Bicarbonato de sódio NÃO cura o câncer

Atualização 08/07/09: Leia depois o post sobre o trabalho que comprova a eficácia do bicarbonato contra metástase. Mas nada de cura ainda, e muito menos de fungos.


Mais uma cura para o câncer foi achada!
Agora é o bicarbonato de sódio. Simples e barato. O sonho de qualquer doente. Por isso mesmo devemos desconfiar. É o tradicional “quando a esmola é demais o santo desconfia”.
O médico Tullio Simoncini chama atenção pela simplicidade do tratamento que criou.
Segue aqui um trecho do spam que flutua pela internet:

“O médico observou que todo paciente de câncer tem aftas. Isso já era sabido da comunidade médica, mas sempre foi tratada como uma infecção oportunista por fungos – Candida albicans.
Esse médico achou muito estranho que todos os tipo de câncer tivessem essa característica, ou seja, vários são os tipos de tumores mas têm em comum o aparecimento das famosas aftas no paciente.
Então, pode estar ocorrendo o contrário – pensou ele. A causa do câncer pode ser o fungo. E, para tratar esse fungo, usa-se o medicamento mais simples que a humanidade conhece: bicarbonato de sódio.
Assim ele começou a tratar seus pacientes com bicarbonado de sódio, não apenas ingerível, mas metodicamente controlado sobre os tumores.
Resultados surpreendentes começaram a acontecer. Tumores de pulmão, próstata e intestino desapareciam como num passe de mágica, junto com as Aftas. Desta forma, muitíssimos pacientes de câncer foram curados e hoje comprovam com seus exames os resultados altamente positivos do tratamento.”


O fungo causando o câncer. Alias, TODOS os tipos de câncer.
Bom, seria simples verificar pelo menos a presença do fungo ou de seus produtos nos tumores. Não sei se alguém já fez isto, mas é algo que o médico que propõem o tratamento deve ter feito. Deve ter feito testes em ratos e camundongos. Deve ter identificado como o fungo causa mutação no DNA das células do tecido atacado.
Não, nada disso foi feito. Mesmo em seu site o médico, que pelo que pude averiguar não é mais médico pois teve seu registro cassado, não realizou nenhum estudo minimamente cuidadoso. Não testou em animais, não tem uma lista confiável para acompanhamento de pacientes tratados, ou seja, ele e seu tratamento vivem à margem da medicina.
O pior de tudo é que ele nega veementemente o fato do câncer ser uma doença ligada ao DNA, sendo que sabemos hoje que esta é a base de sua origem. Não existe mistério nenhum aqui, como Simoncini afirma existir. Uma prova simples é a síndrome Li-Fraumeni, que faz a pessoa ter câncer muito mais cedo que a maioria da população por possuir uma cópia (alelo) a menos de um gene importante na regulação da célula. Os filhos de pessoas com a síndrome também têm maior chance de desenvolver câncer prematuramente. Isso prova que o câncer é sim ligado à genética.
Mortes pelo tratamento
Encontrei aqui neste site acusações mais sérias, dizendo até que uma pessoa tratada por este médico na Holanda morreu em decorrência ao tratamento.
E fechando com chave de ouro, veja se um médico que se diz injustiçado e busca reconhecimento pela seriedade deveria colocar em sua página fatos como este no seu perfil: “Quando estudante no colegial e na faculdade, suas habilidades musicais o levaram a formar bandas que fizeram shows pelo centro da Itália”.
Bandas? Ah… que bom. Informação muito pertinente.
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Atualização 08/07/09: Leia depois o post sobre o trabalho que comprova a eficácia do bicarbonato contra metástase. Mas nada de cura ainda, e muito menos de fungos.

Fones de ouvido atrapalham marcapasso cardíaco

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Sua música pode valer sua vida!

Ok, nada de alarde exagerado, mas os fones de ouvido, mesmo desligados, podem interferir nos marcapassos ou mesmo nos desfibriladores implantados.
Esses desfibriladores são miniaturas daquela máquina de choque para ressucitação que aparece muito em filmes. Quando percebe que o coração está tendo uma parada, ele libera automaticamente uma descarga elétrica para manter o coração batendo.

