Faça infográficos perfeitos para área de biomed

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Mind the Graph

Aqui vai uma dica preciosa para quem quer fazer uma ciência mais bonita, mais descolada e mais design. E mais fácil e rápida de ser entendida também:

USE INFOGRÁFICOS!!!

Use nas apresentações, nos posteres em congressos, nas aulas, na tese e nos seus artigos científicos também. Economize o tempo das pessoas em entender e deixe o mundo mais bonito.

Se você é da área de biomédicas tenho uma dica melhor ainda: uma ferramenta online que tem todas as ilustrações e templates que você precisa. É a Mind the Graph. Uma startup 100% nacional com uma qualidade excelente, vários templates e milhares de ilustrações altamente personalizáveis. Troque cores, estilos e formatos das células, por exemplo.

O banco de imagens não pára de crescer, e aqui eu selecionei as que eu achei mais  interessantes.

Cientista em pose like a boss

like a boss science
Yeah, science!

Giardia, um clássico das aulas de biologia

Pesquise no google por PAREIDOLIA
Pesquise no google por PAREIDOLIA

CUIDADO! Isso é uma prensa!

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Ei! Isso tá gelado!

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Olha o passarinho… er… quer dizer…

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Faça uma história em quadrinho

Usar cocaína causa euforia e poderes mediúnicos

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=ukJyP5np9fg” title=”Tutorial%20on%20how%20to%20create%20infographics%20for%20Life%20Science%20and%20Health.”]

 

Disclaimer: Eu já comi churrasco na casa do sócio do Mind the Graph, ou seja, sou seu amigo. E também escrevo para o blog da empresa. Se agora você desconfiou de mim, entre lá e dê uma olhada para tirar a prova.

Divertida MENTE, COCÔlorido e camisinhas brochantes

Neste episódio: Divertida MENTE, COCÔlorido e camisinhas brochantes.

Cocô e camisinha que se colorem quando detectam alguma doença. Bacana né? Ah, mas sei lá, só sei que existe.

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=VoflVBNu4U0″]

 

Se não acredita no que dissemos, ÓTIMO! Você aprendeu algo. Mas para provar, seguem as referências:

Deixe seu filho ficar triste
http://vida-estilo.estadao.com.br/blo…

Conheça os vencedores desta edição do Prêmio Jovem Cientista
http://www.cnpq.br/web/guest/noticias…
/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/­2596513

Raymond Wang, Nicole Ticea Win Top Intel Science Fair Awards
http://www.huffingtonpost.ca/2015/05/…

Cocô colorido
http://www.echromi.com

http://mulher.uol.com.br/comportament…

Estudantes criam camisinha que muda de cor ao detectar doença sexualmente transmissível
http://oglobo.globo.com/sociedade/sau…

Pílula de glitter
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/v…

Seja o dono de uma grande farmacêutica, seu porco capitalista!

Algumas das coisas mais odiadas no mundo atualmente:

As duas primeiras não precisamos explicar, mas é da última que vamos falar aqui.

[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=85I89ZrwIfU”]

 

Saiu um jogo de simulação [tipo SimCity lembra?] chamado Big Pharma, que coloca o jogador no comando de uma dessas indústrias. Estas são tão criticadas por tocarem em uma lógica meio absurda que traz desconfiança nas pessoas: quanto mais doentes, quanto mais doenças, melhor para os negócios.

Por isso pessoas se revoltam, gritam que essa indústria é sádica; que só trata doenças de pessoas e países ricos; que usa pobres como cobaias; que sabota tratamentos naturais/alternativos/caseiros; e que faz remédios que só servem para piorar as pessoas, como os quimioterápicos, e fazê-las comprar mais remédios.

Essas acusações são verdadeiras? Assim como com a Dilma e o Fernando, nem todas. Quimioterapia não é feita para debilitar mais ainda o paciente, e a sabotagem não é tão conspiratória como se pensa, mas essas indústrias não são santas, claro.

