Microbiota é uma palavra muito em alta atualmente entre os cientistas. No entanto, boa parte da população nunca, ou quase nunca, ouviu falar dela.
Apesar de não muito comentada fora dos círculos acadêmicos, a microbiota (ou microbioma) é algo que tem uma influência tão grande sobre nós que não seríamos quem somos se não fosse por ela.
Mas afinal, quem é ela?
Microbiota é o nome dado a um conjunto de micro-organismos que habitam determinado ambiente e estabelecem relações entre si e com este ambiente. E – adivinha! — você, ser humano, é um ambiente perfeito para muitos micro-organismos viverem. Por isso, nosso corpo abriga uma microbiota própria, que chamamos de microbiota humana.
Nossa microbiota é algo tão expressivo, que podemos dizer que somos tanto humano quanto bactéria!
Eu não sou eu?
Você não é apenas você.
No livro 10% Humano, a escritora britânica Alanna Collen defende essa ideia. Baseando-se em estudos científicos, ela nos explica que o número total de células de micro-organismos em nosso organismo é maior do que o número de células humanas propriamente ditas (na verdade, equivalente: estudos mais recentes mostram que o título do livro está superestimado – melhor seria 50% humano).
Eles estão por toda parte, em nossa pele, boca, sangue, órgãos genitais (sobretudo na vagina) e, principalmente, em nossos intestinos.
Resumindo, nós somos a “soma” de nossas próprias células e dos trilhões de células de bactérias (e, em menor número, fungos, arqueias e protistas) que escolheram morar em nosso corpo.
As belezas do interior
A noção de que bactérias e micro-organismos em geral são algo mau é equivocada. Elas podem ser boas ou más para nossa saúde dependendo da espécie e do tamanho de sua população. A presença das bactérias “certas” em nosso corpo é essencial, pois nos possibilita diversas funções essenciais, como produção de vitaminas, quebra de nutrientes e estimulação do sistema imunológico, entre outras. Os meios pelos quais elas fazem isso são alvo de amplo estudo e podem ser lidos detalhadamente no livro de Collen.
Por outro lado, se os seres microscópicos que nos habitam forem de tipos “errados” ou sua população estiver em maior número do que deveria, podemos ter problemas de saúde. Além da presença ou ausência, o equilíbrio entre diferentes tipos de micro-organismos é o que faz a diferença em nossa saúde.
O ponto central do livro, no entanto, é explicar que não somos só uma casa que os micro-organismos usam. Nós, de fato, somos em grande parte moldados pela nossa comunidade microbiana. Se vamos ou não desenvolver alergias, obesidade, doenças intestinas e outras enfermidades pode depender imensamente das condições da nossa microbiota. Inclusive, sugere a autora, seus traços psicológicos podem ser influenciados pelas criaturas microscópicas que estão aí dentro de você neste momento.
Uma fonte de conhecimento
A magnitude da importância da nossa microbiota é o que tem atraído tanto o olhar dos cientistas, a ponto de existir, desde 2008, o Projeto Microbioma Humano – comparável em relevância ao bem mais famoso Projeto Genoma Humano. O projeto visa, entre outras coisas, identificar quais são os componentes da microbiota dos seres humanos e o que diferencia uma “microbiota saudável” de uma “não-saudável”, para, a partir daí, propor estratégias para combater diversas doenças.
Apesar de ainda ter muito caminho pela frente, estes estudos têm dado dicas valiosas sobre como nossa comunidade interior de micróbios se forma e como podemos “melhorá-la”, se necessário.
Então, o que fazer para que os micro-organismos “bonzinhos” venham morar em nós e para manter a população deles equilibrada?
Esse é o tema da segunda parte desse texto! Até lá!
Crédito da imagem de capa: NIAID
Legal artigo. Somos água e bactéria jeje