O problema é quando os fones estão próximos ao peito, pendurados ou em bolsos de camisa. Quem usa marcapasso pode não sentir nada ou apenas uma palpitação. O perigo maior é com esses desfibriladores que podem ser inativados temporariamente. Se por azar o paciente precisar da descarga elétrica bem nesse momento, a conseqüência pode ser perigosa.

O trabalho, apresentado no congresso American Heart Association por William Maisel, testou 27 pessoas com marcapassos e 33 com desfibriladores. A interferência aconteceu em um quarto dos pacientes pela proximidade dos fones.

“Groove is in the heart” é o que diz a música, mas os fones é bom guardá-los no bolso.

Vi na Wired

Entendendo a ligação do Sol, do envelhecimento e do câncer.


Hoje é dia de campanha nacional de combate ao câncer de pele. Mas não se acha em nenhum lugar como que a luz pode causar um crescimento descontrolado das células, afinal o câncer é isso aí. Não se acha em linguagem acessível, eu quero dizer.
A pessoa que não é da área da saúde, sabe como a luz do Sol pode afetar o destino de nossas células?
A radiação UV é uma das várias ondas presentes na luz branca, e tem uma quantidade de energia grande. Essa energia toda pode ser transferida para outras moléculas sensíveis a luz. Isso pode gerar radicais livres, que são moléculas de oxigênio que uma molécula libera quando recebe energia extra, por exemplo, da luz UV. Esse oxigênio é muito instável, e ao tentar se estabilizar, ele rouba energia de outras moléculas e as desestabilizam. E se estas moléculas atacadas estiverem formando uma membrana ou uma fita de DNA os danos acontecem.
O DNA pode ser atacado diretamente.
A luz UV pode jogar sua energia diretamente nas bases de DNA. Com essa energia extra, duas bases timidinas podem se unir e assim as proteínas que lêem o DNA param ali, atrapalhando a fabricação normal do produto daquele DNA.
Com tantas células e tanta luz (pois mesmo essa luz de lâmpadas frias irradia UV), é impressionante que não tenhamos um câncer por dia. Mas as células têm mecanismos de reparo. Proteínas que percorrem o DNA, e ao encontrar estes dímeros de timidina o retiram e recolocam duas timidinas normais.
Sol e o pé-de-galinha
Claro que, em sistemas biológicos, nada é perfeito. Uma hora esse sistema falha e a mutação fica.
Quando uma célula acumula algumas mutações importantes, ela passa a se comportar de um jeito diferente do normal. A própria célula, as suas vizinhas, ou o sistema imune, podem detectar esta mudança e fazer com que ela pare de se dividir e gerar outras células. Assim, estas mutações não seguem em frente nas células-filha. Mas um tecido com muitas células paradas não se renova. Se um pedaço da pele se dobra muito, ele precisa ser elástico, suas células tem que produzir colágeno, elastina, e trocar as células frequentemente para manter a estrutura daquela região. Mas se as células estiverem paradas, por causa dos freios impostos pelas mutações, aquele tecido não se renova. Envelheceu. Este é o princípio do pé-de-galinha ou qualquer marca de expressão, as famosas rugas.
Mas e o câncer?
E se essa mutação for bem num gene que produz uma proteína que controla as divisões da célula, que controla seu ciclo celular ou o próprio sistema de reparo do DNA? Aí temos um passo para a formação do câncer.
Digo um passo porque são necessárias mais de cinco mutações para se ter um câncer. Mas não se engane, temos várias células que já podem ter acumulado um bom tanto de mutações e estão só esperando pelo próximo banho de Sol.

Vitamina C para câncer: Bem ou mal?


Em biologia, e também na sua área médica, nada parece ser absoluto. Tudo depende do contexto.
Vitamina C pode prevenir câncer, mesmo os recorrentes de um câncer já tratado. Mas usado com drogas para tratamento de tumores já estabelecidos parece ter um efeito contrário. Ela protege o tumor das drogas usadas na quimioterapia, como imatinib, doxorubicina, cisplatina, entre outras das mais usadas no tratamento.
Ao menos em células cultivadas e em camundongos é o que acontece. A vitamina C protege as mitocôndrias das células de danos causados pelas drogas. Com a mitocôndria intacta, a célula não se mata como deveria.
Na pesquisa, foram usadas doses altas de vitamina C, mas nada que não possa ser comprado em uma farmácia ou nessas lojas de academias. Ou seja, nada que um hipocondríaco não possa já estar tomando.

