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Dia Mundial do Meio Ambiente – Vale tudo!

Quem abriu a página do Uol, do Globo.com ou do IG no dia 05 de junho viu um quadrado ou um banner verde dizendo que a primeira mineradora do mundo zerou seu “footprint”. Olha só que legal!

uol globo ig

Gente é tanta enganação junta nessa afirmação que eu nem sei por onde começar.

Bom, mas vamos começar pelo termo “Footprint”. O que é um footprint, raios? Footprint quer dizer nada mais nada menos que pegada em inglês, só isso, ou seja, dizer que você zerou sua pegada é o mesmo que dizer que você zerou sua sombra? Sei lá, vai saber…

Aí, lá no anúncio tem um asterisco no termo footprint, provavelmente sabendo que ninguém saberia o que exatamente isso queria dizer eles explicam logo em seguida: “Quer dizer que a Vale já recupera ou preserva uma área verde maior que a área impactada pela atividade de mineração.” Ou seja, eu entendi que se a Vale devastou X km2 de área para mineração ela recupera ou preserva X km2 de área verde, certo? Pronto, isso zera meu footprint, já posso dormir tranqüila porque estou quites com o Planeta? Provavelmente pra quem inventou esse blábláblá sim… Mas eu como acionista da Vale (sim, assumo, tenho ações da Vale em algum fundo por ai) não acho, em absoluto, que a Vale tenha zerado pegada nenhuma, sei lá, ela pode estar cumprindo com a legislação, pode estar fazendo a parte que lhe cabe sobre preservação do meio ambiente, mas dizer que isso neutraliza a pegada dela é tão enganação quanto eu dizer que ao comprar um terreno maior que o tamanho do terreno da minha casa e plantar árvores nele eu zerei meu impacto no Planeta.

Outro furo desse blábláblá, como a Vale pode zerar a pegada dela em área se o impacto dela não pode ser calculado em área? (Isso levando em consideração que impacto seja uma coisa assim super simples de calcular como uma área). Ela não impacta o meio ambiente em 2 dimensões, como uma área é medida, o impacto dela, é tridimensional, ou seja se ela quiser dizer que tem uma pegada neutra não é a área que ela tem que medir e sim o volume! E convenhamos, minerações subterrâneas impactam muito mais o subsolo que a superfície, quem a Vale quer enganar com esse papo de área?

Vamos encurtar esse papo essa afirmação que eles zeraram o footprint quer dizer absolutamente NADA. Aliás vamos parar de nos enganar com esse blábláblá de zerar, neutralizar alguma coisa, isso não existe!!! A nossa existência nesse planeta gera impacto e NUNCA será igual a zero ou neutro!! O que pode existir no máximo é um equilíbrio dinâmico.

Ah, pra não dizer que eu só falei mal da Vale eu digo que o vídeo da Campanha ficou muito bom, a ideia de relacionar o sobrenome dos funcionários aos das árvores plantadas (isso não quer dizer que reflita a realidade) foi bem original.

Ainda sobre o dia Mundial do Meio Ambiente se viu mais ações:O Submarino ficou verde e acha que consumindo mais a gente ajuda o Planeta e algumas empresas aproveitam o ensejo pra anunciar que pretendem ser Carbon Free e/ou ter práticas sustentáveis. Como eu disse no título: Vale tudo!

submarino

O PIB e o que ele representa

Ontem teve na FGV um evento de lançamento do livro “Compêndio de Indicadores de Sustentabilidade de Nações”, infelizmente não pude comparecer, mas depois do evento o Luiz Algarra twittou o que deve ter sido algumas das impressões e constatações do seminário que além da autora do livro, Anne Louette, contou com a presença de outras figuras da sustentabilidade do Brasil.

Eis os twitts do @algarra que me fizeram parar para pensar:

“Quando disponibilizamos conhecimento livre na internet, e milhões aprendem, não aumenta o PIB.”

“Quando você reduz o consumo de medicamentos, cai o PIB! Ou seja, saúde não traz desenvolvimento. Que incongruência!”

