Entrevistei o BEAKMAN!!! Na verdade o ator que o interpreta.
Falamos de divulgação científica, YouTube, crise no Brasil e perguntei até se ele acha que FOI GOLPE OU NÃO (resposta não foi surpreendente, claro).
Teve recado para os divulgadores de ciência: é preciso da força do povo e CONTINUAR LUTANDO!
Problemas técnicos foram enfrentados, mas a oportunidade não foi perdida e ficou o registro.
Agradecimento ao Campinas Anime Fest:
http://www.campinasanimefest.com.br/
TED Talk do Jok Church, o gênio por trás do Mundo de Beakman:
https://www.ted.com/talks/jok_church_…
Nessa crise é difícil ser otimista com a ciência brasileira. Mas eu achei um e ele não está no governo!
Para ele, a ciência no Brasil não é das melhores porque somos uma nação nova, mas vai melhorar.
Stevens Rehen é um pesquisador reconhecido, faz minicérebros e investe boa parte do seu tempo em divulgação científica.
Quer saber como um governo obriga os pós-graduandos com bolsas federais a virarem excelentes divulgadores de ciência? É só escrever isso aqui num projeto de lei:
O CONGRESSO NACIONAL decreta: Art. 1º Esta Lei visa articular os programas federais de
concessão de bolsas de estudos para a educação superior com as redes
públicas de educação básica. Art. 2º O estudante beneficiário de bolsa de estudos custeada
com recursos públicos federais fica obrigado a prestar serviços de
divulgação, formação e informação científicas e educacionais, de no
mínimo quatro horas semanais, em estabelecimentos públicos de educação
básica. Art. 3º Caberá aos órgãos federais competentes, em conjunto
com as secretarias estaduais e municipais de educação, regulamentar e
definir as formas de participação dos bolsistas nas atividades das escolas. Art. 4º Os bolsistas no exterior cumprirão o compromisso
quando do retorno ao Brasil, durante período igual ao de duração da bolsa. Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Pronto! Problema da educação científica resolvido. PRÓXIMO!
Opa, é claro que não está resolvido coisa nenhuma. Vamos por partes.
Estágio em escola funciona?
Todo mundo que teve estágio obrigatório em escola para poder fazer a licenciatura sabe como é: uma bagunça. As escolas e os professores não estão minimamente preparados para receber os bolsistas, mesmo que os bem-intencionados. Ou o professor te larga com a molecada, ou só deixa você assistir. Poucos são os casos onde professores e escolas aproveitam essa mão de obra escrava.
Mão de obra escrava?
Sim, escrava. Bolsista de programa federal ganha no mestrado R$1.500 e no doutorado R$2.200. É mais do que muita gente ganha, você pode dizer, mas é muito menos do que o mercado paga por um profissional com esse tempo de estudo.
Um bom bolsista, com um trabalho sério, não tem vida nesse período, tanto pelo valor da bolsa ser baixo e deixar o bolsista especialista em harmonizações de miojo, quanto pelo tempo escasso. Muita leitura e trabalho de campo, ou pesquisa, ou laboratório, dependendo da área de atuação.
Claro que conheço bolsistas que só fazem um trabalhinho meia-boca no começo da pós e depois ficam coçando o saco ganhando bolsa até o fim do período. Mas são poucos e isso é problema do programa de pós e do orientador que permitem isso.
Por isso, 4 horas semanais parecem pouco, mas pra quem já não tem tempo é muito, e outra coisa mais importante, e que nunca é lembrada pelo governo nem para ajudar os professores, é o tempo de preparação de uma atividade em sala de aula, que eleva para o dobro o tempo gasto na semana.
Mas então o que fazer?
Claro que não sou contra os pós graduandos atuarem na divulgação científica. Na verdade o meu sonho é que todo cientista atue ou pelo menos saiba da importância de fazer divulgação. Mas fazer nas coxas é que não dá, né?
Na justificativa o projeto se vangloria porque “não cria órgão público e nem tampouco novo programa que possa demandar aumento de gastos públicos”. Num país em que falta muito investimento em educação, justificar uma mudança dizendo que é bom porque não vai mexer no orçamento e nem criar um orgão especializado pra organizar isso tudo, transforma esse projeto de lei numa piada. Só mais uma daquelas leis que não pegam.