A dúvida que o jogo traz é: se essas pessoas que criticam estivessem no lugar do empresário dono da indústria, o que fariam no lugar dele? Deixariam de lucrar com ricos para fazer remédios baratos para pobres? Deixariam de sabotar seus concorrentes?

Bom, talvez só jogando para saber.

 

Vi no BoingBoing

 

Perna biônica de verdade. Finalmente!

Perna biônica
Perna biônica

A coisa é simples: uma prótese que entende quando o amputado quer esticar ou encolher e como ele quer fazer isso, com força ou devagar. Tudo controlado pelo cérebro mesmo, do jeito mais natural possível. Claro que um computador tem que ficar no meio do caminho, mas não parece incomodar não. É só olhar o vídeo.

Finalmente temos algo do jeito que deveria funcionar mesmo. Agora sim dá pra subir escadas!

A tecnologia está tão avançada, com o homem indo e voltando da Lua e mandando robôs nucleares pra Marte, que não dá pra acreditar que estamos tão atrasados em certas coisas básicas, como fazer uma prótese que funcione como essa que só conseguiram fazer agora. Mas porque esse atraso todo?

Eu não chamo de atraso não. Isso mostra que os maiores desafios, os mais difíceis de resolver, estão no nosso planeta mesmo. É muito mais fácil mandar 3 pessoas numa cápsula de metal, com toneladas de combustível altamente inflamável, pra fora do nosso planeta, acertar numa pedra gigante chamada Lua, e trazer esses 3 de volta, do que entender como o cérebro, de dentro de nossas próprias cabeças, comanda o movimento que fazemos todos os dias, sem esforço e sem perceber.

O pesquisador brasileiro Miguel Nicolelis está procurando fazer a mesma coisa, mas ele quer detonar o limite maior: quer fazer um tetraplégico dar o pontapé inicial da copa do mundo no Brasil, usando uma prótese que fica por fora do corpo, como a armadura do Homem de Ferro, mas controlada pelo cérebro da própria pessoa.

A Copa tá chegando. Será que dá tempo, Nicolelis?

Vi no Gizmodo, Wall Street Journal e CBS

Controle mentes usando algas, vírus e laser

Essa é uma daquelas técnicas que pode gerar polêmicas, e só não gerou ainda porque não caiu nas graças dos jornalistas mais sensacionalistas. A optogenética é um jeito de ligar e desligar neurônios apontando para eles um laser. Não tão simples assim, porque você tem que injetar no cérebro a ser testado um vírus que leva para dentro dos neurônios desejados o gene que vai virar a proteína sensível a luz.

Veja o video:

Essa proteína vem de algas e responde a laser, e dependendo de quais neurônios a produzirem ela pode ativá-los fazendo por exemplo o camundongo do vídeo sair correndo, a mosca tentar voar, o verme parar de se mover, sempre que o laser os atingír.

Isto pode ser usado para controlar o ritmo de células cardíacas e os movimentos de células da pele, como mostrado mais ao final do vídeo.

Mas além de permitir controle, a optogenética é uma ferramenta para estudar as ligações entre os neurônios e revelar os circuitos que formam o cérebro, esses sim o Santo Graal da neurociência.

Não precisamos nos preocupar com controle mental por enquanto, estão longe disso, mas isso me faz perguntar se aquele cabo do filme Matrix era um cabo de fibra óptica.

 

Dica do Felipe do Psicológico

Super-Sequenciamentos de DNA e a lei de Moore

Dia 19 de abril é o aniversário da Lei de Moore que diz, segundo a Wikipedia “…[em 1965] o então presidente da Intel, Gordon E. Moore fez sua profecia, na qual o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada período de 18 meses. Essa profecia tornou-se realidade e acabou ganhando o nome de Lei de Moore.”

Lei_de_moore_2006.svg

fig: A evolução dos precessadores e a lei de Moore

Uma profecia e tanto, porque é um ritmo frenético, concorda? Eu ainda lembro quando jogava Space Invaders no meu XT sei-lá-o-que na tela fósforo verde.