Mais uma vez termino uma postagem dizendo: prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém (se bem que muita canja de galinha pode fazer mal sim). Antes de se entupir de vitamina C ou, no caso oposto, evitar até de passar perto de um limoeiro, é melhor esperar mais dados das pesquisas.
E enquanto esperamos, peça ao garçom um suquinho de laranja com acerola, por favor.
Vi no Nature news

A prepotente vergonha da medicina


Em conversa sobre uma palestra que havia acabado de ser proferida em meu laboratório, um dos médicos pesquisadores fez um comentário que me chamou muito a atenção. Ele falava de como alguns anos após uma cirurgia de safena (quando se retira uma veia da perna e a coloca no lugar de uma artéria entupida), a veia substituta oclui, ou seja, se fecha. “É vexativo quando após dez anos da operação da safena ela se fecha.”
Ouvir isto faz parecer que a medicina já esta num estágio tão avançado que pode se gabar de sentir vergonha por não conseguir algum resultado desejado.
Que medicina super-avançada é esta que precisa retirar uma veia do corpo do próprio paciente e colocá-la no local desejado. Bom, esse simplesmente é o caminho mais lógico, direto e óbvio para resolver o problema. Ou seja, nada muito sofisticado. E assim é a maioria dos tratamentos usados hoje em dia. Muitas bulas eu já li e li o seguinte em muitas: “o mecanismo de ação deste composto não está totalmente descrito”. Tomamos remédios no escuro? Em parte sim. Nestes casos sabemos que na maioria das pessoas não faz mal e resolve o problema. Então vamos usando, quando soubermos o mecanismo de funcionamento, ótimo, mas enquanto não fizer mal, continuemos tomando. E nada mais correto.
Mas vexativo? Vergonhoso? Vergonha de que? Vergonha de perder para a natureza? De se sentir incapaz perante a complexidade da fisiologia humana?
A medicina tem que se sofisticar muito ainda para poder começar a sentir vergonha de alguma coisa.

Contaminação de medicação já matou 81. Má fé da China, negligência dos E.U.A.


Heparina, uma droga que serve para afinar o sangue, e é amplamente usada na medicina, principalmente por quem faz hemodiálise, é a pivô desta história macabra.

81 americanos já morreram devido a lotes da droga que estavam contaminados. Acidente? Impossível, pelo número de lotes contaminados (quase um terço). Portanto o FDA (departamento que regula alimentos e medicações nos E.U.A.) já trabalha com a hipótese de contaminação intencional. Parece que a substância contaminante é um equivalente da heparina, só que 100 vezes mais barata.

Subindo na cadeia de distribuição e produção da heparina, chega-se a uma subsidiária chinesa da empresa americana que fabrica a droga. E na busca por descobrir a fonte da contaminação a FDA foi barrada pelo governo chinês: “Se quiserem entrar em nossas fábricas, iremos entrar nas suas também!” é o que dizem.
Inspeções em fábricas estrangeiras é uma praxe no mundo das importações de matéria-prima, mas nem sempre suprem o desejado. Para realizar todas as inspeções necessárias, a FDA gastaria U$255 milhões a mais, anualmente. Este ano ela gastará U$11 milhões.

Fico imaginando com deve ser no Brasil este processo de importação de insumos para saúde. Sinceramente não sei como é, mas eu que não procurei direito ou este tipo de história não interessa a imprensa? Contaminação por produtos importados é algo que nunca aconteceu por aqui? Porque do mesmo jeito que compramos iPods feitos na China, por ser bem mais “balatinho”, também o governo e as empresas compram seus insumos do gigante ex-adormecido. Mas se ele continua fechado da maneira como se mostrou no caso americano, que garantia teremos? Bom, sem querer bancar o hippie pedante, mas já o fazendo, eu digo: é o capitalismo selvagem.

