Livro “Genes contra doenças” promete explicar terapia gênica


Ainda não li, confesso. Mas assino embaixo pela confiança no autor. O Rafael Linden entende do assunto de terapia gênica. Só não entende mais disso do que de morte celular programada, sua especialidade. Enfim, o livro fala sobre a terapia gênica (área em que meu laboratório atua) de forma palatável para não-especialistas.

“O princípio da terapia gênica é relativamente simples: introduzir no organismo de uma pessoa doente, com uso da técnica de DNA recombinante, um gene sadio responsável por codificar uma proteína que terá um efeito terapêutico. No livro, que inclui um glossário, procurei definir todos os termos técnicos da forma mais clara possível”, disse à Agência FAPESP.

Afinal, por que usar remédios, que nada mais são que proteínas na maior parte dos casos, se nós poderíamos fazer as próprias células do paciente produzirem a proteína para o tratamento?
Como a coisa também não é tão fácil assim, as pesquisas continuam (ainda bem, porque é o que garante a minha bolsa).
Assim que eu ler o livro conto o que achei. E, apesar de conhecer a propriedade do autor neste tema, não duvide que tentarei criticá-lo com justeza.

A prepotente vergonha da medicina


Em conversa sobre uma palestra que havia acabado de ser proferida em meu laboratório, um dos médicos pesquisadores fez um comentário que me chamou muito a atenção. Ele falava de como alguns anos após uma cirurgia de safena (quando se retira uma veia da perna e a coloca no lugar de uma artéria entupida), a veia substituta oclui, ou seja, se fecha. “É vexativo quando após dez anos da operação da safena ela se fecha.”
Ouvir isto faz parecer que a medicina já esta num estágio tão avançado que pode se gabar de sentir vergonha por não conseguir algum resultado desejado.
Que medicina super-avançada é esta que precisa retirar uma veia do corpo do próprio paciente e colocá-la no local desejado. Bom, esse simplesmente é o caminho mais lógico, direto e óbvio para resolver o problema. Ou seja, nada muito sofisticado. E assim é a maioria dos tratamentos usados hoje em dia. Muitas bulas eu já li e li o seguinte em muitas: “o mecanismo de ação deste composto não está totalmente descrito”. Tomamos remédios no escuro? Em parte sim. Nestes casos sabemos que na maioria das pessoas não faz mal e resolve o problema. Então vamos usando, quando soubermos o mecanismo de funcionamento, ótimo, mas enquanto não fizer mal, continuemos tomando. E nada mais correto.
Mas vexativo? Vergonhoso? Vergonha de que? Vergonha de perder para a natureza? De se sentir incapaz perante a complexidade da fisiologia humana?
A medicina tem que se sofisticar muito ainda para poder começar a sentir vergonha de alguma coisa.

O caso antraz: suicídio do pesquisador suspeito

Bruce Ivins se alistando na cuz vermelha. Por Frederick News-Post

Lembra o que é “antraz”? Esta bactéria ficou famosa depois das cartas com um pó branco, que era esporo de antraz, foram distribuídas pelo correio americano. Um dos poucos casos de ataque biológico no mundo, este caso, mesmo tendo ocorrido no fim de 2001, quando matou 4 pessoas e deixou outras 17 doentes, ainda não foi solucionado. Mas as investigações não pararam. Tanto que um dos suspeitos, Bruce Ivins acabou se matando no dia 29 de julho.
Se matou pela pressão da acusação sendo inocente ou pela culpa? Segundo a revista WIRED, o FBI estava pegando pesado com a investigação, oferecendo dinheiro para o filho de Ivins e até mesmo mostrando fotos de pessoas infectadas com antraz para a filha, tudo para pressioná-los a achar provas contra seu pai.
O pesquisador Bruce Ivins trabalhava com antraz no departamento de defesa biológica do exército americano. Por 18 anos ele trabalhou em vacinas contra o antraz, inclusive contra a cepa (“raça”) de bactéria encontrada nas cartas.
Agora com o suicídio talvez nunca saibamos se e como ele pode ter se envolvido com os ataques.
E os outros pesquisadores envolvidos em defesa contra o bioterrorismo estão em alerta. Afinal, sempre que algo acontecer envolvendo o tema de sua pesquisa, estes profissionais serão acusados? Por exemplo, neste mesmo caso do antraz, um pesquisador recebeu uma indenisação de U$4,6 milhões do governo por ter sido apontado como suspeito, quando era inocente, e teve sua carreira arruinada pela acusação.
Mas e se realmente ele estava envolvido? Como melhorar o controle das pesquisas? Surgiu uma especulação na época dos ataques que eles podiam ter sido causados por um fanático da defesa anti bioterrorismo para chamar a atenção para este programa de defesa. Se isso for verdade, disse o especialista em biosegurança Gerald Epstein, deixaria a impressão de que as pesquisas de biodefesa seriam uma fraude por serem inúteis, já que a ameaça maior viria de dentro da própria defesa americana.
Fonte: ScienceNOW

