Ajude o Céu em Março

Nem bem os eventos de Fevereiro terminaram, há dois eventos mundiais no mês de Março que merecem destaque. Mais do que isso, merecem contribuição.
O primeiro deles é o Globe at Night. Trata-se de um projeto internacional que pesquisa a poluição luminosa através da observação das estrelas da Constelação de Orion.
Para isso, olhe para o céu entre os dias 16 e 28 de Março de 2009 e reporte a magnitude aparente (o quão brilhante as estrelas estão). Não é preciso muito conhecimento em astronomia. Basta seguir os 5 passos disponíveis no site que, inclusive, contém imagens que ajudam a determinar a escala.
Em 2007 e 2008, o Brasil não apresentou um número significativo de relatos para constar no quadro do site, ao contrário da Argentina.
Já o Earth Hour, que foi ignorado pela maioria dos brasileiros em 2008, parece que ficou famoso neste ano e terá mais adesões graças a ajuda de profissionais do meio artístico de massas (digo, atores de novela de grandes redes de televisão).
O Earth Hour propõe, desde 2007, uma mobilização simbólica de se apagarem as luzes por uma hora no dia para protestar contra mudanças climáticas e o aquecimento global. Este ano, o evento se dará no dia 28 de março, sábado.
A minha contribuição vai além de um protesto para com o aquecimento global, já que a Poluição Luminosa é o pior pesadelo de todo astrônomo, profissional ou amador.
Nada melhor que o planeta inteiro consciente, apagando tantas luzes e, o melhor de tudo, numa noite de Lua Nova! Preparem suas velas!

Lulin: Simulação de Observação

Atendendo às dezenas de pedidos sobre como encontrar o Cometa Lulin, resolvi montar uma simulação com o meu software planetário favorito, Starry Night Pro.
Tentei mostrar ao máximo as condições do céu de São Paulo, onde resido, para que fique claro que não há meios de se observar o cometa a olho nu. Quem tiver binóculos ou um telescópio, terá mais chances de contemplar.
Ah! Também vale lembrar que o ideal é visualizar de soslaio (canto de olho) e longe das luzes das cidades.
A simulação começa às 20h de hoje, horário local e, ao término, serão 5h da manhã do dia 28 de fevereiro.

O vídeo também pode ser visto aqui. Por fim, gostaria de ressaltar a todos que eu nunca tinha feito um video na minha vida.
Já um amigo meu, Guilherme Venere, experiente observador, conseguiu fazer uma breve filmagem que pode ser vista aqui.

Vá observar o Cometa Lulin

Para os fãs de cometas, o cometa Lulin c/2007 está visível no Brasil e poderá ser visto de hoje até aproximadamente dia 27 de fevereiro, como seu máximo, no próximo dia 24. Neste dia, seu brilho permitirá que seja observado por qualquer pessoa apenas com a ajuda de um binóculo.
A observação será melhor das 3h (horário de Brasília) até o início da manhã nos dias que antecedem sua máxima (máxima de aproximação entre o cometa e a Terra). Já no dia 24 de fevereiro, ele se tornará visível desde o entardecer até o amanhecer do dia seguinte, o que promete ser um espetáculo.

Será mais fácil de se observar se tivermos um dia de clima ameno, poucas nuvens e uma fase da Lua favorável no céu (condições astronômicas ideais). Se você estiver em uma área de céu escuro, com baixa poluição luminosa, melhor.
Para quem conhece um pouco o céu, o cometa estará bem próximo a constelação de Libra. Esta, por sua vez, é facilmente localizada se você encontrar Escorpião, cujo desenho é mais fácil de achar, inclusive por observadores iniciantes, por sua característica cauda. Tal como se pode ver na imagem abaixo:

Na maior aproximação, o Lulin chegará a 60 milhões de quilômetros da Terra e depois nunca mais passará pelas proximidades, já que a letra “c” em seu nome indica que o cometa possui uma orbita que dura mais de 200 anos. Excelente justificativa para levantar mais cedo!
Vamos ver se o Planetário de São Paulo programa alguma palestra seguida de observação, tal como tenho participado nestes últimos dias.
Imagens: Starry Night Pro

A astronomia e os dias da semana

Você sabe por que uma semana tem sete dias?
A semana de sete dias é uma concepção da maioria das culturas, embora existam algumas culturas com concepções com cinco, seis ou onze dias.
Os sete dias de uma semana remontam a Antigüidade quando se podia visualizar a olho nu somente sete objetos celestiais móveis vistos da Terra: o Sol, a Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno.
Os nomes dos dias da semana na maioria das línguas e culturas (com exceção da Língua Portuguesa, na qual não há um dia sequer relacionado à astronomia) se originaram ou geralmente se referem a um dos sete corpos celestiais ou ao dia do deus associado ao planeta.
Ou seja, Domingo e Segunda-feira são simplesmente o dia do Sol e o dia da Lua. Não acredita? Se você fala inglês ou alemão, as traduções permitem um entendimento direto e mais rápido: Domingo é Sunday, nada além da junção da palavra Sun (Sol) e day (dia). No caso da língua germânica, Sonntag (domingo) é a unificação de Sonne (Sol) e Tag (dia).

