Meio Ambiente em SP: O que esperar dos “futuros” governadores?

Car@s leitores!

Após sugerir ao colega Paulo Muzio uma análise dos planos de governo dos candidatos à presidência do Brasil na temática ambiental, foi-me sugerido, como contraparte, uma leitura dos planos dos candidatos ao governo do Estado de São Paulo!

Eis que apresento o resultado… não o final… pois espero receber comentários, críticas e sugestões.. mas o que foi possível fazer antes de 7 de outubro.

Me orientei pelo mesmo padrão utilizado para os planos para presidente, porém permitindo ajustes conforme o olhar do autor. Partimos do padrão de “buscas de palavras para ver se encontrávamos termos como “ambiental”, “meio ambiente”, “sustentável”, “sustentabilidade”, “preservação”, “proteção”, “conservação”, “unidades de conservação” e “áreas protegidas””, e incluímos elementos adicionais, como os termos parques estaduais e turismo devido a crescente atenção sobre as possibilidades de uso desses territórios protegidos.

Destaco que esse que vos fala foi funcionário concursado durante 4 anos e 10 meses da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, o que pode, porventura, ter influenciado as análises. Embora saibamos da impossibilidade de imparcialidade de qualquer texto que se produza, peço que na constatação de algum indício enviesante e assustador, não deixem de comentar.

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foram 13 candidaturas inscritas ao governo paulista, sendo que algumas delas foram indeferidas ou estão com recurso. Analisamos todas que estavam com os planos de governos disponíveis no site do TSE. Além de considerações gerais, busquei manter trechos transcritos dos planos para que os leitores possam fazer e colaborar com suas considerações.

As informações foram obtidas no link do TSE.

A seguir apresento as considerações sobre cada um dos planos. A ordem de apresentação segue a alfabética estabelecida pelo TSE.

 


Nome na Urna: EDSON DORTA

Nome Completo: EDSON DORTA SILVA

Nº: 29

Situação: Indeferido

Partido/Coligação: PCO

A candidatura está indeferida. No entanto, realizamos a análise. O plano do candidato possui 5 páginas sendo que o aspecto ambiental e da natureza não são tratados. O texto discute a questão do campo com veemência, mas sem qualquer apelo com a temática ambiental.


 

Nome na Urna: JOÃO DORIA

Nome Completo: JOÃO AGRIPINO DA COSTA DORIA JUNIOR

Nº: 45

Situação: Deferido

Partido/Coligação: PSDB – ACELERASP

O Plano possui 21 páginas, sendo a primeira uma capa, seguida de introdução e contextualização.

De acordo com o candidato, “a demanda por serviços públicos cresce exponencialmente nas sociedades modernas, e em São Paulo não é diferente. No entanto, a cada dia cresce a população, cresce a urbanização desenfreada, crescem as exigências da sociedade por melhores serviços de saúde, educação, mobilidade urbana, saneamento, segurança pública, atividades culturais, esportivas, proteção ao meio ambiente, entre outras”.

A seguir transcrevemos alguns itens do Plano relacionados com a questão ambiental:

  • Logística, transporte e mobilidade urbana

O programa prevê investimentos na infraestrutura de todos os modais de transportes, garantindo a “integração dos modais, racionalização da matriz de transportes, ampliação da capacidade e segurança do sistema logístico, com o objetivo final de acelerar o desenvolvimento econômico e social, preservando o meio ambiente, em todas as regiões do estado de São Paulo”.

  • Turismo

O plano destaca que “O estado de São Paulo tem lindas praias, rios piscosos, cachoeiras exuberantes, trilhas, montanhas, parques, diversificada gastronomia, hotelaria estruturada e grandes eventos. Nosso estado possui muitos recursos subutilizados.  Muito ainda precisa ser feito para que o estado se consolide como um destino de referência internacional”.

Apesar de citar aspectos associados às áreas protegidas paulistas, não cita como pretende desenvolver o turismo.

  • Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Saneamento e Energia (transcrito integralmente)

Meio ambiente, recursos hídricos, saneamento básico e energia são temas estruturantes das sociedades contemporâneas. São sistêmicos, estão intimamente ligados e são interdependentes, não podendo se pensar em soluções de forma isolada, somente poderão ser idealizados considerando o todo do problema, adotando uma visão integradora dos mais diversos atores.

A gestão harmônica e integrada do meio ambiente, dos recursos hídricos, do saneamento e da energia, constitui uma política pública de elevada relevância e está na agenda permanente dos governos de todos os países mais desenvolvidos, sob a ótica do respeito à biodiversidade e às especificidades do desenvolvimento sustentável e socioambiental.

É nossa prioridade garantir a segurança hídrica à população, o uso racional da água e da energia, a adequada destinação e manejo dos resíduos sólidos, a coleta e tratamento dos esgotos e a despoluição dos rios.

Investir em saneamento, melhora a qualidade de vida, reduz a mortalidade infantil e as despesas com tratamento de saúde, promove desenvolvimento econômico, produtividade, desenvolvimento urbano e turístico, é um bom negócio, cria empregos e gera renda, desenvolve a tecnologia e melhora o ambiente. Uma sociedade estruturada na igualdade, equidade e na justiça, que favorece a inovação, o desenvolvimento tecnológico e científico, têm muito mais chances de evoluir para um estado de satisfação individual e coletivo, e um equilíbrio ecológico.

As nossas diretrizes propostas conjugam aumento de investimentos, agregando-se escala econômica nos projetos, atuando-se por regiões e bacias hidrográficas. Trabalharemos nas causas da poluição e não somente nos seus efeitos e aceleraremos a melhoria da qualidade dos rios Tietê e Pinheiros, com adoção de inovações tecnológicas e criatividade. Avançaremos na implantação do Hidroanel Metropolitano com transporte de passageiros nas represas Billings e Guarapiranga e introduziremos o transporte turístico e de cargas ao longo dos rios Pinheiros e Tietê em significativa extensão da Região Metropolitana de São Paulo.

Para que estas propostas se tornem realidade em nossa gestão haverá novo formato interinstitucional para conferir agilidade e eficiência na operação dos serviços de governança hídrica, agilidade no licenciamento ambiental em estreita e permanente parceria com os municípios, com o governo federal, a iniciativa privada e outros atores sociais para o melhor uso compartilhado dos recursos naturais.

