Ferramenta online permite avaliar produtos alimentícios

As discussões científicas que envolvem a Ciência de Alimentos estão há muito em voga. Se, por um lado, as pessoas buscam atributos como praticidade, variedade e sabor quando adquirem produtos alimentícios diversos, por outro a relação do consumo desses alimentos com a saúde e bem-estar nunca foi uma preocupação tão presente. Mais recentemente, mas também substancialmente, outros denominadores vem sendo incorporados a esta lista, como impacto ambiental da produção, condições de trabalho nas fábricas, bem-estar animal entre outros. As escolhas relacionadas à alimentação são, enfim, uma ação política.

Tendo estes aspectos em mente, uma organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, a Environmental Working Group (EWG) criou uma ferramente bastante útil de avaliação de diversos produtos alimentícios disponíveis para compra (majoritariamente nos EUA, mas que podem também ser encontrados no Brasil, assim como mundo afora).

A ferramenta, chamada Food Score (algo como “pontuação da comida”), atribui uma nota para os produtos encontrados de acordo com a busca realizada pelo usuário, que pode ser por ingredientes ou marcas comerciais.

A apurada metodologia utilizada (que pode ser lida completa e detalhadamente, em inglês, aqui) é o que diferencia esse recurso de simples “guias para alimentação saudável” disponíveis na internet.

O algoritmo desenvolvido pela EWG compila as informações de composição nutricional e os ingredientes relacionados nos rótulos dos alimentos e atribui a eles notas dentro de uma escala previamente criada, respeitando três sub-categorias: fatos nutricionais, grau de processamento e preocupações relacionadas aos ingredientes.

Embasamento científico

Para estabelecimento dos critérios, o site leva em consideração dados obtidos da FDA1 e de publicações científicas de reconhecida relevância. Ao final, o produto recebe uma nota de 1 a 10, obtida pela soma das três sub-categorias, sendo os menores valores adotados para os alimentos melhor avaliados.

Dentro dos fatos nutricionais, avalia-se positivamente a quantidade relevante de proteínas, a presença de ácidos-graxos mono e poli-insaturados (como os ômega-3) e fibras, e o conteúdo de frutas, castanhas, legumes, etc. Já os alimentos muito calóricos, com altos níveis de açúcar, gorduras saturadas e/ou trans e sódio recebem pontuação elevada.

O item grau de processamento especifica por quais tipos de processamento (industrial ou não) o produto passou, desde a simples lavagem até o ultra-processamento.

Como preocupações relacionadas aos ingredientes, entende-se tanto o teor de aditivos regulamentados na composição do produto, quanto a presença de contaminantes (metais pesados, resíduos de pesticidas, promotores de crescimento em animais, antibióticos, poluentes orgânicos persistentes, etc).

Apesar de carecer, ainda, de critérios mais aprofundados no que diz respeito à sustentabilidade ambiental e social da produção (emissão de gases do efeito estufa, uso da terra e da água, degradação e poluição ambiental, condições dos trabalhadores, modo de criação animal, entre outros exemplos), essa é, seguramente, uma ferramenta bastante útil para, cada vez mais, podermos estar cientes do que comemos e dos impactos de nossas escolhas.

1U.S. Food and Drug Administration – órgão do governo dos EUA responsável pela avaliação e liberação de produtos alimentícios, entre outros.

Crédito da imagem: Michael Stern

Sobre Gustavo 29 Artigos
Cientista de Alimentos e Mestre na mesma área. Especialista em Jornalismo Científico pelo LABJOR/UNICAMP, dedicando-se a atividades de divulgação científica.

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