“Uma praia livre não gera recursos econômicos. Loteada gera PIB. A restrição aos bens livres gera riqueza?”

“Recursos ilimitados em um planeta limitado? Só um idiota ou um economista para acreditar nisso.”

“Todo trabalho voluntário não gera PIB.”

Ou seja, pra que serve o PIB? Segundo a WikipediaO produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.
Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário (insumos). Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem, quando valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na soma do PIB
.”

Mas veja lá nos twitts acima, várias coisas boas não acrescentam absolutamente nada no PIB!!

Que o PIB é falho qualquer pessoa de bom senso deve concordar, não dá pra acreditar que apenas o que gera dinheiro representa as maiores riquezas de um país, alguém tem alguma dúvida de que a Amazônia representa uma riqueza imensa para o nosso país? Pois bem, sabe quanto ela vale para o PIB intacta? Zero! Agora se a gente for lá e cortar todas as árvores e transformar em carvão, sim, ai vale, a gente calcula por quanto vai vender o carvão e pronto, acrescentamos uns números a mais no PIB! Bizarro… 

Conversando via e-mail com o Hugo ele tocou num ponto super importante, enquanto os valores não mudarem não vai adiantar criar novas métricas. Vai, até adianta pra tentar contrapor o PIB, mas vai ser só um acessório que as pessoas vão achar bonitinho, enquanto não mudar a ideia de que acumular bens e valores é o que representa de melhor num ser humano quem vai levar realmente a sério outra métrica?

O governo trabalha pra aumentar o PIB, não necessariamente a qualidade de vida, há a crença que melhorando a renda melhora necessariamente a qualidade de vida, agora me responda, o que melhora vida de um analfabeto, desempregado, com uns 3 filhos pequenos para criar ter um telefone celular? Ao comprar um celular e colocar créditos, há uma contribuição para o PIB, mas o que melhorou de verdade na vida dessa pessoa?

O Eco-capitalista

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Esqueça o cara dos carpetes, esqueça todos os Bancos da Sustentabilidade e tudo de eco-empresas que você já ouviu ou viu por aqui. Essas empresas são parte do passado por simplesmente se “adaptarem”, elas já existiam quando ninguém se preocupava com meio ambiente, mudaram um pouquinho e lançaram uma nova tendência. O mais fantástico mesmo é a Terra-Cycle, uma empresa que nasceu pra ser sustentável, desde a origem da matéria-prima dos seus produtos até as embalagens.

Afinal o que tem de tão maravilhoso essa empresa?

A TerraCycle foi originalmente concebida como uma transportadora de resíduos alimentares, eles seriam pagos para remover os resíduos e dá-los a minhocas. O adubo de côco de minhoca foi apenas um bom subproduto, mas logo depois virou o produto deles. E um produto feito e embalado por resíduos, como eles não tinham dinheiro para comprar embalagens para o húmus, resolveram utilizar garrafas PETs usadas. Desde então todos os produtos partem desse princípio: reutilizar resíduos que teriam como destino o lixo. Hoje os produtos da empresa são os mais variados desde os famosos fertilizantes de côco de minhocas até repelentes, materiais de limpeza, mochilas, bolsas e materiais de escritório. Todos produzidos ou embalados com garrafas de refrigerante, leite, embalagens de salgadinhos, sacolas plásticas, jornais e etc.

Tom Szaky, um dos fundadores e CEO da empresa, possui um blog chamado The Eco-capitalist, é nascido na Hungria e largou Princeton no segundo ano para fundar a Terra Cycle. Uma das coisas que eu mais gostei de ler nas entrevistas dele é que ele sempre bate na tecla de que o interesse não é reciclar materiais, isso sai tão caro quanto usar materiais novos, a idéia principal mesmo é reutilizar lixo como matéria-prima.