O engraçado é que, sem saber do aniversário, eu ouvi sobre a lei de Moore essa semana. Mais do que isso, ouvi sobre algo que anda mais rápido que a lei de Moore: a potência do sequenciamento de DNA.

O RNAm foi convidado para o lançamento da nova tecnologia de sequenciamento da Life Technologies, o Ion Torrent. Muito legal a tecnologia e parece que vai revolucionar a área de sequenciamento mesmo. Se você é da área entre no link caso se interesse, vale a pena (como não sou da área, não vou entrar em detalhes). Só vou dizer uma coisa: essa coisa consegue detectar a mudança de pH gerada pela liberação de hidrogênio quando uma base, A,T, C ou G se liga à fita a ser sequenciada!

Bom, neste evento foi citada a lei de Moore para compará-la com a evolução da tecnologia de sequenciamento. Veja aqui a comparação do custo de um genoma e o custo dos processadores:Sequencing graphs to slides

Isso muda muita coisa. Com sequenciamentos baratos e rápidos, áreas como a epidemiologia vão mudar, e já estão mudando muito. Técnicas como arrays irão aos poucos sumir, dando lugar ao todo-poderoso, direto e inequívoco sequenciamento.

E já tem muita gente no Brasil fazendo muita coisa com sequenciamento. Duas palestras muito interessantes: uma com o pessoal da bioinformática da FioCruz, o Cebio, que oferecem uma estrutura de análise e planejamento de sequenciamento e tem parcerias com vários pesquisadores e empresas; outra coisa interessante é a Rede Paraense de Genômica e Proteômica, da UFPA, um centro com muita estrutura e colaborações, isso tudo fora do sudeste.

Esses dois centros são muito importantes, sabe porque? Porque máquinas como o Ion Torrent estão deixando o sequenciamento cada vez mais fácil, mas o que fazer com aquele monte de letras ACTG? O funil do conhecimento nessa área é a análise, e por isso esse knowhow destes centros vale ouro. Bioinformática vale ouro. É emprego certo porque pouquíssima gente tem o conhecimento necessário (essa é a frase que eu mais ouço ultimamente em todas as áreas no Brasil). Também, precisa entender de biologia, matemática e programação, mas biólogos não suportam exatas, e exatos, bem, até gostam de bio, mas ganham muito mais em inicio de carreira em outras áreas do mercado de trabalho.

Então veremos o que fazer com as toneladas de dados gerados pelos simples, rápidos e baratos sequenciamentos.

Cientistas fora da universidade: existe vida lá fora. Mas e no Brasil?

embo 2010 logo.JPGEstive no almoço sobre carreiras do congresso EMBO Meeting (um dos motivos deste blog estar às traças). Foi ok, mas podia ter sido melhor. O tempo é curto, não se come, não se bebe, e o barulho das mesas complica a conversa. Mas o problema ficou só com o formato. Os convidados pareceram interessantes e interessados. Participei de três mesas de 35min de conversa com uma pessoa que fez doutorado em alguma área da ciência mas saiu da vida acadêmica.

Seguem aqui as áreas, os nomes e alguns comentários:

  • Política científica

Rochana Wickramasinghe, Royal Society Policy Centre. Basicamente ele liga grupos de cientistas ao governo em temas de interesse social. Como exemplo, o que ele está fazendo agora é colocar conceitos de neurociências na educação. Não para ensinar neuro aos alunos na escola, mas aplicar conceitos de neuro para melhorar o sistema de ensino. O papel do centro de política científica da Royal Society é juntar material de seus cientistas associados,  e monta um relatório de fácil entendimento para legisladores não-cientistas, além de manter contato com grandes personalidades do mundo político e científico.

  • Comunicação científica:

Rosina Malagrida i Escalas, Director, Science Communication, Barcelona Science Park.
Uma espécie de relações públicas(RP) de um grupo científico. O trabalho é bem de RP mesmo, mas exige um conhecimento de ciência para traduzir a produção da instituição para montar press-release e contatar a mídia. O papel principal desse tipo de RP é aumentar a visibilidade da instituição no seu contexto de interesse, usando a mídia, montando eventos, feiras e outras iniciativas. No caso de Rosina a instituição é mais local, dentro da Catalunia, assim é essa mídia e população que serão seu alvo. Claro que a posição de diretoria é interessante, pois ela pode utilizar mais a criatividade para inventar os projetos de divulgação, mas você vai começar escrevendo press-release e organizando eventos por um bom tempo pelo visto.

