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Num passado remoto (6 anos atrás)…

Lá em julho de 2008 eu resolvi questionar a Epson sobre o que fazer com os cartuchos de tinta velhos que eu tinha deles. Recebi uma resposta esdrúxula e guardei os cartuchos em casa esperando o dia que pudesse descartá-los de maneira digna. Eis que esse dia chegou! Depois de 6 anos com esses cartuchos jogados numa gaveta qualquer aqui em casa resolvi novamente entrar no site da Epson e procurar alguma novidade sobre o descarte de cartuchos de tinta. E não que eu achei?

Confesso que tive que dar vários cliques no site até encontrar o programa de coleta da empresa (não é assim visível e fácil de achar), ligar num telefone de assistência e perguntar onde eu poderia descartar meus cartuchos. Descobri que deveria levar na assistência técnica aqui da minha cidade onde eles recolhem, por sorte é bem perto da minha casa. Infelizmente esqueci de tirar foto do totem de coleta dentro da loja, mas tá lá bem visível, quem frequenta essas lojas já deve ter visto.

Lá eles não souberam me dizer quanto tempo faz que existe esse programa e disseram que a Epson vai lá recolher os cartuchos, eles também recebem cartuchos genéricos da impressora deles, não apenas os originais, mas não perguntei de cartuchos de outras marcas.

Ultimamente aqui em casa não temos mais comprado cartuchos de tinta novos para a impressora, meu pai tem ele mesmo recarregado-os e provavelmente por isso os cartuchos vazios ficaram tanto tempo na minha gaveta sem eu me lembrar de dar um destino.

Só resta saber agora o que de fato acontece com esses cartuchos depois que a Epson leva embora lá da loja… São reciclados? Reaproveitados? Ou apenas mandandos para um aterro sanitário? Se eu ficar esperando uma resposta deles por conta desse post já sei quando a resposta virá, né? Nunca… E sinceramente tenho um pouco de receio em escrever para eles perguntando, depois da resposta tosca que recebi da última vez que escrevi para eles… Mas mandei um mail perguntando, quando tiver uma resposta volto aqui para contar.

Enquanto isso fico esperando que esse projeto de cartucho de tinta feito de papelão vire realidade. No site que encontrei essa foto dizia que eles tinham sido projetados por Kevin Cheng para a Epson, são feitos de papelão reciclável, com laminado biodegradável, a única área plástica é a área do chip e além disso o cartucho dispensava outras embalagens, na época (2010) eles ainda estavam em fase de testes, 4 anos e ainda não vi nada parecido no site deles… Pelo menos não no site brasileiro. Aliás, nem o modelo da minha multifuncional ou cartuchos de tinta para ela eu encontrei no site. É, melhor eu me preocupar mesmo com o destino que darão para os cartuchos de tinta que eu deixei lá na loja.

UPDATE: A Epson respondeu meu email! Veja a resposta:

Os cartuchos vazios coletados são encaminhados para co-processamento, que é um processo de geração de energia por meio da queima de resíduos para produção de cimento.

Andreia Maffeis Campbell
Coordenadora Ambiental Epson
Programa de Coleta

Finalmente o “piscinão” de Cingapura e mais algumas coisas

É até um certo desmerecimento chamar a Marina Barrage de piscinão, se formos comparar com os piscinões que eu tenho conhecimento em SP, essa represa nada mais é que um parque com uma vista sensacional da cidade e uma área de lazer invejável, não lembra nem de longe um piscinão paulistano.

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Piscinão Aricanduva, SP. Foto: http://farm1.staticflickr.com/248/514839748_78153f5e2f.jpg
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“Piscinão” de Cingaoura.

Além do prédio sustentável, o telhado verde, o parque de energia solar o local ainda tem uma exposição sobre sustentabilidade em Cingapura. Essa exposição além de falar sobre a história da água na cidade-estado ainda mostra como a barragem funciona, é uma maquete que simula o aumento do nível da água no reservátorio e como as comportas funcionam nessa situação. Fiz um video do simulador funcionando, mas não ficou muito bom, mas dá pra ter uma ideia.

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Além de tudo isso você ainda tem um audio tour de graça para fazer a visita.

Além do telhado verde onde as pessoas tomam sol, empinam pipas, fazem picnic ainda tem um parque aquático, não, não tem piscina, mas eu achei super divertido brincar com eles chafarizes!