Se você for parar pra pensar bem sobre essa empresa ela não tem nada de muito revolucionário, convenhamos, quem não está cansado de ver aqui no Brasil gente fazendo os mais variados objetos de garrafas PET? Vermicompostagem não é uma coisa nada nova, existe desde sempre, só que Tom Szaky profissionalizou tudo isso e vendeu muito bem a idéia, ele é um empreendendor e o que me deixa mais feliz é ver produtos eco em sua essência.

Essa empresa é ou não um exemplo do que deveriam ser negócios sustentáveis? Espero que os jovens se inspirem em Tom Szaky e daqui pra frente não almejem ser os CEOs de empresas velhas, com conceitos velhos e ultrapassados, são dessas inovações que precisamos, novos conceitos e um modo completamente diferente de se fazer negócios. Isso é um exemplo de revolução verde.

Segue o video promocional da empresa.

E alguns dos textos que li sobre a empresa e seu fundador (Todos em inglês):

http://ecofrenzy.wordpress.com/2008/08/25/broke-and-trying-to-grow-better-pot-two-ingredients-for-world-class-eco-innovation/

http://www.greenbiz.com/blog/2009/03/09/tom-szaky-writes-garbage

http://www.terracycle.net/media/08-09-02–greenbuzinnovators/08-09-02–greenbuzinnovators.html

Pensamentos escritos (sobre a campanha da SOS Mata Atlântica)

Fiquei na dúvida se publicava ou não, ai vai…

E o xixi no banho, você viu a campanha da SOS Mata Atlântica? Se eles queriam um #mimimi conseguiram, todo mundo saiu dando sua opinião, desde blogs de meio ambiente até de publicidade. Até no Jornal Nacional saiu!

Eu não quero dar minha opinião a respeito da campanha, o que eu quero é perguntar por que eles não fazem mais campanhas assim, e sugerir por exemplo para as pessoas não tomarem banho uma vez por semana, tem gente que toma 2 banhos por dia, deixar de tomar um banho na semana não faz mal e economiza uma quantidade boa de água.

Ou economizar umas descargas depois do xixi também ajuda. Um conhecido meu me contou que uma vez esteve na Noruega (ou seria Suécia?) e logo que saiu do banheiro da casa de uns amigos a filha mais nova ficou apontando pra ele e dizendo: Ele deu descarga, ele deu descarga! Ele respondeu: Ué? Não era pra dar? O amigo explicou: É que aqui a gente só dá descarga depois de usar o banheiro 3 ou 4 vezes.

De vez em quando faço isso aqui em casa, será que meu banheiro fede? Pessoas que freqüentam minha casa, por favor, me digam se meu banheiro cheira mal! Acho que a maioria das pessoas que freqüentam a minha casa não freqüentam esse blog… Paciência…

Eu tô tentando não lavar o cabelo todos os dias, já estou na segunda semana lavando um dia sim dia não e até que tem funcionado, principalmente porque estamos no outono, no verão fica mais complicado.

Xixi no banho? Se eu faço? Faço de vez em quando, assim como de vez em quando não tomo banho, nem lavo o cabelo, mas não por causa de uma campanha, ou porque ajuda a natureza, mas porque deu ou não deu vontade, só por isso… E a campanha, é boa? Funciona? Me tragam os números das companhias distribuidoras de água daqui alguns meses, ai a gente vê.

Por que e como empresas criam programas de sustentabilidade e possuem um Executivo Chefe de Sustentabilidade (CSO)

Eu não tenho essa resposta, mas encontrei um artigo (Why, and how, companies create sustainability programs and appoint chief sustainability officers) do Instituto Korn/Ferry que tenta indicar respostas a essa pergunta.

Um dos principais motivos, segundo o texto, que levaria uma empresa a implantar programas de sustentabilidade é a demanda do consumidor.

Eles mostram os 4 passos que ocorrem a partir da demanda do consumidor até a criação de programa formal de sustentabilidade para as empresas, são eles: 1) Demanda do cliente, 2) Unidade de negócios responsável, 3) “Aha!” do Executivo, 4) Programa de Sustentabilidade. Ou seja, tudo começa com a demanda dos clientes (olha a nossa responsabilidade como consumidores), aí é criada uma unidade de negócios com o tema, alguém do alto escalão da empresa incentiva a sustentabilidade para diferentes partes do negócio e em resposta a isso é criado um “departamento” e designado um Executivo Chefe de Sustentabilidade para gerenciar o assunto.

