Por Germana Barata

Número de evangélicos no Brasil dobrou de 13 milhões em 1990, para 26 milhões em 2000. Hoje, 22% dos brasileiros se consideram evangélicos, ou seja 46 milhões de pessoas. Parte dessa mobilização está na competição e multiplicidade de religiões no Brasil que funciona como um mercado religioso. “No contexto de um ambiente religioso vigoroso, diversificado e competitivo, muitas igrejas atuam como verdadeiros empreendimentos”, afirmam Victor Corrêa e Gláucia Maria Vasconcellos, ambos da PUC-MG em artigo publicado na última edição da Revista de Administração Contemporânea.
Corrêa e Vasconcellos trazem nesta análise uma analogia entre religião e mercado, no qual as igrejas passam a funcionar como empresas religiosas que lidam com consumidores religiosos, a chamada Escolha Racional da Religião. “Quanto mais secularizada for a sociedade e menos regulamentado for o ambiente religioso, mais pluralista, diversificada e competitiva será a oferta de opções presentes”, esclarecem os autores do artigo.
Essa escolha pela religião é considerada racional justamente porque os frequentadores podem mudar a frequência de participação, de instituição ou até mesmo de crença, enquanto os produtores religiosos competem por mais seguidores (por vezes com metas), mais recursos e apoio governamental, inclusive fazendo uso de técnicas de marketing, pesquisa de opinião e planejamento de mercado.
Concorrência de crenças
O fato de existir a separação entre Estado-Igreja incentiva a liberdade de credo, a diversidade, a oferta, e mobiliza a criação de novos grupos e a concorrência entre eles. Neste cenário, outros estudos mostraram que em ambientes onde há mais concorrência entre instituições religiosas aumenta a crença e a frequência às igrejas.
Os autores acreditam que o fenômeno da mudança da composição religiosa no Brasil, com a proliferação das igrejas evangélicas, merece atenção dos estudiosos da administração, com ricas possibilidades de estudos sobre o character empreendedor dos pastores, os nichos de Mercado, as estratégias de marketing e as estratégias para abertura e crescimento de igrejas.
Em 2013, um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPI) mostrou que uma igreja era aberta a cada duas horas no país. Os tempos religiosos são isentos de impostos. Segundo dados do Empresômetro do IBPI existem hoje 187.448 organizações religiosas ativas no Brasil, um aumento de 4,1% em relação a 2015.
Leia o artigo completo em:
Corrêa, V. S.; Vale, G.M.V. Ação Econômica e Religião: Igrejas como Empreendimentos no Brasil. Rev. adm. contemp. vol.21 no.1 Curitiba Jan./Feb. 2017.
Acredito que não apenas seja isenção de impostos o que igrejas recebem (injusto, quando clubes esportivos, p.ex., pagam) como não devem seguramente declarar o arrecadado e como foi aplicado. Ou seja, nem para o imposto de renda devem declarar, ainda que isentos. Me equivoco?
Olá. Deveriam comprar impostos do enriquecimento de dados dos resposáveis das igrejas.