A aventura de Atalia – uma narrativa de RPG sincera – parte 8

Na manhã seguinte, Atalia é acordada pela senhora, dizendo que já começava a raiar o sol. O corpo todo de Atalia estava dolorido, mas pela primeira vez em muitos dias, sentia que realmente teve uma noite revigorante de sono. Se levanta, pega seu pingente, seus vaga-lumes e estava para pegar sua enxada, quando a senhora lhe reprende, dizendo que ainda não era hora de arar a terra, que era para deixar aquilo ali. Atalia obedece e a acompanha.

Naquela manhã Atalia ajuda a senhora junto com outras três moças, a preparar a mesa, obedecendo a tudo o que lhe é instruído, quando a mesa já esta a postos, o salão logo enche, e todos começam a comer, inclusive Atalia, que se delicia com o sabor daquela refeição matinal. No salão está o vice-capitão que avista Atalia ajudando a senhora, come rapidamente e logo vai embora.

Após todos comerem, o salão vai se esvaziando e Atalia junto com a senhora e as outras três moças seguem limpando o local. Atalia aproveita para comer os restos dos pães que deixaram sobre a mesa enquanto limpava. Depois disso, a senhora pergunta se Atalia gostaria de aprender a arar? Atalia responde que sim, e a senhora a acompanha, pegando sua enxada e a levando para o exterior da fortaleza. Lá ela apresenta Atalia a outro senhor, bem mais jovem que o do dia anterior, e diz para ver se essa garota prestava para alguma coisa arando a terra. O senhor a acolhe e explica o que Atalia deve fazer, e ela vai obedecendo.

Pouco depois de começar a arar a terra, ela vê passando de cavalo rapidamente pela estrada o vice-capitão, voltando para a fortaleza. Após uma manhã inteira trabalhando, ouvem um sino e todos ali param, avisando para Atalia que era hora de comerem. Atalia segue o grupo até o salão onde tomou café da manhã, lá estava também o vice-capitão, Atalia havia acabado de pegar sua porção, quando o vice-capitão a aborda dizendo que precisava conversar com ela imediatamente, que poderia levar sua refeição para comer enquanto conversavam. Atalia obedece e segue o vice-capitão até o local onde ele reservou para encontrá-la. Chegando lá, o vice-capitão a deixa em uma mesa, e diz ir buscar uns papéis.

  • Momento do teste! Atalia senta-se para comer, um pouco apreensiva sobre aquilo que sentiu ontem. De 0.01 – 0.80 Atalia não ouve a porta sendo trancada, de 0.81 – 1.00 Atalia ouve a porta sendo trancada: 0.80.
  • Resultado: Atalia comia feliz após uma manhã inteira de trabalho, e de longos dias se alimentando mal. O som do seu mastigar abafava sons mais leves, de modo que não percebeu que a porta atrás dela foi trancada após a saída do vice-capitão.

Naquela sala haviam diversas armas, espadas, balestras, escudos, lanças, enquanto comia Atalia as observava.

  • Momento do teste! De 0.01 – 0.10 Atalia começava a perceber diferentes tons azulados nestas armas, de 0.11 – 0.30 Atalia começa a sentir diferentes tipos de vibrações em torno destas armas, de 0.31 – 0.60 Atalia começa a sentir uma aura sombria ao observar estas armas, de 0.61 – 1.00 Atalia não nota nada de estranho nelas: 0.84.
  • Resultado: Atalia segue comendo, sem suspeitar de nada.

Terminando a refeição, Atalia segue sentada esperando o retorno do vice-capitão, ela estava apreensiva pelo assunto ao qual desejaria conversar, e talvez pela lembrança de como ele mudou sua expressão no dia anterior.

  • Momento do teste! O ambiente estava silencioso e Atalia aguardava o retorno do vice-capitão com certa ansiedade. De 0.01 – 0.90 Atalia ouve a porta sendo destrancada, de 0.91 – 1.00 Atalia não ouve a porta sendo destrancada: 0.53.
  • Resultado: Atalia ouve a porta sendo destrancada, e logo fita seu olhar para sua direção.

