Mulheres e meninas na ciência

Publicado por Descascando a ciência em

Por muitas décadas as mulheres foram proibidas de estudar o básico, quem dirá entrar para uma Universidade. A luta por esse direito foi longa e mesmo quando conseguiram, eram por muitas vezes impedidas de receber um diploma. Ainda hoje, em muitos países as mulheres são proibidas de frequentar uma Universidade.

Essa falta de respeito com as mulheres cientistas é refletida no caso emblemático da biofísica Rosalind Franklin. Pesquisadora que teve papel fundamental na descoberta da estrutura do DNA e que não recebeu os devidos méritos em sua época. 

Em 2015, foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Uma forma de dar visibilidade às pesquisadoras e incentivar meninas a seguirem carreira na ciência. E não só isso, igualdade de gênero também é um dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem alcançados até 2030.

Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostram que apenas 30% dos pesquisadores no mundo são mulheres. Desde o estabelecimento do Prêmio Nobel em 1901 até 2020, 57 mulheres e 905 homens foram laureados. Apenas uma mulher recebeu o prêmio duas vezes: Marie Curie recebeu o Prêmio Nobel de Física de 1903 e o Prêmio Nobel de Química de 1911.

Mulheres cientistas do Descascando a Ciência

No Descascando a Ciência temos muitas mulheres cientistas, realizando pesquisas nas mais diversas áreas e divulgando seus trabalhos em praticamente todas as redes sociais, seja pelo perfil do Descascando a Ciência ou em seus perfis pessoais.

Inclusive, uma de nossas cientistas, a Dra. Paula Martins, foi convidada a participar de um podcast criado pela Bayer onde mulheres cientistas narram a história de cientistas mulheres. Ela irá contar a história de Rosalind Franklin, o episódio vai ao ar dia 25/03, mas você já pode conferir o primeiro episódio AQUI!

Mas agora, você vai conhecer quem são as mulheres cientistas do Descascando a Ciência!

A microbiologista Paula

A Dra. Paula Martins é bióloga e sempre se interessou por microbiologia. Sempre mesmo. Aos 12 anos ficou encantada ao descobrir que existiam seres vivos invisíveis. Cursou Ciências Biológicas e sempre fez estágios, cursos e trabalhos com microbiologia.

Inicialmente estudou a diversidade de leveduras que viviam em insetos e flores e quando partiu para a pós-graduação, entrou na área da fitopatologia, também conhecida como doenças de plantas.

Durante o mestrado e doutorado (e também no pós-doutorado), estudou a bactéria Xanthomonas citri. Esse microrganismo causa uma importante doença, o cancro cítrico.

Seus estudos passaram pelos aspectos moleculares da divisão celular, desenvolvimento de técnicas de estudos de proteínas, construção de mutantes para avaliar a virulência, produção de toxinas etc. Já ouviu falar nas Bactérias X-MEN?

A Paula, também sempre se interessou no desenvolvimento de estratégias para aplicar na vida real tudo que descobriu no laboratório. Por isso, atualmente trabalha em transferência de tecnologia em uma startup paulista.

Dra. Paula Maria Moreira Martins

A biotecnologista Nágela

A mestra Nágela Safady conheceu sobre genética na televisão quando criança e desde então viu nisso a profissão que gostaria de seguir.

Com o passar dos anos, descobriu a biotecnologia e decidiu seguir carreira. Durante o curso de graduação em Biotecnologia, estudou uma espécie de bactéria responsável por uma doença muito preocupante, o monstro que ataca a citricultura – famoso  HLB

A Nágela descobriu que em todos os pomares estudados do estado de São Paulo, a bactéria isolada das árvores de citros eram muito parecidas, como clones. Com isso ela pode afirmar que a infecção era nova no estado.

Durante o mestrado trabalhou com outra bactéria, a Xylella fastidiosa, que além de ser preocupante para a citricultura estava ainda mais devastadora em oliveiras, principalmente na Europa. Sua pesquisa mostrou onde oliveiras doentes estão no sudeste brasileiro, traçando assim um mapa de disseminação da doença e também mostrou uma possível rota de contaminação. Um trabalho bem parecido com o que fizeram para rastrear o início da  pandemia de COVID-19.