“Dez preocupações científicas que você pode tirar da cabeça”

Relaxe… Há coisas mais importantes para se preocupar do que a matéria negra do universo ou garrafas de plástico tóxicas. Essa listinha tira 10 preocupações de sua cabeça, as quais, eu estou certo, não deixavam você dormir tranquilo anoite.
1. Hot-dogs assassinos
2. O ar-condicionado do carro que acaba com o planeta
3. Frutos proibidos que vêm de longe
4. Celulares cancerígenos
5. Sacolas de plástico diabólicas
6. Garrafas de plástico tóxicas
7. Tubarões assassinos
8. O gelo que está desaparecendo no Ártico
9. A massa que está faltando no Universo
10. Buracos de minhoca não-identificados

Chá de graviola NÃO cura o câncer!


Esse spam é o que segue abaixo. Caso receba qualquer coisa desse gênero, principalmente não assinado, nunca repasse. Se achar interessante, uma busca prévia no Google é o mínimo que se pode fazer para confirmar uma informação. Essa foi a primeira página que encontrei ao procurar sobre este spam da graviola: http://www.quatrocantos.com/LENDAS/133_graviola.htm. Está excelente. Pode mandar os spans pra mim também. Assim posso tentar descobrir a veracidade e colecionar as aberrações, o que seria um hobbie interessante
Mas sobre este spam específicmente: se curar é placebo. E se tiver algum efeito, não vai ser o chá bruto o melhor meio de cura.
Como já havia dito aqui, CURA do câncer é dificil, controlá-lo é o caminho mais plausível.
E convenhamos, dizer que “funcionou pra minha cachorrinha” deu um toque de credibilidade fantástico, além de ser muito fôfo!
P.S.: Aqui segue uma bandeira de paz para quem gosta de graviola. Ela pode não curar o câncer, mas que essa receita com salmão e maracujá deve ser ótima, ah isso deve.

