
A microfluídica no ar foi usada para criar um cilindro oco em 3D. Crédito: University of Twente.
Existem vários métodos que podem ser utilizados na fabricação de dispositivos microfluídicos ou microdispositivos. Esses dispositivos são então utilizados para se fazer microfluídica, ou seja, o escoamento de fluidos em canais micrométricos. Isso quer dizer que você precisava de um dispositivo físico ou canais para os fluidos interagirem entre si. Até agora!
Isso porque pesquisadores da Universidade de Twente na Holanda desenvolveram um novo método, chamado de microfluídica no ar (IAMF, em inglês), que combina fluxos de líquidos de tamanho micrométrico no meio do ar para preencher um cubo em questão de minutos. Na prática, os canais microfluídicos são substituídos por jatos líquidos de tamanho micrométrico que são combinados no ar, daí o nome da técnica.
Os pesquisadores aplicaram a técnica para a produção rápida de gotículas/gotas, partículas e fibras com composição, forma e tamanho controlados. Eles demonstraram que essas partículas formadas no ar podem ser usadas como “blocos de construção” citocompatíveis para a impressão em um único passo de biomateriais em 3D com várias arquiteturas modulares. Isso pode ser usado para encapsular células vivas para uso potencial na engenharia de tecidos.
Como funciona a técnica?
Os jatos líquidos são ejetados dos bocais 1 e 2 [Na Figura ao lado correspondem ao Nozzle 1 e 2]. O bico 1 é atuado com um elemento piezoelétrico controlado por um gerador de pulso, resultando na quebra controlada do jato 1 em gotículas monodispersas como mostrado. Um laser pulsado é usado para iluminar as gotículas e “congelar” seu movimento quando visualizado com uma câmera.
O trem de gotas do bico 1 choca-se com fluxo contínuo que é ejetado do bico 2, resultando em um trem de gotículas monodispersas que flui para baixo. Enquanto “voam no ar”, os compostos das gotículas reagem quimicamente ou fisicamente para formar gotículas encapsuladas ou partículas. Alternativamente, ambos os bocais podem criar jatos, conhecidos como “jet-jet“, e isso pode ser usado para criar fibras. Esse modo foi utilizado para criar o tubo apresentado na Figura inicial desse post.
Portanto, tanto o impacto como o encapsulamento são concluídos no ar antes da coleta ou deposição, o que acontece normalmente ~ 100 milésimo de segundo após impacto no ar.
A equipe usou este método para preencher um molde em forma de osso com células-tronco mesenquimais humanas encapsuladas com alginato. Ao criar estruturas em 3D multicelulares e multimateriais, esse tipo de biomaterial modular tem potencial para ser usado na engenharia de tecidos. Há também uma configuração manual dos bocais que poderia beneficiar engenheiros de tecidos e cirurgiões para fabricar tecidos biológicos.
No vídeo abaixo é mostrado como a técnica fabrica esses tubos.
Referência
VISSER, C. W.; KAMPERMAN, T.; KARBAAT, L. P.; LOHSE, D.; KARPERIEN. In-air microfluidics enables rapid fabrication of emulsions, suspensions, and 3D modular (bio)materials. Science Advances, v. 4, 2018. DOI: 10.1126/sciadv.aao1175
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