Bicarbonato de sódio NÃO cura o câncer

Atualização 08/07/09: Leia depois o post sobre o trabalho que comprova a eficácia do bicarbonato contra metástase. Mas nada de cura ainda, e muito menos de fungos.


Mais uma cura para o câncer foi achada!
Agora é o bicarbonato de sódio. Simples e barato. O sonho de qualquer doente. Por isso mesmo devemos desconfiar. É o tradicional “quando a esmola é demais o santo desconfia”.
O médico Tullio Simoncini chama atenção pela simplicidade do tratamento que criou.
Segue aqui um trecho do spam que flutua pela internet:

“O médico observou que todo paciente de câncer tem aftas. Isso já era sabido da comunidade médica, mas sempre foi tratada como uma infecção oportunista por fungos – Candida albicans.
Esse médico achou muito estranho que todos os tipo de câncer tivessem essa característica, ou seja, vários são os tipos de tumores mas têm em comum o aparecimento das famosas aftas no paciente.
Então, pode estar ocorrendo o contrário – pensou ele. A causa do câncer pode ser o fungo. E, para tratar esse fungo, usa-se o medicamento mais simples que a humanidade conhece: bicarbonato de sódio.
Assim ele começou a tratar seus pacientes com bicarbonado de sódio, não apenas ingerível, mas metodicamente controlado sobre os tumores.
Resultados surpreendentes começaram a acontecer. Tumores de pulmão, próstata e intestino desapareciam como num passe de mágica, junto com as Aftas. Desta forma, muitíssimos pacientes de câncer foram curados e hoje comprovam com seus exames os resultados altamente positivos do tratamento.”


O fungo causando o câncer. Alias, TODOS os tipos de câncer.
Bom, seria simples verificar pelo menos a presença do fungo ou de seus produtos nos tumores. Não sei se alguém já fez isto, mas é algo que o médico que propõem o tratamento deve ter feito. Deve ter feito testes em ratos e camundongos. Deve ter identificado como o fungo causa mutação no DNA das células do tecido atacado.
Não, nada disso foi feito. Mesmo em seu site o médico, que pelo que pude averiguar não é mais médico pois teve seu registro cassado, não realizou nenhum estudo minimamente cuidadoso. Não testou em animais, não tem uma lista confiável para acompanhamento de pacientes tratados, ou seja, ele e seu tratamento vivem à margem da medicina.
O pior de tudo é que ele nega veementemente o fato do câncer ser uma doença ligada ao DNA, sendo que sabemos hoje que esta é a base de sua origem. Não existe mistério nenhum aqui, como Simoncini afirma existir. Uma prova simples é a síndrome Li-Fraumeni, que faz a pessoa ter câncer muito mais cedo que a maioria da população por possuir uma cópia (alelo) a menos de um gene importante na regulação da célula. Os filhos de pessoas com a síndrome também têm maior chance de desenvolver câncer prematuramente. Isso prova que o câncer é sim ligado à genética.
Mortes pelo tratamento
Encontrei aqui neste site acusações mais sérias, dizendo até que uma pessoa tratada por este médico na Holanda morreu em decorrência ao tratamento.
E fechando com chave de ouro, veja se um médico que se diz injustiçado e busca reconhecimento pela seriedade deveria colocar em sua página fatos como este no seu perfil: “Quando estudante no colegial e na faculdade, suas habilidades musicais o levaram a formar bandas que fizeram shows pelo centro da Itália”.
Bandas? Ah… que bom. Informação muito pertinente.
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Atualização 08/07/09: Leia depois o post sobre o trabalho que comprova a eficácia do bicarbonato contra metástase. Mas nada de cura ainda, e muito menos de fungos.

Fones de ouvido atrapalham marcapasso cardíaco

marcapasso-pod
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Sua música pode valer sua vida!

Ok, nada de alarde exagerado, mas os fones de ouvido, mesmo desligados, podem interferir nos marcapassos ou mesmo nos desfibriladores implantados.
Esses desfibriladores são miniaturas daquela máquina de choque para ressucitação que aparece muito em filmes. Quando percebe que o coração está tendo uma parada, ele libera automaticamente uma descarga elétrica para manter o coração batendo.

O problema é quando os fones estão próximos ao peito, pendurados ou em bolsos de camisa. Quem usa marcapasso pode não sentir nada ou apenas uma palpitação. O perigo maior é com esses desfibriladores que podem ser inativados temporariamente. Se por azar o paciente precisar da descarga elétrica bem nesse momento, a conseqüência pode ser perigosa.

O trabalho, apresentado no congresso American Heart Association por William Maisel, testou 27 pessoas com marcapassos e 33 com desfibriladores. A interferência aconteceu em um quarto dos pacientes pela proximidade dos fones.

“Groove is in the heart” é o que diz a música, mas os fones é bom guardá-los no bolso.