 

  • Pesquisa e desenvolvimento na indústria

Philippe Cronet, Chief Scientific Officer, Eurogentec S.A.
Sim, é possível fazer pesquisa na indústria (aquelas malditas capitalistas comedoras de criancinhas). E segundo Cronet, pesquisa na indústria é até mais livre que nas universidades por não haver a pressão de publicação ou prazos de bolsas e pós-graduação. O que ocorre é que os prazos são mais curtos na indústria, mas os objetivos são bem calculados e divididos por um time de diferentes áreas trabalhando juntos, o que pode trazer mais resultados e maior satisfação em vê-los atingidos mais rapidamente em comparação com os 3 ou 4 anos de uma pós. Assim, não há um projeto individual, e eventualmente seu chefe pode dizer “A concorrência já está fazendo isso, cancelem este projeto”. Mas calma, isto não quer dizer que você será demitido – só que vai trocar de projeto.

Muito empolgantes as carreiras em política científica e comunicação, mas percebi as imensas dificuldades para se seguir estas carreiras no Brasil, e ambas pelo mesmo motivo: falta de cultura científica que acaba levando à falta de estrutura.

Afinal, onde está a nossa Royal Society para patrocinar um escritório de política científica? A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ou a Academia Brasileira de Ciências (ABC) cumprem este papel? Quem deveria cumprir?

Lembro-me de um professor que durante a votação de células-tronco foi chamado para uma palestra na Câmara dos Deputados, e apenas UM (1) deputado apareceu, justamente o que o convidou para a palestra (pelo menos isso). E será que esta foi a única tentativa de explicar célula-tronco para nossos legisladores?

E o mesmo ocorre para a comunicação científica. No Brasil não há o costume de se contratar relações públicas nem mesmo em grandes empresas, quanto mais em institutos de pesquisa. Há iniciativas, mas muito fracas, e nenhuma estruturalmente robusta e duradoura. No jornalismo parece que estamos avançando – vide às agências de notícias de universidades e instituições de fomento – mas a comunicação científica vai além do jornalismo, e é neste ponto que não vejo iniciativas brasileiras.

Quanto à indústria, me espantou a quantidade de estudantes de doutorado ou pós-doutorado europeus que não tinham nenhum conhecido trabalhando na indústria. E eu, pobre criatura de um país em desenvolvimento, conheço pelo menos uma dezena de colegas que estão pesquisando ou em outras áreas em empresas ligadas a pesquisa.
Mas isso pode ser um problema meu de amostragem, já que estes colegas se formaram nas universidades mais bem conceituadas do Brasil, o que faz que sejam muito cobiçados por um mercado que é pequeno mas está crescendo, enquanto que talvez o mercado europeu esteja saturado.

Bom, segue o congresso. E mãe, to comendo direitinho, viu! [economizando DDI mode ON]

Para seguir o twitter do congresso: #EMBOmtg

Bônus:
Sugiro fortemente que você leia este relatório da Royal Society. Aliás o site é bem legal também.

Parabéns para mim, para o rock e para o genoma brasileiro!

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Café afetado pela xylella. Adoro estes cortes de plantas!


