
O amor é uma das experiências mais intensas e transformadoras na vida de uma pessoa. Muito se fala sobre os efeitos emocionais de se apaixonar, mas a ciência está começando a revelar que o amor também pode ter impactos profundos na nossa saúde.
Recentes estudos sugerem que o amor romântico pode influenciar a maneira como nosso corpo combate vírus e infecções, ativando certos genes do sistema imunológico [1].
Como foi feita essa pesquisa?
Para entender o que ocorre quando alguém se apaixona, cientistas realizaram um estudo de dois anos com 47 jovens mulheres, todas recém-iniciadas em novos relacionamentos, mas ainda não apaixonadas. Os critérios de participação incluíam ser heterossexual, não estar grávida ou amamentando, não fumar, não tomar medicamentos que afetassem o sistema imunológico, cardiovascular ou psiquiátrico, e planejar permanecer na cidade por pelo menos seis meses.
No início do estudo, as participantes responderam a um questionário online e forneceram uma amostra de sangue. Durante os dois anos, elas completaram pesquisas bimestrais sobre seu estado emocional, saúde física e mental, e aspectos de seus relacionamentos. Quando uma participante se apaixonava, terminava o relacionamento, ou após 12 meses, uma nova amostra de sangue era coletada para comparação. Ao todo, foram coletadas 115 amostras de células imunes das 47 mulheres, permitindo aos cientistas acompanhar as mudanças na expressão gênica ao longo do tempo em relação ao estado de estar apaixonado.
Que tipo de análise foi feita?
Para caracterizar o impacto do amor romântico na função do genoma humano, o perfil do transcriptoma de todo o genoma de 115 amostras de células imunes circulantes coletadas de 47 mulheres jovens ao longo de um estudo longitudinal de 2 anos foi analisado.
O estudo analisou o transcriptoma, que é o conjunto completo de RNA transcrito a partir do DNA, em células imunes circulantes. Isso ajuda a entender quais genes estão sendo expressos (ou ativados) nas células em diferentes momentos.
Quais foram as descobertas desse estudo?
Os cientistas descobriram que o amor romântico influencia a maneira como nosso corpo combate vírus e infecções. Isso ocorre porque certos genes que ajudam o sistema imunológico a lutar contra vírus, como os genes de interferon Tipo I, ficam mais ativos quando estamos apaixonados.
Além disso, as células dendríticas (DCs) específicas, como as CD1C+ (também conhecidas como BDCA-1+) e as CLEC4C+ (também chamadas BDCA-2+), mostraram um aumento na expressão gênica. As DCs CD1C+ são eficazes na apresentação de antígenos e na ativação de células T, enquanto as DCs CLEC4C+ são importantes na detecção e apresentação de antígenos, que são substâncias reconhecidas como estranhas pelo sistema imunológico, para outras células imunes.
Resultado: mudanças específicas na expressão gênica
A expressão gênica é o processo pelo qual a informação contida nos genes é usada para produzir moléculas funcionais, como proteínas, que desempenham várias funções nas células. Em resumo, observar mudanças específicas na expressão gênica significa que o estudo identificou que determinados genes estão sendo ativados ou desativados de maneira diferente do esperado, e essas mudanças podem ter consequências importantes para a compreensão da biologia celular e do organismo como um todo.

Expressão de Genes de Interferon Tipo I
Quando as mulheres estavam apaixonadas, houve um aumento na expressão de genes relacionados à resposta do interferon Tipo I, que são importantes na defesa contra vírus.
Esses genes estavam associados às células dendríticas (DCs), que são células do sistema imunológico responsáveis por iniciar a resposta imune.

Células Dendríticas (DCs) Específicas
As células dendríticas que mostraram aumento na expressão gênica foram as CD1C+/BDCA-1+ e as CLEC4C+/BDCA-2+.
As DCs CD1C+ (também conhecidas como BDCA-1+) são eficazes na apresentação de antígenos e ativação de células T.
As DCs CLEC4C+ (também chamadas BDCA-2+) também são importantes na detecção e apresentação de antígenos, substâncias que o sistema imunológico reconhece como estranhas, para outras células imunes.
Em suma, esses são biomarcadores genéticos associados à ação do sistema imunológico. Se eles aumentam, isso pode indicar uma maior atividade ou vigilância do sistema imunológico. No contexto do estudo, o aumento na expressão desses genes sugere que o estado de estar apaixonado pode estar associado a uma resposta imunológica mais ativa.
No entanto, esse estudo não é conclusivo. Afinal, estamos falando de como a ciência e a biologia de 47 mulheres podem ser modificadas pela presença do amor na vida dessas pessoas. Estatisticamente falando, esse é um número pequeno para correlacionar com toda a população do planeta. Um tamanho de amostra maior seria necessário para obter resultados mais representativos. Além disso, seria importante considerar a diversidade, incluindo diferentes etnias, idades e gêneros, para obter uma visão mais abrangente.
Ainda assim, essas descobertas são uma evidência que deve ser explorada mais a fundo. Afinal, amar sempre vale a pena!
Feliz Dia dos Namorados!

Para saber mais detalhes sobre o estudo:
[1] Murray, D.R., Haselton, M.G., Fales, M., Cole, S.W., 2019. Falling in love is associated with immune system gene regulation. Psychoneuroendocrinology 100, 120–126. https://doi.org/10.1016/j.psyneuen.2018.09.043. Acessado em 11/06/2024.
😂♥️ Mais amor, Mais saúde? kkkk...