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Telhado verde
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Parque Aquático

O local é um exemplo, não tem nem o que discutir. Mas a sustentabilidade em Cingapura é tudo isso? Bom, nesse local o assunto é água e só água e parece que a grande preocupação deles é essa, nada mais natural afinal, eles não tem aquíferos  e importam muita água para consumo da sua população, mas como esse é um assunto estratégico para eles a sustentabilidade se resumiu a isso. E qualquer pessoa sabe que sustentabilidade é um assunto estratégico, mas vai muito além de água.

Quando eu falo que o “sucesso” da reciclagem no Brasil se deve à miséria, Cingapura é o maior exemplo disso, aqui simplesmente não tem reciclagem e se tem é muito, mas muito tímida e provavelmente porque aqui não tem miseráveis para ver no lixo uma alternativa de sobrevivência. Olhando no site da agência ambiental de Cingapura programas de reciclagens nem aparece.  A preocupação está mesmo em eficiência energética e limpeza da cidade. Mas por que eu acho que reciclagem é tão importante? Na verdade não é a reciclagem que eu acho importante, mas sim a relação das pessoas com o lixo, essa relação faz (ou deveria fazer) com que você repense seus hábitos de consumo e esse é um problema que todo mundo ignora porque acha que uma vez que você joga uma coisa no lixo o problema desaparece…

Pesquisando mais sobre lixo e o gerenciamento dele em Cingapura achei que o lixo aqui é incinerado em usinas que geram energia (por isso reciclagem não é tão importante, afinal quanto mais lixo, mais energia), mas mesmo assim a agência nacional de meio ambiente tem o como objetivo atingir 65% de reciclagem do lixo até 2020 e 70% até 2030. Por conta de incinerar o lixo antes eles conseguiram fazer o primeiro aterro sanitário no meio do mar, uma vez que só as cinzas do lixo vão para o aterro. Pra saber mais sobre o aterro achei o video institucional:

Midway

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Provavelmente as fotos das aves mortas com as mais variadas quinquilharias dentro delas não é uma grande novidade, você pode conferir todas no site do fotógrafo Chris Jordan.

O atol de Midway é um dos lugares mais remotos do planeta, fica no norte do oceano Pacífico entre o Japão e a América do Norte, ele fica perto daquele mar de lixo que existe no Pacífico, aí fica fácil de entender a quantidade de lixo encontrada dentro das aves por lá. E não é só dentro delas mas também em algumas área das ilhas é possível encontrar o lixo que chega do mar.

O fotógrafo Chris Jordan resolveu fazer um filme sobre Midway, segundo o site do projeto este é o trabalho de uma jornada visual poderosa no coração de uma espantosa tragédia ambiental muito simbólica. “Milhares de albratozes morrem nessa ilha por confundir com comida pedaços de plásticos que encontram no mar. As imagens são icônicas. O objetivo, no entanto, é olhar para além do sofrimento e da tragédia. No meio do Oceano Pacífico temos a oportunidade de ver o nosso mundo em contexto. No meio do caminho não podemos negar o impacto que temos sobre o planeta. Mas, ao mesmo tempo, ficamos impressionados com a beleza da terra e da paisagem sonora da vida selvagem que nos rodeia, e é aqui que podemos ver o milagre que é a vida nesta terra. Assim é com o conhecimento do nosso impacto aqui que devemos encontrar um caminho a seguir.” Tradução livre minha.

Aqui cabe perfeitamente o clichezão: imagens valem mais do que mil palavras, né? Nem preciso gastar muito tempo escrevendo para se sentir sensibilizado por elas. E não pense que por você viver no Atlântico Sul você não tem nada a ver com isso, sabe as correntes marinhas? Sabe os navios que cruzam o planeta transportando de tudo? É, esse é o mundo globalizado, não existe nada que não esteja interligado! Pense nisso antes de jogar aquela tampinha, aquele plastinho da bala ou o lacre de uma etiqueta na rua…

Você pode ver o trailer do filme abaixo.

Dica por e-mail do José Eli da Veiga.

China

Estive de férias na China mês passado e resolvi contar um pouquinho das minhas impressões aqui. Talvez toda a viagem eu conte num outro blog, mas no momento vou me atentar às impressões.

