Workshop sobre a expansão dos periódicos

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Foto: Kátia Kishi

Confira abaixo a reportagem completa, publicada no portal da USP, do I Workshop Periódicos Científicos Brasileiros: estratégias para expandir e melhorar a comunicação com a sociedade, realizado em maio de 2014, no auditório da SiBi USP:

Workshop propõe estratégias para expansão da comunicação dos periódicos científicos com a sociedade

Por Carolina Medeiros

Evento realizado na USP reuniu editores e pesquisadores para traçar novas diretrizes na comunicação entre periódicos científicos e jornalistas de ciência e tecnologia

No último dia 29 de maio, ocorreu o I Workshop Periódicos Científicos Brasileiros: estratégias para expandir e melhorar a comunicação com a sociedade no Auditório do SIBiUSP, no campus da Universidade em São Paulo, e contou com a participação de editores da Revista Latino Americana de Enfermagem, a Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo; a Revista de Psiquiatria Clínica; a Revista de Saúde Pública; Educação e Pesquisa; e a Psicologia da USP. O objetivo do evento foi identificar junto com os editores de periódicos científicos publicados na USP, os principais problemas de comunicação hoje existentes, e traçar estratégias efetivas de comunicação com a mídia e a sociedade para dar mais visibilidade às publicações e às pesquisas nacionais dentro e fora da comunidade acadêmica.

Logo no início do evento, os editores ou membros da equipe editorial das revistas expuseram suas dificuldades para divulgar os conteúdos que publicam e dados relativos a produção dos   conteúdos. A maior preocupação das revistas presentes se concentra no processo de produção editorial, na indexação e em progredir no estrato do Qualis Periódicos. Com a participação   no projeto, a divulgação das novas edições passa agora a ser uma nova meta em busca de visibilidade.

Átila Iamarino, doutor em microbiologia pela USP, um dos fundadores do Science Blogs do Brasil e que atualmente realiza pós-doutorado na Universidade de Yale, falou via Skype sobre a   importância das redes sociais para a comunicação científica. “As redes sociais são simples, interativas, proporcionam contato imediato com os usuários, são ferramentas baratas, tem      longo alcance, são de impacto imediato e são a maior diferença das outras métricas”, enfatizou. O pesquisador falou ainda sobre o impacto do Twitter e do Facebook, blogs, do Mendeley  para gerar métricas alternativas que além de mais imediatas do que o fator de impacto, valorizam o artigo, ao invés do periódico enquanto. “Essas métricas podem ser usadas pelas  revistas para avaliar o pesquisador, com o propósito de entender o trabalho dele, e ver se esse gera impacto”, garante.

Outra participação foi a de Monica Frigueri, secretaria executiva da Revista Brasileira de Inovação, que falou sobre o trabalho realizado pela revista em busca da indexação no Scielo. Em sua fala, Monica, mostrou a importância de conhecer o público leitor e as estratégias de visitação dos conteúdos da revista como modo de melhorar os acessos da revista. No caso da RBI conhecer o perfil das submissões levou ao reconhecimento de que o escopo da publicação precisava de ajustes para que passassem a receber submissões mais adequadas e a criação de página no Facebook aumentou o número de acessos aos artigos.

Germana Barata, falou sobre a importância da visibilidade dos periódicos junto à sociedade, e apontou resultados de um levantamento de cinco anos em notícias publicadas na seção de ciências do maior jornal do país, a Folha de S. Paulo, que motivou a realização do projeto. Os periódicos científicos brasileiros quase nunca são usados como fonte de informação, ao contrário dos estrangeiros, com presença constante de seis deles que dominam o noticiário (Nature, Science, Proceedings of the National Academy of Science (PNAS), New England Journal of Medicine, Plos One e Journal of the American Medical Association (Jama). De acordo com Germana, entrevistas com jornalistas de ciência revelaram dentre os fatores responsáveis pelo baixo interesse por revistas científicas brasileiras está a publicação de pesquisas de baixo impacto e credibilidade, a dificuldade em acessar informações relevantes produzidas por essas publicações e a dificuldade de entrar em contato com cientistas brasileiros. “É preciso mudar a percepção sobre periódicos científicos brasileiros, que também podem ser internacionais, junto à comunidade científica e jornalistas de ciência. Publicamos sim pesquisas de qualidade e que precisam ser divulgadas”, afirmou.

Os periódicos científicos estão entre as principais fontes de informação da imprensa especializada em ciência e tecnologia. Nos últimos anos as produções brasileiras tem apresentado crescimento significativo dentro no cenário mundial. Porém, a mídia brasileira ainda dá maior destaque para produções estrangeiras, sobretudo as de alto impacto, que há tempos já atentaram para a importância da comunicação com jornalistas e com a sociedade, garantindo assim maior visibilidade dentro e fora da academia. Dentre os exemplos estão as midiáticas Nature e Science, o New England Journal of Medicine, a Plos One, de acesso aberto, a Proceedings of the National Academy of Science e o Journal of the American Medical Associassion.

Outra importante participação no workshop foi a de Antônio Carlos Quinto, diretor da Agência USP de Notícias, que apresentou o funcionamento, a importância e os impactos da comunicação para a universidade. A Agência, criada em 1995, pretende levar a ciência desenvolvida e feita pela USP pro grande público em uma linguagem atraente e multimídia (não apenas textos, mas vídeos e inserções na Rádio USP diariamente). “Isso porque as pesquisas realizadas aqui são financiadas pelos impostos pagos pela população, e essa merece ter um retorno do que é produzido; e esse retorno é dado em forma de notícias”, justificou Quinto. A Agência possui 5800 assinantes e contou com mais de 91 mil visitantes no período de abril a maio deste ano. Quinto lembrou que a equipe faz contatos com líderes de grupos de pesquisa, diretores de unidades, acessam bancos de teses e dissertações, mas muitos pesquisadores já tem a rotina de informar a Agência quando há informações interessantes. Neste sentido, os periódicos científicos devem enviar sugestões de pautas para a Agência e outros veículos da universidade para que se crie um diálogo com a sociedade.

A expectativa é que o projeto possa produzir futuramente tutoriais que motivem outros periódicos brasileiros a divulgarem os artigos que publicam para que os jornalistas possam contar com mais uma fonte de informações rica e genuinamente brasileira.

O workshop integrou o projeto de mesmo nome financiado pela Fapesp é coordenado por Germana Barata, doutora em história da ciência e pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e conta com pesquisadores da USP e Unicamp em parceria com o Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBiUSP).

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