Tenho uma colega que possui uma cachorrinha que estava desacreditada
pelos
veterinários, pois estava tomada de câncer, ou seja, metástase.
Como não havia mais solução e nem tratamento para a cachorrinha, e
nada
tinha a perder, essa colega foi orientada a dar o chá de folha de
graviola
para sua cadelinha.
Acreditem, após 1 mês 1/2, ela voltou ao veterinário para fazer um
novo
exame e nada mais foi encontrado.
As células cancerígenas haviam desaparecido.
P.S: abaixo segue um informativo sobre a folha de graviola.
A ERVA QUE CURA CÂNCER
Recebido de Dr. Rômulo d’Avila (que é médico).
Repassem aos seus contatos. Notícias assim não são divulgadas por
causa da
pressão dos grandes laboratórios farmacêuticos. Mas esse é o lado
bom da
Internet.
Foi pesquisado pela USP e é válida Dr. Panuzza confirma.
SE VC CONHECE ALGUÉM QUE TEM CÂNCER, POR FAVOR ENCAMINHE ESSE
E-MAIL.
MAS MESMO QUE NÃO CONHEÇA ENCAMINHE A OUTRAS PESSOAS,PORQUE QUEM SABE
ESSAS
POSSAM AJUDAR ALGUÉM QUE PRECISE.
ALÉM DE CURAR O CÂNCER, ESSA FOLHA TEM OUTROS BENEFÍCIOS.
*ABAIXO SEGUE COMENTÁRIO:**
**
*FOLHA DE GRAVIOLA
A folha de graviola cura câncer. Segundo Evandro Romualdo,um amigo lhe
confidenciou a seguinte história:
Que sua esposa após descobrir um câncer no seio que chegou a se
espalhar
pelo seu corpo, estava praticamente com os dias de sua vida contados.
Foi
então, que ele descobriu uma
publicação sobre o CHÁ DE GRAVIOLA.
A notícia estava em um site e o título do artigo é CANCER MAGIC
BULLET
DISCOVERED, but drug giants hushes it up!
– 10,000 times stronger than chemotherapy with no adverse side
effects…..
Na reportagem eles citam o quanto o extrato da GRAVIOLA é 10.000 vezes
mais
forte do que a quimioterapia por drogas,e sem efeitos colaterais.
Citam também a árvore como sendo encontrada na floresta Amazônica.
Enfim, a esposa dele também tomou o chá, e em dois meses não tinha
mais
nenhuma seqüela ou ferida.
Hoje está viva e saudável!
AQUI FICA A DICA PARA QUEM PRECISAR, SE PUDER DIVULGUE,QUEM SABE ASSIM
CONSEGUIMOS AJUDAR MAIS PESSOAS COM ESSA NOVA DESCOBERTA.

Publicidade para cientistas: um público-alvo diferente?

No esforço de enfiar a cultura científica guela abaixo da cultura pop, ou pelo menos aumentar esta interação, eu gostei da iniciativa da Eppendorf com a campanha para seus pipetadortes.

Pipetadores são aquelas coisinhas que estão sempre nas mãos de cientistas de jaleco, nas suas bancadas com seus tubos e reações minúsculas. Afinal, sem eles seria dificil medir 10 microlitros de reagentes para trabalhar. Como devem imaginar, este trabalho de montar reações não é nada glamuroso, e sim repetitivo e monótono. Mas com um toque de magia publicitária até este tipo de trabalho pode ser tema de propaganda.
Afinal, nós cientistas também queremos o direito de ser tratados como mercado-alvo!!! E com uma boy-band de verdade da próxima vez, que a gente merece!
Ou ninguém merece. Na verdade a publicidade para cientistas deveria ser algo novo, menos chato do que é, mas não tão popularesco como este. Claro que vale a piada, mas essa interação pop-ciência pode ser mais fecunda.
Veja outro vídeo para um equipamento que amplifica DNA, a famosa máquina de PCR.

Comentado em Nature

Ambiente social e cultural, ou genética? Qual decide nosso destino?

Ambiente social e cultural, ou genética? Qual decide nosso destino?
Casos e mais casos sugerem a influência dos dois. Como eles interagem ainda permanece um mistério. Afinal, como a dieta de uma larva de abelha pode definir se ela será uma operária ou uma rainha? Como o ambiente social pode “neutralizar” o efeito de um gene, deixando alguém mais ou menos violento?
É difícil pensar nas nossas ações, decisões e personalidades sendo moldadas por genes. Mas não é tão difícil imaginar que o exemplo dos pais pode moldar a personalidade de uma criança. Afinal, o exemplo paterno está na mesma classe de eventos que a formação da personalidade infantil: a psicológica. O gene está ligado só a doenças, ao corpo diretamente. E se tudo isto estiver interligado?
Isso leva a uma pergunta antiga: a mente está ligada ao corpo? Os bons e velhos cartesianos achavam que não. E por muito tempo esta foi a visão mais aceita pelo mundo. Hoje em dia, estudos de fisiologia, psiquiatria, psicologia, neurociências, têm mostrado a ligação direta entre o corpo e a mente.
Muitas de nossas ações são moduladas por hormônios e neurotransmissores, que são todas proteínas, e as proteínas são feitas por genes. Uma das grandes perguntas que se faz hoje em dia é esta, já feita acima, mas aqui generalizada: como o ambiente pode interagir com nossas proteínas e influenciar nosso comportamento?
Prometo trazer toda informação possível para esclarecê-lo, caro leitor. Porque eu faço isto? Não sei. Talvez minhas proteínas precisem do seu reconhecimento. E isto talvez só Freud explique!