Temos sim que gastar com divulgação científica, e temos sim que criar estruturas especializadas nisso. Como fazer exatamente eu não sei. Um caminho é fazer a divulgação valer realmente alguma coisa no currículo científico dos pesquisadores. Outra é ter um programa organizado e com objetivos bem definidos de como alunos de pós podem ajudar na divulgação científica nas escolas.
Temos que estimular novas vocações, e dar caminhos para os interessados a optarem por essa atividade, e não enfiar a divulgação guela abaixo de bolsistas, escolas e professores. Divulgar não é fácil nem trivial. É preciso treino e vocação. Um mau divulgador é pior do que nada, e pode fazer um grande estrago.
Eu gostava muito de psicologia. Quase prestei vestibular para psico ao invés de biologia. Passei a odiá-la quando tive aulas com uma péssima professora de Psicologia da Educação que não sabia nada de nada. Foi a neurociência que resgatou o meu respeito pela psico anos depois. Esse é o meu medo com quem não sabe ou não quer fazer divulgação mas vai fazer obrigado. Crianças odiando ciência sem antes entendê-la.
Mas sem generalizações, ok?! Isso está mudando. Graças em parte aos bons jornalistas de ciência, aos blogs e aos cientístas preocupados com a divulgação.
Via Gus no Vida Ordinária
Enquanto escrevo esse post, tenho ao meu lado o primeiro exemplar da mais nova revista de divulgação científica do Brasil: a revista Unesp Ciência, que começará a circular agora em Setembro (mas eu já tenho, urrú!) !
Queria começar dando os parabéns pela iniciativa, e pelo resultado do trabalho: a revista está linda, e o conteúdo é excelente (já a li praticamente inteira, matérias muito boas)! Acesse a edição de lançamento AQUI, e confira o press release feito pela Assessoria de Imprensa da Unesp.
O lançamento aconteceu nessa quarta-feira, no Instituto de Física Teórica (que TEORICAMENTE abriga vários Físicos – RÁ, piada infame!!!) da universidade, que fica na Barra Funda (colado na estação de metrô, mas um parto prá chegar de carro, no meio da hora do rush).
Melhor surpresa da noite: encontrar vários colegas do ScienceBlogs Brasil por lá. Estavam presentes o Igor (Universo Físico), a Luciana Christiane (Efeito Adverso) e o Reinaldo (Chapéu, Chicote e Carbono-14), que estão envolvidos diretamente com a revista (que só tem a ganhar com esse fato!). Como convidados foram o Rafael (RNAm), a Paula (Rastro de Carbono), o Carlos (Brontossauros em meu jardim), o Átila (Rainha Vermelha), e, claro, este que vos fala. Comparecimento muito bom prá um dia de semana, logo no começo da noite, em São Paulo. 19h30 ainda é cedo prá esperar que todos cheguem no horário, por causa da zona que é essa cidade.
Aliás, chegamos meio atrasados, e a cena em que eu, o Rafael, e o Reinaldo tentamos nos sentar educadamente no auditório, sem atrapalhar ninguém, foi RIDÍCULA. Espero de verdade que alguém tenha filmado e solte no Youtube, deu gosto. Difícil descrever tão bem um exemplo da falta de agilidade e destreza dos nerds (no caso, nós).
O evento em si foi bem legal, curto nas formalidades (o que foi ótimo, porque ninguém aguenta muito aquela chatice) e no começo contou com uma apresentação excelente do Grupo de Percussão do Instituto de Artes da Unesp, o Piap. Aliás, uma das meninas que fez a apresentação era um docinho de coco, como diria o Marcelo Tas. Não crianças, não tirei foto dela, tão achando o que? Deviam ter ido.
Após as apresentações, teve um coquetel de confraternização – que não tinha nada alcóolico prá soltar o pessoal? não gostei, que comemoração é essa?! – em que pudemos conversar bastante, e, claro, fazer uma boquinha (apesar de eu ter me queimado com um salgadinho assassino, como sempre).
Ah, sabem por que a revista será lançada em Setembro de 2009? A 400 anos, Galileu adaptou uma luneta, e, com o primeiro esboço de um telescópio, lançou as bases da Ciência Moderna.
Bela escolha de data de lançamento, não acham?