  • Educação

Temos a convicção de que o desenvolvimento sustentável só se efetiva mediante a oferta de uma educação de qualidade, num esforço colaborativo envolvendo o estado, a família e a sociedade, conforme preconiza o próprio artigo 205 da Constituição Federal.

  • Agricultura

Em parceria com empresas e entidades representativas do AGRO SP, fomentaremos a oferta de alimentos, energia e fibras para a população, com qualidade e sustentabilidade.

  • Economia criativa

O governo estadual fortalecerá a indústria criativa com a implementação de um programa eficiente, participativo, descentralizador, transversal e sustentável, que terá por objetivos: integrar a municipalidade e o governo estadual, contribuindo para o desenvolvimento local e regional; permitir a interatividade e transversalidade entre as diversas áreas da administração estadual; estimular, medir, apoiar e fortalecer a indústria criativa local, promovendo o aumento de competitividade e eficiência da economia paulista; auxiliar as Prefeituras na elaboração e inscrição de ações estratégicas para seu desenvolvimento sustentável; estabelecer políticas descentralizadoras que identifiquem São Paulo como um estado criativo; e tratar as questões da indústria criativa como vitais à organização das atividades empreendedoras, com olhar especial às minorias, afrodescendentes, jovens e mulheres que são preponderantes na chamada economia informal.

 

Considero que do ponto de vista conceitual, o plano apresenta elementos interessantes, trazendo informações e dados que poderiam ter sido integrados de forma mais clara com as propostas do candidato.

Ao fazer menção ao novo formato interinstitucional, entendemos que mudanças no Sistema Ambiental Paulista estão sendo propostas, porém não é feita nenhuma consideração sobre como isso seria realizado. Isso pode ser preocupante quando se trata, por exemplo, de dar “agilidade no licenciamento ambiental”.

A questão ambiental está associada à diferentes temáticas, como o turismo, mobilidade e poluição, porém gostaríamos de compreender melhor quais propostas pretendem ser implementadas caso eleito. Além disso o candidato não faz qualquer diagnóstico, autocrítica ou consideração sobre a situação atual da área de meio ambiente que é administrada há sucessivas gestões pelo seu partido.


 

Nome na Urna: LILIAN MIRANDA

Nome Completo: LÍLIAN CRISTINA MIRANDA

Nº: 29

Situação: Indeferido com recurso

Partido/Coligação: PCO

Plano não disponível no site do TSE.


 

Nome na Urna: LUIZ MARINHO

Nome Completo: LUIZ MARINHO

Nº: 13

Situação: Deferido

Partido/Coligação: PT – SÃO PAULO DO TRABALHO E DE OPORTUNIDADES

O plano possui 18 páginas, com uma breve introdução, que destaca a necessidade de “restabelecer o Estado Democrático de Direito e avançar na efetivação dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais”.

As diretrizes do Plano de Governo Marinho sugerem o estabelecimento de quatro vertentes: 1. Resgate das políticas públicas e dos direitos sociais; 2. Retomada do emprego e do desenvolvimento; 3. Modelo de gestão participativa, transparente e eficiente; 4) Democratização da comunicação

Elencamos a seguir alguns itens que tratam da questão ambiental:

Recuperação da educação pública

  • Criar os “Territórios CEUS” em parceria com os Municípios e União, utilizando os equipamentos já existentes de Cultura, Esporte, Lazer e de Meio Ambiente;

Saneamento e energia

  • O governo Marinho retomará os investimentos para a universalização do saneamento básico no Estado em no máximo 10 anos, o que exigirá a aplicação de R$ 3 bilhões por ano;
  • Implantar o Projeto Tietê, que tem como objetivo ampliar a coleta e o tratamento de esgoto na Grande São Paulo e despoluir o rio;
  • A despoluição do Reservatório da Billings;
  • Implantar no Estado a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que define a ordem de prioridade na gestão e gerenciamento de resíduos que prioriza a não geração, a redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos, e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;
  • Estimular e apoiar por meio de Consórcios Públicos o manejo qualificado dos resíduos sólidos;
  • Protagonizar a atuação nos Acordos Setoriais buscando a não geração, a redução e a logística reversa para a reciclagem de resíduos;
  • Incentivar a implantação de Consórcios Públicos regionais, inclusive por meio do incentivo de um ICMS Ecológico;
  • Desenvolver um programa de incentivo à implantação de iluminação pública nos municípios com lâmpadas eficientes;
  • Instituir um programa de revisão e consolidação da legislação ambiental, organizando um Código Estadual de Recursos Naturais e de Controle de Poluição com participação popular;
  • Regulamentação e aplicação da compensação financeira aos municípios cujo território contém unidades de proteção ambiental (Lei nº 9.146/95), ampliando o conceito para cidades e regiões impactados por obras de infraestrutura quando necessárias;
  • Incentivo à instalação de energia solar nos equipamentos públicos e apoio aos municípios para programas de energia limpa e o uso eficiente de energia;
  • Ampliar o controle social com a criação do Conselho Estadual de Controle Social dos Serviços de Água, Energia e Meio Ambiente no Estado;
  • Desenvolver programas de acesso a energia nas áreas vulneráveis do Estado, com baixo IDH, e também para agricultores familiares e assentamentos.

Habitação

  • Desenvolver um programa de apoio aos municípios para a recuperação das áreas deterioradas dos grandes centros urbanos e de proteção ambiental e mananciais.
  • Promover Planos Diretores Metropolitanos e Regionais de forma a garantir o desenvolvimento sustentável do Estado e das cidades;

Uma política de desenvolvimento rural sustentável

  • Nosso governo no Estado de São Paulo desenvolverá políticas para a agricultura e o desenvolvimento agrário, aumentando a competitividade do setor e garantindo aos pequenos produtores, agricultores familiares e assentados prioridade na implementação de políticas públicas;
  • O governo incentivará o desenvolvimento rural sustentável, para a produção de alimentos saudáveis;
  • Investimento em formação e capacitação para a produção orgânica, para estimular a transição agroecológica, a assistência técnica e a extensão rural;
  • Reorientação dos Institutos Técnicos e dotação de equipamento para as casas de agricultura;

 

O programa de Luiz Marinho, ainda que não possua um item específico para a questão ambiental, apresenta a temática de forma transversal em diversos temas. Podemos citar aspectos como educação ambiental, saneamento básico, resíduos sólidos, legislação e impostos, eficiência energética, controle da poluição, compensação ambiental, recuperação de área degradadas, legislação e agricultura sustentável.