Por um momento, Atalia se surpreende ao ver uma moça indiana de cabelos compridos similares ao seus, abrindo a porta, mas não entende ao certo o que vê, pois como num relance percebe que não era na verdade o vice-capitão entrando na sala. O vice-capitão parece cansado vestindo uma capa preta, como se estivesse correndo. Ele pede perdão por tê-la feito esperar, e diz que precisa que precisa que ela faça-lhe um favor, levando uma mensagem.

  • Momento do teste! Atalia sente dúvidas sobre sua própria percepção e suspeita do contexto como um todo. De 0.01 – 0.15 Atalia tem certeza do que viu ao abrir a porta e reluta aceitar o que ele pede, de 0.16 – 30 Atalia acha que possa ter se enganado sobre o que viu, mas sente-se relutante em aceitar o que ele pede, de 0.31 – 0.50 Atalia suspeita desse contexto e procura uma desculpa para recusar, de 0.51 – 75 Atalia suspeita desse contexto mas aceita o pedido, de 0.76 – 1.00 Atalia aceita de imediato: 0.39.
  • Resultado: Atalia fala que ficou de ajudar aquela senhora em uma tarefa muito importante, que não poderia deixá-la esperando, mas assim que logo em seguida levaria sua mensagem.

O vice-capitão se irou, respirando forçadamente calmo, quando repete que esta tarefa é de suma importância, dando sua própria capa preta para que Atalia vista, entregando a ela também uma adaga, dizendo que é bom que ela tenha algo para defender-se sempre que sair da fortaleza, e aprontando um saco com várias coisas que foi encontrando na sala e entregando para ela, junto a um papel com várias coisas escritas, dizendo que precisava que entregasse aquilo a um homem chamado Jonas, que ficava no moinho próximo a saída Norte daquela fortaleza.

  • Momento do teste! Ao entregar a capa e a adaga para Atalia, veio uma sensação sombria no ar, tal como sentiu com aquela ponta de dardo que transformou em pingente. De 0.01 – 0.15 vê um tom azulado nestes objetos, de 0.16 – 0.40 começa a sentir diferentes tipos de vibrações em torno destes objetos, de 0.41 – 0.60 sente uma aura sombria nestes objetos, de 0.61 – 1.00 não percebe nada de estranho: 0.34.
  • Resultado: Atalia sente algo pesado nesta capa e nesta adaga, mas apesar de não conseguir explicar exatamente o que seja, tem a certeza de que estão vibrando de maneira estranha.
  • Momento do teste! Atalia está numa situação de aflito, seu coração está em desespero, sente que há algo de muito errado ali, procura um jeito de reagir àquilo, enquanto vê o vice-capitão termina de aprontar às pressas aquele saco de coisas para que ela leve, ela sente que sua vida novamente está em risco e não há nada que ela possa fazer. De 0.01 – 0.10 Atalia começa a ver tons azuis com clareza nos objetos ao seu redor, de 0.10 – 0.30 Atalia desmaia, de 0.31 – 0.50 Atalia começa a se sentir muito enjoada, pressão baixa, pânico, respiração ofegante, de 0.51 – 0.70 o mal-estar permanece, mas ela consegue obedecer o vice-capitão, de 0.71 – 1.00 ela contêm seu mal-estar e obedece o vice-capitão: 0.97.
  • Resultado: Atalia veste a capa preta, põe de forma amadora a adaga em sua cintura, recebe do vice-capitão aquele saco e segue para obedecer suas instruções.

