Queria peitão, mas ganhou infecção!

O FATO

Conhece essa moça na foto aqui embaixo?

Sheyla Hersey, que tem sobrenome de chocolate, é mais uma vítima da vaidade desnecessária. Só para se ter uma ideia, Sheyla já entrou na faca umas 30 vezes fez cerca de 30 cirurgias plásticas!

Essa moça, que tem entre 28 e 30 anos (as fontes não estão de acordo), queria colocar cerca de 4L de silicone em cada seio. O que?! Já imaginou, uma mulher com OITO LITROS DE SILICONE!?

Sheyla, que é brasileira, vivia no Texas (EUA) mas fez a cirurgia aqui no Brasil. Isso porque lei do Texas não permitia que ela fizesse um implante maior do que o que ela tinha na época. O resultado dessa brincadeira dessa obsessão? Uma infecção por Staphylococcus e Streptococcus! Ela, com isso, pode ter que remover os seios – além de estar correndo risco de morte em caso de bacteremia (bactérias no sangue) – o que pode levar a uma infecção generalizada.

Segundo relatos da própria ao Programa do Gugu a mama dela aumentou 3 vezes de tamanho, ficou toda roxa e pus estava preto como Coca-Cola. A modelo pediu que, apesar de tudo, o médico deixasse a prótese.

“Sempre fui alertada por todos, médicos e familiares, e nunca dei ouvidos. Talvez, se tivesse prestado atenção aos conselhos, não estaria passando por essa situação. Estou com uma infecção gravíssima e tive que passar por ela para aprender que nada em excesso é bom”. E diz, ainda: “Percebi depois desse problema que não valeu à pena”

Já chega! Foi fofoca demais pr’um post só…

.

A CIÊNCIA POR TRÁS DO FATO: um pouquinho sobre estreptococos, estafilococos, isolamento, MRSA e infecções hospitalares

Eu, sinceramente, não entendo o que esse povo tem na cabeça pra ficar fazendo cirurgia plástica a torto e a direito como se não houvesse o menor risco de infecção.

Os estafilococos e os estreptococos são habitantes comuns no nosso corpo. Os estreptococos vivem na pele, mucosas, tratos digestório e respiratório superior. Dentre os estafilococos duas espécies são bastante comum em humanos: o Staphylococcus epidermidis, não patogênico e que encontrado na pele e nas mucosas; e o S. aureus que é mais comumente associado a condições patológicas  (e.g.: furúnculos, acnes, penumonia, meningite).

É comum também isolarmos os estafilococos das vias respiratórias, sendo que, estatística indicam que cerca de um terço da população mundial parece ter o S. aureus vivendo na nasofaringe. Este que vou fala é um desses portadores. Isso mesmo, eu tenho S. aureus no meu nariz! Como eu sei? >>>Nas aulas práticas de microbiologia fiz o isolamento da bactéria em Ágar Manitol Hipertônico (apresentou crescimento e fermentação com alteração da coloração do meio de roseo para amarelo), e em seguida fiz os testes da Coagulase e da DNAse (ambos deram positivos).

Essas bactérias vivem tranquilas e em equilíbrio com seu hospedeiro… Mas, então, por que é um motivo tão grande em casos de infecções hospitalares, como o modelo que citei acima? Isso decorre de dois principais motivos: 1)os pacientes muitas vezes estão imunocomprometidos ou foram submetidos a procedimentos cirúrgicos; e/ou 2) nos hospitais geralmente estamos em contatos com linhagens que possuem diversos fatores de virulência, que as tornam mais perigosas que as que normalmente vivem em simbiose conosco.

O problemas das infecções hospitalares é antigo, e decorre do aumento da resistência bacteriana aos antibióticos de uso rotineiro. Dentre as linhagens mais problemáticas isoladas em infecções hospitalares está o MRSA (do ingles, methicilin-resistant S. aureus).

Estafilococo, bactérias esféricas, Gram-negativo, que crescem em grupamentos que se assemelham a um cacho de uva

Os MRSA foi descoberto na década de 70, e naquela época, era relativamente fácil de ser tratado. Mas os anos se passaram, somados à exposição irresponsável a uma ampla gama de antibióticos, e sob a ação da seleção natural (aproveita e dá uma lidinha nesse meu outro post AQUI)… o resultado? O MRSA não só é resistente ao antibiótico meticilina, como a muitos outros. Isso torna o tratamento muito mais complicado, pois a gama de antibióticos vai ficando cada vez mais restrita, sem contar que corremos o risco de que outros microrganismos resistentes sejam selecionados.

Uma das alternativas que os hospitais possuem para tentar contornar essa situação é o rodízio de drogas. Nesta prática, os antibióticos sofrem uma rotação (ou seja, saem de uso) de tempos em tempos para evitar uma grande exposição das bactérias a esses antibióticos de última escolha (ou seja, que só são utilizados em último caso).

.

LINKS QUE VALEM A PENA SEREM LIDOS

Fatores reguladores da virulência de Staphylococcus aureus, no Química Viva

S. aureus vs S. Epidermidis, no BioUnalm

Fighting bacteria with bacteria, no Not Exactly Rocket Science

Como funciona o MRSA?, no Como tudo Funciona (How Stuff Works)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *