Pense em um alimento que, numa sala, pode produzir proteína suficiente para suprir a necessidade de um homem adulto por um ano. Esse feito pode ser atribuído a algumas espécies de algas, nosso tema de hoje.
Continuando o debate sobre os Alimentos do Futuro (confira a Parte I e a Parte II), vemos nas algas elementos bastante promissores.
As algas de origem vegetal já são utilizadas como alimentos em diversos países há um bom tempo (talvez milhares de anos), a exemplo das nações asiáticas. Dentre estas algas podemos destacar Nori (gênero Porphyra, a alga do sushi) que é bastante rica em proteínas e vitamina A, a Hijik (Sargassum fusiforme), fonte de cálcio, e a Kombu (gênero Laminaria), que possui relevantes concentrações de fósforo. Além da abundância dessas algas em regiões costeiras, o potencial nutricional é, como vimos, um motivo para considerá-las Alimentos do Futuro, cujo consumo deve ser estimulado.
Algas Microscópicas
Indo além das algas vegetais, temos as micro-algas. A Spirulina é um gênero de cianobactéria (alga-azul) presente principalmente em lagos, em diversas partes do mundo. As espécies comercialmente utilizadas são S. platensis e S. maxima. Sabe-se que a alga já era utilizada como alimento por povos africanos e mesoamericanos, desde há alguns séculos atrás. Composta majoritariamente por proteína (60-70%), a alga também é rica em minerais (como o ferro), ácidos-graxos essenciais e vitaminas, como beta-caroteno. Além disso, vem continuamente sendo testada quanto a potenciais efeitos terapêuticos, como baixar o colesterol, auxiliar em quadros de obesidade e diabetes, reforçar o sistema imune e proteger os rins, como mostra este artigo (resumo em inglês).
Alguns autores defendem a Spirulina como uma opção bastante viável para suprir proteína de elevada qualidade e outros nutrientes importantes à populações com pouco acesso.
De acordo com um trabalho publicado em 1983, calcula-se que seriam necessários 5 hectares de pastagens para suprir com carne bovina a necessidade de proteína de um homem no decorrer de um ano, enquanto, utilizando-se Spirulina, a área seria de apenas 10 m2 (a sala do começo da matéria).
Comparando-se com a produtividade de cultivos convencionais, Spirulina produz, em massa, ao menos 5 vezes mais que milho, trigo, arroz ou soja. Se avaliada, especificamente, a quantidade de proteína produzida por área, a diferença vai de 30 à 50 vezes.
Apesar dessas vantagens, não é recomendável que a Spirulina seja utilizada como única fonte de proteínas em uma dieta, uma vez que não se tem, ainda, dados sobre dosagens da alga que possam vir a ser tóxicas para humanos. Entretanto, seguramente é uma opção a ser considerada como complementação da ingesta proteica.
Crédito da imagem de capa: Sindy Nero
Gustavo, estou no aguardo de outras publicações suas.
Parabéns!!!
Obrigado, Aluísio! Em breve retomarei o tema em novas postagens.
Abraço!