Atalia apreensiva, sai da sala carregando aquele saco, e caminha seguindo as instruções dadas pelo vice-capitão. Parece haver uma agitação na fortaleza. Atalia sai em direção ao portão Norte, quando alguns guardas começam a apontar para ela e vem em sua direção, segurando-na e arrancando a imobilizando-a. Sem entender a situação, Atalia tenta explicar que estava levando uma mensagem do vice-capitão para o Jonas, que fica no moinho ao Norte dali. Mas os guardas não a escutam, tiram sua adaga da cintura e a levam sob custódia de volta para a fortaleza.

Por onde passava, as pessoas olhavam apreensivas para Atalia, com expressões chocadas, apontando para ela. Atalia não entendia nada do que acontecia, e imaginava ser um grande equívoco tudo aquilo. Até que ela foi levada para o vice-capitão, quando achou que as coisas se resolveriam, pois ele poderia muito bem explicar todo aquele mal entendido.

Junto ao vice-capitão haviam outras moças que trabalharam com ela durante a manhã, e o vice-capitão as perguntava sobre o que elas viram. E elas relatavam que tinha sido ela sim, a garota indiana. Atalia não entendia o que estavam falando, quando o guarda entrega para o vice-capitão a adaga encontrada com ela. E a leva até o corpo caído da senhora que cuidou de Atalia no dia anterior e naquele dia. O vice-capitão com a adaga em mãos olha no corpo e diz que o ferimento corresponde. Atalia questiona o que está acontecendo, mas os guardas a mandam ficar calada, chamando-a de assassina, revistando-a por completo em frente a todos ali presentes, desnudando-a e jogando tudo o que encontram ao chão, entre eles o saco com objetos, seu pingente e seus vaga-lumes. O vice-capitão pega o saco e confirma reconhecer aqueles objetos, afirmando terem sido roubados e que ela devia estar tentando fugir com eles. Atalia não entende realmente nada do que acontece, mas pede que o vice-capitão explique que foi tudo um mal entendido, porém ele a ignora, dizendo que foi um erro confiar numa estrangeira. Que diante as testemunhas, o flagrante e a arma do crime, não haviam dúvidas, que havia sido ela a assassina. Nestas condições, o vice-capitão em frente a um ajuntamento de guardas e serviçais, decreta que Atalia será executada ao final daquele dia e é levada para o cárcere até chegar a hora da execução.

Atalia chorava desenfreadamente, estava completamente perdida nesta situação, sem saber ou mesmo sem entender nada do que havia acontecido. Perguntava para todos o que havia acontecido, quem havia matado aquela senhora, mas a reação era a mesma, ou eles a ignoravam, ou a acusavam de assassina. No caminho para o cárcere, Atalia passou por várias celas cheias de prisioneiros, alguns com aparência bem assustadora, outros sem uma parte do corpo, ela estava em pânico diante tudo aquilo. A situação parecia totalmente perdida, quando algum tempo depois vêm até sua cela um dos guardas, carregando em suas mãos seu pingente e seus dois vagalumes.

Ele permanece um tempo em frente a cela, observando-a, e Atalia retraída, desnuda no canto, procurava se proteger daquele olhar. Mas o guarda fala para seus dois vaga-lumes irem até sua mestra, e os dois vaga-lumes levantam voo e vão na direção de Atalia que os recebe na palma da mão. O guarda explica que ficou surpreso em ter encontrado outra necromante ali e que gostaria de ouvir o que ela tinha a contar, nos mínimos detalhes. Pois sua vida poderia depender do que ela sabia, ainda que não soubesse do que sabe.

