Pitaia, pitaya e fruta do dragão são nomes comuns dados a algumas cactáceas frutíferas do gênero Hylocereus. Nos últimos anos, a pitaia ganhou popularidade, pelo menos em parte, como resultado da aparência atraente e devido aos potenciais benefícios à saúde dos altos níveis de betalaína, característicos das variedades de pitaia vermelhas ou roxas. [1]

Originalmente, a pitaia é uma fruta exótica nativa do sul do México e da América Central. [2] Embora, a pitaia tenha sido originalmente domesticada por americanos pré-colombianos, ela ainda era praticamente desconhecida até meados da década de 1990 na maior parte do mundo. [3]

No Brasil, o cultivo de pitaia foi introduzido na década de 90 no estado de São Paulo. Atualmente, na região nordeste do Brasil, ela é plantada no Ceará, Piauí, Bahia e Pernambuco.  Devido à sua excelente adaptação ao estresse hídrico e solos pobres, a pitaia é uma aposta hortifrutífera em expansão territorial.

Metabólitos da pitaia

Os principais carboidratos das pitaias de polpa branca e vermelha foram glicose e frutose. [4] A presença de oligossacarídeos e polissacarídeos tem sido relatada e diferentes partes de plantas da espécie hylocereus. [5]

Betalainas é a classe de compostos nitrogenados derivados do ácido betalâmico, cuja estrutura é responsável pela coloração dos pigmentos da pitaia. O ácido betalâmico é o cromóforo comum a todos os pigmentos de betalaína. [6] A natureza do resíduo de adição de ácido betalâmico determina a classificação dos pigmentos em betacianina ou betaxantina.

As betacianinas derivam sua cor (λmax 540 nm) da conjugação do anel aromático do sistema indol com o cromóforo betalâmico. As betaxantinas amarelas (λmax 480 nm) são formadas pela condensação do ácido betalâmico com uma amina ou um aminoácido que são responsáveis por diferenças estruturais. [7] Além dessas classes de compostos, vários flavonóides como a catequina, epicatequina, quercetina, miricetina, kaempferol e rutina tem sido encontrados na pitaia.

Figura 1. Exemplos de metabolitos encontrados na pitaia - Betalaínas e flavonóides

Flavonóides

Betaxantinas

Betacianinas

A pitaia está sendo cada vez mais adotada nos países áridos e semi-áridos como uma ferramenta de sustentabilidade para reduzir o uso de água e proteger o solo. Além de seus usos como alimento de alto valor nutricional, a pitaia pode ser usado para produzir bioprodutos valiosos, incluindo pectinas, mucilagens, antioxidantes, betalaínas e ácidos graxos poliinsaturados como compostos bioativos para alimentos, cosméticos, produtos farmacêuticos e de cuidados pessoais. 

Para conhecer um pouco mais do nosso trabalho no projeto pitaia assista o nosso video. Obrigada!

Referências bibliográficas 

[1] BATISTA M. S., G. et alEffects of processing on the chemical, physicochemical, enzymatic and volatile metabolic composition of pitaya (Hylocereus polyrhizus (F.A.C. Weber) Britton & Rose). Food Research International,  p. 108710, 2019. Disponível em: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0963996919305964

[2] MERCADO-SILVA, E. M. Pitaya— Hylocereus undatus (Haw). In: Exotic Fruits. Elsevier, 2018.. 339–349. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B9780128031384000459

[3] LE BELLEC, F.; VAILLANT, F.; IMBERT, E. Pitahaya (Hylocereus spp.): A new fruit crop, a market with a future, 2006. Fruits, 61 (4), 237-250.  Disponível em:  https://www.researchgate.net/publication/41713104_Pitahaya_Hylocereus_spp_A_new_fruit_crop_a_market_with_a_future

[4] WICHIENCHOT, S.; JATUPORNPIPAT, M.; RASTALL, R. A. Oligosaccharides of pitaya (dragon fruit) flesh and their prebiotic properties. Food Chemistry, [s. l.], v. 120, n. 3, p. 850–857, 2010. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.foodchem.2009.11.026

[5] DASAESAMOH, R.; YOURAVONG, W.; WICHIENCHOT, S. Digestibility, fecal fermentation and anti-cancer of dragon fruit oligosaccharides. International Food Research Journal, v. 23, n. 6, p. 2581–2587, 2016. Disponível em: http://www.ifrj.upm.edu.my/23%20(06)%202016/(38).pdf

[6] STRACK, D.; VOGT, T.; SCHLIEMANN, W. Recent advances in betalain research. Phytochemistry,  v. 62, n. 3, p. 247–269, 2003. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0031942202005642?via%3Dihub

[7] RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Betalains. In: Encyclopedia of Food Chemistry, Elsevier, 2019. 35–39.

Nosso time

Guilherme Zocolo

coordenador

Ana Paula Dionísio

Supervisora

Sandra Lira

Nutricionista

Marcelo - UECE

Nutricionista DOUTORANDO

Gisele Silvestre

Química - pos-doutoranda

Jhonyson Arruda

Química - pos-doutorando

Glauber Souza

ENGENHEIRO DE ALIMENTOS

Carol Lima - UFC

Engenharia de alimento- doutoranda

Galeria


Gisele Silvestre

Atualmente, sou pesquisadora na área de inovação tecnológica no Laboratório Multiusuário de Química e Produtos Naturais sediado na Embrapa - CE (Postdoc). Doutora em Química pela Unicamp (2017). Bacharel em química pela Universidade Federal do Ceará (2011). Interessada na popularização da ciência, parcerias, trocas de conhecimentos científicos e culturais. Tenho como hobby o ato de "aprender" . O conhecimento sempre me surpreende e fascina. Minha missão é compartilhar conhecimento e descobertas científicas. Ciência para todos! Carpe Diem!

