Insetos – Alimentos do Futuro Parte II

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Como prometido na parte I, começaremos a abordar fontes alimentícias que são bastante promissoras na missão de prover a segurança alimentar humana em tempos de expansão populacional e escassez de recursos naturais. Os insetos encabeçam nossa lista como uma das promessas dentre os Alimentos do Futuro.

Ainda que a ideia de comer insetos seja não muito atraente – ou mesmo repulsiva – para uma boa parte dos brasileiros, existem muitos países em que diversas espécies fazem parte do cardápio. Alguns trabalhos científicos  vêm destacando a relevância que insetos têm na ingesta diárias de proteínas dentre diferentes populações tradicionais ao redor do mundo. Calcula-se que por volta de 1900 espécies diferentes de insetos sejam consumidas ao redor do mundo e que cerca de 2 bilhões de pessoas façam uso, em maior ou menos medida, de insetos na alimentação. Dentre os países que mais empregam insetos na dieta estão China, México, Tailândia, Laos e diversas nações africanas. Os mais consumidos são, em ordem decrescente: besouros, lagartas, abelhas e formigas, grilos e gafanhotos.

Tendo isso em mente, a FAO (Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) lançou em 2013 um relatório bastante embasado e completo sobre os motivos pelos quais devemos considerar seriamente o consumo de insetos como uma possibilidade real e desejável. Cabe destacar:

Alta taxa de conversão proteica

Como mostra o estudo, diversas espécies de insetos possuem uma taxa de conversão de matéria orgânica em proteína muito alta. Alguns tipos de gafanhotos, por exemplo, produzem 1 kg de proteína a cada 2 kg de ração, o que é uma taxa de conversão muito maior que a do gado, por exemplo, onde são empregados 8 kg de ração para obter-se o mesmo montante de proteína na forma de carne.

Potencial nutricional elevado

O teor proteico dos insetos pode chegar à mais de 60% em certas espécies, o que é realmente impressionante comparando-se à algumas de nossas fontes mais corriqueiras (a carne bovina tem em torno de 20% e a de frango um pouco mais de 25%). Além disso, são encontradas quantidades significativas de minerais (Ca, Fe, Zn, etc), vitaminas e lipídios insaturados.

grilo
Bovino x gafanhoto. Fonte: Romeiro et al., 2015

Baixo impacto ambiental na produção

A produção de insetos gera montantes substancialmente menores de gases do efeito estufa e compostos [simple_tooltip content=’amônia, metano entre outros’]poluentes[/simple_tooltip], quando comparados a outras criações. De outro lado, pode ser muito útil no processo de compostagem de rejeitos, servindo estes de alimento aos insetos. Além do mais, a criação tem pouca exigência de espaço. Isso minimiza extremamente a necessidade de desmatamento para expansão de áreas de pastagens, além de viabilizar a implementação de unidades de produção em localidades pequenas e isoladas

Por esses e outros motivos o consumo de insetos deve ser uma realidade muito presente em nossas vidas em não muito tempo, o que, vencidas certas barreiras culturais, trará bons frutos.

Crédito da imagem: Steve Begin

Sobre Gustavo 29 Artigos
Cientista de Alimentos e Mestre na mesma área. Especialista em Jornalismo Científico pelo LABJOR/UNICAMP, dedicando-se a atividades de divulgação científica.

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