Estive em Hong Kong, Pequim, Xi’an, Lhasa (Tibete) e Chengdu e cada uma das cidades me chamou a atenção por aspectos bem diferentes, até pareciam países diferentes. Mas no aspecto geral não vi coleta seletiva séria, aliás, existe isso em algum lugar do mundo? Talvez o Japão, os países nórdicos da Europa, mas de forma geral coleta seletiva depende da boa vontade dos cidadãos e ai já viu, é difícil mesmo. Em Hong Kong onde eu achei que isso seria mais sério fiquei na casa de um parente e não vi lá nenhuma separação de lixo, ou seja, se você não quiser fazer, não faz e pronto. Nas outras cidade fiquei em hotel então não deu pra saber se funciona, mas nas ruas quase não vi cestos de lixo para separação (não que isso funcione, mas já um começo).

Trânsito… Eu juro que fiquei impressionada, não esperava que fosse TÃO caótico! Sabe o trânsito da Índia? Então, tira as vacas, esse é o trânsito da China, pelo menos foi essa sensação que eu tive. Nas cidades as motos são proibidas, só podem circular umas motinhos elétricas que não atingem uma velocidade muito alta, mas são silenciosas e isso muitas vezes pode ser um problema quando você está tentando atravessar a rua. Achei um videozinho pra ilustrar o caos que é o trânsito, o video é em Shangai e eu não fui pra lá, mas todas as cidades da China me parecem que não são nada diferentes. Ah! Já estava me esquecendo, se buzina pra tudo! Tudo mesmo.

Sugiro dar uma busca no youtube pra ver as maiores locuras que o trânsito da China é capaz.

Conheci a reserva dos Pandas em Chengdu, o lugar é sensacional é um zoológico, mas só de pandas, tanto o gigante como o vermelho. Com certeza vale a visita, quem me conhece sabe que eu adoro ursos, então imagina como eu gostei. Eles tem um programa de voluntariado, você paga uma taxa (que eles chamam de doação) e você pode trabalhar um dia na reserva e ganha um certificado e tudo, não tive a oportunidade de fazer isso, mas gostaria muito um dia. Ah, foi o único lugar da China que eu fui e é proibido fumar e as pessoas respeitaram! Um verdadeiro alívio para o meu nariz, que sentiu cheiro de cigarro até no avião!

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Pandas da reserva de Chengdu

A coisa mais sustentável que eu vi na China foi a obra da ferrovia que liga a China ao Tibet, bom, pelo menos em alguns trechos eles fizeram proteção para os animais silvestres não atravessarem a ferrovia, em alguns trechos tem passagem para os animais sob a ferrovia.

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Grade ao longo de toda ferrovia

As sacolinhas plásticas de graça, apesar de terem sido proibidas, ainda são bastante usadas, em alguns lugares até são de graça, pelo menos não notei que me cobraram. No Tibet fui num supermercado que a sacola que eles distribuiam era de tecido e de graça, veja a foto.

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Bom, as preocupações com meio ambiente no dia-a-dia ainda são bem incipientes na China, não notei que é a prioridade número 1 deles, nem haveria de ser, afinal, o mundo respira economia e não meio ambiente, né? E todo mundo ainda acredita que meio ambiente é a última coisa a ser pensada, então eu notei que eles só estão cometendo os mesmos erros que a humanidade vem cometendo… Uma pena.

Enquanto isso lá fora…

Adoro quando tenho tempo para colocar meus feeds em dia e eis que encontro no The Greenwashing Blog uma questão sobre garrafas de plástico feitas de matéria-prima vegetal. Olha, e não é que eu falei disso em março no post A embalagem, o lixo e o ciclo de vida?

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Esse blog cita mais 2 outros blogs (um deles com um post de 2009!) perguntando se essa é mesmo uma solução para o problema (seja ele qual for, reciclagem, lixo, água engarrafada, fonte de matéria-prima) ou se não passa apenas de greenwashing da marca dona da água que propagandeia a garrafa com 30% de plástico de origem vegetal (veja que aqui no Brasil nós conseguimos evoluir, nossas garrafas são 100% de origem vegetal!).

Eu já dei a minha opinião a respeito e parece que mais gente pelo mundo também anda questionando as empresas sobre o assunto. E ai, usar matéria-prima renovável é um pequeno passo para uma nova direção ou apenas maquiagem verde?

Ainda sobre lixo

Na visita à ONG Doe seu Lixo uma das maiores dificuldades encontradas pelas coperativas e onde é o gargalo deles é a coleta do material. Fazer o material chegar no local de triagem é a maior dificuldade, devido à logística, não é barato ter caminhões para coleta e quando ela é feita no braço (o que eu acredito ser a realidade da maioria das cidades brasileiras) esse serviço está sujeito às intempéries e todas as dificuldades que um serviço feito por uma pessoa casa à casa pode ter.

Mas vocês sabiam que ter o lixo coletado na porta de casa é um luxo que muitos países ricos não tem?

Pois é, se você tem coleta de lixo na porta da sua casa considere-se um privilegiado, se for coleta de material reciclável então, saiba que isso não acontece nem em países como a Suíça.

E como é feito, então? As pessoas tem que levar seu lixo até o local designado para tal.

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Levando o lixo separado para local.

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Local onde todos os moradores levam seu lixo, na Suíça.

As fotos são em uma pequena cidade da Suíça, mas esse sistema de “coleta” de lixo acontece em vários países da Europa, é você quem leva seu lixo. Em algumas cidades é montado até um depósito para que você possa levar móveis usados que não quer mais e deixá-los lá para quem estiver precisando.

Perguntei para o Júlio César Santos, o coordenador nacional da ONG, se eles tinham alguma experiência de entrega voluntária do material, ele respondeu que não pois a dificuldade deles era manter esse material guardado e seguro para evitar roubos de catadores individuais. Realmente manter aqui no Brasil um local como esse ai das fotos não deve ser fácil, reparem na limpeza do local, reparem que o local não tem nenhuma “cara”de lixão, agora veja essa foto que eu achei aleatoriamente na internet, essa aqui no Brasil.

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Local de armazenamento de materias recicláveis, no Brasil.

Percebe a diferença? O brasileiro precisa mudar a sua percepção do lixo, provavelmente o fato de você ter que levar seu material até algum outo local e ter de armazená-lo em casa por algum tempo faz com que a sua relação com o lixo e todo o material acumulado seja diferente. O que faz uma embalagem de iogurte ser considerada lixo ou uma embalagem que pode ser usada como copo? A sujeira! Pense, você teria na sua mesa durante dias um copo de iogurte vazio e limpo, mas ele não duraria nem uma hora em cima da sua mesa se estiver sujo (desde é claro que você não seja uma pessoa porca e desleixada), percebe a relação?

Sem dúvida tudo isso  muda por conta da educação e do conhecimento. A limpeza e a organização dos materiais e do local reflete diretamente na relação das pessoas com o lixo, a educação e conhecimento faz toda a diferença, desde de quem produz o lixo em casa, na hora de separá-los, até quem vai recebê-los e como irá armazenar. Sem dúvida nenhuma existirá uma preocupação em levar os materiais mais organizados e limpos num local que é minimamente agradável de se ir do que se a única obrigação é deixá-lo na porta para alguém pegá-lo.

A reciclagem começa  em casa, no seu consumo e descarte, só por que você pode largar o problema para trás não quer dizer que ele não será mais seu.

A realidade da reciclagem no Brasil

Na terça passada, a convite da Coca-cola, conheci a ONG Doe Seu Lixo no Rio de Janeiro que junto com o Instituto Coca-cola ajuda coperativas de reciclagem do Brasil inteiro a se profissionalizarem. É sensacional o trabalho que eles fazem, dignificando a profissão de catador de materiais recicláveis, oferecendo cursos e profissionalização para as coperativas e gerando renda.

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Qualquer pessoa que estuda um pouco sobre reciclagem no Brasil sabe que ela só deu “certo” por causa da miséria, ou seja, se a reciclagem no Brasil hoje existe não é por conscientização ambiental ou por preocupação da administração pública com o meio ambiente, ela existe mal e porcamente por conta de pessoas que viram no lixo uma alternativa de sobrevivência. São poucos os exemplos de cidades que implantaram um sistema de coleta seletiva eficiente, a coleta seletiva e a reciclagem no Brasil ainda não é regra geral. Segundo dados do IBGE na região norte do país, por exemplo, a coleta seletiva praticamente inexiste (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – 2008).

Portanto, falar de coleta seletiva no Brasil ainda não é uma realidade, a reciclagem pode até acontecer, como no caso das latinhas de alumínio que conseguimos reciclar mais de 90%, mas os outros materiais variam em torno de 45% a 55% ainda, mas uma coleta organizada e efetiva ainda é muito incipiente na grande maioria das cidades brasileiras.

