Novos Artigos – Militância política sindical no ABC de SP

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Reconfigurações na militância política sindical no ABC paulista

Por Kátia Kishi

A última edição da revista Cadernos CERU, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), lançada no Portal de Revistas USP, traz um artigo da prof. Dra. Kimi Tomizaki sobre a reconfiguração da militância política no sindicato, tendo como foco os metalúrgicos do ABC paulista.

Atualmente, a Associação dos Metalúrgicos Anistiados do ABC (AMAA) é usada como um espaço onde seus membros tentam recriar a “antiga” militância sindical como as propostas de reconstituição da memória do movimento operário da categoria metalúrgica no ABC. Visto a importância de atuação desse “modelo sindical”, relacionado com a formação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT), que envolveu dezenas de militantes e lideranças políticas relevantes para o processo de redemocratização do país, a professora e socióloga constitui em sua pesquisa uma biografia coletiva do movimento ao analisar como se deu o trajeto e atuações dos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC) entre os anos de 1972 e 2002.

Por meio de questionários e entrevistas, a professora teve contato com 48 diretores de 102 que atuaram nas décadas de 70, 80 e 90, traçando, assim, seus perfis sociais, de escolaridade, relações com as famílias e associações à política partidária e à profissionalização da militância, diferenciando os diretores de cada década principalmente pela longevidade e “sucesso” nessas duas últimas áreas. A autora destaca, por exemplo, que se ocorre uma “diferenciação interna” é possível ocorrer o desengajamento da militância sindical.

Sendo assim, sua pesquisa aponta que a década de 1970 houve uma intensa mudança na perspectiva do que é o trabalho sindical na SMABC, tornando o movimento mais combativo e visando melhorias para a base que representa, mas ainda sem grade antagonismo entre trabalhadores e capitalistas; Tomizaki coletou dos depoentes que os anos 70 foram um momento de conscientização sobre o movimento sindical entre os operários. Diferente dos anos 80, quando se consolidou o chamado “novo sindicalismo” e formou-se o PT e a CUT como organizações que contribuiriam com a luta contra as injustiças trabalhistas, ainda sob a “euforia” das grandes greves (1978-1982).

É importante destacar a força do movimento sindical nos anos de 1970, mesmo diante da repressão e tentativa de sufocamento. Segundo o relatório da Comissão Nacional da Verdade divulgado nesta quarta-feira (10), mais de 80 empresas estão envolvidas em espionagem e delação de quase 300 funcionários, maioria concentradas no ABCD paulista e no Vale do Paraíba.

Já na década de 1990 foi marcada por um período de crise no ABC paulista por causa do fechamento de postos de trabalho que transformaram o movimento que passou a resistir por meio de negociações com as empresas ao temer mais demissões e até mesmo que a região se desindustrializasse, sendo necessário ter diretores com “habilidades” a mais e maior escolaridade, o que pode justificar outros dados expostos pela socióloga como um crescente investimento dos diretores em estudos com o passar dos anos.

Em seu artigo, a autora ainda acrescenta fragmentos dos diálogos que fez com Jonas, um dos diretores e entrevistados.

Artigo: Sucessão geracional no sindicato: reconfigurando a militância política – O caso dos metalúrgicos do ABC
Revista: Cadernos CERU (vol. 24, n.2., 2013 – USP)
Autora: Prof. Dra. Kimi Tomizaki – FE-USP – (11) 3091-8281 – e-mail: kimi@usp.br
Jornalista: Kátia Kishi – Jornalista do Dilvuga Ciência – Telefone: (14) 98110-0814 – e-mail: katiakishi@gmail.com

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