O artigo descreve várias características e algumas das funções que esse executivo deve ter, mas como não manjo muito dessa área não achei nenhuma das características e funções citadas algo muito diferente do que qualquer executivo deve fazer por aí, deve ser um pouco mais específico, mas nada fora do comum pra quem segue esse caminho.

Nesse artigo encontrei, talvez, a resposta para a minha pergunta por que é tão difícil achar um emprego nessa área. A maioria das pessoas que estão envolvidas nos programas de sustentabilidade das empresas não se dedicam a esse cargo 100% do tempo, geralmente elas acumulam funções, isso demonstra, para a autora do artigo, que as empresas não querem ter custos significativos com o programa de sustentabilidade. Portanto se você quer trabalhar nessa área é mais fácil se você estiver dentro da empresa, contratar alguém significa mais custos, então é realmente mais difícil de acontecer. Sustentabilidade ainda significa mais custos e ninguém ta disposto a gastar mais por isso, pelo menos não por enquanto, espero.

Jogo Novo Mundo

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Ganhei do meu irmão e do meu pai, no meu aniversário, o Jogo da Estrela Novo Mundo – Você é responsável pela despoluição do planeta!

O jogo é indicado para crianças a partir de 8 anos e para 2 a 6 jogadores, o material é todo feito de papel reciclado (exceto, acredito eu, os materiais de plástico, como os dados e os peões). O objetivo do jogo é despoluir o planeta e em alguns aspectos lembra bem o War pois cada jogador recebe seu objetivo com quais continentes terá que despoluir para poder vencer e o tabuleiro é uma representação do Planeta e seus continentes.

Por ser um jogo que foca em crianças a partir de 8 anos ele não tem muito de estratégia e muito mais de sorte nos dados. Para você ganhar os “recursos” (água, fauna, flora e oxigênio) necessários para despoluir os continentes você precisa responder perguntas sobre meio ambiente. São 170 cartões com 3 perguntas em cada, ou seja, ao todo o jogo tem 510 perguntas, que infelizmente não estão classificadas por nível de dificuldade. Uma sugestão interessante seria dividir os níveis de dificuldade das perguntas para ganhar mais ou menos recursos.

Gostei bastante do jogo, principalmente das perguntas que tornam as coisas bem educativas, algumas delas são bem fáceis outras bem interessantes, por exemplo eu aprendi o que são Krill e onde o WWF foi fundado, por causa do jogo.

A minha amiga que jogou comigo sugeriu que eles vendessem separado os cartões de perguntas de vários níveis.

Não sei se um jogo desses convence alguém a tomar atitudes mais sustentáveis, mas se despertar o interesse nas pessoas pelas ações do homem e sua destruição já está de bom tamanho.

Uma boa sugestão na hora de presentear a criançada!

Infelizmente o site da Estrela não tem muita coisa a respeito do jogo. 

Outros jogos sobre meio ambiente.

Dia da Terra

Hoje é dia da Terra o que você fez por ela hoje? Ou melhor, o que você tem feito por ela nos últimos tempos?

Não me sinto na obrigação de escrever aqui no dia da água, no dia meio ambiente, no dia Terra. Falo disso tudo o ano todo, seria chover no molhado falar mais uma vez disso só porque é um dia no calendário. Mas por que então estou escrevendo hoje?

Porque deu vontade! O google até colocou um logo especial para o dia, ai fiquei com vontade de falar alguma coisa aqui…

Bom, se hoje por ser o dia da Terra você resolveu fazer alguma coisa por ela, ótimo, parabéns! Mas não deixe pra fazer isso só hoje por que é uma data especial, faça sempre, se esforce. Quem foi que disse que a gente só tem que desejar coisas boas para as pessoas no aniversário delas? Ou por que é ano novo ou por que é dia das mães, dos pais ou dos namorados? Fazer alguma coisa boa para Terra não vai ajudar apenas torná-la um lugar melhor, mas vai ajudar todos os moradores desse Planeta! A humanidade agradece!