Vi na Wired

Maconha boa para memória


Calma gente. Só funcionou em ratos e em pouca quantidade. Nada de usar como desculpa esfarrapada.
O trabalho foi apresentado pelo pesquisador Yannick Marchalant no congresso da Society for Neuroscience.
Uma substância ativa parecida com a da maconha, o THC, em doses controladas, diminuiu a inflamação que causa Alzheimer, e estimulou a produção de proteínas ligadas à memória.
Cuidado com a auto-medicação. Vai fumar? Consulte seu psiquiatra.
Vi na Wired

Nova proteína fluorescente. Procuram-se artistas

Brilha brilha proteina
Brilha brilha proteína

Essa idéia de usar uma proteína de água-viva e usá-la para visualizar o que acontece num animal ou numa célula é importante. Senão não ganharia um Nobel como ganhou este ano. Não que a idéia em si vai curar o câncer ou a aids, mas tem facilitado os estudos nessas e muitas outras áreas.E está se desenvolvendo.

Agora tem essa linha nova de proteínas de todas as cores do arco-iris (antes era só verde, vermelho e amarelo), e com um sistema mais sofisticado. Bacana. Dá pra seguir outras proteínas conjugadas a ela pelo animal ou célula. Tem até possibilidades em computação.

Mas tá faltando um artista pra brincar com essa coisinha. Olha a foto que os caras me poem na divulgação dessa tecnologia. Excelente para uma criança de 5 anos.

Qualquer coisa chamem o Eduardo Kac, esse é féra!

Se o Radiohead fez, porque não os conservacionistas?


Não preciso dizer aqui sobre o tal do carbono e o rastro que todos nós, consumidores vorazes, deixamos deste elemento no ambiente em que vivemos (para mais veja nos blogs especializados Ecodesenvolvimento e Rastro de Carbono).
Mas esse “ecochatismo” às vezes me irrita. Mas só às vezes, e depois passa. É que eu que adoro a banda Radiohead e sempre quis presenciar um show ao vivo dos caras vou ficar a ver navios (ou aviões no caso). A banda não fará mais viagens de avião para reduzir seus rastros de carbono.
E O MEU SHOW AQUI NO BRASIL COMO FICA?!?!?!
Mas tudo bem, passada a raiva de momento eu respiro fundo (enquanto ainda há ar para respirar) e devo concordar com os caras. Avião é uma das coisas que mais pesa nas contas de carbono de uma pessoa, podendo triplicá-las.

Daí esbarrei numa carta na NATURE de um pesquisador da área de biologia conservacionista dizendo que em sua área de estudo a maior parte dos pesquisadores estão em universidades no hemisfério norte, e as áreas de estudo e coleta, o que chamamos de “campo”, estão nos países ao sul do equador, nos países em desenvolvimento. Assim, os estudiosos gastam toneladas de combustível nesse vai-e-vem para coleta de dados ou congressos. Chegam a gastar 10 vezes mais carbono do que a média de seus conterrâneos.
Claro que um executivo de empresa gasta bem mais que isto. E podemos pensar também que a pesquisa realizada nessa área de conservação pode trazer benefícios maiores que os gastos do pesquisador.
Mesmo assim, reduzir é uma boa idéia. Não parem as pesquisas, por favor, mas incentivar pesquisas locais em áreas privilegiadas, estimulando pesquisadores locais e treinamento in loco pode ajudar. Também não se proíbam viagens, mas em menor número e com maior tempo de estada seriam meios de contribuir para dar o bom exemplo.
E não desconsideremos a tecnologia. Videoconferências e afins podem dar uma mão também.
E falando em tecnologia, sem show ao vivo eu me contento com o Youtube mesmo, afinal nem os DVDs são indicados por serem de plástico. Ou será que eu estou exagerando no ecochatismo?

Espirro de ratos

aaaAAAAAHHHH... TCHIM!!!!!
aaaAAAAAHHHH... TCHIM!!!!!

Lá vai uma informação pseudo-inútil: foi dito durante uma palestra, na qual estava presente, que um espirro de rato pode atingir 1,20 metros!
Legal né, mas e daí?
Eu chamei de pseudo-inútil porque não tem utilidade pra gente, mas pra quem trabalha com animais de experimentação é importante. Principalmente em biotérios, que é onde se cria e se mantém os animais utilizados em pesquisa.
Um animal doente pode infectar outros, e saber o raio de ação de um agente infeccioso transmitido pelo ar é importantíssimo no controle da saúde de toda a bicharada.
Já pra quem não trabalha diretamente com isto, esta informação pode ser interessante em algum jogo de mesa de bar com perguntas e respostas esdrúxulas: Quão longe vai um espirro de rato? 1,20 metros é a resposta.

As melhores imagens da Antartida


Neste site há 32 das mais belas fotos de vários anos. Fantástico.
A Antartida é o continente científico por exelência. Afinal, só podem ir para lá pesquisadores. Poucos jornalistas também foram, mas a atividade principal realizada no frio continente é a pesquisa científica. Estuda-se a biologia dos animais vivos e mortos, pois há  fosseis também. Mas o maior destaque hoje em dia tem relação com o aquecimento global, pois este continente intocado diretamente pelo homem tem sido o termômetro do planeta.
Mas só a beleza inóspita já instiga sonhos de poder explorá-lo. Alguém topa escrever um projeto de pesquisa só pra poder por o pé lá?

