Vem chegando o verão… o que preciso saber sobre proteção solar?

Se parte do título do texto faz você lembrar do trecho da música “vem chegando o verão… o calor no coração… essa magia colorida… são coisas da vida…” talvez você já tenha mais de 30 anos. Mas não é sobre idade que pretendo discorrer aqui. Talvez seja um pouco, mas não é o foco. O ponto (ou pontos?) em questão é sobre vida, sobre o nosso dia a dia e o Sol.

Acredito que ainda esteja um pouco confuso o assunto que será desbravado. Simplifico: neste pequeno texto viso esclarecer alguns conhecimentos com relação aos efeitos do Sol na nossa pele; danos na infância com impactos na vida adulta; e proteção solar.

Comecemos pela pele. Ela é um órgão que entra diretamente em contato com os raios solares. É um órgão que, dentre muitas funções, protege o organismo das ações do ambiente externo e interage com o meio. O culto ao Sol e do corpo bronzeado, ou simplesmente a exposição da pele ao Sol promove uma cascata de efeitos no corpo. Até aqui nada de novo sobre o Sol. Seguimos.

A radiação ultravioleta (UV) tem ação cumulativa na pele/organismo. E o que significa isso? Significa que os danos causados na pele naquele belo verão de 1970 “acumulam-se” com os outros danos causados na primavera do ano seguinte e assim sucessivamente. Faz sentido isso para vocês?

O que eu quis explicar é que, ao longo dos anos, vamos causando danos na nossa pele. Eles são cumulativos e podem resultar em problemas cutâneos. Sim, o câncer da pele é um deles.

Mas avancemos sem terrorismo contra o Sol, sem transformar este texto numa chamada dramática de jornal televisivo de final de tarde. Bom, mas acredito que não tenha problema aproveitar ainda este parágrafo para divulgar o dezembro laranja (Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele) promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Mais uma vez: seguimos.

Sabemos que a exposição indiscriminada ao Sol é o principal fator de desenvolvimento do câncer da pele. Porém, o que talvez ainda pouco se fale é que o período da infância e adolescência é crítico para o aparecimento futuro da doença na fase adulta.

Sendo assim, estas fases (infância e adolescência), devido a uma questão celular e biológica, tornam-se mais perigosas quando nos expomos ao Sol sem medidas de cuidados à pele.

Quando falamos em proteção, acredito que, além de chapéus/bonés e óculos de sombra, é comum lembrarmos do protetor solar, não é?

Se você não lembrou, está tudo certo. Segue no texto aqui comigo. Não vou discorrer nas próximas linhas sobre a importância do uso do protetor solar (porque ele é importante mesmo! e podemos dar como “página superada”). Agora, o tempo de duração do protetor na nossa pele é que talvez não esteja muito claro ainda.

Afinal o que quer dizer aquele número (15, 30, 50…) no protetor solar?

Você já parou para pensar o que representa aquele número (geralmente em posição de destaque) nos rótulos dos protetores?

Pode-se ter a ideia de que ao utilizarmos um fator 15, estamos 15 vezes mais protegidos do que se não estivéssemos usando o produto. Porém, não é bem isso que esses números representam. Partimos, então, a uma breve discussão.

A dose eritematógena (exposição necessária para obter um eritema/vermelhidão na pele) funciona da seguinte maneira: uma pessoa qualquer – eu, por exemplo – fico por determinado tempo exposto ao Sol. Com isto, em certo momento, vou sentir minha pele arder/queimar. Então, multiplico esse tempo que “resisti” no Sol sem a sensação de ardência com o FPS (Fator de Proteção Solar) indicado no rótulo do protetor solar. Este resultado corresponde ao tempo de duração do protetor.

Pode ainda parecer confuso, mas com outro exemplo acredito que ficará um pouco melhor: Carmelita, professora aposentada da rede municipal, consegue ficar exposta ao Sol por um período de 7 minutos sem sentir aquela sensação de pele ardendo. No rótulo do protetor solar que Carmelita utiliza está escrito FPS 15.

Com estas duas informações pode-se fazer o seguinte cálculo: 7 x 15 = 105. O resultado dessa multiplicação equivale aos minutos que Carmelita poderá ficar exposta ao Sol sem repassar o protetor solar, nesse caso 1 hora e 45 minutos. Dito de outro modo: a cada 1 hora e 45 minutos, utilizando um protetor solar com FPS 15, Carmelita terá que repassá-lo se quiser continuar protegida dos raios solares.

No entanto, esse tempo não deve ultrapassar 2 horas. Isto é, nenhum protetor dura mais de 2 horas na pele, independentemente do resultado do calculo.

Claro que essa equação nem sempre é exata, até porque os corpos, não necessariamente, reagem da mesma forma com relação a um produto.

Além disso, outros fatores estão envolvidos neste cálculo, como horário de exposição ao Sol, a qualidade do protetor solar, o tipo de pele e a quantidade que cada indivíduo irá aplicar no corpo (sim, a quantidade de produto compromete a proteção).

E alguns podem estar se perguntando: qual o sentido compreender um pouco mais sobre a nossa pele, o Sol e o protetor solar?

Pois então, a partir deste simples cálculo que discorri nas linhas passadas, podemos definir o FPS que precisamos utilizar para uma proteção significativa ao longo de 2 horas. E, como retomada, aproveito também para destacar a importância de termos cuidado com a exposição das crianças ao Sol.

Como expressei em parte do título: vem chegando o verão (talvez já tenha chegado ou esteja pela metade dependendo de quando você está lendo o texto), e algumas informações não circulam com tanta frequência. A ideia é sempre ampliarmos nossos conhecimentos, buscar informações e, na medida do possível, utilizar isso de forma produtiva no nosso dia a dia.

Para saber mais

[1]  Preventing excess sun exposure: it is time for a national policy. Disponível em: https://academic.oup.com/jnci/article/91/15/1269/2543724

[2]  Protetor solar: desenvolvimento farmacotécnico e avaliação da
eficácia e segurança. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3485

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