Feliz dia da Terra!

P.S.: YES! Consegui fazer um post otimista! hehe

Limites

Depois de ver um post sobre a extinção dos minérios eu fiquei estarrecida (mais uma vez) em saber como as pessoas que “mandam” no mundo ignoram o fato de que a escassez de recursos é fato! A tabela mostra isso direitinho, até uma criança entende, os recursos tem data para acabar.

Aí, tem gente (meu pai por exemplo) que usa o argumento que a ciência e a tecnologia vão encontrar caminhos pra resolver esse mero “detalhe”. Então, ta, como a ciência vai resolver tudo mesmo vamos falar para as pessoas pararem de usar preservativo por que a ciência vai encontrar a cura da Aids! Um dia encontra, não sei se amanhã ou daqui uma década, vamos contar com isso?

Antes de ler o livro do Hugo Penteado eu achava que os países, o governo, a economia, alguém no mundo se preocupava com esse pequeno porém, o dia que acabarem os recursos, mas não, ninguém nem considera essa possibilidade!!!!! Não é de dar medo? Todas as perspectivas econômicas, todos os estudos sobre o assunto consideram os recursos naturais como infinitos (e pior com custo zero)! Quem foi o gênio que inventou isso? Dá até desgosto só de pensar…

E assim caminha a humanidade… A gente vai longe mesmo.

Continuando…

Esse post é continuação do post: Vivo e a sustentabilidade.

Na realidade não foi um evento e sim uma ação, eis que apareceu no meu orkut, na minha caixa de e-mail e me adicionaram no msn uma ação da “Vivo” com a seguinte mensagem: “Quando você está conectado você tem um mundo de possibilidades e pode fazer muito mais. É só enviar um SMS para 11-9565-9252 com a palavra “VIVO” ou um e-mail para vivoconectado@hotmail.com dizendo “Quero plantar uma árvore”! Espalhe essa idéia. Nunca foi tão fácil plantar uma árvore!”

Como a pessoa que falou comigo (via Gtalk) estava super empolgada ainda me dei ao trabalho de repassar o mail para algumas pessoas e twittar a ação. Numa troca de mensagens rápida com a pessoa ela disse que era um trabalho universitário em parceria com a Vivo. Eles eram universitários, a Vivo tinha fornecido conexão 3G, telefones e afins… Ah, e a ação ia até ao meio-dia de sexta. Eles não tinham site e só enviaram um folder.

No dia seguinte (sexta) recebo um mail de outra pessoa perguntando a possibilidade de eu escrever um post sobre uma ação que tinha acontecido no dia anterior na Av. Paulista em SP. Depois de algumas trocas de e-mails, eu escrevi o texto (que é o post anterior) e no fim a pessoa me respondeu dizendo que aquele post do jeito que estava era um desserviço para eles, me pedia para não publicá-lo e que a ação não tinha sido realizada pela Vivo e sim era um trabalho acadêmico realizado por universitários, conveniado com a empresa. Pronto! Bingo!

Enquanto eu conversava com a pessoa da ação do plantio de árvores cheguei a insinuar que essa coisa toda parecia coisa do programa Aprendiz, mas claro que ela negou.

Bom, deixa eu falar rapidamente da ação das árvores pra depois comentar tudo de uma vez.

A ação do plantio de árvores consistia em mostrar que pessoas conectadas podem mudar o mundo, ou seja, eu divulgava que a Vivo estava plantando árvores para a minha rede e assim a coisa se espalhava e pra cada e-mail e sms recebidos a Vivo plantaria uma árvore. Que coisa mais spam, não? Uma das primeiras perguntas que eu fiz pra eles foi que tipo de mudas eles plantariam. Eles me responderam que caberia a SOS Mata Atlântica. Depois que eu repassei o mail para alguns conhecidos um deles me respondeu rindo da minha cara dizendo que era spam e um outro questionava essa coisa toda de plantio de árvores e talz (sobre essa questão um dia volto a falar). Sobre a qualidade da ação boa parte do que eu falei no outro post se aplica aqui, não vou me repetir, ok?

