um desafio dantesco: prólogo

Uma vez eu li que o processo de tradução de um poema é extremamente complexo pois o tradutor teria mais do que traduzir simplesmente o texto, deveria manter o estilo original do autor nos aspectos de rima e métrica… Ou seja, é praticamente escrever uma obra nova! Esse processo deve ser muito complicado quando as línguas são muito diferentes (inglês-português, por exemplo), mas não que para línguas de origem comum (p.ex. as línguas latinas português e italiano) seja mais fácil… Não sou da área, então não vou opinar…

Resolvi começar o texto falando nisso para justificar em parte a escolha da minha edição: a versão em prosa da L&PM, traduzida por Fábio M. Alberti. Meu livro foi impresso no inverno de 2005, e acredito que o tenha comprado na mesma época – estava com uns 17 anos, no último ano do ensino médio e, não sei o motivo que me levou a querer ler esse livro… Não lembro o porque de não tê-lo lido, mas acredito que o fato das quatro tentativas frustradas de ler “Grande Sertão: Veredas” para o vestibular da UFMG naquele ano tenha tido grande parte da culpa…

dante

Mas onde tudo isso se junta? Bom, uma obra que eu tenho há muito tempo vontade de ler, traduzida pra minha língua, numa versão em prosa – já que não sou um grande adepto dos versos -, mas faltava a motivação para retomar (melhor, recomeçar do zero a leitura – quem sabe não fica aqui o desafio de encarar Guimarães Rosa no próximo ano, mas deixa isso pra depois)… Eis que num belo dia do final de 2012 ou do inicio de 2013, meu amigo Ander (Anderson Arndt – @anderarndt) solta no Twitter que queria ler “A Divina Comédia” durante o ano que estava a se iniciar e se alguém o acompanharia… Quando vi isso, resolvi participar do desafio junto com ele e com a Fabi (Fabiana Carelli – @fabiana_carelli) – que já havia aceitado o desafio antes de mim!

Assim como o Ander, achei que simplesmente leríamos o livros e discutiríamos os trechos em off. (Inocentes?) E que guardaríamos essas impressões somente para nós… (Egoístas?) Mas a Fabi já foi de cara estipulando prazos para postarmos nos blogs e fazermos uma discussão aberta. (Pretensiosos?) A regra: 100 cantos, 10 meses (março a dezembro): 1 post por mês contendo as impressões de grupos de 10 cantos. (Corajosos?)

Acho que, por fim, essa tenha sido uma boa escolha… Não sei o que vai sair disso tudo… A Fabi e o Ander já postaram, e eu não quis ler pra ter a minha visão da história e o meu estilo de postagem. Mas se quiserem ler, deixo aqui os links para os blogs deles.

_Post da Fabi >> COMMEDIA I: PROMESSA DE “INFERNO”

_Post do Ander >> Mó comédia esse livro – Parte 1

Enfim, vou encerrar esse prólogo aqui, pois enquanto eles já devem estar na segunda leva de cantos, eu ainda nem comecei a minha primeira… Se precisarei de um guia como Dante precisou de Virgílio, ou de uma musa como Beatriz foi para Dante, ainda não sei… Mas estão todos convidados a acompanhar esse desafio dantesco que eu, o Ander e a Fabi resolvemos enfrentar!

O primeiro desafio para a leitura desse livro foi, depois de uns 7 anos, encontrar em que lugar do mundo, digo, da minha casa, meu livro estava escondido… Esse desafio já foi cumprido!

9 thoughts on “um desafio dantesco: prólogo

  • 7 de março de 2013 em 18:33
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    Percebe-se que você não leu ainda, mas não contarei porquê rsrsrsrs

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    • 7 de março de 2013 em 18:38
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      Erro encontrado e corrigido... rsrsrs

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  • 7 de março de 2013 em 18:37
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    Uma tradução melhor para o título do livro seria O Grande Livro das Piadas Internas de 400 Anos Atrás.
    Uma dica que eu dou para quem quer ler esse livro: não tente entender os personagens.

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  • 7 de março de 2013 em 19:49
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    Cada vez gosto menos dessa Fabi, viu? 🙂

    Igor: heheheh... Concordo com o primeiro parágrafo. Mas com o segundo... E quem disse que a gente consegue entender *qualquer* personagem? De carne ou de papel?...

    Sam - depois sou eu que sou bravinha, hein? Já pensou, o “pito” do tio Anderson? :0

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    • 8 de março de 2013 em 08:12
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      Fabiana, não quis dizer "entender a personalidade do personagem", apenas "não tente entender quem aquele sujeito é e porque ele está ali".
      Minha edição vinha com notas de rodapé que, em certas páginas, ocupavam mais espaço que o texto em si.

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  • 8 de março de 2013 em 10:51
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    Tempos atrás, li através de um site esse livro. Pra quem quiser ler, segue o link

    http://www.stelle.com.br/pt/inferno/inferno.html

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  • 9 de março de 2013 em 18:21
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    Eu entendi também isso, Igor. Mas, sabe, talvez fosse a mesma sensação se Dante nos visitasse de repente e fosse ler os jornais, o Twitter ou o que quer que seja. Ele provavelmente ficaria com cara de pazzo sem saber quem seria Dilma, Chorão, Hatzinger, Valério, quando não coisa pior, como... sei lá, Natália, ou Fani (tb não tenho nem ideia, tive de ir buscar os nomes na internet agora...) A Commedia está saturadíssima de marcas do (seu) tempo, de personagens de então, referências mitológicas, uma montoeira de coisas de que não fazemos nem ideia, ou fazemos alguma, e não nos dizem nada, ou muito pouco.
    (Seria talvez um barato a gente fazer um exercício de “atualização” da Commedia, colocando lá nos círculos - Inferno, Purgatório, Paraíso - personalidades do nosso próprio tempo. E já devem ter feito isso, com certeza alguém já fez.)
    E essa talvez tenha sido a maior originalidade de Dante (não sou eu que estou dizendo isso, não, a crítica diz). Commedia, no mundo clássico, não queria dizer algo engraçado - eram os discursos que falavam, aristotelicamente, “daqueles piores do que nós” - em oposição à épica e à tragédia, que tratavam de super-homens e de gente-como-a-gente, respectivamente... No mundo medieval, o cômico, como falava dos vícios, não era gênero dos mais apreciados não... Foi quase proscrito dos altos círculos, por falar do pecado, dos erros, da culpa... Do jeitinho que Umberto Eco acaba retratando em O nome da Rosa...
    Pois bem: fazer uma Commedia, afinal - e de cunho quase “sociológico”, criticando toda a escória da alta sociedade (com o perdão da incongruência) italiana do período foi um dos grandes feitos do poeta-de-nariz-torto... Mas vc deve saber disso, devo estar chovendo no molhado 🙂
    Então, concordo plenamente com vc, nem prestemos atenção nos milhões de nomes e situações, que pouco importam. Importa é perceber a crítica, e a que valores, e o que perdura, e o que não mais, eu acho. Né?

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