“Um livro exigente, à espera de leitores atentos, sem preconceitos, dispostos a atiçar a imaginação”, definiu Isabel Loureiro, professora aposentada do Departamento de Filosofia da Unesp-Marília, sobre a obra O novo tempo do mundo: e outros estudos sobre a era da emergência, do filósofo e pensador brasileiro Paulo Arantes.
Em sua resenha, publicada na Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (da USP), a autora retrata o conteúdo e pensamentos do filósofo, e considera que sua ideia básica é de que com o fim das expectativas que brotaram da Revolução Francesa, a humanidade encalhou num “período negro” de “caos sistêmico”.
“Com o fim da URSS e da Guerra Fria, começou-se a perceber que ‘o horizonte do mundo encolhera vertiginosamente e uma era triunfante de expectativas decrescentes principiara’, um ‘tempo intemporal da urgência perpétua: este o Novo Tempo do Mundo’“, descreveu a autora.
Para Loureiro, em outros termos, o fim das grandes expectativas começa com a reintrodução do medo econômico e da insegurança social em sociedades consideradas como de excessivo bem-estar.
“Vivemos em sociedades de risco, à beira do colapso ecológico, num permanente estado de alerta — não por acaso o princípio da responsabilidade e o da precaução fazem parte do debate —, indicando que o horizonte do mundo se estreitou”, afirmou Loureiro.
O Brasil também recebe destaque de Paulo Arantes. Segundo a autora da resenha, o livro sugere que “antes de 2013, o ano que não se encerrou, o sentimento era o de uma sociedade presa à maldição de uma conjuntura que não passa, a um horizonte de expectativa nulo sob a hegemonia cultural da direita”.
Para Arantes, embora o Brasil de hoje seja muito diferente daquele de 1964, e do Brasil colônia, “o país está atolado numa transição que não passa”.
Resenha: Em busca do futuro perdido: a tarefa política da nova geração
Autora: Isabel Loureiro
Revista: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (n. 59, 2014 – USP)