O Divulga Ciência separou um interessante artigo em que estuda a imagem científica como um sistema de significação, como um esforço de “construção visual com o objetivo de compreensão ou de explicação científica”.
O artigo Sobre a categorização social na imagem científica, publicado na revista Estudos Semióticos (vol. 10, n. 2, 2014), da Universidade de São Paulo considerou que a imagem é recurso de representação e até proposta de leituras inovadoras de um fenômeno científico.
A autora relata no estudo que a história da ciência está repleta de modelos descartados que podem evidenciar a relação delicada entre “ver e pensar, ver e (crer) saber”, como exemplo, p abandono de um modelo de sistema solar por outro.
“Tal como a língua, a imagem de um modelo científico não pode evitar a redução do objeto, da ideia ou da teoria que enuncia a variáveis conhecidas, compreendidas e explicáveis”, refletiu o estudo.
Para ilustrar essa ideia, a autora utilizou a imagem de um fenômeno de ilusão de ótica (acima). Nela, nós vemos as linhas do interior da imagem tortas. Porém, se colocarmos uma régua sobre as retas, veremos que são perfeitamente paralelas ou transversais às bordas. “Enquanto construção ótica, não é surpresa que interpretamos alguns estímulos visuais de forma incoerente com suas medições objetivas”.
“Ou seja, se ‘pensar é ver’, e se ver é crer, como se diz popularmente, é razoável que alguém se pergunte se podemos inverter essa relação de causa e efeito e sermos levados a pensar segundo o que vemos, isto é, a pensar a partir de nossas condições visuais de partida”.
Por isso, o estudo destaca: “vale lembrar que pensamos e vemos necessariamente por um ponto de vista, na vida cotidiana, assim como no campo científico”.
Artigo: Sobre a categorização social na imagem científica
Autora: Elizabeth Harkot-de-La-Taille
Revista: Estudos Semióticos (USP)
