
Por: Leonardo Dias Nunes
No livro O Brasil não cabe no quintal de ninguém, Paulo Nogueira Batista Jr. argumenta que o Brasil é grande demais para ser coadjuvante na economia mundial. Com linguagem direta e sem eufemismos, o autor afirma que possui as espadas da crítica e do combate, e que não se orienta pelas ilusões existentes nos conceitos de humanidade, comunidade internacional e cidadania global, cuja ausência de conteúdo nacional causa um vazio alienador. O autor critica os economistas aculturados que aceitam os interesses das nações centrais nas instituições multilaterais para ganhar uma vida financeiramente confortável e o título para participar de um confortável clube enquanto integrantes de segunda classe. Ao condenar este pretenso cosmopolitismo, sua atuação profissional tornou-se cada vez mais difícil no Novo Banco de Desenvolvimento, sobretudo após o golpe de 2016. Assim, seus relatos desnudam a atuação das nações centrais nas instituições multilaterais e contribuem para o entendimento das dificuldades para a realização de reformas no sistema financeiro internacional e para o debate sobre as regras tácitas existentes nas instituições multilaterais. O testemunho do autor revela o funcionamento das instituições orientadas pela teoria econômica ortodoxa. Dessa forma, apresenta a separação entre ortodoxia teórica e prática e, não menos importante, mostra como aqueles que dizem possuir a neutralidade da técnica são dominados por profundos interesses políticos nacionais.
*Esta Resenha em Cápsula foi escrita a partir da resenha publicada pelo autor na Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política.
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