COP + um número qualquer… isso também te confunde?

Entre os dias 1 e 12 de novembro deste ano está rolando a COP26. Não sei vocês, mas algumas siglas me deixam um pouco confuso e essa é uma delas. Talvez me sentisse mais familiarizado se dissessem que o evento que acontece neste mês em Glasgow, na Escócia, é a Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas de 2021. Menos breve. Mais direto ao assunto. Curioso que a Organização das Nações Unidas soa melhor como sigla. Provavelmente porque tenha sido repetida à exaustão nas telas de cinema e nos meios de comunicação até ficar impregnada no inconsciente coletivo. Ou quem sabe seja apenas uma impressão pessoal.

O fato é que COP não é necessariamente sinônimo de evento da ONU sobre o clima. A sigla, traduzida do inglês, significa Conferência da Partes. Trata-se da mais alta instância deliberativa de convenções internacionais, sendo composta pelos estados membros (as partes), signatários de algum tratado. E o objetivo dessas conferências é acompanhar se as metas estabelecidas na convenção estão sendo atingidas, promovendo ajustes para alcançar a efetiva implementação do que foi acordado. Desse modo, periodicamente, são realizados esses encontros.

A numeração das Conferências das Partes (pelo menos as que conheço) é sequencial e não tem qualquer relação com o ano de realização e talvez isso possa causar um pouco de confusão. Então, no caso da Conferência sobre o Clima deste ano, ela é a 26ª realizada. Essa numeração também não segue a lógica “Conferência Original + X anos”, como ocorreu, por exemplo em relação à Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como ECO-92 ou Rio-92 (essas siglas acho que pegaram), que teve sequências apelidadas de Rio+5, Rio+10, Rio+15 e Rio+20.

Outra coisa que talvez atrapalhe um pouco a compreensão é que não apenas uma convenção resulta em COPs. Além da Convenção sobre o Clima, temos por exemplo a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que até este ano já resultou em 15 COPs ordinárias e duas extraodinárias. Então temos mais de uma Conferência das Partes em um mesmo ano e com números diferentes. Em 2021, além da COP26, sobre Mudanças Climáticas, tivemos a COP15, sobre Diversidade Biológica.

E cada edição dessas conferências acaba tendo relevância diferente, algumas se tornando mais memoráveis, a exemplo da COP10, de 2010, realizada em Nagoya, no Japão, e a COP21, que aconteceu em 2015 na capital da França. Destas, que considero duas das mais relevantes, a primeira é conferência da CDB e teve como resultado as Metas de Aichi (um plano de ações para deter a perda de biodiversidade). Já a segunda é conferência da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e resultou no Acordo de Paris (no qual os países se comprometeram a reduzir a emissão de gases do efeitos estufa). E, dessas conferências, uma não tem relação direta com a outra, tirando o fato de serem COPs da ONU sobre temas ambientais e de terem se originado a partir de convenções resultantes da Rio-92.

Além disso, não apenas um órgão (no caso a ONU, da qual falávamos) realiza COPs. A Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, neste ano chega à sua 9ª Conferência das Partes no âmbito de sua Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco.

E você? Conhece mais alguma COP?

 

Listas das COPs citadas no texto:

 

Paulo Andreetto de Muzio é graduado em Relações Públicas (2005) pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP. Especializou-se em Jornalismo Científico (2016) pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo – Labjor, da Universidade de Campinas – Unicamp, e é mestre em Divulgação Científica e Cultural (2020), também pelo Labjor.

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