Falando nisso, um adendo “acientífico”:
Em um texto de Slavoj Zizek no caderno Mais!, da Folha de domingo passado, ele fala de um ponto interessante sobre a China. Se economicamente ela der certo, não só ficará o mundo todo dependente dela, mas isto provará que o capitalismo não precisa da democracia para se sustentar. Esta era tida como condição para o capital, mas pode acabar se mostrado desnecessária pelo exemplo Chinês. Acho que a ditadura era assim, não?

Reportagem New York Times

Doze dicas científicas para potencializar seu cérebro


da revista Wired

É isso aí, nada de vitaminas ou meditação transcendental. Aqui vão dicas cientificamente comprovadas para dar uma melhorada no que temos de melhor (ou pior): nossa mente!

A revista Wired está de parabéns. Muito bacana este especial, que só foi traduzido e/ou adaptado por mim. O mérito é da revista, qualquer coisa a culpa é dela. E se ela pegar no meu pé, meus advogados estão a postos.

1- Mitos sobre inteligência:

– jogar Brain Age: este vídeo game promete aumentar as capacidades cognitivas de seus jogadores. Pena que nunca foi provado. A melhora do desempenho no jogo não necessariamente indica melhora fora dele.

– palavras-cruzadas: dizem que aumentam a capacidade de memória e retardam o envelhecimento do cérebro, estimulando novos neurônios. Nenhum dado que confirme isto. Existem indícios de correlação, não de causa: ou seja, quem faz palavra-cruzada ou tem um trabalho que exija mais da mente, já tem uma maior capacidade cerebral, que a atrai a fazer este tipo de atividade. Qual a palavra de quatro letras que significa “crença no senso comum, sem provas”? Quem disse “mito”, acertou.

– Comer peixe: ora, nossos amigos do mar têm muito Omega 3, que é importante para o desenvolvimento cerebral de embriões, e alguns estudos ligam a dieta rica em peixe a um menor risco de degeneração mental com a idade. Mas estes estudos se baseiam na boa memória das pessoas, para lembrarem o que comeram. Coisa não muito confiável. Em camundongos, dieta com Omega 3 não teve efeito nenhum na cognição. Outra coisa, peixes de água fria, que são os mais ricos em Omega 3, também têm taxas elevadas de duas neurotoxinas.

– Mascar chicletes: Já foram mandados nas rações de soldados da Primeira Guerra Mundial. Pensava-se que o ato de mascar aumentaria o fluxo de sangue no córtex motor e também poderia enganar o cérebro ao deixá-lo pronto para receber comida. Isto aumentaria produção de insulina, elevando os níveis de glicose cerebal – melhorando o raciocínio. Pena que um estudo feito em 2004 descobriu que mascadores de chiclete são menos atentos que um grupo controle sem chiclete. É, parece que meus professores na escola estavam certos: sem chiclete na sala de aula.

– Ouvir música: A música pode expandir a sua mente, mas pode ela também expandir a capacidade cerebral? Algumas empresas até vendem CDs prometendo melhorar esta capacidade; não com músicas, mas sons com diferentes freqüências em cada ouvido. Esses tons se misturariam no cérebro e dispararia padrões neurais, alterando ondas cerebrais que alterariam o estado da mente. Idéia interessante, mas menos provável que tirar pensamentos elevados de um show do Babado Novo. Uma pesquisa recente submeteu pessoas a essas freqüências, e o padrão do eletroencefalograma não mudou nada. Pior, as pessoas ficaram depressivas e esquecidas. Ora, para ter estes efeitos é só ouvir Celine Dion.