Atalia estava muito assustada, e dizia não saber de nada, mas o guarda insistiu que ela sabia sim e que não havia nada a esconder, pois sua sentença de morte já havia sido decretada. Atalia então contou tudo, em choros, contou de que presenciou um adultério, que quase foi morta pelo guarda-costas da duquesa, que fugiu com medo de perseguição, que encontrou uma casa em destroços onde se abrigou por uns dias e tudo mais. O guarda ouviu atento, e perguntou sobre a localização desta casa, ela explicou da forma como podia, e ele perguntou se ela tinha visto algo de estranho ali, e ela disse que não, exceto que achou nas cinzas alguns ossos, mas não sabia dizer se eram humanos. O guarda então coloca a mão na boca pasmo com a informação. Ele pergunta então se ela notou qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, estranha com o vice-capitão? E Atalia relatou, disse da mudança de comportamento dele após falar da enxada, e o guarda seguiu ouvindo-a com muita atenção. Ele encerra perguntando se ela viu qualquer coisa a mais de estranho, e ela diz que enquanto esperava na sala dele no momento em que o assassinato ocorreu, ouviu a porta destrancando, mas nem sabia que tinha sido trancada, e também, achou ter visto outra mulher indiana entrando na sala, mas não sabe, acha que foi só impressão dela, porque era o vice-capitão, com aquela capa preta.

O guarda após ouvir tudo o que ela disse, mostrava-se perplexo. Dizendo que acredita nela, que definitivamente ela não era a assassina, pois várias partes do seu relato se encaixavam com alguns eventos. Então Atalia sorri esperançosa, dizendo se ele vai explicar pro vice-capitão que ela é inocente? Se vai conseguir salvá-la daquela sentença. Mas o guarda reitera, dizendo que ela será executada no final daquele dia e que não há o que ele possa fazer para impedir isso, mas que ele era muito grato por todas as informações que ela deu e que isso explicava muitas coisas, inclusive a razão da sua execução. Atalia se zanga, sobre o propósito dele afinal, se não veio ajudá-la, o que pretendia ali? E ele explica que quando ela foi desnuda, ele notou os vaga-lumes, e o pingente peculiar, dois itens que apontavam para sua habilidade com a necromancia, e que há nisso uma forma dela escapar viva da execução.

Atalia segue sem entender o que ele quer dizer com necromancia, mas ouve atentamente como poderia se salvar da execução. O guarda explica que conseguiu permissão para extrair dela uma confissão, e que poderia usar dos meios necessários para isto. Atalia olha assustada, questionando, sobre o que confessar? Se ele sabe que ela é inocente. O guarda então explica, que ela deverá confessar que assassinou a senhora e pedir que sua execução seja por enforcamento. Atalia segue sem entender nada. O guarda diz que nas horas que restam até sua execução, ensinará pra ela uma magia chamada entre os necromantes de “sobrevivente”, e que essa é sua única e melhor alternativa.

Atalia concorda, e então o guarda a leva para uma sala de interrogatório, com um grande tanque d’água. Ele explica rapidamente que a mana é a energia espiritual que todos os seres naturais possuem, no caso, os necromantes são capazes de usar esta mana para imitar a vida, isso permite por exemplo, que seus vaga-lumes mortos voltassem a funcionar, compensando as partes quebradas com a sua mana. A magia “sobrevivente” envolve ela aprender a ativar a mana para imitar a vida em uma situação em que seu próprio corpo não seria capaz de mantê-la viva. Para aprender esta magia, ela precisaria chegar muito perto da morte e substituir suas funções vitais por mana. No caso, ela seria afogada e quando estivesse para morrer com água nos pulmões, deveria usar a mana para manter-se funcionalmente viva.

Atalia ouvia tudo isso sem entender nem metade do que era dito, mas não se sentia em posição de questionar tanta coisa nova quanto lhe ocorria em um só dia. E naquela tarde começou. Sessão de afogamento após afogamento, Atalia sentindo-se perto de morrer, várias e várias vezes, e sendo ressuscitada pelo guarda. A dor de sentir a água entrando nos pulmões, e saindo, era imensa. Ela já estava exausta após o primeiro afogamento, mas o guarda insistia que ela precisava praticar, que precisava se focar na ativação da mana, que ela deveria se lembrar do que fez quando trouxe de volta a vida os dois vaga-lumes. Atalia não conseguia manter sua concentração, mas aceitava o que ele tentava ensiná-la. E durante toda aquela tarde eles praticaram, sem que nenhuma vez desse certo.

