O sucesso da gravidez como resultado da fertilização in vitro pode melhorar devido à pesquisa que usa a tecnologia “Órgão-em-chip”. A Dra. Virginia Pensabene está inserindo células reais em um chip de silicone para desenvolver órgãos e investigar problemas de fertilidade.
A Dra. Virginia Pensabene, da Universidade de Leeds, está colaborando com cientistas em todo o mundo para promover sua pesquisa sobre o cultivo de órgãos em chips, com o objetivo de melhorar a eficácia dos procedimentos de fertilização in vitro. Atualmente, a taxa de sucesso da fertilização in vitro está em torno de 30%.
Algumas clinicas brasileiras trabalham com uma taxa de 40 a 45%[1].
Sua nova tecnologia patenteada envolve implantar e orientar células reais para que cresçam em um chip de silicone em miniatura. Foi exaustivamente testado na fase de ensaio pré-clínico, o que mostrou uma melhoria dos procedimentos em termos de redução de custos e automação. A tecnologia funciona inserindo a amostra de célula nos canais microfluídicos moldados no chip de silicone. O processo de fabricação pode produzir modelos de órgãos de diferentes formas e tamanhos, criando canais de diferentes tamanhos.

Células isoladas de uma placenta são inseridas em canais microfluídicos e, em seguida, são guiadas por hormônios para se comportarem como se comportassem no modelo de endométrio. Fonte: Universidade de Leeds.
O processo se inicia quando células isoladas de uma placenta são inseridas nos microcanais. Em seguida, os hormônios são usados para guiar as células a se comportarem como se comportariam no modelo do endométrio – para replicar o ciclo menstrual.
O método examina como as mudanças em diferentes tipos de células refletem as possíveis mudanças no órgão real para dar uma ideia se um determinado tratamento funcionaria. Certas células são mais sensíveis ao alongamento mecânico e ao estresse de cisalhamento, como as células da vasculatura sanguínea: se esse estresse for controlado, as células crescerão como em um órgão real.
As próximas etapas são colaborar com os principais parceiros industriais para fabricar o dispositivo. Pacientes e especialistas em fertilização in vitro que ajudaram a desenvolver o projeto contribuíram para que a pesquisa pudesse avançar para ensaios clínicos em humanos nos próximos anos.
Investigando riscos de gravidez por exposição tóxica
Na Universidade de Leeds, a Dra. Virginia Pensabene visa compreender como a exposição a bactérias ou substâncias tóxicas no meio ambiente pode desencadear resultados adversos durante a gravidez, como aborto espontâneo e parto prematuro. Ela vai prosseguir esta pesquisa usando modelos de “Órgão-em-chip” do endométrio e do saco amniótico usando células derivadas de humanos.
Anteriormente, a Dra. Virginia Pensabene trabalhou com uma equipe na Universidade de Vanderbilt que descobriu que a dioxina tem efeitos prejudiciais na fertilidade que podem ser transmitidos para a próxima geração. A exposição à dioxina e a outros produtos químicos tóxicos pode afetar os soldados em zonas de guerra e causar problemas de fertilidade posteriormente.
Vários produtos de uso diário, como xícaras de café, garrafas de água e cosméticos, contêm pequenas quantidades de produtos químicos nocivos. A combinação e a quantidade acumulada desses materiais nocivos podem afetar significativamente nossa saúde.
A Dra. Virginia Pensabene está testando os efeitos dessas toxinas para examinar como esses fatores podem afetar a fertilidade e o sistema reprodutivo.
A técnica diminui a necessidade de testes em animais de laboratório, pois a experimentação será feita no chip, utilizando células humanas. Suas descobertas podem, no futuro, ajudar a entender a influência do uso de produtos químicos ligados à infertilidade e outras condições, como doenças cardiovasculares e câncer.
Fonte: Universidade de Leeds.
Referências
[1] https://saude.abril.com.br/familia/fertilizacao-in-vitro-as-taxas-de-sucesso-subiram-muito/