Faltou destacar melhor o que pretende fazer com a gestão das áreas protegidas e a relação das florestas com o abastecimento público. Mas consideramos que as propostas versam sobre diferentes temas, de forma transversal ao programa.


 

Nome na Urna: MAJOR COSTA E SILVA

Nome Completo: ADRIANO DA COSTA E SILVA

Nº: 27

Situação: Deferido

Partido/Coligação: DC

O plano possui 9 páginas e 27 itens, categorizados em subtemas. A questão ambiental é transcrita a seguir:

MEIO AMBIENTE SUSTENTÁVEL

  1. Proteger o meio ambiente e assegurar a todos o direito de usufruir a natureza sem agredi-la.

Orientar as ações de governo, com fundamento no conceito de que a TERRA É A PÁTRIA DE TODOS NÓS.

Apesar de genérica e não permitir análise aprofundada da proposta, achamos interessante o senso de patrimônio que se busca trazer com a frase “a Terra é a pátria de todos nós”. Essa é uma visão que se diferencia, por exemplo, daquela do partido NOVO, na qual a natureza é objetivo de venda e exploração. No entanto é muito fraca para ser avaliada adequadamente.

Outro item que podemos associar com a questão ambiental do Estado é a proposta para a pesquisa:

PLANO ESTADUAL DE APOIO A PESQUISA

  1. Implantar Plano Estadual de Apoio a Pesquisa, tanto em seu aspecto de investigação pura, como no campo da pesquisa aplicada, com ênfase nesta última

Porém como foi apresentada, o plano do candidato não apresenta possibilidades e estratégias de fortalecimento dos institutos de pesquisa, especialmente nos temas de recursos humanos e financeiros para executar suas pesquisas.


 

Nome na Urna: MARCELO CANDIDO

Nome Completo: MARCELO DE SOUZA CANDIDO

Nº: 12

Situação: Indeferido com recurso

Partido/Coligação: PDT

Embora a candidatura esteja indeferida, optamos por realizar a análise do plano de governo. O documento é composto de 3 páginas e 12 propostas com itens e subitens.

A questão ambiental está no item e descrevemos abaixo:

6- Meio ambiente e Sustentabilidade

  1. Resíduos sólidos
  2. Saneamento i. Abastecimento
  3. Tratamento de esgoto

 

  1. Fiscalização
  2. Defesa Animal
  3. Proteção aos mananciais
  4. Recuperação de áreas degradadas
  5. Incentivo a produção de energia limpa e novas matrizes energéticas

 

A apresentação dos itens não permite compreendermos de forma aprofundada e crítica as propostas, apesar de considerarmos que são itens de extrema importância, como saneamento e proteção dos mananciais. É impossível decifrar quais são as propostas do candidato. Deixa a desejar.


 

Nome na Urna: MÁRCIO FRANÇA

Nome Completo: MARCIO LUIZ FRANÇA GOMES

Nº: 40

Situação: Deferido

Partido/Coligação: PSB – SÃO PAULO CONFIA E AVANÇA

O Plano de governo do Márcio França possui 68 páginas, sendo algumas de firulas iniciais, como diria o Paulo…rs

Logo na introdução o candidato à reeleição afirma que a questão da sustentabilidade deve estar aliada ao desenvolvimento, como segue transcrito:

“É preciso desenvolvimento com conhecimento e inovação. Mas precisa ser um desenvolvimento sustentável, que preserve os recursos para as gerações futuras: com energia limpa, com tratamento dos resíduos, com redução das emissões de carbono, etc.

É preciso estimular o setor privado na inovação, na eficiência e na sustentabilidade, agregando mais valor, produzindo mais, exportando mais e gerando bons empregos. A produção limpa, a economia criativa, a química verde, o complexo aeronáutico, a farmacêutica, os equipamentos de automação, as atividades de computação e software devem ser estimuladas.

Devemos cuidar bem das coisas e das pessoas: aplicar bem os recursos públicos, ter metas e cobrar resultados”.

Entre as diretrizes gerais do plano, destacamos a seguir aquelas associadas à questão ambiental:

6- Lutar pelo desenvolvimento sustentável, para que os recursos existentes atendam às necessidades das gerações atuais e das futuras.

Em relação às diretrizes específicas, elencamos aquelas relacionadas ao tema ambiental:

  • Desenvolvimento social
    • Educação

30- Desenvolver a educação ambiental na rede estadual de ensino.

10- Elaborar subsídios para implementar gestão sustentável nas escolas (economia de energia, destinação de resíduos, etc.).

  • Saúde

Além de bom atendimento ambulatorial e hospitalar, é fundamental articular ações de prevenção específicas das enfermidades, através do incentivo a uma alimentação saudável, saneamento ambiental, prática esportiva, etc.

23- Investir na prevenção para a saúde mediante um meio ambiente salutar, alimentação adequada, boas condições de higiene e sanitárias, etc.

  • Cultura

São Paulo tem uma diversidade cultural muito grande. É necessário preservar esse pluralismo aberto a todas as manifestações culturais e valorizar a cultura.

É preciso preservar conhecimentos, memórias, a transmissão dos repertórios de uma geração a outra. Dar prioridade a museus, arquivos, bibliotecas, aos registros escritos, sonoros e visuais de tradições orais e da produção contemporânea, assim como aos tombamentos, à preservação e à revitalização ambiental, a tudo que é indispensável ao desenvolvimento do nosso estado.

3- Fortalecer a rede paulista de museus, arquivos e novas formas de preservação da memória material e imaterial.

8- Apoiar empreendimentos no segmento do turismo cultural e sustentável.

  • Desenvolvimento urbano

Para construir cidades sustentáveis, com qualidade de vida, são necessárias políticas urbanas adequadas.

  • Habitação

7- Nos conjuntos habitacionais do estado, garantir qualidade, acessibilidade e construção sustentável.

  • Saneamento básico

O acesso à água potável, a coleta e o tratamento de esgoto, o manejo e a destinação de resíduos sólidos e a drenagem e o manejo de águas pluviais são elementos fundamentais para o saneamento básico e a sustentabilidade ambiental.

