Author Archives: Claudia Chow

Recebi um mail essa manhã que ilustra o que eu falava ontem. Não é nenhuma novidade, você já deve ter recebido esse mail.

Saiba:
Se um correntista tivesse depositado R$100,00 (Cem Reais) na poupança em qualquer banco, no dia 1º de julho de 1994 (data de lançamento do real), teria hoje na conta a FANTÁSTICA QUANTIA de R$ 374,00 (Trezentos Setenta e Quatro Reais).

Se esse mesmo correntista tivesse sacado R$100,00 (Cem Reais) no Cheque Especial, na mesma data, teria hoje uma pequena dívida de R$139.259,00 (Cento e Trinta e Nove Mil e Duzentos Cinqüenta e Nove Reais), no mesmo banco.

Ou seja: com R$ 100,00 do Cheque Especial, ele ficaria devendo 9 Carros Populares, e com o da poupança, conseguiria comprar apenas 3 pneus.

Não é à toa que o Itaú teve quase: R$2.000.000.000,00 (Dois Bilhões de Reais) de lucro liquido somente no 1ºtrimestre, seguido de perto do Bradesco e etc…

Dá para comprar um outro banco por semestre! E os Juros Exorbitantes dos cartões de crédito?

VISA cobra 10,40 % ao Mês CREDICARD cobra 11,40% ao Mês.

Em contrapartida a POUPANÇA oferece 0,62% ao Mês.

É entusiasmante, não?

As instituições financeiras

A cada dia aparece um novo banco proclamando suas ações sustentáveis, suas ações a favor do meio ambiente e afins…

O primeiro de todos (até onde me lembro) foi o Banco Real que agora mudou de “slogan”, o que antes era o Banco da Sustentabilidade, agora quer reinventar, e mantém seu site bancoreal.com.br/sustentabilidade.

Aí veio o Itaú, trazendo o Al Gore, patrocinando o Live Earth e criando um concurso que eu falei aqui… Na minha opinião essa linha do Itaú é a mais “populista” e menos educativa, já expressei a minha opinião sobre o Live Earth aqui, não convém repetir o discurso.

Agora é a vez do Banco do Brasil de virar o Banco da Sustentabilidade (acho bem engraçada essa auto-intitulação dos bancos). Com a campanha do 3, bem criativa, incentivando as pessoas a tomar 3 atitudes que façam a diferença.

Acabei de ler (aqui) que o HSBC é o maior banco do mundo a se tornar carbono neutro e pretende aplicar nada mais nada menos que US$ 90 milhões nos próximos 5 anos para reduzir o seu impacto ambiental. O “Programa global de eficiência e meio ambiente” vai permitir que escritórios do HSBC do mundo inteiro apresentem casos de inovação ambiental e compartilhem práticas para ajudar o banco a atingir suas metas. Aqui no Brasil eles divulgam bem pouco esse tipo de ações.

É tudo muito bonito, tudo muito maravilhoso, mas será que um dia um banco vai ser mesmo uma instituição sustentável?? O que um banco produz de fato para ser a instituição que mais dá lucro no mundo? Ok, ok é o dinheiro deles que faz, produz e acontece no mundo, mas é absurdo ganhar tanto dinheiro fazendo muito pouco ou quase nada. Qual trabalho eles tem? É fácil dizer por exemplo: eu incentivo a construção sustentável, mas o que você faz efetivamente pra isso? Tem uma linha de crédito, tá, mas você ensina, treina, investe em alguém pra fazer isso? Ou simplesmente você espera um projeto pronto chegar na sua mesa e vê se aprova ou não? Tudo bem vão me dizer que indiretamente o que acontece é o investimento e a função do banco não é essa, mas nada me justifica os bilhões ganhos pra produzir diretamente absolutamente NADA! É isso que você quer chamar de sustentabilidade?

Os camarões

Domingo fui almoçar no shopping e resolvi comer em uma daquelas franquias de camarão. Enquanto esperava o prato me bateu uma dor na consciência… Como eu poderia estar comendo um produto que vinha de tão longe? Naquele caso do Piauí. O quanto de combustível não foi queimado e tinha poluído o meio ambiente até que aqueles camarões chegassem ao meu prato? E pior ainda, quem me garantia que a fazenda onde aqueles camarões foram produzidos não tinha destruído algum manguezal?

Depois de perder minhas férias de verão de 2003 assistindo trocentos cursos sobre meio ambiente e a defesa dos manguezais com docentes como a Yara Schaeffer Novelli (a papisa dos mangues no Brasil) como eu poderia estar comendo camarões???