Ao final da tarde, o guarda explica que há algo a mais que ela precisa saber sobre necromantes, que envolve o catalizador. Todos os magos tem um tipo de catalizador, que permite direcionar suas manas com mais facilidade. No caso, os necromantes possuem como catalizador os objetos que trazem traços de morte. Aqueles que foram diretamente ou indiretamente responsáveis por mortes humanas, vão adquirindo uma presença específica que permite direcionar melhor a mana. Assim, geralmente os necromantes preferem armas antigas, que passaram pro muitas gerações e foram responsáveis por mortes em muitos confrontos, do que armas mais novas. Dito isso, o guarda tirou da bolsa o manto velho de carrasco, e mandou-a vestí-lo, dizendo há uma chance um pouco maior dela conseguir ativar o “sobrevivente”, pois tanto a corda com que será enforcada como este manto agirão como catalizadores. A chance continuava baixa, mas era sua melhor opção.

Atalia agradece, diz que vai tentar e segue o guarda até o salão na presença dos outros guardas e vice-capitão, que acham estranho ela estar vestida com aquele manto, mas o guarda explica que foi capaz de extrair dela uma confissão clara do crime cometido, que mais humilhações não seriam necessárias. Atalia aparentava estar exausta, indicando a todos o que havia passado até confessar, com os cabelos molhados imaginavam ela ter sido afogada e não contestaram as vestimentas atuais, ela confessa na presença de todos que matou a senhora e que pede misericórdia, ao clamar por sua execução via enforcamento. O vice-capitão se surpreende com a confissão da garota, e acata seu pedido sem questionar. Os guardas e os serviçais da fortaleza se reúnem do lado de fora, diante uma velha forca que estava ali. Atalia estava muito apreensiva, com medo, e insegura. Pois diferente da última vez que tentaram matá-la, foi no calor do momento em que tudo ocorreu. Agora a situação era diferente, ela estava subindo para ser executada, era algo mais frio, mais gélido. O vice-capitão acompanhava, e leu sua sentença, com a corda em seu pescoço, Atalia aguardava o momento. De olhos fechados ela procura se concentrar naquilo que sentiu em toda sua breve jornada, do frio da morte naquele estábulo, do cavalo negro que apareceu enquanto ela sentia-se esvaindo, do choro naquele cemitério, da escuridão e medo que passou na sua primeira noite na floresta. Era um imenso compilado de emoções, sempre atreladas aquela sensação de que a morte estava ali, aquela brisa gelada, e ao mesmo tempo calma, como um rio de águas que te lavavam da sujeira de um mundo inteiro, aquele pêlo macio do cavalo negro que a visitou entre a vida e a morte. Tudo isto, junto da esperança de ver seu vaga-lume surgindo na mais completa, fria e solitária escuridão. Do prazer que foi, utilizar da sua mana para trazer de volta aquela criatura tão perfeita, que veio a iluminar sua noite escura uma segunda vez. Atalia estava pronta, e a alavanca da forca também estava para ser puxada.

  • Momento do teste: Vestindo o manto de carrasco, e com a velha corda de forca em seu pescoço, Atalia sentia a doce presença da morte ao seu redor, de olhos fechados ela não estava com medo, apenas com esperança. De 0.01 – 0.20 Atalia ativa o “sobrevivente”, de 0.21 – 1.00 a aventura de Atalia termina aqui: 0.47.
  • Resultado! O alçapão abre e Atalia cai com a corda em seu pescoço.

Acabou?

Quando me propús a escrever/jogar esta narrativa, era uma ideia que já tinha em mente a bastante tempo. Pensando no quão legal seria, as aventuras que ocorreriam, os desdobramentos que a história teria. Eu realmente não esperava que terminasse assim. A cada parte, eu pensava no que poderia acontecer, em Atalia se estabilizando por algum tempo em uma região, fazendo amigos, descobrindo sobre seus poderes… meio que uma aventura que eu gostaria de jogar/viver. Mas não foi assim que as coisas ocorreram, e isso também já me decepcionou em várias vezes jogando RPG. Criava um personagem pensando em tudo aquilo que ele poderia viver, ser, alcançar… e alguns testes simplesmente não colaboravam, ou eu confiava demais que situações de risco moderado terminariam bem.