Para segunda-feira, Monday é a junção de Moon (Lua – o nosso satélite natural) e novamente a palavra day para o inglês e Montag, com a palavra Mond para Lua em alemão.
Para terça-feira somente a designação inglesa deixa o Tuesday nos planetas: O deus de guerra romano, Marte, foi chamado com o Teutons Tiu. Do dia “de Tius” foi um pulo para Tuesday (terça-feira).
Igualmente, quarta-feira tem que algo a ver com os planetas. Em italiano, o dia é chamado Mercoledi e em espanhol, Miércoles, ainda se pode reconhecer o radical para o planeta Mercúrio.
Quinta-feira em espanhol é Jueves, que representa o deus Júpiter e seu respectivo planeta-símbolo. O planeta Vênus também está bem representado. Venerdì é palavra em italiano para sexta-feira, assim como Viernes em espanhol.
Sábado que, além do judaico Sabbat, somente é remetido a Saturno no inglês Saturday.
Então, se soubéssemos na Antigüidade que haviam mais planetas no Sistema Solar, além de distinguir planetas de estrelas e luas, talvez pudéssemos hoje em dia trabalhar 5 dias e descansar 3, em uma semana de 8?
Eu me explico: se considerarmos somente os planetas conhecidos hoje como dias da semana (sem contar Plutão que não é planeta!), teríamos: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
O pior que poderia acontecer, nesta conta, seria termos um chefe que nos fizesse trabalhar 6 e descansar os mesmos 2 dias de sempre.

Perspectivas Astronômicas para 2009

O ano de 2009 será um grande ano para a Astronomia.
Primeiramente por ser o Ano Internacional da Astronomia, no qual se comemoram os 400 anos em que Galileu Galilei apontou um telescópio para o céu, o que permitiu a humanidade iniciar descobertas sobre o Universo.
Aqui no Brasil, será um ano de grande trabalho de divulgação sobre esta admirável ciência, cuja meta é de se mostrar o céu ao longo do ano para 1 milhão de pessoas. Para isso, haverá eventos de observações noturnas e diurnas, palestras, aulas, sessões de planetário, entre outros mais.
Eu, que resido na cidade de São Paulo, estarei coordenando cursos gratuitos de astronomia pelo CASP – Clube de Astronomia de São Paulo, além de participar de eventos de observações diurnas e noturnas durante o ano todo que divulgarei neste blog na hora oportuna.
Mais especificamente sobre a noite de hoje, a astronomia começa 2009 marcada por uma passagem importante para astronômos amadores e profissionais.
Por volta da meia-noite de hoje – início do ano de 2009 – no horário de Brasília, a estrela mais brilhante do céu noturno, Sirius da constelação do Cão Maior chegará a sua altitude máxima no céu, o que tecnicamente é chamado de culminação ao se cruzar o meridiano local.
Meridiano, em astronomia, é a linha imaginária que liga o pólo norte ao pólo sul, dividindo o céu em duas metades e permite a melhor observação astronômica do objeto celeste em estudo.
Para localizar Sirius esta noite é muito fácil:

Por volta da meia-noite, olhe exatamente acima de sua cabeça (cerca de 90 graus) e procure pelo Cinturão de Orion (as populares 3 Marias).
Seguindo a direção do alinhamento destas três estrelas (cujos verdadeiros nomes são Mintaka, Alnilam e Alnitak) em direção ao Sul, a estrela mais brilhante nas proximidades será Sirius.
Feliz 2009 e bons céus!

Planejamento é tudo

Seja para contemplar, seja para observar cientificamente o céu, é preciso planejamento.
Não há sensação pior do ter um céu limpo e sem Lua, todos os equipamentos (olhos, binóculos, laser verde, telescópio etc) e não se saber o que há de interessante para mostrar.
Para quem não tem a ajuda de um bom conhecedor de céu, ou para quem está começando na área, vale a pena saber o que há em cada noite.