Você pode saber mais sobre a pesquisa da Nágela em: O Declínio Rápido da Oliveira.

Msc. Nágela Safady

Tatiane e o controle biológico

A Dra. Tatiane Cunha também é apaixonada por ciência desde criança – sempre curiosa e cheia de perguntas. Criada no sítio, resolveu buscar a resposta para a melhor forma de produzir alimentos com alta produtividade e respeitando o meio ambiente.

Fez graduação em Ciências Biológicas e descobriu o controle biológico. Com mestrado e doutorado na área, passou a estudar novos microrganismos em busca da força rebelde e a desenvolver novos produtos biológicos capazes de ajudar o agricultor na lavoura. 

Você consegue imaginar uma superbactéria: 1001 utilidades? A Tatiane consegue.

Atualmente a Dra. Tatiane trabalha na Terra Viva como pesquisadora e lidera projetos para uso de controle biológico em diferentes culturas, como citros, batata, cereais e ornamentais.

Dra. Tatiane da Cunha

A engenheira molecular Amanda

A mestra Amanda Bernardi sempre esteve cercada de agrônomos, mas sua paixão mesmo é a Biotecnologia, desde que aprendeu sobre transgênicos no Ensino Médio, o que a fez escolher essa graduação. Aliás, já é hora de perder o medo dos transgênicos!

Durante o curso, teve pouco contato com as plantinhas por não ser o foco de sua Universidade, então entrou em contato com seu único professor agrônomo e foi se aventurar no mundo dos microorganismos.

Durante 3 anos trabalhou com pesquisas com microrganismos endofíticos (que são aqueles microrganismos “parceiros” das plantas), mas foi em 2012 que teve a oportunidade de fazer seu primeiro transgênico: uma bactéria capaz de produzir biocombustível consumindo CO2, como parte de um projeto que desenvolveu no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) durante seu intercâmbio pelo Ciências sem Fronteiras.

Durante seu mestrado, Amanda foi trabalhar com engenharia genética no Centro de Citricultura. Ela entrou nas ondas do sistema CRISPR e deu um importante passo no desenvolvimento de uma tecnologia para edição de genes em laranjas.

Atualmente, Amanda trabalha em uma multinacional onde faz a gestão responsável de novas tecnologias no campo.

Msc. Amanda Bernardi

Laís, a geneticista

A Dra. Laís Granato escolheu a Biologia como profissão por se interessar em estudar todos os aspectos relacionados à vida. No entanto, o assunto que mais a encantava era a genética

Desde o Ensino Fundamental, adorava relacionar os fenótipos dos indivíduos aos seus genótipos. E por ser intrigada nessa relação, realizou seu mestrado e doutorado em genética, melhoramento vegetal e biotecnologia.

Durante o mestrado, estudou a meiose de híbridos de café, como estratégia para seleção de plantas a serem utilizadas nos programas de melhoramento de café, que é responsável pelo nosso cafezinho do dia a dia.

Já durante o doutorado, trocou as plantas pelos microrganismos. Ela estudou genes da bactéria Xanthomonas citri, agente causal da doença cancro cítrico em plantas de laranja, os quais são importantes para formação de biofilme, produção de goma xantana e patogenicidade da bactéria. Parte desse trabalho foi realizado na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos.

Atualmente no pós-doutorado, ela trabalha desenvolvendo plantas mais tolerantes ao HLB, que é a doença mais devastadora da citricultura. Para isso ela utiliza as estratégias de RNA de interferência e CRISPR, as quais já falamos sobre aqui no Descascando a Ciência

Além de tudo isso, por ser falante desde criancinha e querer explicar a ciência para todas as pessoas, foi co-fundadora deste blog

Dra, Laís Moreira Granato

E aí, gostou de conhecer nossas integrantes cientistas? Elas são maravilhosas e estão de parabéns!

Referências

UNESCO. Fact Sheet No. 60: Women in Science. 2020.

The Nobel Prize. Nobel Prize awarded women. Disponível em: https://www.nobelprize.org/prizes/lists/nobel-prize-awarded-women/. Acesso em: 11/02/2021

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