Pronto, agora vou ter meu momento de Roberto Justus e vou dizer qual ação eu vou demitir! As duas! De verdade não sei qual era o objetivo da ação, não sei qual a idéia que a Vivo queria passar ou qual a missão foi dada para os grupos, mas a conclusão que se chega fácil é que ambos grupos queriam associar a imagem da Vivo com meio ambiente, sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e de verdade? Foi um desastre! Uma distribui brinde, a outra repassa spam!

Eu sei que o intuito da tarefa, do programa, do que mais isso tudo envolva não é ensinar ninguém a ser sustentável, nem o resultado dessa tarefa tinha que ser perfeito, mas sabe o que isso reflete? O tipo de profissionais que estamos formando, afinal esse não é o Aprendiz Universitário? Aliás, eu me pergunto que tipo de gente esse programa, ou o mercado quer, apesar de ser um programa de qualidade (pelo menos testa a inteligência das pessoas e não ficam todos cultuando o ócio alheio), eles repetem um padrão que hoje em dia eu me questiono se é o que eu quero para meus filhos (se um dia tiver algum), para mim ou para o mundo em que vivo. Se essa galera que está no Aprendiz Universitário serão os futuros diretores, CEOs e criadores de planos de marketing para as empresas, eu tenho medo que toda essa mudança que queremos demore ainda mais para acontecer, teremos que esperar mais uma geração para que as pessoas aprendam que devemos tomar um rumo diferente? Já questionei alguma coisa parecida antes e esse episódio com os Aprendizes me fez pensar no assunto mais uma vez depois de rever alguma coisa do programa no Youtube. Até quando nosso objetivo vai ser sempre mais? Mais poder, mais dinheiro para consumir mais, para ter e parecer mais?

O que eu realmente espero da Vivo para o Futuro não é que ela plante uma árvore por mim, mas sim um mundo em que ela não me ligue para perguntar se eu quero um novo aparelho de celular mas pra, no máximo, dizer que eu posso baixar a nova versão de um software pela Internet, para ter um aparelho melhor sem precisar comprar um novo e gastar mais energia, matéria-prima, água e mão-de-obra barata para produzi-lo. O melhor seria mesmo se ela me dissesse que quanto mais tempo eu ficasse com meu aparelho mais descontos eu teria na conta.

Nota: Pra preservar os Aprendizes achei melhor não revelar seus nomes, vai que por causa desse post o Justus resolve demití-los? 😉 Ahaha

Vivo e a sustentabilidade

A Vivo começou com seu novo posicionamento: Vivo para o futuro. Ela resolveu anunciá-la com uma ação em São Paulo realizando abraços simbólicos a árvores, distribuição de ecobrindes e camisetas no intuito de conscientizar as pessoas a respeito da importância de conservar o ambiente em que vivemos, focando principalmente no desenvolvimento sustentável.

Abre parênteses (o que a distribuição de ecobrindes, camisetas e abraços em árvores ajuda na conscientização das pessoas?) Fecha parênteses.

Fui convidada a escrever sobre essa ação da Vivo que aconteceu e como pra mim ela não tem nada de sustentabilidade, achei melhor falar das ações publicadas no site dela sobre o assunto. Vamos lá…

Projetos da empresa sobre Responsabilidade Socioambiental: (comentários meus em itálico)

Recicle seu celular e Coleta de baterias: Programa visa a coleta, descarte e a reciclagem de aparelhos. Em 1999 eles começaram recolhendo baterias e no ano passado (junho de 2008) ampliaram a coleta de celulares para todas as lojas da sua rede. Já foram recolhidos 1,5 milhão de itens que tiveram um destino adequado.
Apesar de não ser a produtora dos aparelhos e não ser esse o produto dela, ela se preocupou com a sua cadeia de valores e assumiu uma responsabilidade que deveria ser das empresas de celulares, ponto pra Vivo. Pra ser chata ao quadrado só preciso ver os certificados de recebimento das empresas que deram o destino correto aos aparelhos.