13 de julho, que data mais importante para o Brasil e para o mundo. Neste dia, há alguns anos atrás (não muitos), nascia este que vos escreve. Não bastando isto, também é o dia em que se homenageia mundialmente o Rock´n Roll. Agora descobri mais um nascimento importante neste dia: Xylella fastidiosa.
Não é uma banda de rock, é uma bactéria que causa uma doença nos laranjais, e não é que ela tenha propriamente nascido em 13/7, mas nesta data ocorreu algo que mudou os rumos da ciência no Brasil.
xylella.jpg[adendo – claro que, sabendo que as bactérias se reproduzem aos milhões em poucos minutos, bilhões e bilhões de Xylellas devem nascer todos os dias e no dia 13 não foi diferente, portanto várias bactérias fariam aniversário comigo caso elas chegassem a durar um ano.]
Xyllela-Nature.jpgNeste dia, no ano 2000, foi publicado o genoma da Xylella na revista Nature. Este projeto, bancado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), foi uma aposta bem alta: gastar 12 milhões para colocar o Brasil na ponta de alguma pesquisa e chamar a atenção do mundo – no caso a genômica foi a escolhida.
Funcionou. Muitos mestres e doutores puderam aprender técnicas de ponta, equipamentos foram importados, e toda uma geração de cientistas foi gerada, sendo que muitos são hoje em dia pesquisadores no Brasil e fora dele.
Eu mesmo me beneficiei deste salto, pois desde o laboratório de iniciação científica até meu atual no doutorado participaram do sequenciamento, e só com esta conquista puderam se estabelecer, afinal a biologia molecular era muito fraca por aqui.
Mas a mágica funcionou até certo ponto. Na área acadêmica a luta agora é por qualidade. Já conseguimos colocar o Brasil no mapa científico mundial, mas precisamos de trabalhos melhores em revistas científicas de maior impacto. Os projetos genoma são muito criticados por não terem entregado para a agricultura e para a medicina as melhorias e descobertas prometidas no passado. Buscar estes resultados é o que deve aumentar a qualidade.
Mas talvez o mais importante hoje em dia seja ter o arrojo de dez anos atrás para estimular de alguma maneira o setor privado a interagir com a área de pesquisa. Um modelo de transferência de conhecimento da academia para a indústria seria o próximo passo para firmar definitivamente a produção de ciência no Brasil.

Transgênico prejudica plantações vizinhas

algodão transgênico.jpgÉ isso mesmo. O cientista aqui vai falar mal de transgênicos. E não sou eu não, é um artigo da Science. Isso é pra ninguém vir com a velha historinha de que “o lobby das indústrias boicota as pesquisas e a publicação de estudos que vão contra seus interesses.” Não que isto não exista, mas não é tão conspiratório como muitos fantasiam.
A história é a seguinte: o transgene mais famoso do mundo é o tal “Bt”, que vem da bactéria Bacillus thuringiensis. Se você coloca este gene em plantas elas passam a produzir proteínas que matam as larvas de algumas mariposas que são pragas. Assim essas mariposas não se alastram na plantação e nem nas plantações vizinhas, permitindo reduzir em muito o uso de inseticidas.
Parte da beleza do Bt é que ele é específico para alguns insetos apenas. Mas esta é parte do problema também. Porque onde foi plantado algodão Bt na China houve redução de uso de inseticida, mas infestações de um outro inseto ficaram mais comuns. Isso porque o inseticida usado antes controlava as duas espécies, e reduzir o uso dele permitiu o aumento de um dos bichos.
E o pior é que esse outro inseto nem gosta muito e nem mesmo era considerado uma praga do algodão, mas acabou o usando de trampolim para as outras plantações vizinhas mais apetitosas. Eles acasalavam nas flores de algodão e depois iam detonar da vizinhança.
O estudo mostra que é importante monitorar, não só a praga alvo do transgênico, que no caso aqui é a mariposa, mas também os outros insetos menos significativos.
E é assim que a ciência vai caminhando, pondo pra testar, juntando dados e mudando nossa forma de lidar com o mundo.
PS.: Sobre os trangênicos, eu não acho tão arriscado assim, afinal eu prefiro introduzir um gene só num ecossistema do que como temos feito a milênios: mandando um conjunto de cromossomos completo, como quando introduzimos um animal inteiro em outro ambiente ou mesmo uma monocultura. É o caso famoso dos coelhos na austrália, cães e gatos em diversos outros ambientes, o café no estado se SP (tem pé de café em todo canto na mata atlântica hj em dia).
ResearchBlogging.orgLu, Y., Wu, K., Jiang, Y., Xia, B., Li, P., Feng, H., Wyckhuys, K., & Guo, Y. (2010). Mirid Bug Outbreaks in Multiple Crops Correlated with Wide-Scale Adoption of Bt Cotton in China Science, 328 (5982), 1151-1154 DOI: 10.1126/science.1187881

