Descubra em 7 tópicos como a desinformação e a manipulação de informação podem influenciar o seu voto e impactar a democracia.
Não é novidade para ninguém que a desinformação é um problema. Para o nosso azar, aqui no Brasil passamos por um período de trevas em que ela era disseminada pelo próprio governo federal, durante a pandemia da Covid-19.
Se você acha que o pior já passou, tenho más notícias:
O risco de eleger políticos (neo)fascistas só aumentou na era digital. Esses sujeitos entenderam como os algoritmos funcionam e hoje dominam as redes sociais. Ao invés de focar em propostas reais, eles usam a desinformação, criam polêmicas absurdas, espalham desconfiança nas instituições e, o pior de tudo, propagam discurso de ódio. Isso gera engajamento, mas coloca em risco a nossa democracia.
Por esses motivos, a vida do eleitor está bem complicada. Ele precisa navegar por um monte de informações, ter muita esperteza para entender as reais intenções desses políticos e o perigo que eles trazem para a democracia.
Aqui, vou te mostrar em 7 tópicos como essas manipulações afetam nossa vida, influenciam nosso voto e por que é tão importante ficar ligado e bem informado para não cair nessas armadilhas.
Conheça os 07 Tópicos como a manipulação da informação afeta o seu voto:
- Manipulação do voto
Notícias falsas podem influenciar as pessoas a tomarem decisões erradas nas eleições, distorcendo o verdadeiro sentido do voto.
Quando somos levados a acreditar em informações enganosas, nosso voto deixa de ser uma escolha autêntica e vira uma manipulação de quem está por trás dessas mentiras. Isso não só afeta o resultado das eleições, mas também abala a confiança no sistema democrático, desvalorizando o poder do voto.
O impacto se estende além das urnas, comprometendo a legitimidade das instituições que deveriam nos representar, ameaçando assim o equilíbrio e a solidez da democracia.
- Desconfiança nas Instituições
Boatos sobre fraudes eleitorais, manipulação de resultados ou falta de segurança nas urnas eletrônicas durante as eleições podem causar uma desconfiança gigante entre os eleitores.
Esse tipo de desinformação enfraquece não só a credibilidade das eleições, mas também nos faz questionar se os resultados são legítimos, como vimos nas eleições dos Estados Unidos em 2020 e nas do Brasil em 2022.
O aumento da suspeita de fraudes e das teorias conspiratórias resultaram em ataques ao sistema democrático em ambos os países (Capitólio, nos EUA e Praça dos Três Poderes, no Brasil).
- Polarização e conflito
A desinformação pode ser usada para aumentar a polarização, ou seja, criar divisões e intensificar conflitos entre grupos políticos opostos. Isso faz com que o debate público fique mais tenso e menos racional, dificultando o diálogo e a busca por acordos.
Além disso, a polarização deixa a esfera pública mais agressiva e menos aberta a conversas construtivas, o que dificulta encontrar soluções conjuntas para problemas coletivos.
No fim, a sociedade acaba se fragmentando, o que compromete a qualidade das discussões e enfraquece a democracia.
- Discurso de ódio digital
A informação enganosa pode ser uma arma poderosa para espalhar ódio e violência contra grupos historicamente marginalizados, como mulheres, pessoas negras e LGBTQIAPN+. Muitas vezes esses grupos são alvos de campanhas coordenadas que usam informações enganosas ou falsas para atacar e diminuir suas vozes.
Isso não só aumenta o discurso de ódio digital, mas também afeta a capacidade dessas pessoas de participar ativamente da sociedade, seja em espaços de poder, na política, no jornalismo ou na defesa de direitos humanos, como destaca Nina Santos, diretora do Aláfia Lab.
- Desmotivação eleitoral
Falta de confiança nos processos, promessas vazias e campanhas focadas mais em brigas do que em propostas concretas desmotivam muita gente a votar. Essa falta de engajamento acaba minando a legitimidade das eleições, criando um ciclo perigoso: menos eleitores participam da eleição, o que gera ainda mais apatia e desconfiança no sistema.
No 1º turno das eleições de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que 31 milhões de pessoas não votaram, o que representa 20% do eleitorado. O maior percentual de abstenção desde 1998.
- Enfraquecimento da imprensa
Hoje em dia, com tanta informação disponível e a desinformação se espalhando nas redes, principalmente com fake news (1), muita gente acaba confusa e já nem sabe mais em quem confiar, começando a desacreditar de tudo.
A imprensa, que é super importante para a democracia porque fiscaliza, informa e dá voz à sociedade, também vem perdendo credibilidade. Isso acontece tanto pelos seus próprios erros (intencionais ou não) quanto pelo surgimento de novos “jornalistas” nas redes, que nem sempre são éticos e profissionais, diga-se. E quando a imprensa é enfraquecida, o direito à informação correta, que é um Direito Humano (Artigo 19, DUDH), também é atacado — e, no fim, a democracia fica em risco.
- Enfraquecimento do debate público
Quem cria desinformação usa narrativas falsas para desviar a nossa atenção do que realmente importa para a sociedade. Isso cria uma “cortina de fumaça” que deixa o debate confuso e polarizado, dificultando a tomada de decisões acertadas.
Esse tipo de manipulação é feito não só por humanos, mas também com a ajuda de ferramentas artificiais, como robôs (bots) e impulsionamento pago de conteúdo. O objetivo deles não é resolver problemas ou chegar a um consenso, mas sim nos manter ocupados com discussões inúteis, o que enfraquece e empobrece o debate público e democrático.
Conclusão
A desinformação não é apenas um problema passageiro, mas uma ameaça real e contínua à democracia. Quando informações falsas distorcem nossas decisões, o debate público se fragmenta e a confiança nas instituições se desfaz, a base da nossa sociedade democrática é profundamente abalada. Para proteger nossa capacidade de fazer escolhas conscientes e manter a integridade de nossas instituições, é essencial que tenhamos acesso a informações factuais e não a versões ficcionais dos fatos.
É preciso enfrentar a desinformação, não só aprendendo a reconhecer as formas em que ela é produzida, mas também combatendo os seus produtores, gente com muito dinheiro e estrategicamente posicionada social e politicamente. Só assim poderemos esperançar uma democracia forte e representativa para todos.
Para saber mais:
- Sobre a diferença entre Fake News e Desinformação, leia o 1º texto desta série.
BUCCI, Eugênio. Pós-política e corrosão da verdade. Revista USP, (116), 19-30. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i116p19-30. Acesso em 04/09/2024.
GRUTZAMANN, Lidiane; SCHILLING, Flávia. A desinformação e os discursos autoritários: A democracia ameaçada e o desafio à educação. Linguagens, Educação e Sociedade, v. 27, n. 54, p. 170-198, 2023. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/lingedusoc/article/view/3878. Acesso em 04/09/2024.