– Suplementos: O mercado está cheio de produtos que prometem melhorar a inteligência. Melhorar o suficiente para checar as bases científicas dessas promessas? Os vendedores de pílulas esperam que não. Aqui alguns exemplos:

Complexo B – Ajuda contra Alzheimer, mas não vai ajudar a resolver seu sudoku

Ginkgo Biloba – pode ajudar na velhice, mas até lá, não será muito útil

Ginseng – pode regular a glicose, a qual se relaciona com cognição, mas ainda não há prova

Gotu Kola – Reduz ansiedade em ratos, mas em humanos a única coisa “inteligente” é o marketing em cima disto

Huperzina A – um estudo mostrou melhora na saúde de adultos, mas faltam estudos adicionais

2- Distraia-se: precisa memorizar algo importante? Olhe atrás de você!(Brincadeira.) O truque é esse mesmo, se distrair estudando coisas um pouco diferentes do que você está tentando aprender. Seu cérebro vai trabalhar mais para gravar a informação original. Exemplo: Em 2007 pesquisadores pediram para estudantes memorizarem pares de palavras (país: Rússia, fruta: limão, etc). Depois alguns tinham que assistir a uma apresentação de slides com material relacionado, mas não idêntico (fruta: maçã). Adivinhe? Os alunos que assistiram à distração foram melhor em lembrar as palavras do teste. Ei, o que é aquilo no céu, um pássaro ou um avião?

3- Cafeína, com moderação: Café, erva mate, Red Bull, há sempre uma bebida com cafeína para cada população. E não é pra menos: cafeína revigora o corpo e afia a mente. Estudos sugerem a melhor forma de se usar esta substância. Melhor que tomar uma dose cavalar no café da manhã seria tomar espaçadamente pelo dia. Durante o dia sua cabeça se enche de adenosina, uma substância que causa fadiga mental. A cafeína bloqueia os receptores de adenosina, cortando a moleza. Para maximizar a atenção e minimizar a euforia, o melhor é manter os receptores com pequenas mas freqüentes doses, como uma caneca de chá ou meio cafezinho, ao invés de uma bomba só pela manhã. Para melhorar, adoce com açúcar ou coma junto um lanchinho com carboidrato, pois parece que glicose e cafeína juntas aumentam a cognição melhor que cada uma separadamente. Alguém aceita um biscoitinho?

4- Pense positivo: Aprender coisas novas melhora seu cérebro, especialmente quando você acredita que pode aprender coisas novas. É um circulo virtuoso: quando você acha que está ficando mais esperto você estuda mais, fazendo novas conexões neurais, as quais deixam você mais… inteligente! Segundo estudos da Universidade de Stanford, voluntários mais persistentes (que persistem na tarefa apesar de obstáculos) possuem uma maior plasticidade neural, ou seja, se adaptam melhor a situações diversas, e mostram melhor desempenho cognitivo que os voluntários de atitude mais fixa (defensivos ou que desistem mais rápido). “Muitas pessoas pensam que têm um nível de inteligência fixo e pronto,” diz Carol Dweck que conduziu o estudo. “A cura para isso é mudar de atitude.”

5- Use a droga certa: Nem toda droga usada para melhora de desempenho frita neurônios. Aqui você vai achar uma lista com drogas, seus efeitos esperados e efeitos colaterais possíveis. Como ninguém aqui é médico, você só pode estar alucinando se estiver pensando em usar estas coisas apenas se baseando neste artigo.

6- Como treinar seu Q.I.: Procurando emprego? É bom ir se preparando para um teste de Q.I., pois muitas empresas hoje em dia pedem este tipo de exame. E, sim, você pode treinar para melhorar sua pontuação. Aqui, você acha dicas de Philip Carter, autor do livro “IQ and Psychometric Test Workbook”, com alguns exemplos de questões.

7- Conheça seu cérebro: Sócrates o relacionava a uma tábua de cera. Descartes pensou ser hidráulico. Hoje em dia é visto como um supercomputador. Boas tentativas. O cérebro é uma das estruturas mais complexas do planeta, o que o faz quase impossível de se compreender, e muito menos ser descrito com uma metáfora. Aqui e aqui vão alguns mapas para melhor compreensão deste órgão.