Pra quem não sabe o manguezais desempenham importante papel como exportador de matéria orgânica para os estuários, contribuindo para a produtividade primária na zona costeira. Por essa razão, constituem-se em ecossistemas complexos e dos mais férteis e diversificados do planeta. A sua biodiversidade faz com que essas áreas se constituam em grandes “berçários” naturais, tanto para as espécies típicas desses ambientes, como para animais, aves, peixes, moluscos e crustáceos, que aqui encontram as condições ideais para reprodução, eclosão, criadouro e abrigo, quer tenham valor ecológico ou econômico. Com relação à pesca, os manguezais produzem mais de 95% do alimento que o homem captura no mar. Por essa razão, a sua manutenção é vital para a subsistência das comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno. (Wikipédia)

Pra quem não sabe também a carcinicultura (criação de camarões) é uma
das maiores responsáveis pela destruição dos manguezais no Brasil. Os impactos causados vão desde a modificação do fluxo das marés, que elimina a vegetação e a fauna de caranguejos e moluscos , destruição de paisagens, ocupação de terras devolutas e da Marinha, degradação de bacias hidrográficas. No Nordeste, o número de fazendas de camarões passou de 20 em 1985 para 905 em 2003. (Artigo do Washington Novaes aqui)

Encontrei também esse artigo sobre o assunto, uma discussão se existe criação de camarão sustentável ou não. Se a certificação do camarão ajudaria ou atrapalharia.

Eu não sou nenhuma fissurada em camarão, posso viver bem sem, mas de vez em quando tenho vontade e ai como faço? Desisto de comer camarão? Alguns acreditam que essa é a melhor alternativa e que não há criação de camarão sustentável. Bom, eu vou tentar evitar ao máximo pois só o nosso comportamento como consumidor pode ajudar a mudar as coisas, mas se vocês vissem o movimento que a franquia de camarão tinha na lojinha que eu comprei meu almoço no domingo, desanima… Aliás, tente explicar porque você não come camarão para alguém, ou não come palmito, ou até porque não quer sacolinhas plásticas… É desanimador.

Reflexão

Alguns posts atrás eu estava questionando várias coisas e fiquei na dúvida sobre os princípios do desenvolvimento sustentável…

Pouco depois disso tive uma aula sobre ética e descobri que ética é uma coisa utópica que nunca vamos alcançar. Ai essa semana lendo a revista Página 22 li da Vanderli Custódio que “a expressão desenvolvimento sustentável deve ser entendida como um absurdo lógico, uma abstração, uma falácia e, nesse sentido, o discurso ideológico mais competente produzido nas últimas décadas.” Ou seja também é algo utópico que dificilmente um dia vamos conseguir fazer acontecer.

Isso é bom pois me tira a ansiedade de querer que tudo aconteça de uma vez e rápido, mas ao mesmo tempo é algo intangível e pode me acomodar e fazer o discurso se perder…

Bom, ninguém nunca disse que seria fácil, mudanças são sempre complicadas e requerem muitos esforços e isso leva tempo.

Anúncio MTV

Recebi um ppt hoje com esses anúncios. Dizia que eles foram proibidos nos EUA. Até entendo o motivo deles, o anúncio é bastante agressivo, mas não deixa de ser verdade. Na realidade era uma propaganda, mas infelizmente não consegui encontrar no You Tube. É bastante interessante.


Próximo das Torres: “2.863 pessoas mortas” Próximo do menino: “824 milhões de pessoas morrendo de fome no mundo” “O Mundo unido contra o terrorismo. Poderíamos estar unidos contra a fome.”

Próximo das Torres: “2.863 pessoas mortas” Próximo do menino: “40 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da AIDS no mundo” “O Mundo unido contra o terrorismo. Poderíamos estar unidos contra a AIDS.”

Próximo das Torres: “2.863 pessoas mortas” Próximo do menino: “630 milhões de pessoas sem teto no mundo” “O Mundo unido contra o terrorismo. Poderíamos estar unidos contra a pobreza.”

Sacolas de Pano

A Prefeitura de São Paulo lança, no fim de agosto, uma campanha para minimizar o uso de sacolas plásticas na Cidade, ao mesmo tempo que estuda possíveis medidas legais para promover a substituição gradual das sacolas de plástico por material biodegradável. Modelos de sacolas de pano foram criados especialmente para a campanha e poderão ser usados por todos os segmentos interessados. A intenção é substituir o uso de sacolas e sacos plásticos em supermercados, livrarias, padarias, lojas e outros estabelecimentos por bolsas próprias ou carrinhos, minimizando o descarte deste material na natureza.

