Nessa primeira série de postagem vamos falar sobre o composto neuromodulador acetilcolina (ACh) presente no plasma sanguíneo. Estruturalmente, é um composto orgânico de baixa massa molar com função éster e um íon cátion de amônio quaternário.
A ACh é um neurotransmissor que atua, auxiliando a comunicação entre os neurônios na formação de memórias. Dentre outras funções a ACh também está envolvida em processo de contração muscular que está associado, por exemplo com batimento cardíacos e dilatação pulmonar nos sistemas cardiovasculares e respiratório, respectivamente. [1]
A biosíntese da ACh ocorre em uma única etapa catalisada por uma enzima acetiltransferase que se encontra na porção terminal do neurônio. De forma simplificada, a ACh pós-sintetizada é liberada para entrar em contatos com os receptores nicotínicos e muscarínicos e, em seguida gerar resposta biológica. Ou seja, a ACh é uma molécula que quando entra em contato com seus receptores específicos desencadeia uma série de reações bioquímicas em resposta ao estímulo químico.
Manter o nível normal de concentração de ACh é importante para manter a qualidade nos processos normais relacionados a consolidação da memória, concentração e aprendizagem.
Você pode aumentar os níveis de ACh, naturalmente com alimentos ricos em colina. Estes podem ser encontrado em diversos alimentos de origem animal e vegetal como ovos, leite, carnes , fígado, peixes, camarão, brócolis, couve, dentre outros. Consulte o Banco de dados de referência de nutrientes dos EUA para obter informação sobre outros alimentos que contém colina.
No sistema nervoso central (SNC), estas fontes metabólicas de colina são importante, isso porque a baixa massa molar da ACh aliada à presença do grupo polar hidroxila gera maior solubilidade em membrana lipídicas e, desse modo a colina pode ultrapassar a barreira hematoencefálica.
Há no mercado suplementos a base de colina, no entanto estes só devem ser usados se medicado. É recomendado ingestão diária de colina de 425 mg e 550 mg para mulheres e homens, respectivamente. O excesso de ingestão de colina pode causar diminuição da pressão arterial, sudorese, odor corporal, dentre outros. O nível máximo de ingestão tolerável é de 3,5 g/dia. [2]
Deficiência crônica de ACh está associada com diversas desordens neurológicas, incluindo Alzheimer e demência. No nosso próximo post, vamos falar um pouco sobre a relação entre os baixos níveis de ACh e a doença de Alzheimer.
A dica desse post é coma colina.
Alimente seu cérebro com QuimiKinha!
CIÊNCIA PARA TODOS!
[1] Taylor P, Brown JH. Synthesis, Storage and Release of Acetylcholine. In: Siegel GJ, Agranoff BW, Albers RW, et al., editors. Basic Neurochemistry: Molecular, Cellular and Medical Aspects. 6th edition. Philadelphia: Lippincott-Raven; 1999. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK28051/
[2] Institute of Medicine (US) Standing Committee on the Scientific Evaluation of Dietary Reference Intakes and its Panel on Folate, Other B Vitamins, and Choline. Dietary Reference Intakes for Thiamin, Riboflavin, Niacin, Vitamin B6, Folate, Vitamin B12, Pantothenic Acid, Biotin, and Choline. Washington (DC): National Academies Press (US); 1998. 12, Choline. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK114308/
30 comentários
Marcelo · 24 de julho de 2016 às 17:30
Simples, claro e muito didático
gihchemistry · 24 de julho de 2016 às 17:50
Obrigada, Marcelo...sugestões e parcerias são sempre muito bem-vindos! Abraço!
Ester Araci Trindade já · 17 de julho de 2020 às 16:24
Posso dar suplemento de colina par uma criança de 7 anos autista?
Gisele Silvestre · 17 de julho de 2020 às 23:52
Oi, Ester...como a colina não é produzida pelo organismo e sua absorção depende da ingestão de alimentos, tlvz apenas o consumo da gema de ovo e de gordura animal ou vegetal seja suficiente....Sugiro que vc procure um especialista para utilizar outra fonte de colina que não seja alimenticia. Abraços!
Cristiano · 24 de julho de 2016 às 23:07
Muito interessante esse assunto. E a linguagem está bem clara e objetiva. Parabéns.
gihchemistry · 25 de julho de 2016 às 09:33
Obrigada, Cristiano
Sugestões, critica são bem-vindos....tmb procuro parceiros! abraçosss
Neide Luiz Roland · 10 de agosto de 2023 às 16:53
Parabéns pelos estudos! Me identifico com você na questão dos estudo! Amo aprender! Também tenho propensão a memória volátil! desde os 40 anos aproximadamente!
Ester Araci Trindade · 17 de julho de 2020 às 16:24
Posso dar suplemento de colina par uma criança de 7 anos autista?
Ana Carolina Moraes · 25 de julho de 2016 às 18:40
Parabéns pela iniciativa Gih! Muito didático. Sucesso pra ti!
Gisele Silvestre · 25 de julho de 2016 às 23:18
=D
Priscila · 25 de julho de 2016 às 21:38
Adorei!!!! Parabéns pela iniciativa!😉
Gisele Silvestre · 25 de julho de 2016 às 23:19
Obg, Priscila =D
Pimentel · 1 de julho de 2019 às 10:19
Olá Gisele, meu nome é Pimentel e cheguei aqui, neste blog por conta dos meus estudos a respeito da aprendizagem. Gostei do que vc disse que é o seu hobby.
Gisele Silvestre · 22 de agosto de 2019 às 12:37
Oi, Pimentel.
Obrigada por ter chegado até aqui!
Muito Obrigada!!!!