Essa nossa vidinha sintética

Thumbnail image for LIFE_by_OrangeUtan.jpgCom certeza a notícia científica mais importante desta semana foi o anúncio de que, 10 anos e 40 milhões de dólares depois, a equipe liderada por Craig Venter conseguiu “criar vida artificial”. Será?

Como sintetizar uma vida passo-a-passo:

1- tenha muito dinheiro, tempo, fama e nenhum medo de polêmica. [seja Craig Venter]

2- descubra qual o mínimo de informação que uma célula precisa para viver. [em 1995 o pessoal do Craig sequenciou o menor genoma conhecido, do Mycoplasma genitalium com 500 genes, e ainda conseguiram tirar uns 100 deles]

3- transplante pelo menos um cromossomo natural para outra célula antes de inventar moda! [fizeram isto em 2007]

4- sintetize o cromossomo, ou seja, coloque as letras ATCG na ordem certa. [feito em 2008, com algumas “marcas d´agua” para sabermos que é realmente o construído e não o natural. Essa assinatura é um código que transforma em ATCG alguns nomes de pesquisadores e até uma frase do James Joyce “To live, to err, to fall, to triumph, to recreate life out of life.” (Viver, errar, cair, triunfar, recriar vida apartir de vida) ]

5- coloque o tal cromossomo sintético na outra célula sem DNA e cruze os dedinhos para ela não morrer e se reproduzir. [isso que aconteceu agora]

Como você pôde ver, a tal vida não é totalmente sintética, afinal usaram uma célula já existente para ler o programa sintético que é uma cópia de outro genoma já existente.
Eu não estou desmerecendo a pesquisa. Ela é muito legal e abre várias portas mesmo mas, como sempre acontece, o hype é exagerado. Tá longe de construirmos um organismo para os fins alardeados – como bactérias que comem capim e o transformam em petróleo. E outra, bactéria é fácil, quero ver com eucariontes como plantas, vermes, eu e você. Aí literalmente o bicho pega.

O Sérgio Abranches falou (dia 21/5) que este trabalho foi uma quebra de paradigma, mas ele caiu na velha armadilha desta palavra que é a mais prostituída de toda a filosofia da ciência. Na verdade é bem o oposto: este experimento é o ápice do paradigma atual da engenharia genética! Isso vem sendo feito há muito tempo. Há muito que construímos organismos genéticamente modificados: picotando DNA, colando genes, inserindo proteínas e criando animais inteiros transgênicos. Criamos, crescemos, comemos, cheiramos e injetamos seus produtos.

Novos problemas éticos? Acho que não. Só um sôpro a mais nas já turbulentas questões levantadas pela engenharia genética há pelo menos 30 anos. Nada novo aqui.

Agora o que este avanço tem a ver com Blade Runner é que eu não sei!!! UPDATE 23/05: me explicaram esta relação nos comments. Dê uma olhada (mas ainda acho q não tem nada a ver considerando a distância tecnológica).

Veja o tema do fórum do programa Rádio Blog da rádio Eldorado de São Paulo do dia 21 de maio:

Cientistas conseguiram pela primeira vez produzir uma forma de vida sintética em laboratório. Eles conseguiram reavivar uma célula morta, transplantando uma cópia do genoma de uma bactéria.
O objetivo do experimento é produzir micro-organismos para funções específicas, como limpar manchas de petróleo.
Na sua opinião, essa descoberta pode ajudar o ser humano? Pode ser perigosa? Você acredita que no futuro teremos andróides criados por empresas, como os do filme Blade Runner?

BIOLOGIA SINTÉTICA NÃO TEM NADA A VER COM ROBÔS!!! ai ai…