Divulga Cientista – Bertha Lutz

bertha lutz

Filha do cientista e pioneiro da Medicina Tropical Adolfo Lutz e da enfermeira inglesa Amy Fowler, Bertha Maria Júlia Lutz nasceu em São Paulo em 1894, mas completou sua educação na Europa, onde teve contato com a campanha sufragista inglesa. Em 1918, licenciou-se em Sciences na universidade da Sorbonne (Paris) e retornou para o Brasil, tornando-se uma defensora dos direitos da mulher no país.

Em 1919, prestou e passou no concurso público na área da biologia no Museu Nacional, sendo a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro, onde trabalhou como docente e pesquisadora por quatro décadas, e se destacando internacionalmente como cientista e por suas pesquisas com anfíbios. Descobriu entre outras a “Liolaremus Lutzae” (lagartixa de praia), várias “Hylas”, entre outras “H.Squalirostris”, e “Perpusilla”. Publicou vários artigos sobre a coleção de Anfíbios Anuros do seu pai, bem como organizou o primeiro herbário dele, num projeto financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisas (o atual CNPq).

Ainda em 1919, Bertha representou o Brasil no Conselho Feminino Internacional, órgão da Organização Internacional do Trabalho (OIT), onde foram aprovados os princípios de salário igual para ambos os sexos e a inclusão da mulher no serviço de proteção aos trabalhadores. No Brasil, ela criou com parceria de outras mulheres a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher que se tornou na Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. A partir dos anos 20, muitas batalhas perdidas pelo direito ao voto foram travadas no Congresso Nacional, o que motivou Bertha a graduar-se no curso de direito na Faculdade do Rio de Janeiro, em 1933.

Em 1931, Getúlio Vargas, chefe do Governo Provisório, nomeou Bertha para integrar uma comissão de juristas encarregada de elaborar o Código Eleitoral que, apesar da divisão de posicionamentos sobre o sufrágio feminino, incorporou o direito de voto às mulheres, assinado em 1932. Em 1934 ocorreram eleições gerais e Bertha candidatou-se à Câmara Federal, mas não conseguiu ser eleita, alcançando a primeira suplência. Em 1936, Bertha Lutz assumiu o mandato de deputada federal na vaga deixada pelo deputado Cândido Pessoa, que falecera. Como legisladora, Bertha apresentou o projeto de lei do Estatuto da Mulher, que reformava a legislação brasileira quanto ao papel do trabalho feminino e do menor, a licença de três meses para a gestante e a redução da jornada de trabalho, então de 13 horas. Sua carreira como parlamentar parou com a decretação do Estado Novo.

A ativista participou de diversos projetos nacionais e internacionais em prol dos direitos das mulheres. Em 1951 foi premiada com o título de “Mulher das Américas”. Bertha faleceu em 1976 no Rio de Janeiro.

Suas importantes participações e lutas na pesquisa e movimentos feministas no Brasil são destacadas na atual peça teatral Insubmissas: Mulheres na Ciência, que narra a história de quatro cientistas mulheres (Bertha Lutz, Marie Curie, Rosalind Franklin e Hipácia de Alexandria) que passaram por preconceitos e discriminações.

A peça está em cartaz até o dia 01/03 no Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Rua Dr. Teodoro Baima, 94, Vila Buarque, em São Paulo. – Contato: (11) 3259-6409

Confira a história dessa cientista com o artigo da revista Cadernos Pagu (n.24, Campinas, Jan/Jun, 2005); e leia também algumas de suas contribuições científicas na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (vol.46 no.1 Rio de Janeiro Mar., 1948)

Artigos: Para ler Bertha Lutz e Anfíbios Anuros da coleção Adolpho Lutz do Instituto Oswaldo
Autoras: Lia Gomes Pinto de Sousa, Mariana Moraes de Oliveira Sombrio e Maria Margaret Lopes; Bertha Lutz, respectivamente
Revistas: Cadernos Pagu e Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, respectivamente

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