=D
Pablo Pessoa · 22 de janeiro de 2021 às 12:49
Gisele,eu herdei da minha mão Transtorno de Défit de Atenção e por isso sofro todo dia de problemas como receber ordens e conselhos e esquecer logo em seguida, ficar impaciente mesmo com o que e quem eu gosto por estar devaneando, e ver, ouvir e cheirar coisas mas só percebe-las e reagir segundos depois. De quantos mg preciso para não ter problemas de memória e cognição? Devo tomar tomar suplementos de colina ou só preciso?
Gisele Silvestre · 10 de fevereiro de 2021 às 17:59
Oi, Pablo...Infelizmente, não sou a pessoa indicada pra te recomendar qualquer tipo de medicação. Dessa forma, sugiro que vc vá a um bom médico! Fica bem!!!! Obrigada pelo comentário!!! =D
Carlos Roberto Massari · 28 de maio de 2021 às 11:31
Há alguma pesquiza sobre o conjunto, Guaraná e Lectínia de soja para ajudar no combate à Miastenia grave, alguém se interessa?
Gisele Silvestre · 20 de julho de 2021 às 19:04
Amigo, realmente, não sei...mas, vou deixar aqui algumas plataformas de busca que poderiam te ajudar, ok?!
Google Acadêmico
https://scholar.google.com.br/
Scielo
https://www.scielo.br/
Researchgate
https://www.researchgate.net/
Aylane de Souza siston · 28 de setembro de 2021 às 22:20
Minha prima tem essa doença, qualquer informação pode me enviar
Gisele Silvestre · 4 de julho de 2022 às 19:46
Obrigada pelo seu comentário.
Alessandra · 14 de outubro de 2022 às 15:16
Lendo em 2022, excelente conteudo! obrigada por compartilhar seu conhecimento.
Gisele Silvestre · 7 de março de 2023 às 18:43
Obrigada por estar por aqui. Até!
Josiane Cristina · 29 de fevereiro de 2024 às 20:35
O odor das axilas, poderia ser a falta ou excesso de acetilcolina?
A única solução que me orientaram fazer, seria uma cirurgia, mas esse odor poderia começar a ser sentido na virilha e nos pés.
Nenhum tratamento com cremes surtiu efeito para esse problema.
Gisele Silvestre · 1 de março de 2024 às 13:09
oI, Josiane. Bom, o odor das axilas está mais diretamente relacionado às glândulas sudoríparas apócrinas do que à acetilcolina em si. As glândulas apócrinas são uma das duas principais tipos de glândulas sudoríparas encontradas na pele. Essas glândulas liberam uma secreção espessa e rica em proteínas, que, quando entra em contato com bactérias na superfície da pele, pode produzir o odor característico associado ao suor.
A acetilcolina é um neurotransmissor que desempenha um papel na ativação das glândulas sudoríparas, incluindo as glândulas apócrinas. No entanto, o odor específico nas axilas é formado quando as secreções dessas glândulas são metabolizadas por bactérias presentes na pele.
Fatores como a presença de bactérias específicas, a composição do suor (que pode ser influenciada por fatores genéticos e dietéticos) e as condições locais da pele desempenham um papel mais direto no odor das axilas do que a quantidade específica de acetilcolina. Em condições de estresse ou ansiedade, a produção de suor pode aumentar devido à ativação do sistema nervoso simpático, que libera neurotransmissores, incluindo a acetilcolina.
Portanto, enquanto a acetilcolina está envolvida na regulação da atividade das glândulas sudoríparas, o odor específico resultante das axilas é mais influenciado pela interação complexa entre as secreções das glândulas, as bactérias da pele e outros fatores. Alterações no odor das axilas podem ocorrer por uma variedade de razões, incluindo fatores genéticos, hormonais, dietéticos e de saúde geral, mas não necessariamente devido a falta ou excesso direto de acetilcolina. Se o problema persistir, é essencial procurar a orientação de um profissional de saúde para uma avaliação mais detalhada e um plano de tratamento personalizado, ok? Obrigada pelo comentário!
Roberto Henrique Garcia de Lima · 5 de agosto de 2022 às 06:18
Gostei muito do conhecimento que a Dra. Gisele Silvestre compartilhou sobre Acetilcolina de sua importância e como fazer reposição através de fontes de alimentos ricos em colina .Sou Psicólogo e estudante de mestrado em Gerontologia Social e também gostaria muito de partilhar conhecimentos. Tenho consciência que o conhecimento deve ser partilhado e de forma simples e objetiva para se alcançar um maior público alvo possível. Muito obrigado!
Diogo · 26 de novembro de 2023 às 03:25
Roberto Henrique foste brilhante em suas palavras obrigado
Neide Luiz Roland · 10 de agosto de 2023 às 17:03
Quais os sites científicos eu encontro mais informações sobre causas de Alzheimer?
Gisele Silvestre · 12 de setembro de 2023 às 08:34
1- Alzheimer's Association é a principal organização mundial de saúde voluntária para cuidado, suporte e pesquisa da doença de Alzheimer.O link em português é:
2- O link do ministério de saúde é:
Acetilcolina: como a química melhora memória e aprendizagem? - Blogs Científicos - UNICAMP · 25 de julho de 2016 às 13:32
[…] [..Leia Mais..] […]
Qual é a causa da Doença de Alzheimer? - Quimikinha · 14 de outubro de 2016 às 18:01
[…] vimos que a enzima acetilcolinesterase atua na hidrólise da acetilcolina (Acetilcolina: como a química melhora a memória e aprendizagem?). A ideia de fármacos inibidores de AChE é evitar a reação de hidrólise do composto químico […]