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Qual a diferença entre urgência e emergência?

Urgência e emergência: estados completamente diferentes

É praticamente impossível que você nunca tenha ouvido a seguinte frase: “vamos logo com isso, é urgente!!”, correto? E provavelmente você deve ter pensado “caramba, mas tudo é urgente” enquanto corre para resolver mais uma das tantas situações urgentes do nosso dia-a-dia.

Pois saiba que este estado de urgência é muito mais positivo do que você imagina, se utilizado e entendido corretamente, e pode inclusive nos fazer tomar decisões muito melhores para nossa vida! 

Emergência

Para começar, precisamos saber do ponto mais importante: o resultado da emergência é SEMPRE negativo. Sempre mesmo! Independente da quantidade de esforços que aplicarmos, do quanto nos dedicarmos… se a situação chegou ao ponto de ser uma emergência, o seu “saldo” sempre será negativo.

Para entender isso, podemos usar o exemplo prático de um incêndio. Se um incêndio começar, mesmo que consigamos encerrá-lo bem no começo, o saldo será negativo. 

Outro fato que pesa no resultado da emergência é o fato de que temos de gastar muita energia e recursos para tratar uma emergência (e já sabemos que o resultado será negativo!). Já o resultado de uma situação em estado de urgência tem uma relação direta com o nível de esforços que empregamos em seu tratamento e com o tempo em que atendemos esta urgência. Isso significa que, sim, o “saldo” de uma situação urgente pode ser positivo!

Exemplos

Usando o mesmo exemplo de um incêndio: se vamos morar em uma casa e vemos que a sua instalação elétrica está sobrecarregada, temos em mãos uma urgência! Se atendermos esta urgência temos os seguintes resultados:

  • O resultado será proporcional aos recursos utilizados (quanto melhor a ação, melhor o resultado);
  • Temos possibilidade de planejar, justamente por estarmos em urgência e não em emergência;
  • Evitamos que o evento se transforme em emergência!

Agora que começamos a entender este contexto, podemos trazer mais um exemplo prático, desta vez na saúde pública: recém passamos por uma emergência sanitária de importância internacional, que foi a pandemia de covid-19 (pandemia esta que não acabou, só deixou de ser uma emergência!).

Neste período vimos e sentimos o impacto que uma emergência em saúde pública pode ter: foram mais de sete milhões de óbitos no mundo todo em quatro anos, fora a quantidade enorme de hospitalizações e de pessoas não totalmente curadas. 

Esta situação virou emergência no momento em que ocorreu a transmissão sustentada do SARS-CoV-2 de humanos para humanos, mas ela era urgente desde muito antes, pois sabíamos do mal que estávamos (e estamos) fazendo ao meio ambiente e também sabíamos das mutações que o vírus vinha sofrendo em morcegos e outros animais.

Aí vem mais uma pergunta: E por que então não atuamos na urgência, antes de se transformar em emergência? A resposta é, infelizmente, simples de dar e complexa de resolver:

A emergência é facilmente visível e identificável, enquanto a urgência não. Para detectarmos que uma situação é urgente, precisamos pesquisar, entender e, principalmente, comunicar esta urgência de uma forma que ela passe de “difícil de ver” para “óbvia”. 

Urgência e emergência: como estas situações surgem?

Vimos até agora as principais diferenças entre o estado de urgência e o estado de emergência, e também vimos que é difícil gerar este chamado “senso de urgência” nas pessoas ao nosso redor para tratarmos a situação no momento mais oportuno.

Pois bem, vamos direto ao ponto:

A emergência está intrinsecamente relacionada com a desorganização e com a falta de ação! Isto quer dizer que, se vamos vivendo “aos trancos e barrancos”, sem organização, sem pensar muito nos riscos do que vamos fazer e sem ter um plano, aumentamos a probabilidade de “toparmos” com uma emergência ao virar a esquina.

Esta sequência de “vamos deixar rolar” e “depois a gente vê” inicialmente pode nos levar a uma situação de urgência que, conforme já conversamos no texto anterior, é uma situação que não é facilmente visível, precisa ser identificada e muito bem comunicada para que seja reconhecida.

Aí, se já estamos vindo de uma sequência de desorganizações, é provável que não tenhamos esta identificação e comunicação e, pronto! Temos nossa emergência.

Outro ponto super importante que corrobora com todos estes problemas de uma emergência é o fato de que ela tem o poder de nos colocar em pânico e, como eu sempre digo, o pânico nunca salvou nenhuma vida. Esta sensação de pânico nos deixa mais desorganizados ainda e cria um ciclo vicioso onde os resultados vão sendo cada vez piores. 

“Tá, mas e o que eu faço?”

Começamos reconhecendo as pequenas vitórias. Muitas vezes, o melhor resultado de uma urgência bem tratada é que nada acontece, e isso deve ser celebrado!

Eu sempre dou o seguinte exemplo: quando tomamos uma ação para evitar um problema como, por exemplo, segurar firme no corrimão para descer uma escada, o que acontece? Nós não nos machucamos! Não recebemos uma notificação em nosso celular dizendo “parabéns, você acabou de evitar uma queda”. Sendo assim, cabe a nós reconhecermos estes momentos e deixar isso explícito tanto para nós mesmos quanto para as equipes com as quais trabalhamos!

Outra coisa importantíssima é comunicar a necessidade de saída da inércia, ou seja, a mudança do estado atual de “não fazer nada”. Precisamos comunicar muito bem esta urgência, e essa comunicação fica menos difícil de ser feita quando quebrada em pequenos marcos de entrega, com o reconhecimento destas pequenas vitórias em cada um destes marcos. 

Ao identificarmos a situação de urgência, podemos criar listas com as ações necessárias, e ao recompensarmos e reconhecermos a entrega de cada uma destas ações, vamos criando o tal senso de urgência que tanto precisamos. Inicialmente, a desorganização pode levar a uma urgência. E, como vimos, as urgências são difíceis de identificar e precisam ser comunicadas com clareza. Ao identificarmos e agirmos sobre as urgências, podemos, de fato, evitar mais emergências.

Resumindo

A urgência é, muitas vezes, invisível. Para reconhecê-la, precisamos de pesquisa, compreensão e, acima de tudo, comunicação clara. A emergência, por sua vez, é facilmente reconhecida e gera um pânico que nunca ajuda. O segredo está em agir na urgência, evitando o ciclo vicioso da desorganização que frequentemente leva à emergência.

Para evitar emergências, precisamos reconhecer as pequenas vitórias de cada ação que tratou uma urgência. Muitas vezes, nada acontece, e é isso que deve ser celebrado! Além disso, é essencial comunicar a necessidade de ação e celebrar os pequenos marcos que constroem o senso de urgência. Ao identificarmos e agirmos sobre as urgências, podemos, de fato, evitar mais emergências.

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