Colorindo o ambiente Vivo: Atua desde 2005 na implantação da coleta seletiva de materiais recicláveis gerados pelas atividades e serviços da Vivo em todas as suas filiais e centrais de distribuição.
Óbvio e necessário para qualquer empresa hoje em dia, quem não faz isso ta mais que atrasado, é o mínimo que qualquer pessoa (física ou jurídica) deveria fazer para começar a ter uma vida mais sustentável, dar destino correto para seu lixo.

Semana do Meio ambiente: É uma semana de ações ambientais, que ocorre de forma simultânea em todos os Estados onde a Vivo atua, para comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente e sensibilizar a empresa para a questão ambiental.
Legal, mas não pode deixar pra lembrar os funcionários que meio ambiente é só no dia do meio ambiente, é pra agir todo dia e toda hora não só na “semana do meio ambiente”.

Os outros projetos são: Reciclando Mentes, Transformando com Arte a Vida, Integrando o Meio Ambiente à Vida, Florestinha e Reflorestamento Vivo. Tirando o primeiro, Reciclado Mentes, que visa dar noções de meio ambiente para colaboradores, todos os outros projetos pouco ou nada tem a ver com a instituição de fato. Ou seja, é um serviço social que a empresa presta para a comunidade externa sem qualquer vínculo ao serviço que ela presta. Isso pra mim é serviço do governo, de ONG, de Oscip, etc Esse negócio de querer vincular sua imagem forçosamente ao meio ambiente não me convence. Quer patrocinar projetos relacionados ao assunto, ótimo, mas não diga que é um projeto seu, porque pra mim é forçar a barra.

Além desses projetos a Vivo também tem o Instituto Vivo. No Instituto eles possuem 4 projetos: Rede Vivo Educação, Rede Vivo de Inclusão Social, Rede Vivo de Voluntariado, Rede Vivo de Gestão Social. Pra falar a verdade eu não tenho uma opinião formada sobre a ideia das empresas montarem seus próprios institutos, fundações. Acho bem interessante, mas não conheço nenhuma efetivamente pra dizer se é um caminho a ser seguido sempre. Acho mesmo que o importante é não perder a identidade da empresa em qualquer situação, acho que não tem nada a ver a Vivo plantar floresta e dar educação ambiental, pra mim o que teria tudo a ver com a ela seria educação para o consumo, afinal até quando eles vão ficar incentivando todo mundo a troca de telefone todo ano? O que pra ela não faz diferença nenhuma se o serviço que ela oferece independe do modelo do celular? Desafio a Vivo, ou qualquer outra operadora de celular, a lançar uma campanha para as pessoas permanecerem mais tempo com seu aparelho velho. Quero ver! (Uma ótima ideia para meu novo post da série Futuro)

A Vivo ainda tem um longo caminho a ser percorrido para a sustentabilidade (como qualquer outra empresa). Pra começar acho que ela poderia se preocupar em oferecer um serviço de melhor qualidade para seus usuários (como todas as empresas operadoras de celular), todos os dias tem alguém com alguma reclamação e isso não é nada sustentável. Mas se ela realmente está preocupada em ser a “operadora da sustentabilidade” sugiro começar melhor do que uma ação de distribuição de ecobrindes, alguns dos seus projetos de responsabilidade socioambiental já são bem melhores do que isso.

Nota: Me convidaram para escrever sobre o evento da Vivo, só que na realidade esse evento nunca foi da Vivo, essa ação fazia parte de uma das provas do Aprendiz Universitário. Lógico que não me confirmaram isso, mas um outro evento parecido também aconteceu, vou explicar melhor no próximo post. Aguardem!