É um elemento prioritário a um meio ambiente saudável.

1- Consolidar o sistema produtor de água São Lourenço, aumentando a capacidade de produção de água tratada para a Grande São Paulo.

2- Promover o reúso, a conservação e a melhoria da qualidade das águas.

3- Reduzir as perdas e o desperdício nas redes públicas de abastecimento de água.

4- Ampliar o programa de recuperação de mananciais e matas ciliares.

5- Adotar o Programa de Despoluição das Bacias Hidrográficas Estaduais, em parceria com os municípios.

6- Implantar o Plano Estadual de Saneamento, em articulação com as regiões e os municípios.

7- Ampliar a coleta e o tratamento de esgoto, em especial nas regiões metropolitanas.

8- Buscar a meta de universalização da coleta e do tratamento de esgoto.

9- Ampliar os investimentos em saneamento básico, mantendo-os em ritmo constante e progressivo.

10- Incentivar o tratamento de esgoto no local de origem dos empreendimentos.

11- Incentivar e apoiar estudos de melhoria das técnicas de tratamento de esgoto.

12- Estimular a coleta seletiva de resíduos sólidos nos municípios.

13- Apoiar os municípios e os consórcios das regiões metropolitanas a desenvolver sistemas de geração de energia a partir da coleta e do tratamento de resíduos sólidos.

14- Apoiar pequenas empresas inovadoras e startups que desenvolvam e incorporem tecnologias novas na área de abastecimento e saneamento, como redução de perdas e novos processos de tratamento de esgoto e de resíduos.

  • Desenvolvimento sustentável

Para que haja desenvolvimento sustentável, é necessária a responsabilidade ambiental, a geração de riqueza e o desenvolvimento social. É a luta permanente pelo crescimento, pela redução das desigualdades sociais e da pobreza, pela democratização das oportunidades, etc.

  • Crescimento econômico e economia criativa

17- Implementar no Estado, em conjunto com os municípios, a agenda 2030 e os objetivos do desenvolvimento sustentável.

  • Agricultura e Abastecimento

A racionalização do uso de insumos, a promoção de técnicas de melhoria e conservação do solo, o controle biológico e a diversificação da produção são medidas que tornam o desenvolvimento agropecuário mais sustentável.

7- Continuar o Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias.

  • Turismo

5- Ampliar o turismo social, o ecoturismo e o turismo educativo.

7- Estimular a prática de turismo sustentável, com novas tecnologias e combustíveis que garantam o uso racional dos recursos naturais.

8- Estabelecer Programas Especiais de Turismo para o Litoral Norte e Sul, Rio Tietê, Rio Paraná, Rio Paranapanema, Mata Atlântica, Serra da Mantiqueira e outros.

  • MEIO AMBIENTE E PROTEÇÃO AOS ANIMAIS

As mudanças climáticas pelas quais passa o planeta ameaçam a vida e a reprodução da vida. Essas mudanças atingem o Brasil e São Paulo.

É preciso crescer, mas crescer de forma sustentável, utilizando os recursos naturais, mas preservando-os para a utilização das gerações futuras.

1- Implantar o Código Estadual de Meio Ambiente.

2- Desenvolver a educação ambiental na rede estadual de ensino.

3- Cumprir os compromissos de combate às emissões de gases de efeito estufa.

4- Cumprir as metas de Aichi/Nagoya de biodiversidade de cobertura vegetal de São Paulo, apoiando a Estratégia Estadual de Biodiversidade.

5- Estimular a Via Rápida Ambiental, para racionalizar os procedimentos de licenciamento ambiental.

6- Zerar a perda de cobertura florestal e estimular o reflorestamento e as florestas plantadas.

7- Proteger as bacias e mananciais, em especial, os de abastecimento público.

8- Monitorar a qualidade dos solos e das águas subterrâneas.

9- Prosseguir os programas de despoluição do Rio Tietê e das diversas bacias hidrográficas do Estado.

10- Consolidar o Sistema Estadual de Informações e gerenciamento de áreas protegidas.

11- Continuar os mapeamentos de áreas de risco com proteção socioambiental das famílias nas áreas vulneráveis.

12- Fortalecer a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

13- Cumprir as metas das Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos.

14- Garantir o suprimento hídrico dos setores de abastecimento público, industrial e agrícola mediante ações e obras compatíveis com os planos de recursos hídricos estadual, macrorregional e de bacias hidrográficas.

15- Estimular, em parceria com os municípios, a reciclagem e a redução de geração de resíduos sólidos.

16- Estimular a implantação de ciclovias, áreas verdes e de lazer, de parques lineares, parques urbanos, etc.

17- Fortalecer a Subsecretaria de Defesa dos Animais e o Sistema Estadual de Defesa dos Animais.

18- Incentivar os municípios na realização de feiras de adoção, capacitações e campanhas educativas sobre guarda responsável de cães e gatos e apoio à castração e à microchipagem.

O programa é bastante interdisciplinar no aspecto ambiental. Como descrito inicialmente, a busca pelo desenvolvimento sustentável é marca do programa, registrada em diferentes pontos, como desenvolvimento econômico, social e urbano.

Ainda assim, uma seção específica para o tema de Meio Ambiente foi criada. Consideramos um dos planos com maior viés transdisciplinar da temática ambiental, destacando educação, saúde, economia, energia, conhecimento, inovação e ação do poder público.

Pesa contra o Márcio França o fato de ter sido vice-governador e pouco ter realizado durante sua gestão.


 

Nome na Urna: PAULO SKAF

Nome Completo: PAULO ANTONIO SKAF

Nº: 15

Situação: Deferido com recurso

Partido/Coligação: MDB

O plano de governo de Skaf possui 31 páginas, as duas primeiras sendo capa e contra-capa, seguidas de uma apresentação. A apresentação é pautada em temas gerais, que não tratam especificamente da questão ambiental. No entanto ressaltamos algumas que merecem atenção. De acordo com o candidato “O povo de São Paulo e do Brasil clama por eficiência e seriedade. (…). A sociedade cansou da barganha e do loteamento político por cargo público, que é a principal fonte da ineficiência da gestão pública, de acordo com o estudo Visão Brasil 2030, desenvolvido pelo Centro de Liderança Pública em parceria com a McKinsey Global Institute. A nossa coligação é com o povo de São Paulo. Precisamos de pessoas preparadas, competentes e sérias, capazes de gerir o Estado com eficiência. Com valorização das pessoas e liderança de verdade vamos levar São Paulo a um novo patamar”.

