“Matar nunca, morrer se preciso for”. Era com essa filosofia pacificadora que Marechal Cândido Rondon usava para conhecer e se integrar com as tribos indígenas do Centro-Oeste brasileiro.
De origem indígena — por parte de seus bisavós maternos e bisavó paterna — Rondon nasceu em 5 de maio de 1865, em Santo Antônio de Leverger, no Mato Grosso.
Criado por um tio, pois ele se tornou órfão ainda criança, se transferiu para o Rio de Janeiro para ingressar na Escola Militar. Ainda estudante, teve participação nos movimentos abolicionista e republicano.
Após a Proclamação da República, em 1889, o novo governo demonstrou muita preocupação com a região oeste do Brasil, muito isolada dos grandes centros e em regiões de fronteira. Assim decidiu melhorar as comunicações construindo linhas telegráficas para o Centro-Oeste.
Rondon cumpriu essa missão abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos do terreno e principalmente estabelecendo relações cordiais com os índios.
Foi o mais importante registrador de etnias indígenas do Brasil: falava várias línguas indígenas, e manteve contato com muitas tribos indígenas, entre elas os Bororo, Nhambiquara, Urupá, Jaru, Karipuna,Ariquemes, Boca Negra, Pacaás Novo, Macuporé, Guaraya, Macurape.
Realizou expedições com a comissão Rondon, com o objetivo de explorar a região Amazônica. Em 1910 organizou e passou a dirigir o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), e em 1913 realizou mais uma expedição, em conjunto com ex-presidente dos Estados Unidos,Theodore Roosevelt.
Em 1914, com a Comissão Rondon, construiu 372 km de linhas e mais cinco estações telegráficas. Foi também o criador da célebre expressão “do Oiapoque a Chuí”, quando designado para estender a linha de telégrafo que se se estendia nacionalmente.
Marechal Rondon foi bacharel em Ciências Físicas e Naturais, e professor de Astronomia, Mecânica e Matemática. Durante sua carreira, recebeu o Prêmio Livingstone, concedido pela Sociedade de Geografia de Nova Iorque.
Propôs a fundação do Parque Indígena do Xingu e inaugurou o Museu Nacional do Índio. Em 1955 o Congresso Nacional brasileiro nomeou-lhe Marechal e deu o nome de Rondônia ao território do Guaporé, em sua homenagem. Marechal Cândido Rondon morreu em 19 de janeiro de 1958, aos 92 anos, no Rio de Janeiro.
Sobre a Comissão Rondon, e o trabalho do Marechal na construção de linha telegráficas e na integração com povos indígenas, o artigo Missões civilizatórias da República e interpretação do Brasil, publicado na revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos (vol. 5, 1998), analisou o contexto histórico das viagens ao interior, nas três primeiras décadas da República, para a construção de interpretações do Brasil referidas à ideia do contraste entre sertão e litoral.
Artigo: Missões civilizatórias da República e interpretação do Brasil
Autora: Nísia Trindade Lima
Revista: Revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos
Nossa! Passei minha vida toda sem saber direito da importância de Rondon para nós e os índios!