Imagine você prometer para a família, a namorada, os amigos de mostrar Júpiter numa época em que o planeta só está visível durante o dia (e a luz do Sol, evidentemente, não permite)? Ou não saber o que se está observando para responder a eventuais dúvidas de pessoas em volta?
Nestas horas (e para todas elas), pode-se usar alguns softwares e sites.
Um dos softwares mais acessíveis a novos observadores é o Stellarium. Simples de manuseio, bons gráficos, roda em vários sistemas operacionais e, o melhor de tudo, é gratuito. Basta ajustar o local e a data e você logo saberá do que se trata o ponto mais brilhante que você está vendo.
Outro modo de saber o que pode ser visto e o que pode acontecer ao longo da noite, é por meio do site Calsky. Usado por iniciantes e astronômos amadores reconhecidos, permite verificar os acontecimentos celestes, além de astronáuticos.
Com o tempo e o conhecimento acumulado, o Stellarium servirá para apresentações e palestras, mas o CalSky será um companheiro útil sempre.
Por isso, quando as nuvens abrem espaço, aproveite e bons céus.

Enquanto chove lá fora…

Em sua maioria, observações astronômicas dependem de condições climáticas, embora exista astronomia resistente às interpéries, como a radioastronomia.
Isso se deve primeiramente ao fato que a astronomia começou somente a explorar o que nossos olhos podem ver – tecnicamente chamado de espectro visível. De fato o espectro eletromagnético é composto por muito mais.

Então, se você prefere a astronomia no visível, como eu, e nas horas em que a meteorologia não colabora, há inúmeras possibilidades de se aumentar conhecimento de astronomia, como as minhas preferidas:
1. Explorar softwares tipo planetário (como colecionadora deste tipo de software, vou falar de cada um no futuro);
2. Planejamento de observações futuras (permite otimizar o que ver durante uma noite com tempo bom por meio dos softwares e aprender mais sobre orientação e reconhecimento de céu);
3. Navegação em sites sobre astronomia (a internet permite acesso a muito mais informações sobre astronomia que a escola ou biblioteca mais próxima, além da interação por meio de recursos multimídia);
4. Interação com outros astronômos, profissionais ou amadores (auxiliado pela World Wide Web, pode-se ter contato com especialistas – eu já tive a experiência de falar com o especialista de anãs marrons nos Estados Unidos – e, principalmente com outros clubes de astronomia);
5. E ontem, no meu caso, preencher a proposta do CNPq para execução de eventos durante o Ano Internacional da Astronomia.
Entre outros.
Por isso, eu sempre digo, tempo ruim nunca é desculpa e, se faltar luz, você pode usar uma lanterna e ler um bom livro.

A noite de ontem

A noite de ontem proporcionou diversas boas surpresas.
Primeiramente um céu limpo na Paulicéia Desvairada. Depois de semanas de tempo ruim, nublado, chuvas ao final do dia, o SEEING se tornou razoável e permitiu observação a olho nu de dois planetas (Vênus e Júpiter) na direção Oeste por volta das 20h. Também foi possível distinguir algumas estrelas a olho nu e várias com uso de binóculos 10×50.

Em poucas palavras, SEEING é o termo técnico para qualidade da atmosfera para observação astronômica.

Vênus, visivelmente mais brilhante por estar mais próximo da Terra do que Júpiter, chamou mais atenção que o maior planeta do sistema solar.
Enquanto isso, ao contatar o correspondente do Big Bang Blog na cobertura do ENAST neste final de semana, fui informada que o tempo bom em Maceió também permitiu que ambos os planetas mostrassem suas posições para a região nordeste do Brasil.
A segunda boa surpresa aconteceu por volta das 23h (horário brasileiro de verão). Devidamente divulgado ao vivo pela NASA TV, o ônibus espacial Endeavour decolou do Cabo Kennedy (antigo Cabo Canaveral).

Pena que ainda não foi para consertar o HST (sigla em inglês para Telescópio Espacial Hubble).
Vale mencionar que se o tempo permanecer sem nuvens nesta noite, pode-se observar os dois planetas novamente. Lembre-se que uma boa observação dos dois planetas e das estrelas será significativamente prejudicada pela Lua Cheia.
UPDATE:
O dia de ontem vai ficar para a história da astronomia!
A sonda Chandrayaan-1, que tinha objetivo tirar fotos tridimensionais da Lua o fez na data de ontem. É uma marca ao esforço do Programa Espacial Indiano, apesar de ter se danificado totalmente no pouso.

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