12 comentários

Francine Souza Alves da Fonseca · 3 de março de 2020 às 09:35

Gi, parabéns pelo trabalho!!!!
Adorei o blog e pela divulgação com qualidade da nossa ciência!!!

Forte abraço

Francine Souza Alves da Fonseca · 3 de março de 2020 às 09:35

Gi, parabéns pelo trabalho!!!!
Adorei o blog e pela divulgação com qualidade da nossa ciência!!!

Forte abraço

jose pereira alves · 3 de maio de 2022 às 10:54

Bom dia.
Tenho uma pequena roça de Pitaia, mas, vejo que não ha investimento para o setor de produção de pitaia, portanto, gostaria de saber onde encontro pessoas com interesse em Produzir e Industrializar a Pitaia. ligue me se possivel 19-981918356 Watts!

    Gisele Silvestre · 4 de julho de 2022 às 19:57

    Olá, seu José! Aqui no Ceará tem um investimento do governo do estado...Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará!
    Sugiro que p senhor procure a Associação dos Produtores de Pitayas do Brasil (APPIBRAS).

    Grande abraço!

Plàcido Loiola Sarmento · 7 de março de 2023 às 14:41

A pitaya uma alternativa para regular a pressão arterial e não usar remédios de farmácia. Eu não sabia que em nossa cidade de Salinas -MG existia a pitaya já tinha pesquisado sobre ela e agora já comecei a usar. As pessoas que sofrem de pressão arterial alta não precisam de remédio para controlar os melhores remédios do mundo estão nos alimentos. O PRIMEIRO médico do mundo disse Fazeis alimentos de vossos remédios é justamente o que está acontecendo agora neste século vinte e um. Doravante muitas pessoas poderão aprender comigo e seguir a outra frase dita pelo primeiro médico: Fazeis remédio de vossos alimentos.

Telkom University · 28 de novembro de 2023 às 00:40

How does the chemistry of dragon fruit contribute to its nutritional value?

    Gisele Silvestre · 28 de novembro de 2023 às 01:26

    Absolutely, my friend! Dragon fruit is a nutritional powerhouse that your body absolutely loves. Check it out:

    Dragon fruit isn't just a regular fruit—it's a vitamin superhero! Loaded with vitamin C, it's like the superhero cape for your health. This vitamin helps your body grow, fix itself up, and boosts your immune system. Plus, there's a bunch of B vitamins (like B1, B2, B3, and B9) doing their thing, helping with energy, nerves, and keeping your DNA in check.

    Furthermore, dragon fruit is like a team of tiny superheroes fighting inside your body. With flavonoids and polyphenols, it beats up bad guys called free radicals, keeping your body safe from stress and inflammation.

    Hey, ever wonder why dragon fruit is so colorful? It's all because of betacyanins – they're like the paint that makes it pop. And these pigments also work as antioxidants, keeping you healthy and strong.

    Did you know that dragon fruit has your back when it comes to digestion? Loaded with both soluble and insoluble fiber, it helps things move smoothly, keeps your blood sugar in check, and ensures you feel full and satisfied.

    Not all fats are bad, and dragon fruit knows it! With a bit of omega-3 and omega-6 fatty acids, these are like the cool fats that help your heart and keep everything running smoothly.

    Stay healthy, my friend! 🌵🐉🍉

    I will add here a wonderful review article on the topic: "Maturation Process, Nutritional Profile, Bioactivities and Utilization in Food Products of Red Pitaya Fruits: A Review"

    Link: https://www.mdpi.com/2304-8158/10/11/2862

    See ya, friend!

Informatika · 28 de dezembro de 2023 às 10:07

Pode fornecer mais informações sobre as betalaínas, especificamente sobre como a estrutura do ácido betalâmico influencia a coloração dos pigmentos da pitaia? Além disso, como a natureza do resíduo de adição de ácido betalâmico determina a classificação dos pigmentos em betacianina ou betaxantina?
Visit us telkom university

    Gisele Silvestre · 1 de março de 2024 às 13:23

    O ácido betalâmico é um composto cíclico que consiste em um anel pirrólico. Sua estrutura básica é composta por três anéis conjugados: um anel pirrólico A, um anel pirrol B e uma cadeia lateral ligada ao átomo de nitrogênio do anel A.

    A cor específica da betalaína é atribuída às características de absorção da luz na região do visível, que são influenciadas pela extensão da conjugação dos elétrons no sistema de anéis. Em geral, a presença de extensas conjugações de duplas ligações dentro da estrutura do ácido betalâmico está associada a cores mais intensas e vibrantes.Em resumo, a natureza do resíduo adicionado ao ácido betalâmico, especialmente na posição 5 do anel A, é crucial para determinar se a betalaína será classificada como betacianina (tons de vermelho a violeta) ou betaxantina (tons de amarelo a laranja). A estrutura única das betalaínas contribui para a diversidade de cores observada em plantas que as contêm.

    -> As betacianinas são caracterizadas por uma adição de grupos amina (como amina ciclizada) à posição 5 do anel A do ácido betalâmico.
    Cor: Essa adição de amina resulta em pigmentos que variam do vermelho ao violeta.
    -> As betaxantinas têm uma estrutura de ácido betalâmico com uma adição diferente.
    Cor: Essas adições específicas levam a pigmentos que variam do amarelo ao laranja. Dar uma olhada nesse artigo: https://www.researchgate.net/publication/342934413_Recovery_of_Phytochemicals_via_Electromagnetic_Irradiation_Microwave-Assisted-Extraction_Betalain_and_Phenolic_Compounds_in_Perspective

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