Esse monte coisas sobre a Rio+20 que eu não paro de contar, você tá lendo a minha opinião e a de mais alguns blogueiros, mas e o resto das pessoas que de alguma forma também acompanharam o evento? O que será que eles tem a dizer? Quais foram as impressões? Bom, eu tentei começar a minha carreira de documentarista durante o evento, mas eu falhei… Só consegui 3 depoimentos no Parque dos Atletas que me disseram o que estavam achando do evento, mas foram 3 opiniões diferentes, meninas de um colégio em excursão pelo evento, uma voluntária da ONU e um voluntário do governos do Estado do RJ.
Em video só tem essas 3, mas escrita tem mais, pedi para meus amigos voluntários também contarem um pouco do que eles acharam da experiência de participar da Rio+20, segue alguns relatos:
“Participar da Rio+20 foi vivenciar um conflito de ideias, posições e vontades em relação ao nosso presente e futuro. Foi observar um mundo paralelo, aquele dos governantes e grandes corporações, onde a esfera econômica parece englobar os dois outros ditos pilares da sustentabilidade (ambiental e social), em contraponto àquele que confirmei nos movimentos sociais e ambientais também presentes, onde o desejo de mudança (uma mudança real, estrutural, e não só uma mudança de rótulo como vem sendo proposto na pauta oficial) é mais forte e verdadeiro.” André Santachiara Fossaluza, biológo, Butucatu, SP.
“A Rio+20 para mim foi a realização de um sonho, uma forte experiência sensorial, foi viver em um país que não existe por uns dias e confirmar que as pessoas ainda são melhores do que os governos em sustentabilidade.” Ana Barros, consultora em sustentabilidade, São Paulo.
“A Rio+20 pra mim foi uma oportunidade para conhecer de perto um mega evento, alguém disse que foi a maior conferência já organizada pela ONU. Foi também uma chance de ter contato com pessoas do mundo todo, desde um secretário de meio ambiente do Butão e um delegado das Ilhas Salomão, até indígenas bolivianos e a miss universo =D. A ocorrência paralela da Conferência e da Cúpula dos Povos foi o que me garantiu choques de realidade, de um lado o mundo corporativo e dos governantes, os engravatados (principalmente no Riocentro), e de outro os movimentos sociais mais diversos, como a Via Campesina, universidades federais em greve, ONGs socioambientais e movimentos LGBT, entre outros. De toda essa mescla, a imagem que ficou pra mim foi a enorme diversidade de movimentos e de interesses, e imagino como deve ser complicado colocar todos numa mesa para ouvir seus pontos de vista e tomar decisões em conjunto… será que há uma pauta unificadora, um denominador comum a tanta diversidade?” Alan Mortean, Engenheiro Ambiental, Ourinhos, SP.
E tem também opinião de quem não estava lá e só acompanhou de longe.
“De maneira geral, sei que reuniões diplomáticas nunca são bombásticas. Precisa de consenso e os passos são sempre pequenos. Então acho normal não ter uma declaração ousada, se tivesse ela seria inconsequente e não seria seguida. Por outro lado, acho triste os países não estarem pensando adiante. A impressão que fica é que não se trata de esperar que os governos decidam, mas de fazer logo.” Maria Guimarães, bióloga, São Paulo.
“Foi, para mim, a prova de que temos mesmo que nos mexer como sociedade civil; temos, mais do que nunca, fazer a nossa parte sem esperar que os outros se mexam. Porque esta é uma mudança que vai ter que ocorrer de baixo para cima – os pequenos grupos terão que pressionar os grandes para que ajam, exigir medidas para mudar o mundo de verdade.” Silvia Schiros, tradutora, São José dos Campos, SP.
“Foi preciso uma semana inteira para que os líderes mundiais discutissem metas sustentáveis nos próximos vinte anos, porém o resultado foi um documento superficial na descrição das ações e prepotente no que diz respeito à sua efetiva execução.” José Luiz Brandão, profissional da área de mídias sociais, São Paulo. (Ele também escreveu um post sobre a Rio+20 no A vida como a vida quer)
Acho que já falei de mais de Rio+20, né? Só tenho a dizer que pra mim foi uma experiência incrível, adorei cada momento que passei lá e vou sentir muita falta de todos que conheci por causa da conferência. Recomendo fortemente pra quem tiver a oportunidade de participar de um evento desses fazê-lo, é enriquecedor e certamente você terá ótimas histórias para contar depois.
Do ponto de vista dos resultados e do que aconteceu lá acho que temos um balanço bastante positivo, por mais que a maioria fale que o documento final é fraco e superficial isso é o que as nações puderam fazer, de que adiantaria estabeler metas e prazos e ninguém cumprir depois? Adiar a decepção de 2012 para daqui 5, 10 anos? O documento final pode não ter sido a voz do povo, mas o que cada um levou pra si depois de ter participado de todos os eventos que aconteceram é o que vai de fato fazer a diferença no mundo, sustentabilidade não se faz com decretos, acho que sensibilizar e conscientizar o maior número de pessoas para o tema ainda é mais importante do que fazer o governo assinar um acordo audacioso.