Esse elemento é fundamental, já que nos últimos anos os cargos de dirigentes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de SP foram indicados por loteamentos políticos estabelecidos pelo ex-governador Geraldo Alckmin.

Outro aspecto que precisa ser destacado é a visão de Skaf de “que a principal forma de transformação da sociedade é por meio da educação”. Esse é um tema bastante recorrente quando falamos de educação ambiental, já que essa pode ser uma prática transformadora de comportamentos e hábitos.

É também na sua apresentação que Skaf afirma: “E ainda vamos conceder mais lotes de rodovias, trazendo novos investimentos em duplicação, pavimentação e modernização de vias. São Paulo precisa e terá a infraestrutura necessária para passar por essa verdadeira transformação. Tudo isso sem esquecer do respeito ao meio ambiente”.

A seguir apresentamos os itens em que foram encontrados elementos para temática ambiental:

  • Logística e transportes
    • PORTOS

– Resolver as questões judiciais e ambientais para concluir a ampliação do Porto de São Sebastião.

  • Turismo

– Promover e desenvolver os potenciais turísticos específicos de cada região com tipologia turística (estâncias, litoral, serra, turismo rural, centros de compras, turismo de negócios, feiras e semanas temáticas, áreas de preservação ambiental etc.).

  • Agronegócio
    • Competitividade

– Garantir segurança jurídica, ambiental e fundiária para a atividade rural.

  • DRENAGEM URBANA

– Preservar as várzeas não urbanizadas para minimizar interferências do escoamento das vazões de cheias.

 

MEIO AMBIENTE & RECURSOS NATURAIS (transcrito na íntegra)

São Paulo precisa avançar com desenvolvimento econômico, progresso social e respeito ao meio ambiente. Nenhum dos três será deixado de lado em nosso Governo e nenhum irá se sobrepor ao outro.

  • Gestão Ambiental

– Elaborar e implantar o Código Estadual de Meio Ambiente, criando um novo marco legal e institucional, alinhado com as melhores práticas internacionais.

– Aperfeiçoar os processos de Licenciamento Ambiental, para garantir conservação do meio ambiente equilibrada com desenvolvimento socioeconômico.

– Aumentar a eficiência da gestão ambiental, dando celeridade aos processos de licenciamento, com redução da burocracia e aumento da segurança jurídica.

– Integrar os procedimentos administrativos para a obtenção da Licença Ambiental aos instrumentos de gestão da biodiversidade e dos recursos hídricos, da autorização de supressão da vegetação e demais autorizações referentes à proteção da fauna e flora.

  • Desenvolvimento Sustentável

– Apoiar o desenvolvimento de instrumentos de financiamento para empresas e empreendimentos que fazem uso sustentável da biodiversidade.

– Estimular a adoção de princípios de economia circular por empresas e pela sociedade, de forma a maximizar o uso dos recursos naturais.

– Criar indicadores de sustentabilidade que deverão ser utilizados nos planos de mobilidade urbana das metrópoles, nos programas de transportes estaduais e nos estudos para o futuro da matriz energética estadual.

– Os indicadores deverão considerar níveis de emissão de gases de efeito estufa (GEE) e os compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito do Acordo de Paris.

– Desenvolver critérios de sustentabilidade para as compras e atividades feitas pelo Estado.

– Incentivar pequenas empresas de pesquisa e inovação na área ambiental.

  • Proteção Ambiental

– Fazer uso de novas tecnologias para ampliar fiscalização e melhorar o gerenciamento de Áreas de Proteção Ambiental, da qualidade do solo e das águas subterrâneas.

– Incentivar atividades de reflorestamento e manejo florestal sustentável.

– Ampliar programas de preservação de nascentes e de mananciais, dada sua relevância para a conservação dos recursos hídricos.

  • Princípio Geral: política integrada de desenvolvimento

– Ações harmonizadas entre as Secretarias de Agricultura, Meio Ambiente e Infraestrutura.

– Equilíbrio entre desenvolvimento econômico, social e ambiental.

– Decisões pautadas pela ciência.

– Garantia da segurança jurídica para a atividade (ambiental e fundiária).

 

O Plano de Skaf, apesar de apresentar alguns erros de conceito ao tema das áreas protegidas (APAs, UCs, Parques, áreas protegidas não são a mesma coisa), apresenta propostas em diferentes frentes.

Suas propostas estão relacionadas com agilizar o licenciamento ambiental, se envolver na questão da mobilidade urbana, gases de efeito estufa, , inovação e economia, fiscalização de UCs, reflorestamento e proteção de nascentes e mananciais..

Além disso, do ponto de vista institucional, destaca que integração das pastas de Meio Ambiente, Agricultura, infraestrutura, pautadas na decisão pela ciência e na segurança jurídica.

Quem sabe seguindo seu plano, Skaf reduza as possibilidades de pressões e escândalos como os acontecidos na gestão da APA da Varzea do Rio Tiete (https://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/mudanca-em-mapas-da-varzea-do-tiete-atenderam-empresas-diz-promotoria.ghtml ) e (https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,secretario-alterou-manejo-no-entorno-do-tiete-para-favorecer-industria-aponta-investigacao,70001699671)


 

Nome na Urna: PROF. CLAUDIO FERNANDO

Nome Completo: CLAUDIO FERNANDO DE AGUIAR

Nº: 33

Situação: Deferido

Partido/Coligação: PMN – COLIGAÇÃO MOBILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL POR SÃO PAULO

O plano não foi encontrado no site: http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2018/2022802018/SP/250000617766


 

Nome na Urna: PROFESSORA LISETE

Nome Completo: LISETE REGINA GOMES ARELARO

Nº: 50

Situação: Deferido

Partido/Coligação: PSOL – SEM MEDO DE MUDAR SÃO PAULO

O Plano de governo possui 48 páginas, com uma breve apresentação. Em seguida é realizado um diagnóstico dos problemas do Estado, no qual se destaca que “os muitos anos de governo do PSDB em São Paulo criaram e agravaram diversos problemas”, em que se destaca a DESTRUIÇÃO de direitos e do meio ambiente.

