“Os políticos hoje enfatizam duas coisas: educação e saúde. São realmente fundamentais. Mas acho que, para isso funcionar bem, é preciso acrescentar o meio ambiente, que é onde as pessoas vivem. Cuidar da saúde e da educação passa pela defesa do meio ambiente. E tudo isso obedece ao mandamento de amar o próximo”.
O autor dessa frase — dita em uma entrevista publicada no portal da USP — foi o ambientalista Paulo Nogueira Neto, professor emérito do Instituto de Biociências da USP.
Nascido no dia 10 de abril de 1922, em São Paulo, o cientista é considerado um dos maiores ambientalistas do país, com longa trajetória em favor da preservação do meio ambiente no Brasil.
Nogueira Neto é graduado em Ciências Jurídicas e Sociais e em História Natural, ambos pela USP, e com doutorado em Ciências Biológicas também na mesma instituição.
Fez carreira universitária na USP, e obteve o título de professor titular de Ecologia em 1988. Foi um dos fundadores do Departamento de Ecologia Geral, no Instituto de Biociências.
De 1973 a 1985, exerceu o cargo de secretário especial do Meio Ambiente do governo federal, hoje equivalente ao de ministro. No cargo, foi responsável pela criação de 18 estações ecológicas, que totalizam 3,2 milhões de hectares, ainda hoje preservadas.
Atualmente, é vice-presidente da S.O.S. — Mata Atlântica, vice-presidente da W.W.F. no Brasil, presidente da Associação de Defesa do Meio-ambiente, entre outros.
Dos muitos prêmios que recebeu durante a carreira, destacam-se a Ordem Nacional do Mérito Científico, no grau de Grã Cruz, no Palácio do Planalto, em 1999; e o Prêmio Internacional de Mérito em Conservação da Rede WWF (World Wildlife Fund), que recebeu em maio deste ano.
No artigo A erradicação da miséria: um problema ambiental central, publicado na revista Estudos Avançados (vol. 6, n. 15, 1992), o ambientalista analisou os debates na Conferência Rio-92, e criticou o fato da questão da explosão demográfica não ter tido destaque especial no congresso.
“Contudo, grande parte dos resultados lá obtidos diz respeito direta ou indiretamente ao desenvolvimento auto-sustentável, a ferramenta essencial para erradicar a miséria. Com o uso dessa ferramenta, a Humanidade poderá resolver um problema moral, social e ambiental que é, na verdade, essencial para evitar que o Planeta se degrade profundamente”, concluiu o cientista.
Artigo: A erradicação da miséria: um problema ambiental central
Autor: Paulo Nogueira Neto
Revista: Estudos Avançados (USP)