Como hoje é o dia das mulheres,  escolhi falar um pouco sobre a atuação das mulheres na área da Química medicinal  e na ciência brasileira como uma homenagem do Blog Quimikinha a mulher cientista. Vamos lá!

Um artigo da revista ACS Medicinal Chemistry Letters mostra um análise sobre a participação das mulheres em pesquisa científica na área de química medicinal. De acordo com Huryn et al. [1]., a avaliação de dados demográficos mais recentes sobre a participação de mulheres na química medicinal encontra tendências perturbadoras.

Nos últimos dez anos, a adesão feminina à Divisão de Química Medicinal da ACS nunca excedeu 20 %. Apesar da “Divisão de Química Medicinal” estar bem estabelecido há mais de 100 anos, apenas 5 mulheres foram eleitas como representantes.

A Divisão ACS de Química Orgânica, que provavelmente representa um círculo eleitoral mais amplo, reflete tendências semelhantes: em 2017, apenas 16 % de seus membros dessa divisão são mulheres.

A Federação Europeia de Química Medicinal (EFMC) é composta por 25 Sociedades de Química Medicinais de 23 países europeus, no entanto, em 2017, as mulheres representavam apenas 25% da liderança dessas sociedades.

Uma revisão de múltiplos parâmetros, incluindo a participação em organizações profissionais, à autoria correspondente de artigos de revistas de química medicinal e a representação em cargos profissionais e de liderança revelam que a porcentagem de mulheres que participam de atividades químicas de química profissional é inferior a 20%.

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No Brasil, em uma análise geral, a atribuição de bolsas em diferentes modalidades para as mulheres tem crescido substancialmente de acordo com dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico [2]. Além disso, temos observado nos últimos anos, alguns movimentos que têm possibilitado maior visibilidade às mulheres cientistas.

Dentre esses movimentos, editais de agências de fomento específicos para mulheres que pesquisam no campo da ciência, bem como premiações oriundas de empresas privadas que buscam destacar pesquisas realizadas por mulheres cientistas. Uma dessas empresas é a L’Oréal Brasil, que promove desde 2006, em parceria com a United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) e com a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Programa “Para Mulheres na Ciência” [4].

Um estudo publicado pela Elsevier comparou a participação das mulheres na ciência em onze países e mais a União Europeia. Nosso país é destacado por notáveis avanços em termos de igualdade de gênero nas últimas duas décadas. No entanto, esse mesmo estudo aponta desigualdades persistentes em contratações, autorias, reconhecimento e promoção. O estudo completo da Elsevier pode ser acessado nesse link: Gender in the Global Research Landscape.

Acredito que o fato de as mulheres serem maioria nas universidades, movimentos de incentivo a participação e permanência da mulher na pesquisa em diversos ramos da ciência e a equiparação do número de bolsas pode levar a supor que no futuro a participação feminina na carreira científica em todos os níveis será alterada.

Estou positiva quanto a esse assunto no Brasil, no entanto, sem baixar a guarda.  Ainda há um barreira que limita a atuação das mulheres em cargos de alto nível, reconhecimento e promoção.  Ou seja, ainda há uma boa caminhada até que haja uma plena equiparação da mulher na ciência no Brasil e no mundo.

Feliz dias das mulheres para todos!

Ciências para todos!

Referencias

[1] Huryn, D. M., Bolognesi, M. L., & Young, W. B. (2017). Medicinal Chemistry: Where Are All the Women? ACS Medicinal Chemistry Letters, 8(9), 900–902.https://doi.org/10.1021/acsmedchemlett.7b00321

[2] Estatísticas – Mulheres na ciênca – Portal CNPq. (2014). Retrieved March 8, 2018, from http://cnpq.br/estatisticas1#void

[3] Fazer ciência e ser mulher: um desafio ainda real. (2017). Retrieved March 8, 2018, from http://cnpq.br/noticiasviews/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/5648344

[4] Citeli, M. T. (2016). Mulheres Nas Ciências: Mapeando Campos De Estudo. PPEC. Retrieved from http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/118162


Gisele Silvestre

Atualmente, sou pesquisadora na área de inovação tecnológica no Laboratório Multiusuário de Química e Produtos Naturais sediado na Embrapa - CE (Postdoc). Doutora em Química pela Unicamp (2017). Bacharel em química pela Universidade Federal do Ceará (2011). Interessada na popularização da ciência, parcerias, trocas de conhecimentos científicos e culturais. Tenho como hobby o ato de "aprender" . O conhecimento sempre me surpreende e fascina. Minha missão é compartilhar conhecimento e descobertas científicas. Ciência para todos! Carpe Diem!

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