Já vi no Pão de Açúcar a venda de sacolas de pano para substituição das sacolas plásticas, mas é um negócio tão discreto que a maioria das pessoas nem devem ter percebido, por exemplo pra encontrar essa informação na Internet no site deles vi que essa “campanha” realmente existe, mas nem encontrei o preço da tal sacola de pano, nem as fotos delas…

A Prefeitura de Lajeado também tem um projeto para a adoção de sacolas de panos e um supermercado regional do Rio Grande do Sul aderiu à campanha. Na rede de Supermercados IMEC para adquirir a sacola o cliente deverá realizar compras no valor de R$ 50,00 + R$ 2,00. Além de Lajeado, a sacola de pano do Imec estará disponível em seus supermercados nas cidades de Arroio do Meio, Estrela, Encantado, Venâncio Aires, Candelária, Rio Pardo, Cachoeira do Sul, Pantano Grande e Montenegro.

Eu já tenho minhas sacolas de pano que levo no supermercado e você? Eu também recuso sacolas plásticas quando posso levar o que estou comprando na mão ou na minha bolsa e mesmo assim as minhas sacolas plásticas aqui em casa não acabam! Acho que elas tem o poder da multiplicação! Na verdade elas se multiplicam por causa do meu pai, ele não entende muito essa idéia não, acho que ele acha lindo sacolas plásticas! Argh! Já desisti de tentar convencê-lo.

Divulgando…

Mostra Sistema Fiesp de Responsabilidade Socioambiental

É um evento que tem como objetivo mostrar o que as empresas estão fazendo em prol da sociedade e do meio ambiente e em paralelo abrir um canal de discussão para mudanças que devem ser implantadas, nas leis, para possibilitar ações mais abrangentes e eficazes.

Quando: 2 a 4 de Agosto de 2007
Onde: Pavilhão da Bienal, SP
Quanto: Grátis

Entrem no site e vejam a quantidade de palestras interessantes… Eu gostaria muito de ir, mas infelizmente não será possível pois estarei em aula no RJ. ;(

Se alguém for me contem depois!!

Sustentabilidade, ética, dúvidas…

Não sei bem ao certo o que me levou a pensar sobre o assunto, mas o lugar que eu cheguei foi de dúvida e de confusão.

Essa semana estava lendo algumas coisas sobre Branding, vi o site de uma consultoria do assunto. Branding é basicamente um conjunto de ações ligadas à administração da marca. Por exemplo a Natura e o Banco Real têm consultoria em branding.

Agora vejamos, será que uma empresa de tabaco ou bélica se tiver uma consultoria no assunto e se dispor pode se tornar uma empresa sustentável? Porque eu no meu mais profundo simplismo não entendo e não aceito que empresas desse ramo possam ser consideradas sustentáveis, uma vez que promovem atitudes pouco sustentáveis. Ai vem mais uma dúvida, ser sustentável é ser moralista? Deveríamos criar um código de ética da sustentabilidade? Ou para haver um desenvolvimento sustentável deveríamos varrer do mapa a indústria bélica, do tabaco, alcoólica e congêneres?

Me senti menos ignorante quando li essa reportagem e o jornalista Caco de Paula, coordenador do projeto Planeta sustentável falou: “Uma vez, ouvi alguém comentar que sustentabilidade é como a física quântica: se você chegar a um ponto e não estiver confuso, é porque não entendeu nada”. O tema é desafiador e mobilizatório, mas intangível. “É provocador pela perplexidade que causa e o conhecimento sobre ele ainda está em processo de construção”.

Se alguém tiver alguma resposta pra alguma das minhas perguntas agradeço se puder me esclarecer! 😉

Texto “presente”

Ganhei esse texto de “presente” do Hugo Penteado, o autor do Ecoeconomia. Ele vem de encontro com um post que escrevi citando outros 2 textos, um do Arnaldo Jabor e outro do Blog Mensageiro Sideral.

Não é o planeta – ou o meio ambiente – que está ameaçado, somos nós.
Hugo Penteado

Nem fazemos cócegas ao planeta e à sua história de 4,5 bilhões de anos, tempo que nosso cérebro que vive apenas algumas décadas não consegue conceber ou entender.

Somos absolutamente desimportantes.

Se continuarmos agredindo o planeta e ele mudar as condições que permitem a vida na Terra, quem sairá perdendo somos nós, não o planeta.

Ele continuará sua trajetória de bilhões de anos sem a gente ou com a gente, mas para ele isso pouco importa.

Importa muito para nós, se vamos continuar ou não, afinal, todos os seres vivos lutaram muito para se manter vivos e só 1% foram vitoriosos.

A luta pela sobrevivência é a nossa maior força, talvez seja a maior chance de mudança, conforme fique cada vez mais claro que estamos num projeto suicida.

Vai ser muito duro perdermos a nossa continuidade. Como seres individuais somos mortais, como espécie animal somos praticamente imortais. Do planeta-nossa-casa somos meros locatários, aqui viemos e deixamos nossas pequenas marcas, a maior dela nossos descendentes, mas logo vamos de saída, deixando para trás os outros, com os quais devemos nos importar acima de tudo.