Apenas para compartilhar o que eu pensava nesta última parte: O vice-capitão era um Doopelganger (uma criatura capaz de alterar sua aparência para outras pessoas), de modo que ele veio a matar o antigo vice-capitão e assumir seu lugar. Aquela casa em escombros onde Atalia se abrigava era a casa do vice-capitão, que o Doopelganger matou e incendiu com a intenção de ocultar o verdadeiro corpo. Após encontrá-la pela segunda vez próxima dali, e perceber que ela poderia ter vasculhado os escombros e encontrado os ossos do original, ele ficou com receio de ter sua identidade descoberta. Por isto acolheu a garota na fortaleza, e na manhã seguinte foi até os escombros checar. Lá ele encontrou os ossos retirados das cinzas, e tinha certeza de que foi Atalia quem os achou. Armando imediatamente um jeito de eliminar a pessoa com quem ela conversou no dia anterior (a senhora) e incriminar a garota de um crime que sentenciaria ela à morte.

Um dos guardas ali é um necromante, que percebe durante a revista de Atalia, que ela carregava dois vaga-lumes reanimados e um pingente contendo traços da morte nele. Ao conversar com a garota, o guarda compreende que ela seja de fato uma necromante e que aquele pingente está ligado à morte do verdadeiro vice-capitão. Ou seja, existe um traço da morte ligando o pingente ao assassino do vice-capitão, neste caso, o Doopelganger, e isso pode ser usado para encontrá-lo, independente da aparência que ele esteja. O guarda decide ajudar Atalia a escapar da morte, pois quer ela como sua aprendiz e ajudante, já que o guarda aspira por matar o Doopelganger e depois revivê-lo, tendo-o sob seu controle e podendo usar a partir deste ser revivido, suas habilidades de disfarce. O guarda tenta ensinar a técnica “sobrevivente” no curto tempo disponível, e equipa Atalia com itens que poderiam facilitar a realização daquela técnica, mas ela falha e não consegue ativar a técnica na ocasião do enforcamento.

Como mencionei, não era isto que eu esperava, embora considere ter atingido os objetivos propostos ao iniciar esta narrativa/jogo de forma sincera. Os resultados dos testes não foram alterados, e uma vez definidas as condições, o resultado era uma surpresa inclusive para mim. Posso ter tentado oferecer condições para ela escapar, condições dela ter melhores recursos e se sobressair diante alguns problemas, mas não controlei e nem impedi a maneira como os eventos seguiram. Foi duro lançar o último teste… pois realmente não queria que este fosse o fim.

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A aventura de Atalia – uma narrativa de RPG sincera
parte 0: https://www.blogs.unicamp.br/zero/3826/
parte 1: https://www.blogs.unicamp.br/zero/3832/
parte 2: https://www.blogs.unicamp.br/zero/4247/
parte 3: https://www.blogs.unicamp.br/zero/4283/
parte 4: https://www.blogs.unicamp.br/zero/4579/
parte 5: https://www.blogs.unicamp.br/zero/4700/
parte 6: https://www.blogs.unicamp.br/zero/4703/
parte 7: https://www.blogs.unicamp.br/zero/4708/
parte 8: https://www.blogs.unicamp.br/zero/4716/

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Como referenciar este conteúdo em formato ABNT (baseado na norma NBR 6023/2018):

SILVA, Marcos Henrique de Paula Dias da. A aventura de Atalia – uma narrativa de RPG sincera – parte 8. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Zero – Blog de Ciência da Unicamp. Volume 8. Ed. 1. 2º semestre de 2022. Campinas, 6 nov. 2022. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/zero/4716. Acesso em: <data-de-hoje>.

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