Brasil é notícia na Nature

Olha aí que beleza, Brasil é notícia numa das revistas da Nature. E não falou de biocombustível, hein. Saiu na Nature Medicine. Nada muito interessante na verdade. Só falando da aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias, mas acho que isto mostra um certo interesse internacional pelo tema, principalmente quando está sendo tratado dentro de um país em desenvolvimento.
A votação apertada de 6 contra 5 pode pegar um pouco mal, mostrando um país dividido nestes assuntos biotecnológicos e éticos. Mas no artigo é citada uma pesquisa do Ibope dizendo que 75% dos brasileiros aprova totalmente as pesquisas com células-tronco. A pergunta é, esses brasileiros sabiam o que é célula-tronco embrionária?
Estas células seriam obtidas desta maneira retratada ao lado?

Proporção entre machos e fêmeas importa sim! Pergunte a um solteiro.


Deu no G1: Proporção entre machos e fêmeas influi mais em extinção do que ambiente

Os autores do estudo concluíram que os modelos científicos atualmente utilizados para prever a extinção das espécies são imperfeitos, pois não dão importância suficiente ao fator proporção entre machos e fêmeas.

Isso parece que funciona também em padrões de migração humana. Afinal, a maioria dos solteiros que eu conheço, a primeira pergunta que fazem quando você viaja para outra cidade ou país é: “Tem muita mulher?” E a segunda é: “são bonitas?”. Isso não passa de uma sondagem que muitas vezes influencia a decisão do solteiro caso ele tenha que se mudar e escolher onde morar.
Isso que estou falando agora não é um dado, é uma suposição partindo dos meus amigos solteiros (não eu porque já sou comprometido e não quero problemas com a patroa), mas acho que acontece isso sim.
Parece que desde insetos até nós, a proporção entre machos e fêmeas importa sim.
Só um errinho na notícia: “Resultados indicam que espécies estão mais ameaçadas do que antes se pensava.” Não tem nada disso. Só descobriram mais uma variável importante que deve ser analisada, que é a proporção macho/fêmea. A ameaça não aumentou, aumentou a nossa compreensão sobre o processo.

O que têm em comum minha opção sexual e um cão-herói? Ora, a velha questão “gene x ambiente”!


Deu na Science: a influência na determinação da sexualidade é influenciada mais pelo ambiente que pelos genes. Ou seja, a criação, a cultura ou mesmo a gestação, têm juntos um papel preponderante na determinação das preferências sexuais. Pelo menos este estudo indica que os genes são responsáveis por 34% a 39% das diferenças entre os dois grupos estudados. Que grupos são esses? Ora, as melhores fontes para este tipo de estudo: super-gêmeos ativar! Um grupo de gêmeos idênticos, que são clones humanos naturais criados no mesmo ambiente, comparados com um grupo de gêmeos fraternos (ou seja, também a mesma criação mas genomas diferentes), se houver um bom número de cada, você pergunta o que quiser. Se for mais genético, os gêmeos idênticos vão ter mais que os fraternos. Simplifiquei, mas basicamente é isso.
E o que isto tem a ver com o tal Cão-herói do título? Veja só, deu no Estadão:

Cão que participou de resgate a vítimas de 11-9 será clonado. (…)O cão foi selecionado através de um concurso do laboratório BioArts Internacional que o elegeu como o cão mais “digno de ser clonado”(…).

E de que adianta? Só porque geneticamente o clone vai ser igual, quem disse que vai ser tão bom quanto o original? Temos visto que estas características complexas, desde sexualidade humana até “capacidade de resgate” canina, se devem muito mais às infinitas variáveis do ambiente que às sequencias de ATCG.
E uma coisa que achei bizarra: “eleito o mais digno de ser clonado”? Perigoso isso, não?