Estamos falando de desprendimento, é algo que não fazemos em bem próprio, mas pelo bem dos nossos filhos ou se formos além, todos os filhos são nossos filhos, somos membros de uma única família, a família dos seres vivos, todos eles idênticos entre si pela biologia, mas cuja diferença individual é a nossa maior força.

E a nossa força está na solidariedade e não na competição, pois a solidariedade é a característica predominante entre as espécies e entre os indivíduos da mesma espécie.

Esse é o cara!


Espero que existam muitas outras pessoas que eu possa dizer isso aqui no blog, mas no momento Yvon Chouinard merece o título de “O cara”.

Você já ouviu falar da Patagonia? Eu não até ler essa reportagem sobre seu fundador. A Patagonia é uma empresa de roupas e artigos esportivos ambientalmente corretos.

Essa empresa é só mais uma prova de que é possível unir negócios e sustentabilidade. Ninguém precisa deixar de viver em suas confortáveis casas, nenhuma empresa precisa virar ONG e sem fins lucrativos pra fazer coisas de uma maneira mais limpa, responsável e com lucros! É só ter bom senso… (coisa que parece que de uns tempos para cá perdeu-se nos caminhos da historia da humanidade)

Segue trechos da reportagem que eu achei muito interessante.

Veja isso: seus produtos são feitos para durar. Os consumidores podem devolver peças usadas para ser recicladas ou usadas em novas coleções. Para atiçar a consciência dos clientes, mandou estampar nas etiquetas das roupas dizeres do gênero: “Você realmente precisa disso?”. Ele conta que nunca trabalhou para sua empresa crescer de forma veloz.

Eis o espírito por trás de cada medida, em sua visão: o lucro não representa um fim em si mesmo, mas deve ser conseqüência de escolhas adequadas. Os resultados sugerem que a estratégia funciona. No ano passado, a Patagonia faturou US$ 270 milhões, exatos 8% a mais que em 2005.

Em 1994, Chouinard declarou guerra à cultura de algodão, pois necessitava de uma grande quantidade de pesticidas para seu cultivo e deu prazo de 18 meses para seus gerentes substituírem o algodão tradicional pelo orgânico, sem agrotóxico nem outros produtos químicos. Qualquer especialista em finanças consideraria a decisão suicida, pois o algodão orgânico era raro na época e custava até o dobro do tradicional. Mas o aumento de custo teve suas compensações. As vendas das peças de algodão orgânico cresceram 25% – e mudaram para sempre os rumos da indústria de vestuário. Os concorrentes copiaram rapidamente a idéia.

Em 2006, a Wal-Mart, a maior rede de varejo do mundo, ampliou tanto as compras do produto que se tornou o maior comprador global de peças com algodão orgânico. A sedução de gigantes como a Wal-Mart deveria estimular a Patagonia a conquistar mais clientes poderosos. Mas Chouinard parece decidido a não acelerar o crescimento da empresa. Ele diz que, ao ser procurado há alguns meses por emissários do Sam’s Club, o braço de atacado da Wal-Mart, para fornecer produtos com algodão orgânico, desconversou e recomendou o uso do poliéster reciclado. Em sua opinião, a produção de algodão orgânico em larga escala não é saudável para o meio ambiente (Quantos empresários se preocupam com isso??). Desde 2000, a Patagonia utiliza um poliéster japonês que pode ser reciclado quase infinitamente.

Além de toda essa preocupação com o meio ambiente trabalhar na Patagonia também é um conceito diferente.

A Patagonia foi uma das primeiras empresas americanas a oferecer aos funcionários licença-maternidade e paternidade, além de horários flexíveis. Na recepção da matriz, em Ventura, na costa da Califórnia, há um grande quadro com boletins atualizados sobre as condições do tempo para o surfe, esporte preferido de boa parte dos 350 empregados. Ao sinal de ventos generosos, qualquer um pode passar a mão na prancha e rumar para a praia. O próprio Chouinard afirma que ainda surfa 200 dias por ano.

Além de que se seu filho está doente, você está dispensado; você pode trabalhar de bermuda e chinelo e praticar esportes radicais é uma ordem.

Ele também escreveu um livro “Let my people go surfing” que ainda não tem tradução para o português. Esse livro é uma combinação de suas memórias com introdução aos negócios verdes limpos.

Esses exemplos me ajudam a não perder as esperanças de que as pessoas podem fazer alguma coisa pra ajudar a melhorar o mundo. De que você não precisa renegar os sistema para fazer as coisas certas. Basta mudar o paradigma e ter bom senso.