Novos Artigos – Aleitamento materno está associado a menor risco de obesidade infantil

Por Bruno Vaiano, publicado na Agência Universitária de Notícias

Estudo realizado em seis escolas de um pequeno município de 8 mil habitantes do interior de Minas Gerais permitiu a coleta de dados nutricionais de crianças de padrões socioeconômicos distintos e o mapeamento da relação entre a amamentação e a obesidade. Karen Marianne Soares Caldeira, mestre em ciências da saúde pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, foi a responsável pela pesquisa. “O crescimento da incidência de obesidade infantil no Brasil é algo que sempre me preocupou. No nosso país já temos metade da população adulta com algum grau de excesso de peso”, diz a pesquisadora ao justificar o interesse pelo tema.

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Estudo identifica relação entre aleitamento exclusivo e obesidade infantil. Crédito: Ken Hammond/USDA

Nascida em Minas, Karen optou por uma cidade diminuta pela possibilidade de acessar, dentre os residentes no local, praticamente todas as crianças na faixa etária escolhida. Aproximadamente 20% habitavam a zona rural, uma parcela um pouco mais alta que a da média nacional (15%).

A pesquisadora colheu, além de dados básicos para o cálculo de indicadores de obesidade, como o IMC, variáveis como alimentação atual da criança, dados da mãe (idade, estado nutricional e escolaridade), situação de trabalho atual e no nascimento da criança e localização da residência. “Desta forma, eu conseguiria também realizar um diagnostico nutricional daquela população”, afirma.

Essas considerações extras não só permitem angariar mais informações sobre o perfil nutricional do grupo como são pontos de apoio, que viabilizam considerações mais precisas sobre a influência do fator analisado em relação a outros: são as chamadas ‘variáveis de controle’. “O consumo atual pelas crianças de lanches uma ou mais vezes por semana associou-se com a presença de excesso de peso na infância”, por exemplo.

Após a análise comparativa, foi diagnosticada uma clara relação entre o aleitamento exclusivo por seis meses ou mais e a localização das crianças em sua faixa de peso ideal. A média de crianças com sobrepeso na cidade, 9,6%, superou a média nacional de 7%. Já o aleitamento complementado, que envolve outras fontes de nutrientes (líquidas ou sólidas), não exerceu influência sobre os resultados.

É importante lembrar que os resultados estão circunscritos à população estudada. Pesquisas semelhantes poderiam resultar gerados distintos conforme as características de outros grupos.

O artigo completo está na última edição do Journal of Human Growth and Development, disponível no portal de revistas da USP.

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