 100.000 humanos demandam espaço. Ou seja, quando precisa, índio corta árvore sim. Alguém teria coragem de os recriminar?
Fato curioso 3: Acabamos percebendo desta forma que os índios somos “nozes”, quer dizer,  como nós. E todo antropólogo vai dizer “eu já sabia”. Mas as pessoas em geral relutam inconscientemente em entender este fato: de que a raça humana é uma só; as diferenças entre as populações são mínimas.
Portanto não devemos nos espantar ao descobrir “cidades” feitas por índios, pirâmides antiqüíssimas ou barbáries ainda em tempos modernos. Tudo isto tem sido feito pela mesma jovem espécie, o Homo sapiens, que em 200.000 anos vem usando o mesmo crânio, comportanto o mesmo cérebro, com as mesmas capacidades, possibilidades e limitações.