Divulgação para fortalecer a ciência na América Latina

A América Latina representada pelo artista uruguaio Gustavo Wenzel  “All around this World Latin America” (s/ano) do Pinterest mostra a enorme  riqueza instrumental e musical
A América Latina representada pelo artista uruguaio Gustavo Wenzel
“All around this World Latin America” (s/ano) do Pinterest mostra a enorme
riqueza instrumental e musical

Por Germana Barata

 

A partir deste mês nosso blog, o Ciência em revista, passa a compor a Red Latino Americana de Blogs de Ciencia (Red LBC), inaugurando a presença do Brasil junto a um grupo de outros 20 blogs, todos em espanhol. Uma iniciativa que reúne iniciativas de divulgação da ciência de nossa América espanhola e brasileira! Ficamos muito animados com a possibilidade de fortalecemos, juntos, a divulgação de ciência nacional, de nações com perfis sociais, culturais e científicos mais semelhantes e com grandes possibilidades de colaborações.

Por incrível que pareça nossos cientistas citam pouco e fazem poucas colaborações internacionais com nossos hermanos vizinhos. Um levantamento de 5 anos de artigos indexados no Scopus (de acesso fechado), uma das maiores base de dados de publicações científicas do mundo, mostra que o Brasil publicou 248.121 artigos entre 2011 e 2015, dos quais apenas 11.763 (ou 4,7%) são fruto de colaborações com um ou mais países da América Latina ou Caribe (26 países). Por outro lado, em 10% dos artigos há co-autores dos Estados Unidos e em 3,7% apenas do Reino Unido.

Mesmo quando mudamos para um indexador latino como a Rede de Revistas Científicas da América Latina e Caribe, Espanha e Portugal (Redalyc) que reúne 1138 revistas, apenas 7,7% dos artigo são assinados em colaboração com países latino americanos. Esses números felizmente crescem muito nas coleções SciELO, onde 31,1% dos artigos de autores brasileiros contém parceria com autores de países da América Latina e Caribe.

Somos 595 milhões de pessoas que habitam 42 países da América Latina e Caribe! Embora tenhamos ainda realidades muito heterogêneas entre as nações, compartilhamos de histórias que tornam nossas realidades muito mais próximas entre si do que com países desenvolvidos. Neste cenário compartilhar o conhecimento científico que produzimos pode ser uma boa estratégia para fortalecer nosso sistema de ciência e tecnologia e social. Principalmente quando lembramos que boa parte dos artigos publicados em revistas brasileiras ou regionais muitas vezes interessam menos para o âmbito internacional do que para o nacional e regional. Assim, investir na disseminação deste conhecimento pode não apenas promover mais visibilidade para nossa América, mas também socializar o conhecimento de forma mais rápida para a sociedade, afinal boa parte da ciência que é feita e pensada tem como objetivo melhorar nossa compreensão de mundo e a qualidade de nossas vidas.

Lembrando que nesses 17 anos de SciELO e 11 anos de Redalyc, duas bibliotecas virtuais” de publicações científicas que atendem a América Latina e outros países falantes do espanhol e português, a qualidade das revistas científicas melhorou muito. Estabeleceu-se critérios de qualidade que cada vez mais pressionam as revistas a investirem em análises mais criteriosas de artigos, a estabelecerem equipes mais empenhadas para editar e avaliar os artigos que chegam, e a cuidarem da parte editorial da revista. Embora ainda haja muito trabalho a ser feito, sobretudo em relação a internacionalização de nossas publicações. Essa internacionalização é geralmente pensada em direção aos países desenvolvidos. Penso que devamos nos esforçar também em prol de mais colaborações e intercâmbios – também de nossas informações para a divulgação científica – entre países da América Latina e Caribe.

Quem sabe, com iniciativas como esta da Red LBC possamos também dar mais visibilidade e incentivar o debate entre nós sobre a ciência que praticamos. De nossa parte, certamente vamos abrir espaço em nosso blog para postagens que tratem também das revistas científicas latino-americanas de acesso aberto. Lembrando que o fato da maior parte de nossas revistas científicas serem de acesso aberto (gratuito) facilita seu compartilhamento pelas redes sociais e nos dá grande vantagem em relação aos conteúdos cujo acesso é limitado apenas aos assinantes (como nas bases de dados citadas anteriormente).

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