Verificamos que o diagnóstico da candidata em relação aos anos de governo do PSDB em SP faz menção à diversas questões socioambientais, como observamos a seguir:

“trabalhou bastante para garantir o lucro das grandes empresas, e socializou com toda a população os impactos socioambientais causados por elas. A política de desenvolvimento foi predatória e considerou que geração de trabalho, renda, mobilidade e até mesmo o acesso à água são incompatíveis com a preservação do ambiente. Importantes recursos naturais foram destruídos pelo aterramento e canalização de rios, sem investimentos em hidrovias; por não protegerem as matas ciliares como na bacia hidrográfica dos mananciais que compõem o Sistema Cantareira; por desmatarem áreas remanescentes de Mata Atlântica e manguezais para construção de barragens e transposições de rios; por desmatarem área de Cerrado para expandir o aeroporto de Viracopos em Campinas; e por poluir a zona costeira ao permitir a cava subaquática na Baixada Santista. A política do PSDB para a Sabesp é um grande problema porque combina desigualdade social e econômica com destruição dos recursos hídricos. Na crise hídrica, o governo penalizou os pequenos usuários com multas e, ao mesmo tempo em que manteve tarifas menores para grandes consumidores, criou uma lógica de financeirização das contas de água garantindo os lucros dos acionistas. Sem qualquer tipo de planejamento, retirou água de outros locais do Estado para atender a demanda da Região Metropolitana de São Paulo, gerando significativos impactos ambientais e comprometendo a disponibilidade hídrica”.

O programa de governo é dividido em cinco eixos/ pilares, sendo um deles dedicado exclusivamente à questão ambiental: poder popular; financiamento; trabalho e renda; proteção ambiental e transporte estadual.

Em relação à proteção ambiental e ao problema das moradias, o plano descreve:

“Vamos aprofundar o desenvolvimento e implantação de energias renováveis. Avançaremos na coleta seletiva e no fim dos lixões. Enfrentaremos o desmatamento, a poluição do ar, do solo e dos rios, iremos regularizar terras de comunidades tradicionais e incentivar a agroecologia. Vamos transformar a gestão do estado colocando a proteção ambiental e a educação ambiental como prioridade e os parques serão públicos, administrados com participação popular”.

“Vamos enfrentar o problema das moradias em áreas de risco ou de proteção ambiental, de forma socialmente e ambientalmente responsável, mas que garanta o direito de moradia. Programas de reurbanização de favelas, canalização, saneamento básico, serão pensados nessa dupla dimensão”.

Especificamente em relação às propostas relacionadas à questão ambiental, transcrevemos:

  • Realizar espaços temáticos e intersetoriais nos territórios, fortalecendo as conferências, fóruns, conselhos ou planos estaduais por áreas – ambiente – como um poder deliberativo sobre políticas públicas e uso do orçamento.
  • Promover a manutenção da rede de água para diminuição das perdas na rede e a coleta e tratamento de esgoto para melhorar a qualidade dos corpos hídricos através do financiamento do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO) para concessionárias de saneamento públicas.
  • Investir na recuperação das matas ciliares para prevenir o assoreamento dos rios e no desassoreamento de rios e represas para aumentar o volume de reserva através do financiamento do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO) para Comitês de Bacias Hidrográficas.
  • Garantir que municípios tenham regularidade e qualidade da coleta seletiva e que priorizarem parcerias com cooperativas para gradativamente eliminarem os lixões através do Financiamento pelo Fundo Estadual de Prevenção e Controle da Poluição (FECOP).
  • Restringir a utilização de agrotóxicos no estado e incentivar o consumo de alimentos orgânicos e a utilização de energias renováveis para combate às mudanças climáticas.
  • Garantir que todo o setor público estadual e dos municípios tenham práticas de produção mais limpa, isto é, que previnam a poluição, para a diminuição dos impactos socioambientais através de financiamento da Agência de Desenvolvimento Paulista (DESENVOLVE).
  • Desenvolver a implantação de energias renováveis que respeitem territórios e comunidades tradicionais através de financiamento da Agência de Desenvolvimento Paulista (DESENVOLVE).
  • Autorizar e priorizar apenas os projetos que utilizem energias renováveis, não liberem gases e resíduos poluentes que contribuam para as mudanças climáticas por meio da Secretaria do Meio Ambiente (SMA), a Companhia de Tecnologia Ambiental (CETESB) e demais órgãos competentes.
  • Incentivar a redução do consumo e a eficiência energética em todos os setores por meio da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (ARSESP), para diminuir a pressão por recursos naturais e não propor gatilhos que aumentem a tarifa de água em caso de redução de consumo.
  • Manter os parques com gestão pública e participação popular. Garantir verba para seu funcionamento por meio dos órgãos públicos competentes do estado de São Paulo.
  • Estabelecer a meta: ZERO DESMATAMENTO através da Secretaria de Meio Ambiente (SMA).
  • Promover a regularização fundiária de todas as comunidades tradicionais e acampamentos através do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP).
  • Incentivar ações de educação ambiental que possam questionar hábitos alimentares que contribuem para a degradação ambiental através da Secretaria de Meio Ambiente. Financiar a agricultura orgânica e agroecológica através da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).
  • Valorizar e investir na gestão de Unidades de Conservação (UC), assim como promover a criação de novas UCs, principalmente em áreas de cerrado, incentivando a pesquisa, promovendo o lazer, a educação ambiental, o eco turismo e a conservação ambiental.

 

O Plano possui itens detalhados para a questão ambiental, relacionando com temáticas importantes, como recursos hídricos, moradia, participação social, educação ambiental, resíduos sólidos, energia, alimentação e áreas protegidas. Destacamos alguns itens que nos chamam a atenção, como a regularização fundiária para comunidades tradicionais, uma questão histórica que tem recebido pouca atenção por parte dos governos; a criação de áreas protegidas no cerrado paulista; e a proposta de manter a gestão pública e por órgãos fortalecidos no Estado de SP. Ainda que essa seja uma visão que possa ser criticada, diante das crescentes necessidades de estabelecimento de parcerias para gestão das UCs, consideramos que é relevante a menção para o fortalecimento dos órgãos gestores. Somente com instituições competentes e capazes será possível estabelecer parcerias duradouras e positivas.

Considero um dos planos mais especificados para a gestão ambiental do estado.


