O Copernicus, serviço climático da União Europeia, e a Organização Meteorológica Mundial, da ONU, confirmaram que 2023 foi o ano mais quente já registrado no planeta desde 1850, quando se iniciaram as medições meteorológicas.
Os dados revelam que as temperaturas globais alcançaram níveis sem precedentes, com a média global atingindo 14,98 °C em 2023, um aumento de 0,17 °C em relação ao recorde anterior estabelecido em 2016. Esta marca coloca o ano de 2023 como sendo 0,60 °C mais quente do que a média de 1991–2020 e alarmantes 1,48 °C acima do nível pré-industrial de 1850–1900. Este último dado é particularmente significativo, aproximando-se perigosamente do limite crítico de 1,5 °C estabelecido no Acordo de Paris em 2015.
O relatório Global Climate Highlights de 2023 apresenta um resumo geral dos extremos climáticos mais relevantes do ano e dos principais impulsionadores deles, como concentrações de gases de efeito estufa, El Niño e outras variações naturais. Os meses de junho a dezembro de 2023 foram os mais quentes já registrados, com julho e agosto marcando os dois meses mais quentes globalmente na série histórica.
O impacto do aquecimento global se estendeu por todo o planeta, com o gelo marinho da Antártida atingindo mínimos recordes desde 1978. As concentrações atmosféricas de dióxido de carbono e metano também atingiram níveis alarmantes, alcançando 419 partes por milhão (ppm) e 1.902 partes por bilhão (ppb), respectivamente.
Os cientistas já suspeitavam dessas tendências, considerando os diversos eventos extremos como ondas de calor, inundações, secas, ciclones e incêndios florestais em todo o mundo. No entanto, a ONU faz um alerta ainda mais preocupante, prevendo que 2024 será ainda mais quente, com o impacto do El Niño atingindo seu ápice até março. As temperaturas da superfície do mar e a extensão do gelo marinho da Antártica apresentam números extremos, gerando apreensão global.
2023 foi uma prévia do futuro catastrófico que nos aguarda se não agirmos agora. Devemos responder aos aumentos recordes de temperatura com ações revolucionárias”. António Guterres, secretário-geral da ONU.
O aumento contínuo das concentrações de gases de efeito estufa é apontado como o principal impulsionador do aquecimento global, sendo que em 2023, o fenômeno El Niño também contribuiu significativamente. No entanto, o El Niño não explica totalmente o aumento das temperaturas da superfície dos oceanos em escala global, indicando uma complexidade crescente no panorama climático.
Estes dados incontestáveis sublinham a urgência de ações concretas e globais para combater a crise climática, conforme o planeta se aproxima perigosamente dos limites estabelecidos para garantir um futuro sustentável.
Referências:
Copernicus. The 2023 Annual Climate Summary: Global Climate Highlights 2023. Disponível em: https://reliefweb.int/report/world/2023-annual-climate-summary-global-climate-highlights-2023
WMO. World Meteorological Organization. WMO confirms that 2023 smashes global temperature record. Disponível em: https://wmo.int/news/media-centre/wmo-confirms-2023-smashes-global-temperature-record
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Jaqueline Nichi é jornalista e cientista social. É doutora em Ambiente e Sociedade pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM-UNICAMP) e mestre em Sustentabilidade (EACH-USP). Sua área de pesquisa é centrada nas dimensões sociais e políticas das mudanças climáticas, adaptação e planejamento urbano e governança multinível e multiatores.
Estes dados incontestáveis sublinham a urgência de ações concretas e globais para combater a crise climática, conforme o planeta se aproxima perigosamente dos limites estabelecidos para garantir um futuro sustentável.