E a reciclagem dos 3% do lixo brasileiro como acontece na grande maioria das vezes? Por meio das coperativas de catadores de materias recicláveis, são essas pessoas que por causa da miséria encontraram no lixo uma alternativa de vida digna.

Esse evento que participei na semana passada foi para promover a Semana do otimismo que transforma da Coca-cola. Não vou dizer o que penso sobre esse “evento”, já falei sobre a empresa em outros posts, não é de hoje que a marca vem tentando se associar ao tema sustentabilidade e portanto vou dar um voto de confiança que ela tem tentado, não sei se da melhor forma ou de forma acertada, mas é uma preocupação e o que ela fez e faz por meio do Instituto Coca-cola para as coperativas atendidas pela ONG Doe Seu Lixo me pareceu muito legítimo. Pelas palavras da diretora-executiva, Claudia Lorenzo, do Instituto Coca-cola ainda é muito pouco o que é feito perto da importância e da relevância da marca Coca-cola para o mundo (são 125 anos de empresa no mundo e 70 anos no Brasil), ela sabe que tem um desafio monumental pela frente e diante dos apenas 5 anos do Instituto acho que tem seguido um bom caminho.

O destino dos aviões

Em 2008 descobri por acaso o destino dos navios e me choquei com o que vi. Dessa vez vi no Jornal Nacional de ontem (16/04/2011) o destino dos aviões e fiquei um pouco mais contente com o exemplo mostrado, veja a seguir:

Infelizmente isso não é realidade aqui no Brasil, achei essa reportagem do Fantástico falando dos aviões abandonados. Veja:

Nos EUA os “cemitérios” de aviões são chamados de Aircarft boneyard,  na Wikipedia eles falam que são retiradas partes das aeronaves que são vendidas ou reutilizadas, não citam nada a respeito de reciclagem completa do avião ou algo que o valha, tanto que são várias as fotos de enormes áreas repletas de aeronaves armazenadas, inclusive virou até reportagem da BBC. Aliás esses locais servem até como locação de filmes, comenciais, encontrei até alguns depoimentos de pessoas que visitaram um cemitério na Califórnia.

Veja no video a seguir com fotos de um cemitério desses no Texas:

 

Acho válida a ideia de transformar alguns desses aviões em museus e atrações turísticas, mas creio que não deve ser possível nem a melhor solução fazer isso com todos, desperdício é algo que realmente me aborrece e não consigo parar de pensar que abandonar esse aviões e largá-los lá para ver o tempo destruí-los não é digno de muita inteligência.

Aliás, navios e aviões são coisas distantes de seres humanos comuns, mas alguém já parou para pensar o que aconteceu com todos os carros que a sua família já teve? Será que estarão até hoje rodando ou foram parar em algum ferro velho ou  abandonado em algum lugar como todo esses aviões?

Torço que num futuro próximo eu possa escrever um post para contar que alguma montadora resolveu se preocupar com o ciclo de vida completo de seus carros e caminhões e resolveu cuidar e garantir que todos os carros, caminhões e ônibus produzidos por ela tenha um destino inteligente.

A embalagem, o lixo e o ciclo de vida

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Acho que aqui no blog nunca critiquei as embalagens de plástico de origem vegetal, então chegou a hora de falar. Plásticos que são de origem vegetal e não são biodegradáveis não tem meu apoio.

O “bioplástico” mais famoso e falado que tem é o da Braskem, feito de cana-de-açúcar, tá, ótimo, origem renovável e o destino dele qual é? O lixão da cidade, o córrego, o bueiro… E ai? Que vantagem Maria leva? Ah, o plástico é reciclável… Convenhamos, a grande maioria dos plásticos são recicláveis, o problema não é ele ser ou não reciclável e sim, ele ir de fato para a reciclagem. Acho que ele seria muito mais útil se fosse biodegradável, tipo, depois de 3 meses ele já está reintegrado ao ambiente. E não falo de micropartículas de plástico que ficarão lá eternamente, eu falo de decomposição que contribua e agregue alguma coisa ao solo, se é que isso seja possível.

Uma dúvida de ignorante, será que na hora da reciclagem esse plástico de origem vegetal se integra totalmente ao plástico de origem fóssil? Pois afinal, quando você compra algum objeto de plástico e manda-o pra reciclagem você não sabe qual a origem dele e na hora que mistura todos os tipos de plásitco não atrapalha na reciclagem? Eu sei que cor de vidro é uma coisa séria, assim como a cor do plástico na hora da reciclagem e a origem do plástico alguém já sabe? Se ele for examente igual ao plástico de origem fóssil você já sabe o que acontece quando ele não vai pra reciclagem, né?