 

Nome na Urna: RODRIGO TAVARES

Nome Completo: RODRIGO TAVARES DA SILVA

Nº: 28

Situação: Deferido

Partido/Coligação: PRTB – SÃO PAULO ACIMA DE TUDO, DEUS ACIMA DE TODOS

O programa possui 12 páginas e 150 propostas divididas em subitens. Não há textos de apresentação do Plano.

Destaco a presença do termo “sustent*” no tema:

EMPREGO E RELAÇÕES DE TRABALHO

69) PROJETO UPGRADE incentivar de forma fiscal e material o empreendedorismo apoiado, o setor de economia solidária, criativa, colaborativa. Sustentáveis, Empreendedorismo social

O que pode parecer interessante caso se busque formas de economia que garantam a sustentabilidade ambiental, econômica e social.

SAÚDE

128) POLITICAS INTEGRATIVAS DO SUS, Promover a racionalização das ações de saúde, estimulando alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável de comunidades e DESENVOLVIMENTO HUMANO.;

Especificamente sobre o MEIO AMBIENTE, são apresentados os itens:

106) LOGISTICA REVERSA estímulos e fiscalização mais rigorosas das empresas neste processo de gestão de resíduos sólidos;

107) FISCALIZACAO NOS POLUIDORES, aumento de quadros para fiscalização de empresas poluidoras do meio ambiente.

108) VIGILANCIA 24 TOTAL: Instalação de câmeras em locais conhecidos de descarte irregular de lixo.

109) ADEQUAÇAO DE PARQUES E RESERVAS AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTATEVEL adequar as áreas protegidas e quando possível fomentar o desenvolvimento de atividades sustentáveis nesses locais para colaborar na manutenção desses espaços.

110) ESTUDO SOBRE A SOBREPOSIÇÃO DE ÁREAS: Com tecnologias modernas e possível identificar as reais áreas de proteção ambiental e evitar sobreposição das mesmas. Tudo isso levando-se em conta o desenvolvimento sustentável e autonomia administrativa. Onde há sobreposição não se tem um responsável direto pela preservação e políticas de utilização sustentável.

CASTRACAO DE ANIMAIS DE ESTIMACAO: Criação de consultórios moveis para mutirão de castração de animais de rua

Apesar de resumido e elaborado de forma itemizada, o plano apresenta aspectos importantes. Não fica claro o que se quer dizer com o Estudo de sobreposição de áreas, já que esse tema pode estar relacionado com os conflitos entre UCs e comunidades tradicionais, indígenas e particulares. Porém o olhar para o tema merece ser destacado.

O mesmo podemos dizer quanto ao item adequar Parques e Reservas. Adequar como? Para quê e quem? Talvez algumas linhas esclarecessem o que se pretende.

Em relação aos demais itens, destaco o viés de comando e controle, com base em fiscalização apresentado pelo candidato.


 

Nome na Urna: ROGERIO CHEQUER

Nome Completo: ROGERIO CHEQUER RAMALHO MACHADO

Nº: 30

Situação: Deferido

Partido/Coligação: NOVO

O programa possui 12 páginas, sendo que uma é a capa. De acordo com a introdução do documento, a proposta do partido é acabar com o “mecanismo” no Estado – que seria “um esquema muito parecido com o que foi mostrado na série de TV O MECANISMO, de Elena Soarez e José Padilha (eu particularmente não assisti).

Segundo o Novo, o Estado: se tornou grande, caro, ineficiente e corrupto. Sem critérios de profissionalismo nem foco na população. Para o candidato esse esquema garante que São Paulo seja “governado há 24 anos pelo mesmo partido e seus aliados de primeira e última hora”.

O programa está apoiado em 3 pilares:

1- Profissionalização

2- Execução em Parcerias

3- Estrutura Eficiente

No item PROFISSIONALIZAÇÃO merece destaque um aspecto que chama a atenção: governantes acreditam que vão revolucionar o sistema de gestão, sem ao menos conhecer suas realidades e funcionamento. Não à toa, o NOVO promete criar novos critérios de Competência e Integridade de suas equipes. Porém, o partido desconsidera que em seus quadros possui candidatos como o ex- Secretário de Meio Ambiente (SMA) Ricardo Salles, que foi acusado de improbidade administrativa.

Para o pilar 2 do plano, o partido dá destaque às possibilidades de execução de parcerias com diversos entes jurídicos e físicos. Essa tem sido uma questão recorrente nos debates de gestão de áreas protegidas, por exemplo, embora nos últimos anos tenha ficado mais concentrada nas modalidades de parceria com a iniciativa privada. Existe grande potencial para desenvolvimento de parcerias com organizações locais da sociedade civil, Governo federal, prefeituras e indivíduos, como na modalidade de voluntariados. Caso seja utilizado os diferentes arranjos possíveis acreditamos que pode ser interessante.

Em relação ao PILAR 3 – ESTRUTURA EFICIENTE, consideram que a estrutura profissional será a menor possível para atingir alta qualidade com o menor custo. Para isso, merece destaque a proposta nº 3- Reduziremos drasticamente os cargos comissionados. Caso seja de fato implementado, considero que esse será um ponto positivo para a questão ambiental em SP, já que a pasta da SMA foi vítima nos últimos anos de sequenciais casos de aparelhamento político, justamente devido ao excessivo número de cargos comissionados.

No entanto, ao mesmo tempo que critica o Estado e promete sua redução, o candidato não menciona como lidará com o déficit de funcionários públicos, já que esse é um fato fundamental para o funcionamento de órgãos da SMA, como os institutos de pesquisas, além da defasagem salarial.

A questão ambiental não está entre as 6 prioridades do plano, embora possua uma seção específica, que segue transcrita a seguir:

  1. Meio Ambiente
  2. i) Gestão:

(a) Revitalização e valorização dos institutos de pesquisa através de parcerias

(b) Venda de áreas do Instituto Florestal

  1. ii) Parcerias para exploração dos Parques Urbanos

iii) Melhoria da qualidade do ar: parcerias visando a otimização da fiscalização de emissão de poluentes

  1. iv) Unidades de Conservação: desenvolver parcerias para explorar de forma sustentável as UC’s
  2. v) Agilizar e desburocratizar procedimentos de licenciamento ambiental vi) Analisar parcerias para produção de energia a partir de resíduos da coleta seletiva de lixo

 

Além dessas a questão ambiental está relacionada com as seções:

Habitação – v) Novos projetos habitacionais desenvolvidos em parcerias com conceito de construção sustentável e acessível e com utilização de tecnologias para redução e otimização do consumo de água e energia

Cultura – a) Analisar parcerias para o fortalecimento dos museus estaduais, da produção cultural e da preservação do patrimônio histórico do Estado de SP

Turismo – a) Analisar parcerias para a exploração turística sustentável de nossos parques estaduais

– c) Analisar parcerias para o desenvolvimento do turismo ecológico e cultural

Apesar de se colocar como NOVO, considero que pelas expressões utilizadas, o partido reproduz velhos entendimentos sobre a Coisa Pública.