8- Não entre em pânico: Se estiver fugindo de um urso, é bom estar estressado – você vai correr mais rápido. Se estiver no Show do Milhão, a mesma ansiedade vai fazer você se enrolar todo. Um pouco de nervosismo pode melhorar sua performance cognitiva, mas períodos de estresse intenso podem nos transformar em neandertais. A amídala (a do cérebro, pois as da garganta só servem para infeccionar), é o nosso centro que controla o medo, e sempre supera o córtex pré-frontal, o qual é responsável pela memória de trabalho e tomada de decisão. Quando essa área profunda de nosso cérebro (amídala) é ativada, ela subjuga seus neurônios do córtex. Seu QI cai. Sua criatividade, senso de humor – tudo desaparece. Você fica estúpido. Como evitar isto? Respire fundo, e sincronize seu pulso com sua respiração. Assim seu cérebro vai pensar que está tudo mais calmo. Yoga ou uma soneca podem resolver também.

9- Adote o caos para ordenar sua memória: Uma maneira de aprender melhor é… bagunçar tudo! Esse é o conselho de Robert Bjork, professor de psicologia da universidade da Califórnia, que estudo memória e aprendizado. Voluntários em seus experimentos mostraram melhor capacidade de recordar informação quando aprendida de maneira embaralhada. Por exemplo, ele pediu que indivíduos em um grupo memorizassem sequencias de cinco letras num teclado de computador. Primeiro eles decoravam uma sequencia, só então mudavam para a segunda e em seguida para a terceira. Eles foram comparados com um segundo grupo, que decorou os conjuntos de cinco letras em ordem aleatória. Quando foram testados, o grupo da ordem aleatória teve melhor desempenho.

10- Seja visual: quer impressionar seus colegas localizando Guiné e Guiné Equatorial? Memorizar o mapa da África é mais fácil do que você pensa. As dicas são: separe o continente por regiões; ligue cada país e seu formato a outra figura de formato parecido, de preferência que também se relacione ao nome do país; relacione as figuras dos países vizinhos, montando uma historinha, e assim por diante. Agora, achar uma história para Azerbaijão e Uzbequistão, isso fica por sua conta.

11- Exercite-se sabiamente: Exercício físico pode fazer você pensar melhor? Em alguns casos, sim. Aqui está o que realmente funciona.

– Treino aeróbico: SIM. Estudos mostram aumento de massa cinzenta e branca em cérebros de adultos mais velhos. Também aumenta a performance de alunos de faculdade em testes cognitivos.

– Levantar pesos: IRRELEVANTE. Quando um halterofilista diz q está ficando imenso, pode ter certeza que não está falando do hipocampo. Foi achada uma ligação mínima entre treinos de resistência e função cognitiva.

– Yoga: SIM. Quando estamos estressados muitas vezes prendemos a respiração. Resultado: mais estresse, menos oxigênio para o cérebro. Assim a primeira coisa que se perde é a memória. A Yoga ajuda a perder este hábito.

– Estudar na esteira: IRRELEVANTE. Aulas de spinning podem aumentar seu “músculo” cerebral, mas não significa que você deva estudar enquanto estiver bufando e suando na esteira. Pesquisas mostram que isso só irá confundi-lo. Você acaba não fazendo bem nem uma coisa, nem outra.

12- Vá devagar: você deve levar dois segundos e meio para ler esta frase. Mais rápido que isto e você não absorverá seu significado. A resposta motora da retina, e o tempo que a imagem da palavra leva para viajar da mácula para o tálamo e para o córtex visual, onde é processado, limita o olho a 500 palavras por minuto, no máximo. A média lê metade disto. “Não existe esse tipo de leitura dinâmica,” é o que diz Keith Rayner, psicólogo cognitivo da universidade de Massachusetts-Amherst. “Não existe se a nossa definição de leitura for compreensão do texto.” Estudos mostram que leitores rápidos perdem para leitores lentos quando questionados sobre o texto.

Células-tronco embrionárias: o que acontece na Alemanha.

É sempre bom saber como essas questões são tratadas pelo mundo. Aqui um apanhado da situação das células embrionárias na Alemanha, pela agência de notícia Deutsche Welle

Bundestag (Câmara dos Deputados) autoriza cientistas alemães a trabalhar com linhas de células-tronco embrionárias mais novas e de melhor qualidade. Igreja Católica critica a decisão.