Há algumas semanas a Pepsico lançou sua embalagem ecológica dizendo que são 100% recicláveis, tá, até onde eu sei todas as garrafas PET também são, mas isso nunca garantiu que 100% delas fossem recicladas e será que se eu mandar essas garrafas pra reciclagem junto com as PET convencionais vai ter algum problema?

Não entendo com tanto blablabla de sustentabilidade as empresas ainda estão pensando ainda só de um lado da questão. É bom lembrar que agora temos a Política Nacional de Resíduos Sólidos que resposabiliza todos pelos resíduos gerados, será que só agora vão se dar conta que olhar só a origem do produto ou da embalagem já não é mais suficiente?

Sugiro para as empresas que ao invés de ficar gastando dinheiro em como fazer produtos e embalagens com matéria-primas renováveis e alternativas por que não pensam em tentar reciclar, reutilizar ou abolir embalgens? Que tal venda de sorvete, refrigerante e bolachas a granel? Quando eu vejo essa ausência de inovação que fará com que as pessoas mudem de fato seu comportamento para um mundo mais sustentável eu quase desacredito na sustentabilidade, eu chego a acreditar que quando as empresas falam desse assunto é, de fato, apenas marketing. Vejo que ninguém quer mudar comportamento, o máximo que fazem é mudar a matéria-prima e continuam fazendo o resto tudo igual. De verdade o mundo não vai ser melhor e mais sustentável se ao invés de continuar consumindo milhares de escovas de dente, garrafas ou copos de plástico de origem fóssil, a partir de agora o plástico for de origem renovável. Resolver só um lado da equação não resolve o problema, a vida do produto não acaba depois que você o joga fora.

Perguntas que eu não sei a resposta

Ser ambientamente correto, responsável e sustentável não é das tarefas mais fáceis que existe, sempre existirá uma dúvida, uma incerteza e nenhuma prova de que a opção que você escolher é de fato a melhor. Na maioria das vezes você tem apenas o bom-senso.

Eis algumas perguntas que eu não sei a resposta e espero que alguém me ajude a respondê-las. Talvez até faça um post de cada uma delas para tentar encontrar a melhor solução. Em itálico coloquei minhas respostas rápidas baseadas em bom-senso, mas não tenho nada que as comprove como de fato uma melhor opção.

  • Qual a melhor opção produtos orgânicos de longe ou produtos normais de perto? Normais próximos à minha casa, baixa pegada de carbono, apesar do impacto que os agrotóxicos possam ter no ambiente e na minha saúde.
  • Lenços/ guardanapos de papel ou de pano? Esse texto tenta ajudar na resposta, mas não me convenceu muito (em inglês). Como na conclusão do texto também acho que depende, mas em restaurante por exemplo sempre prefiro (quando tenho opção) guardanapos de pano.
  • Carros elétricos são realmente a melhor opção quando a matriz energética é suja (petróleo, carvão)? Eu ACHO que não, mas é apenas achismo.
  • Xícaras de porcelana/cerâmica são realmente a melhor opção quando se recicla os copinhos de plástico? Porcela/cerâmica não se recicla e também são materiais não renováveis. Essa pergunta eu não faço idéia da melhor opção, ainda mais com o condicionante de se reciclar os copinhos plásticos.
  • A água gasta para lavar canecas compensa o uso delas? Não sei mesmo! Materiais novos x água é sempre uma dúvida cruel pra mim…
  • Compensa trocar produtos velhos (geladeira, ar condicionado, carro) com baixa eficiência energética por novos e que gastem menos energia? A princípio sim para diminuir o consumo de energia, mas e o lixo gerado com os produtos velhos? Quem cuida?
  • Usar papel higiênico ou ducha na hora de usar o banheiro? Essa dúvida se responde com outra pergunta: O que é mais barato tratar água ou fazer papel? Bom, papel gera lixo, mas também pode virar energia ou humus... (colaboração do amigo Igor Santos).

Provavelmente deve ter mais 1001 dúvidas que passam pela minha cabeça, mas no momento são essas que me lembro. A Tatiana Nahas, do Ciência na Mídia também levantou questões sem respostas bem interessantes no post o lixo, o consumo e a matemática.