Para quem não conhece, o Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) e a Residência Pedagógica são parte da Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação (MEC), financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES).
Este programa consiste em um investimento através de bolsas de estudo. Isto para que estudantes de licenciatura façam parte de sua formação para se tornarem professores dentro de escolas.
Talvez tu conheças o PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Este programa têm como finalidade o pagamento de bolsas para estudantes de graduação exercerem as atividades científicas dentro de laboratórios ou projetos de pesquisa.
O PIBID e a RP têm a mesma ideia: que atividades de graduação, exercidas já como parte da função profissional, tenham remuneração. Faz parte de uma idealização de valorização profissional, pelo reconhecimento da profissão e atuação no campo (escola e sala de aula). Mas não para aí!
O PIBID e a RP também têm uma grande importância por ter uma supervisão compartilhada entre docentes e pesquisadores universitários e docentes da escola. Neste sentido, o projeto vem aproximando escola e universidade. Com isso possibilita compreender as demandas sociais e atuar exatamente sobre elas, a partir de um esforço cooperativo entre universidades, escolas, docentes e licenciandos.
Este projeto propõe uma parceria que só aumenta a qualidade dos trabalhos desenvolvidos para todos. Além disso, possibilita que vários estudantes de graduação consigam se dedicar à futura profissão, com um recurso financeiro. Neste sentido, proporciona também a diminuição da evasão dos cursos. Bem como, aumenta o seu aproveitamento, pois muitos de nossos alunos conseguem dedicar-se às disciplinas e atividades sem recorrer a trabalhos fora do ambiente universitário.
Como vocês podem ver, estes dois programas tem benefícios não só para este momento, mas em longo prazo. Considerando-se que a formação destes estudantes de hoje, impactam em sua prática futura. E hoje viemos falar sobre como os dois programas encontram-se, neste momento:
Ameaçados em função de suspensão de pagamentos
O mês de outubro não teve pagamento e os próximos meses também estão suspensos. É importante ressaltar que estes projetos, que possuem pagamento por bolsas, possuem uma projeção de pagamento proposta pelo edital do governo. Isto é, todos os projetos que, agora, tiveram suspensão das bolsas, foram aprovados mediante seleção e tinham um plano de execução ao longo de 18 meses. Assim, a suspensão indica corte do projeto.
Há mobilização dos estudantes para que seja retomado o pagamento das bolsas. Especialmente tendo em vista que a suspensão ocorreu sem aviso e com as atividades em andamento. Sua finalização antes do prazo indica mais do que só prejuízo aos bolsistas. Pois paramos de desenvolver os trabalhos que já estão em andamento dentro das escolas – ou teremos sua continuidade de forma voluntária. Ou seja, finalização das ações em modo não remunerado e com gastos pessoais!
O impacto para estudantes de graduação é imediato, visto que não houve anúncio do corte orçamentário. Neste sentido, o que tem sido anunciado como atraso no pagamento das bolsas, representa a vida de estudantes sem dinheiro. Assim, estamos falando de estudantes sem condições de manterem-se neste mês corrente – e sem comunicação de que este corte/atraso ocorreria.
E as escolas?
Também há impacto nas escolas, pois existe a incerteza de continuidade de projeto, que já fora acertado previamente entre universidades e escolas. Estas parcerias se fragilizam também. Uma vez que iniciamos trabalhos articulados e abandonamos estudantes e docentes da escola básica, sem uma conclusão, sem que exista continuidade de acertos previamente estabelecidos. Acordos são rompidos e, quando necessário, são mais difíceis de serem retomados. Afinal, que confiança teremos de que não teremos novamente o abandono das políticas públicas?
A CAPES completou 70 anos. No vídeo comemorativo, ressalta-se o valor do PIBID e RP. É ressaltado quantos beneficiários diretos deste programa nós temos com estes programas, entre bolsistas e estudantes da Escola Básica.
Em tempos de cortes orçamentários para a ciência e um constante questionamento acerca da qualidade de docentes no país inteiro, seguimos na luta. Dessa forma, buscamos atuar com qualidade na formação de novos professores, na interlocução da Universidade com a sociedade e, especialmente, com a escola. Assim, acreditamos que parte desta valorização se faz, sim, com investimentos financeiros para que estudantes consigam se manter dentro da universidade, potencializando sua permanência em estudos especializados e específicos, porém coletivos e colaborativos com outras instâncias e instituições.
A fim de não apenas divulgar o que é o PIBID e a Residência, mas esclarecer sua importância, abaixo vocês têm acesso aos links que explicam o que são estes programas e algumas de suas diferenças. Além das explicações sobre os cortes e/ou atrasos para os pagamentos das bolsas.
Documentos Governamentais
Brasil, CAPES, MEC. Nota de esclarecimento. Pagamento do PIBID e Residência Pedagógica.
Brasil, CAPES, MEC Formação de professores Esforço para pagamento de bolsas de licenciatura é tema de reuniões
Brasil, CAPES, MEC. PIBID.
Brasil, CAPES, MEC. Residência Pedagógica
Indicações
Considerando o atraso e a necessidade de continuidade do projeto, há uma “Ideia Legislativa” sendo votada no Senado, para que seja indicada a votação de aprovação de continuidade de pagamento das bolsas para os Programas PIBID e RP até o final do contrato.
Assine, participe dos debates, compreenda melhor a situação dos cortes orçamentários e o impacto nas escolas e na formação docente.
Não podemos nos calar frente aos desmontes de todo e qualquer projeto de construção de conhecimento.
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