Entre eles, considero a proposta de venda do patrimônio público que está sob confiança ao Instituto Florestal do Estado de SP um equívoco. O IF, como é conhecido, é uma organização centenária e uma das primeiras a tratar da questão da conservação da natureza no país. A venda desse patrimônio é um crime e um atentado contra a sociedade e as gerações futuras, como diriam os pioneiros Alberto Löfgren, Frederico Carlos Hoehne, Octávio Vecchi entre outros!

Outro ponto que chama a atenção é a ideia de exploração dos Parques urbanos e UCs de uso sustentável. Embora seja previsto e possível, sabemos que os objetivos públicos e sociais desses territórios protegidos não se resumem à explorar, explorar e explorar! São áreas destinadas à conservação da natureza e com potencial para sensibilização da sociedade. Em algumas delas é possível se pensar em formas de exploração econômica, mas a maioria certamente, figurará como benefícios socioambientais à população. Considero o termo inapropriado e que demonstra desconhecimento com a realidade das UCs em SP e mais uma proposta de exploração da coisa pública.


 

Nome na Urna: TONINHO FERREIRA

Nome Completo: ANTONIO DONIZETE FERREIRA

Nº: 16

Situação: Deferido

Partido/Coligação: PSTU

O Plano de governo disponibilizado possui 4 páginas que tratam diretamente do “16 pontos de um programa revolucionário e socialista para São Paulo”.

O programa inicia criticando as privatizações e concessões no Estado, sendo que, apesar de não citarem especificamente os casos das áreas protegidas, vem sendo alvo de projetos, como os Parques Estaduais Cantareira e Campos do Jordão. As críticas à esse modelo são sustentadas pela afirmação “privatizações não tem refletido em aspectos benéficos para a população, como o saneamento básico”.

Nenhum dos 16 pontos do programa citam expressamente a questão ambiental, mas considero que três deles possuem relação com a temática.

3 – Planos de obras públicas para gerar emprego e resolver problemas estruturais:

Ao destacar a importância de “um plano de obras públicas sob o controle dos trabalhadores que gere empregos”, o candidato afirma ser necessário, “ao mesmo tempo, respeitar o meio ambiente, resolvendo problemas estruturais como o déficit de saneamento básico, escolas e hospitais, rede de transporte ferroviários com metrôs e trens”.

7 – O campo para quem trabalha! Nacionalização e expropriação do latifúndio! Revolução e reforma agrária radical:

O programa defende a nacionalização do grande latifúndio para que a produção seja definida pelos trabalhadores, “de acordo com as necessidades do povo e em harmonia com o meio ambiente”.

8 – Regularização e titulação das terras indígenas e quilombolas:

É reconhecido que comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas, caiçaras e etc. possuem estreita relação com o meio ambiente. Particularmente em São Paulo sabemos que foram estabelecidos diversos conflitos entre processos de gestão públicos e privados e os territórios tradicionais. Dessa forma, ainda que não afirme diretamente sobre o viés ambiental, considero interessante a proposta de garantir a “titulação, regularização e proteção dessas áreas” tradicionalmente ocupadas.


 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dos treze candidatos a governador, consideramos que 7 deles apresentaram propostas insuficientes para a complexidade da questão ambiental em SP. São eles (Lilian Miranda, Edson Dorta, Major Costa e Silva, Marcelo Candido, Prof. Claudio Fernando, Rodrigo Tavares e Toninho Ferreira).

Para os demais candidatos, elaboramos um ranking, semelhante ao feito pelo Paulo.

O ranking considerou o detalhamento das propostas e a integração entre as diferentes áreas com a temática ambiental, a partir da leitura dos candidatos sobre a situação atual da gestão ambiental em SP.

As melhores propostas foram as do vice-governador Márcio França (PSB) e da Professora Lisete (PSOL), que demonstram diálogo e coerência com a situação atual, além de transversalidade da questão e detalhamento das propostas.

No meio de campo, consideramos que Skaf (MDB) e Luiz Marinho (PT) apresentaram propostas razoavelmente detalhadas e coerentes com seus posicionamentos políticos, ainda que Luiz Marinho não tenha apresentado uma seção específica para o tema ambiental.

Na lanterna das análises válidas, citamos os candidatos João Dória (PSDB) e Rogério Cherquer (Novo), que apesar de propagarem a redução do estado e novas formas de gestão ambiental no SP, não detalharam as estratégias que pretendem adotar para tal.

Dado o “start” para a discussão, aguardamos vossas considerações!

8 Comentários

  1. Gratidão pela iniciativa e pela coerência da pesquisa!Com certeza é uma importante ferramenta para qualificar mais a decisão final, frente a complexidade das eleições deste ano!

    • Olá Monica, muito obrigado pela mensagem! Esperamos ter contribuído! O cenário é caótico e precisamos utilizar todas ferramentas disponíveis para contribuir da melhor forma com a qualidade das discussões! Abs

    • Olá Jonas! Ficamos muito felizes em saber que nosso blog está ajudando nas reflexões sob as propostas dos candidatos para temas que são muito importantes para a sociedade! Muitoobrigado!

  2. Obrigada pela análise!Putz, é necessário uma dose de coragem para ler todos os programas.Achei interessante a organização do texto.Inserções, por exemplo.Ajuda o leitor a concentrar nas áreas de interesse e assim fazer uma leitura dinâmica! Legal!

    • Olá Marlene! Obrigado pelas considerações! O Paulo tem sido um bom editor, com bons estímulos para elaboração dos textos!!! Que bacana que achou a leitura agradável! Apesar de extenso, achamos que pode ajudar nas decisões.
      Abs
      Felipe

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