Entendendo a ligação do Sol, do envelhecimento e do câncer.


Hoje é dia de campanha nacional de combate ao câncer de pele. Mas não se acha em nenhum lugar como que a luz pode causar um crescimento descontrolado das células, afinal o câncer é isso aí. Não se acha em linguagem acessível, eu quero dizer.
A pessoa que não é da área da saúde, sabe como a luz do Sol pode afetar o destino de nossas células?
A radiação UV é uma das várias ondas presentes na luz branca, e tem uma quantidade de energia grande. Essa energia toda pode ser transferida para outras moléculas sensíveis a luz. Isso pode gerar radicais livres, que são moléculas de oxigênio que uma molécula libera quando recebe energia extra, por exemplo, da luz UV. Esse oxigênio é muito instável, e ao tentar se estabilizar, ele rouba energia de outras moléculas e as desestabilizam. E se estas moléculas atacadas estiverem formando uma membrana ou uma fita de DNA os danos acontecem.
O DNA pode ser atacado diretamente.
A luz UV pode jogar sua energia diretamente nas bases de DNA. Com essa energia extra, duas bases timidinas podem se unir e assim as proteínas que lêem o DNA param ali, atrapalhando a fabricação normal do produto daquele DNA.
Com tantas células e tanta luz (pois mesmo essa luz de lâmpadas frias irradia UV), é impressionante que não tenhamos um câncer por dia. Mas as células têm mecanismos de reparo. Proteínas que percorrem o DNA, e ao encontrar estes dímeros de timidina o retiram e recolocam duas timidinas normais.
Sol e o pé-de-galinha
Claro que, em sistemas biológicos, nada é perfeito. Uma hora esse sistema falha e a mutação fica.
Quando uma célula acumula algumas mutações importantes, ela passa a se comportar de um jeito diferente do normal. A própria célula, as suas vizinhas, ou o sistema imune, podem detectar esta mudança e fazer com que ela pare de se dividir e gerar outras células. Assim, estas mutações não seguem em frente nas células-filha. Mas um tecido com muitas células paradas não se renova. Se um pedaço da pele se dobra muito, ele precisa ser elástico, suas células tem que produzir colágeno, elastina, e trocar as células frequentemente para manter a estrutura daquela região. Mas se as células estiverem paradas, por causa dos freios impostos pelas mutações, aquele tecido não se renova. Envelheceu. Este é o princípio do pé-de-galinha ou qualquer marca de expressão, as famosas rugas.
Mas e o câncer?
E se essa mutação for bem num gene que produz uma proteína que controla as divisões da célula, que controla seu ciclo celular ou o próprio sistema de reparo do DNA? Aí temos um passo para a formação do câncer.
Digo um passo porque são necessárias mais de cinco mutações para se ter um câncer. Mas não se engane, temos várias células que já podem ter acumulado um bom tanto de mutações e estão só esperando pelo próximo banho de Sol.

Escreva o epitáfio da Phoenix


A sonda Phoenix da NASA foi uma das sondas mais bem sucedidas em solo marciano. Descobriu água por lá, finalmente! E ainda envia dados meteorológicos. Hoje a máxima é de -46 e a mínima é -86 graus célsius, e tempestade de areia por todo o período.
Pois é, mas tudo tem um fim, e as baterias do robozinho estão se exaurindo.Pena não ser ela a própria fênix mítica, para renascer das cinzas marcianas.
Mas para que sua morte seja homenageada, a revista WIRED lançou um concurso: Escreva um epitáfio para a Phoenix e ganhe Prêmios!
É só entrar no site e escrever o epitáfio no melhor estilo Twitter (ou seja, até 140 caracteres).
Boa sorte, e vá com deus.

Salve a macacada alemã!

Pesquisador e pesquisado em Bremen
Pesquisador e pesquisado em Bremen

Olha a briga. A pesquisa com animais na Alemanha é permitida, mas a cidade de Bremen decidiu que os pesquisadores locais não façam mais seus experimentos em primatas. O pesquisador local, o neurocientista Andreas Kreiter, usa 24 macacos para estudar processos cognitivos. Ele grava a atividade de meuronios no cérebro dos macacos enquanto eestes realizam comportamentos específicos. Isso não pode ser feito em outros animais como camundongos, e é necessário que se utilize eletrodos dentro do crânio dos animais.

Que sempre tem gente querendo proibir esse tipo de pesquisa não é novidade. O que se estranha é que de uma hora para outra se mudem os valores morais e legais. Afinal uma comissão julgadora formada por cientistas e representantes de organizações de bem-estar animal analisou a pesquisa, e deram parecer favorável, dizendo que a pesquisa é cientificamente importante e que estava de acordo com as leis de proteção animal.
E agora o governo da cidade quer proibir a pesquisa dizendo que ela não vai ter resultados relevantes ou em tempo curto e que maltrata os animais. Simplesmente o oposto que disse a comissão ética.

O que mudou? A pesquisa, a ética, ou a prefeitura de Bremen que agora é comandada por uma coalizão social democrata + “Partido Verde” alemão?

Vi na Nature