Alguns cientistas e políticos alemães consideram ultrapassada a lei que restringe o uso de células-tronco embrionárias na pesquisa científica, mas opositores de uma reforma da lei temem abuso de embriões humanos. (13.02.2008)

Em um gesto favorável aos pesquisadores alemães, o Conselho Nacional de Ética recomendou a flexibilização das restrições legais para que cientistas do país possam realizar pesquisas com células-tronco. (17.07.2007)

O que é feito da dignidade humana, na era da engenharia genética? É possível saber “demais”? A DW-WORLD conversou com Wolfgang van den Daele, do Conselho de Ética da Alemanha. (09.12.2005)

Deu na Nature: Prontos ou não, lá vêm os testes genéticos.

do original “Ready or not”, Nature

Prontos ou não, os testes genéticos comerciais chegaram pra ficar.Várias empresas já vendem kits que permitem coleta e seqüenciamento de trechos do DNA do cliente para calcular risco de doenças como diabetes, câncer ou Alzheimer. Isto tem levantado preocupações. Afinal, os clientes estão cientes do que significa esse risco? Como manter os clientes atualizados com as novas pesquisas que irão refinar cada vez mais estes cálculos? Quem irá regularizar este novo mercado?

Os clientes potenciais destes testes devem ter conhecimento elevado sobre a biologia envolvida neste processo para poder tirar proveito desta informação, e as empresas devem se comprometer a manter estes clientes informados dos avanços nos estudos genéticos relacionados aos testes. Claro que deverá haver uma regulação, e talvez mínima já seja o sufuciente, como a que é feita hoje em dia em outros testes e exames, como os de ressonância magnética.
Mas este sistema só funcionará se também os pesquisadores desta área estiverem dispostos a tomar parte da responsabilidade desta revolução, agindo quando necessário para evitar abusos e enganos.

Comentando: Pesquisa mostra o câncer como doença gerenciável dentro de dez anos

RAFAEL GARCIA
da Folha de S. Paulo

Dentro de dez a quinze anos, provavelmente ainda não haverá algo que possa ser chamado de uma cura para todos os tipos de câncer, mas esta será uma doença “administrável”. É a opinião do oncologista Júri Gelovani, do Centro M.D. Anderson de pesquisa contra o câncer, da Universidade do Texas.
“Provavelmente, no futuro, nós converteremos o câncer em uma doença que poderemos detectar cedo e que possamos administrar, da mesma forma que administramos hipertensão, diabetes e epilepsia”, disse Gelovani à Folha. “Deixaria de ser uma doença que chamarmos de ‘grave’ para se tornar gerenciável.”
Devo concordar com o doutor Júri Gelovani. Curar parece impossível, mas administrar sim é um objetivo que me parece muito bom e mais factível.
Porque a cura seria impossível? Primeiro que o câncer não é uma doença só, mas várias. Suas características dependem do tecido em que se inicia e das mutações que o geraram. Caímos aqui no fatídico clichê “cada caso é um caso” (e vice-versa, como algum piadista diria).

Mesmo assim isto torna a doença difícil mas não impossível de ser curada. O principal problema do câncer é que ele é uma falha em um mecanismo muito importante na vida de uma célula: o seu próprio ciclo de vida. O tratamento ou prevenção ideal para o câncer seria o envelhecimento precoce ou a morte, pois são nestes dois casos que as células não estão se duplicando. Mas enquanto houver reprodução celular, com replicação (duplicação) de DNA, haverá chance de erro (mutação), o que uma hora ou outra dentro de um organismo com milhares de milhões de células vai acontecer. Ou seja, se tudo der certo na sua vida, nenhum acidente ou ataque cardíaco, provavelmente haverá um câncer.

Mas não é tempo de desespero. É isso que o doutor da reportagem prevê e que em parte já é uma realidade. Não se pode dar 100% de certeza de cura para alguém, mas temos métodos diagnósticos e tratamentos que estão se desenvolvendo cada vez mais, o que permite tratamento eficaz nos primeiros momentos da manifestação de cada tumor. Quantas pessoas já tiveram câncer várias vezes e estão firmes por aí? A questão é tornar o tratamento mais leve, com menos efeitos colaterais e ação mais específica. Quem sabe então o câncer deixará de meter tanto medo.