Novos Artigos – Uruguai: os movimentos sociais durante o governo de José Mujica (2010-2015)

 Jose Mujica  (AP Photo/Natacha Pisarenko)
Jose Mujica (AP Photo/Natacha Pisarenko)

Por Kátia Kishi

“Quando e por que surgiram, no Uruguai contemporâneo, fenômenos de mobilização social que, em alguns casos, parecem ter transbordado o Estado e, principalmente, os partidos políticos? Como se organizaram essas expressões de mobilização fundamentalmente juvenis? Que impacto tiveram sobre as políticas públicas durante o governo de José Mujica?”. Essas foram as perguntas norteadoras que iniciaram o artigo de Carlos Moreira, da Universidade Autônoma da Baixa Califórnia, México, e de Tamara Lajtman, da Universidade Nacional Autônoma do México, publicado esta semana pela revista Plural (v.22, n.1, 2015) de ciências sociais da Universidade de São Paulo.

O estudo integra o dossiê “Movimentos Sociais e Instituições Políticas na América Latina” e  tem o objetivo de analisar as mobilizações durante o governo Mujica para a aprovação de novos direitos, como descriminalização do aborto, matrimônio igualitário e legalização da cannabis, além da forte oposição de mudanças como a redução da maioridade penal e a exploração inadequada de alguns recursos naturais. Para compreender a articulação desses grupos, a pesquisa resgatou a história recente para analisar as novas organizações e suas características para impactar as políticas públicas.

Também foi construído um índice de “êxito total” a partir da somatória dos “êxitos parciais” dos movimentos sociais uruguaios, em cada fase do ciclo da política (ingresso na agenda governamental; formulação da resposta; tomada de decisões; implementação; e avaliação) que tiveram participações. Mesmo em um período sob comando de um governo de esquerda, os autores apresentam pontos que confirmam a hipótese de que o Uruguai vive uma transição na relação de movimentos sociais com os partidos políticos. Ou seja, após a Frente Ampla assumir o governo em 2005, surgiram outros movimentos sociais autônomas aos partidos políticos, o que pode ser justificado pela possibilidade de um novo relacionamento com os partidos de esquerda que assumiram o poder, além de um lento processo de renovação geracional com novas demandas e que podem não se sentir representados, como ocorre em outros países da América Latina. Porém, as confirmações só serão possíveis com análises futuras.

Capa da nova edição
Capa da nova edição

O dossiê sobre movimentos sociais da revista Plural também traz outros artigos que discutem a situação em outros países latinos, sendo justificada a importância do tema, em editorial, pela onda de protestos globais que surgiu após a crise econômica de 2008.

Outros artigos do dossiê abordam: o Equador e a Revolução Cidadã; a crise das esquerdas mexicanas com a morte dos estudantes de uma escola rural em Iguala; o esgotamento da política chilena para a democracia, com as crescentes privatizações e aumento das desigualdades; as mudanças das mobilizações que ocorreram após o governo de Néstor Kirchner; um retorno aos anos 70 e 80 para compreender as redes envolvidas na redemocratização no Brasil e na Argentina. A edição também traz uma entrevista com a socióloga da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, Ann Mische, com enfoque em suas pesquisas sobre os movimentos brasileiros. Outros artigos, fora do dossiê, também estão disponíveis, confira no link da revista Plural. 

Confira o artigo completo.

Artigo: Uruguai: os movimentos sociais durante o governo de José Mujica (2010-2015)
Autores: Carlos Moreira (cmoreira@uabc.edu.mx) e Tamara Lajtman
Revista: Plural (v.22, n.1, 2015)

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